Navegando por Assunto "Autores de agressão sexual"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Autores de agressão sexual de crianças e adolescentes: experiências adversas na infância e fatores associados(Universidade Federal do Pará, 2021-01-26) FERRAZ, Maíra de Maria Pires; VELOSO, Milene Maria Xavier; http://lattes.cnpq.br/6105598873866312; CALVACANTE, Lília Iêda Chaves; http://lattes.cnpq.br/4743726124254735; https://orcid.org/0000-0003-3154-0651Estudos sobre os diferentes perfis dos autores de agressão sexual de crianças e adolescentes (AASCA) são encontrados com mais frequência na literatura da área nas últimas décadas, contudo, na população brasileira, a investigação acerca de sua trajetória de vida tem recebido menos atenção, principalmente na perspectiva da bioecologia do desenvolvimento humano. Este estudo teve por objetivo demonstrar possíveis relações entre Experiências Adversas na Infância (EAI) e fatores pessoais e situacionais de AASCA do sexo masculino (N = 30), que cumpriam pena em unidades prisionais localizadas nas mesorregiões do estado do Pará-Brasil. Para tanto, foi construído um sistema de categorias apoiado no instrumento ACE-IQ, que define as EAI como vivências potencialmente traumáticas que se tornam fonte de estresse crônico, com desfechos negativos para o desenvolvimento em idades posteriores. Os resultados foram analisados a partir de duas etapas: a primeira, quantitativa, onde os descritores da ocorrência, frequência e tipologia de EAI foram identificados, e uma segunda, quanti-qualitativa, em que trechos das entrevistas com os AASCA foram inseridos no Software IRAMUTEQ para realização de análises textuais simples e multivariadas. Neste grupo amostral, 96,67% dos AASCA relatou ter vivenciado ao menos uma subcategoria de EAI, enquanto mais da metade (60%) revelou quatro ou mais, com média de 4,36 EAI por participante. O abuso físico foi a EAI mais relatada (70%), estando relacionada principalmente à figura da mãe, enquanto a morte e/ou separação dos pais (56,67%) e o abuso de substâncias no contexto doméstico (53,33%) estiveram relacionadas ao pai. Cerca de 40% dos participantes relataram experiências envolvendo o abuso sexual, cujos relatos especificavam características como idade e vínculo com o possível autor da agressão, enquanto as violências sociais apareceram principalmente em contextos de transição da infância para a adolescência. Observou-se que experiências de morte e/ou separação dos pais, negligência emocional e violência doméstica na trajetória de vida de AASCA podem elevar o risco de vivenciar abuso sexual na infância. AASCA com maiores scores de EAI agrediram suas vítimas de forma mais recorrente e com menor necessidade do uso de álcool e/ou outras drogas. Os resultados confirmaram a relação entre a frequência e a tipologia de EAI e fatores referentes à prática da agressão sexual, demonstrando que esta é uma variável a ser considerada na investigação com AASCA, uma vez que os efeitos do estresse por estas gerado podem manifestar-se em curto e longo prazos, o que pode implicar na adoção futura de comportamentos sexualmente abusivos. Sugere-se que estudos posteriores possam aplicar diretamente o ACE-IQ em amostras maiores, com a realização de pós-teste para conferir maior confiabilidade aos relatos coletados.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Características biopsicossociais de autores de agressão sexual de crianças e/ou adolescentes em contexto intrafamiliar e extrafamiliar(Universidade Federal do Pará, 2015-08-28) COSTA, Lucilene Paiva da; CAVALCANTE, Lília Iêda Chaves; http://lattes.cnpq.br/4743726124254735Esta pesquisa teve como objetivo geral compreender as características biopsicossociais de autores de agressão sexual de crianças e/ou adolescentes nos contextos intrafamiliar e extrafamiliar. Foram realizados dois estudos, um referente à revisão sistemática de literatura, e outro descritivo, documental, com caráter exploratório e abordagem quantitativa. O primeiro analisou as semelhanças e as diferenças das características biopsicossociais de autores de agressão de crianças e/ou adolescentes, no período de 1983 a 2013, a partir de publicações na literatura nacional e internacional. O segundo investigou e analisou, por meio de dados contidos em processos jurídicos, as características biopsicossociais de pessoas adultas acusadas de praticar agressão sexual contra crianças e adolescentes, no município de Belém, no Estado do Pará, no período de 2012 a 2014. O resultado do primeiro estudo indicou que as pesquisas sobre autores de agressão sexual são realizadas em sua maioria com condenados presos (84%) do sexo masculino (93%). Entre as publicações selecionadas, predominaram aquelas que se referiam simultaneamente aos contextos, intrafamiliar e extrafamiliar (77%). Essas publicações demonstraram que, no contexto intrafamiliar, os autores de agressão sexual mantêm relacionamento com a vítima de natureza não hostil e utilizam estratégias sutis e manipuladoras. Diferentemente do observado no contexto extrafamiliar, onde os autores dessa agressão tendem a utilizar estratégias coercitivas e a se expor a riscos mais elevados de apreensão. Os resultados do segundo estudo indicaram que no contexto intrafamiliar os principais autores foram os pais e padrastos das vítimas. No contexto extrafamiliar houve a predominância de autores conhecidos da família das vítimas, em ambos os contextos, as vítimas eram em sua maioria do sexo feminino. Os resultados encontrados no segundo estudo sugeriram que entre as pessoas acusadas nos processos jurídicos de praticar agressão sexual com idade acima dos 30 anos, com cônjuge e filhos, e com vínculo de parentesco com a vítima possuíam maior probabilidade de pertencer ao contexto intrafamiliar do que aquelas que possuem idade abaixo de 30 anos, com cônjuge e filhos, mas sem vínculo de parentesco com a vítima. A razão de chance (2,949) sugere que as pessoas acusadas acima dos 30 anos possuíam aproximadamente 2 vezes mais chance de pertencer ao contexto intrafamiliar quando comparado a uma com idade abaixo dos 30 anos. Neste estudo, utilizou-se como instrumento de coleta de dados um Formulário de Caracterização Biopsicossocial (FCB) e todas as análises foram realizadas no software estatístico SPSS versão 20.0 for Windows. Os resultados dos estudos realizados sugerem que existem diferenças nítidas no perfil dos autores de agressão sexual de crianças e adolescentes do contexto intrafamiliar e extrafamiliar, sendo no primeiro caso mais manipuladores e no segundo mais coercitivos, porém outras pesquisas precisam ser realizadas para que esta questão seja melhor compreendida. Espera-se que este estudo possa contribuir com a discussão dessa temática, principalmente, no contexto da região Amazônica, que necessita de mais investigações que utilizem como referencial a perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano para compreensão do perfil e trajetória dos autores de qualquer forma de agressão, principalmente a sexual.
