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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Agrobiodiversidade, conhecimentos e práticas tradicionais sobre plantas alimentícias na comunidade quilombola do Jacarequara, Santa Luzia do Pará, Nordeste Paraense(Universidade Federal do Pará, 2022-08-09) ALVES, Ellem Suane Ferreira; FITA, Didac Santos; http://lattes.cnpq.br/4290251127696280O presente estudo analisa o papel da agrobiodiversidade e dos conhecimentos e práticas tradicionais relacionados às plantas alimentícias e de que forma influenciam na promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional (SSAN) na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará, Pará. Para tanto, foram utilizados métodos quali-quantitativos, com as técnicas da observação participante, entrevistas semiestruturadas, questionários, turnê-guiada e lista livre. Os dados obtidos foram tabulados e sistematizados para proceder à triangulação dos dados, além de ser calculada a frequência de citação e o Índice de Saliência Cognitiva (ISC) das plantas alimentícias inventariadas. Os resultados demonstraram que práticas produtivas como o cultivo das roças, o extrativismo de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e murumuru (Astrocaryum murumuru Mart.), a pesca e a caça são a base alimentar e um meio de geração de renda. A essas práticas está atrelado importante conhecimento tradicional, onde os saberes são construídos pela constante troca entre os quilombolas, através das gerações, e tem como cerne as dinâmicas do meio natural que os cerca. Foi observado que a sazonalidade influencia a dinâmica produtiva e o calendário agrícola da comunidade, sempre considerando a relação entre os quilombolas e a natureza. Pelo inventário botânico foram catalogadas 140 etnoespécies alimentícias, com destaque para as famílias Euphorbiaceae (27), Arecaceae (12), Musaceae (10) e Rutaceae (9). Entre as plantas alimentícias com maior ISC destacaram-se o açaí, a banana (Musa paradisiaca L.), a mandioca/macaxeira (Manihot esculenta Crantz), o coco (Cocos nucifera L.), o caju (Anacardium occidentale L.), a acerola (Malpighia glabra L.), a bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.) e a laranja (Citrus sinensis (L.) Osbe). Foram catalogadas 27 etnovariedades de M. esculenta demonstrando sua fundamental importância para a alimentação dos quilombolas, sendo composta pela farinha de mandioca e de tapioca, beiju, manicueira, tucupi, entre outras comidas. Entretanto, o avanço das áreas de pastagens das fazendas ao redor da comunidade e a adesão por hábitos alimentares externos à comunidade impostos pelo capitalismo, marcado pelo aumento do consumo de alimentos industrializados principalmente pelas crianças e jovens quilombolas, reflete mudanças e riscos à alimentação. Esses fatores direcionam a uma nova realidade alimentar, podendo interferir também em sua permanência no quilombo, na geração de renda, o respeito ao modo de vida quilombola e a valorização dos saberes e práticas tradicionais ali existentes e mantidos.
