Navegando por Assunto "Geologia arqueológica"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Fertilidade, caracterização química, mineralogia e morfologia de cerâmicas e solos de terra preta arqueológica do Sambaqui Jacarequara (Barcarena-Pa)(Universidade Federal do Pará, 2015-07-08) REIS, André Heron Carvalho dos; SILVEIRA, Maura Imazio da; http://lattes.cnpq.br/1937795556101203; COSTA, Marcondes Lima da; http://lattes.cnpq.br/1639498384851302Terra Preta de Índio (TPI) ou Terra Preta Arqueológica (TPA) são solos comumente encontrados nos sítios arqueológicos da Amazônia, sua coloração escura e fertilidade contrasta dos solos adjacentes, geralmente pobres em nutrientes. Sua formação é relacionada ao descarte de matéria orgânica oriunda dos antigos aldeamentos indígenas, além da ocorrência de artefatos líticos, carvões e diversos fragmentos cerâmicos de diferentes estilos e tradições. Pesquisas realizadas no intuito de se avaliar a morfologia do conjunto cerâmico, caracterizações químicas, mineralógicas e a avaliação da fertilidade dos sambaquis ainda são escassas. Tais pesquisas podem contribuir para avançar no conhecimento sobre a formação da TPA, sua fertilidade e ainda elucidar aspectos do modo de vida dos grupos humanos pretéritos. Este trabalho objetivou avançar nesta problemática, ao analisar os fragmentos cerâmicos e solos das camadas arqueoestratigráficas (definidos por atributos culturais e naturais) de TPA provenientes do sambaqui Jacarequara, município de Barcarena, Estado do Pará. As amostras foram submetidas a análises químicas e mineralógicas por ICP-MS, ICPOES, DRX, MEV/EDS, microscopia óptica, avaliação dos parâmetros de fertilidade e análise morfológica (aspectos técnico-estilísticos) da coleção cerâmica do sambaqui. Quanto aos solos, os dados obtidos denunciam elevada fertilidade (V > 87 e SB >10), pH de leve a fortemente básico (6,02-8,25), elevada concentração de P disponível (46,5-818,1 mg/dm3 ) e soma de bases composta predominantemente por Ca e Mg, retratando a composição química do material carbonático adicionado. Estes valores destacam-se nas camadas intermediárias 2, 3B e 3A com maior disponibilidade P e Ca, enquanto que estes valores diminuem consideravelmente na base do perfil (camada 6). Os solos também são formados predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, K2O e MgO (85,37 %), refletindo a mineralogia composta por quartzo, calcita, aragonita e caulinita. A concentração de P2O5 é considerada alta (0,99%) porém menor quando comparadas com outros solos de TPA da Amazônia, presente possivelmente em fase amorfa. Quando confrontados com a média crustal, nota-se valores ligeiramente altos de SiO2, CaO, TiO2, P2O5 e MnO. Por sua vez, as cerâmicas mostraram pH básico (7,04-8,00), altos valores de soma e saturação de bases (SB >29,42; V > 94,7) atestando a alta fertilidade destas. O P disponível mostrou menores valores na cerâmica que no solo (12-389,9 mg/dm3 ) revelando a contribuição dos FCs para a fertilização do solo. 8 A composição química destas é formada predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, K2O, TiO2 P2O5 (75,33 %). Nos fragmentos cerâmicos a concentração total de P e Ca são maiores que no solo (P 0,75 %; Ca 9 % médias) porém com concentrações de P menores quando comparadas com outras cerâmicas da Amazônia, como do Baixo Amazonas. Mineralogicamente as cerâmicas não diferem do solo, denotando uma origem local para a fonte de matéria-prima. Estas são formadas por fases de quartzo, muscovita, calcita, aragonita, anatásio, além de uma fase amorfa de metacaulinita, o que sugere uma queima superior a 550ºC. Não foram encontradas fases cristalinas relacionadas ao fósforo. Quando confrontados os dados químicos com a morfologia cerâmica, nota-se que fragmentos com maior capacidade volumétrica, granulometria fina e menor concentrações de conchas moídas na argila possuem maior concentração de P (> 0,70 %), indicando uma possível relação entre os materiais usados na confecção da cerâmica, formas de utilização do recipiente e a assinatura química resultante. Morfologicamente, os resultados enquadram a cerâmica na Tradição Regional Mina, contudo variações no padrão decorativo foram encontradas entre os níveis estratigráficos: a base do perfil apresenta uma ocupação em que as cerâmicas têm formas introvertidas, granulometria fina, engobo vermelho e maior diversidade no uso de antiplásticos, enquanto que a partir da camada 3 uma cerâmica caracterizada por conchas de maior granulometria, pratos com decorações plásticas (incisas, entalhados) e fragmentos muito mais fragilizados com ausência de engobo. Assim, conclui-se que os FCs são fundamentais para a manutenção da fertilidade das TPAs e também, que as dissimilaridades entre química, mineralogia, textura e tecnologia da cerâmica de cada camada delimita três fases de ocupação para o sambaqui: na primeira teriam ocupado um promontório de praia próximo ao rio, com uso dos recursos aquáticos em assentamentos temporários; no segundo um uso permanente da área, intensificação da pesca e do descarte de resíduos orgânicos no solo, resultando na TPA, e por último uma ocupação pós-sambaquiera, com menor dependência de recursos aquáticos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Mineralogia e química de solo e fragmentos cerâmicos de sítios arqueológicos em Salobo, Carajás-PA(Universidade Federal do Pará, 2013-07-31) SILVA, Mônia Maria Carvalho da; COSTA, Marcondes Lima da; http://lattes.cnpq.br/1639498384851302Muitos sítios arqueológicos da Amazônia se caracterizam por apresentar solos tipo Terra Preta geralmente denominada de Terra Preta Arqueológica (TPA), em que os principais registros de ocupação humana pré-histórica estão representados pelos mais comuns materiais do seu cotidiano como fragmentos cerâmicos (FCs), artefatos líticos e carvão. Os solos TPA se destacam pela alta fertilidade conferida pelos teores elevados de nutrientes, como Ca, Mg, Na, K Mn, Zn e P, um destaque quando comparados com os solos dominantemente pobres da Amazônia. Entre as várias regiões ricas em sítios arqueológicos com TPA encontra-se a Província Mineral de Carajás, mais especificamente a área de domínio da mina de cobre de Salobo, os quais estão situados nas encostas de vales e até mesmo no topo da serra. Nesta região foram realizados estudos de campo por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, que delimitaram dois sítios arqueológicos, um denominado Cachorro Cego, contendo TPA, e o sítio Orlando, embora ricos em FCs apresenta-se desprovido de TPA na sua composição. Dentre os dois sítios, o Cachorro Cego foi selecionado para avaliar a contribuição dos FCs sobre os solos, em especial os TPA sobre a química dos fragmentos cerâmicos, principalmente no que concerne o conteúdo de fósforo. Para este fim foram selecionadas 14 amostras de FCs coletados nos dois sítios investigados, bem como seis amostras de solos restritos ao Cachorro Cego provenientes de cada ponto onde as cerâmicas foram extraídas. As cerâmicas coletadas foram previamente limpas, pulverizadas e posteriormente submetidas para análises mineralógicas por DRX e microscopia óptica, análise químicas totais por ICP-MS e ICP-OES via fusão alcalina, microscopia óptica de varredura e análise de fertilidade. Essas mesmas técnicas analíticas foram empregadas nas amostras de solo, com exceção da microscopia óptica e eletrônica. Os resultados obtidos indicam similaridade tanto na composição química quanto na mineralogia nos FCs dos dois sítios investigados. Os FCs são constituídos de quartzo, metacaulinita e albita como minerais principais, um fundo matricial representado por material amorfo, equivalente a metacaulinita, além de microclínio e muscovita como minerais acessórios. As análises destacam os teores elevados de SiO2, Al2O3 e Na2O, além de MgO, CaO e K2O em menores proporções. Os teores de Fe2O3, de 5,26% no Cachorro Cego e 5,8% no Orlando não mostraram correspondência com oxido-hidróxidos de ferro (goethita e hematita, quiçá maghemita), encontrados em FCs de outros sítios. A concentração do P2O5 é inferior a 0,5%, igualmente nos dois sítios, contrastando com os valores observados na maioria dos sítios TPA. Dentre os elementos traço analisados, apenas Y, Zr, Th, Cu, Ga e U se destacam com valores acima da média crustal, nos dois sítios estudados. Os elementos terras raras quando normalizados aos condritos apresentaram enriquecimento em ETRL com sutil anomalia positiva de Ce e negativa de Eu. Em termos de fertilidade os FCs de Cachorro Cego se destacam pelos altos níveis de Ca disponível e P disponível correspondendo a (57,02 mg/dm3 e 2,44 cmol/dm3) contra Orlando (13,47 mg/dm3 e 1,79 cmol/dm3). No entanto Orlando se destaca em K disponível (0,77 cmol/dm3) e Mg disponível, (1,05 cmol/dm3) contra 0,42 cmol/dm3 e 0,63 cmol/dm3 respectivamente. Os solos de Cachorro Cego variam de textura de franco siltosa a franco arenosa, constituídos predominantemente por quartzo e caulinita, com anatásio e hematita em menor proporção, espelhando-se na abundância de SiO2 e Al2O3, com menor conteúdo de Fe2O3 e TiO2. O conteúdo de K2O, Na2O, MgO e CaO é muito baixo. A média dos nutrientes disponibilizado pelo solo foi de 33,49 mg.Kg-1 para P, 55,88 mg.Kg-1 para Na+, 59,12 mg. Kg-1 para K+, 75,9 mg.Kg-1 para Mg2+ e 835,7 mg.Kg-1 para Ca2+, dados que confirmam a assinatura TPA. Os FCs dos dois sítios são, portanto similares tanto na sua composição química quanto mineralogia, os teores de nutrientes como Ca, Mg, K, Na apresentaram conteúdos próximos exceto P, mais elevados na TPA. Os solos de Cachorro Cego são comparáveis a outros sítios Amazônicos, tanto na mineralogia, química, granulometria quanto na fertilidade. Aparentemente os FCs contribuíram com a fertilidade do solo TPA, a exemplo de Cachorro Cego.
