Muiraquitã e contas do Tapajós no imaginário indígena: uma análise químico-mineralógica dos artefatos dos povos pré-históricos da Amazônia.

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2011-08-25

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Universidade Federal do Pará

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MEIRELLES, Anna Cristina Resque. Muiraquitã e contas do Tapajós no imaginário indígena: uma análise químico-mineralógica dos artefatos dos povos pré-históricos da Amazônia. Orientador: Marcondes Lima da Costa. 2011. 102 f. Tese (Doutorado em Geologia e Geoquímica) - Programa de Pós Graduação em Geologia e Geoquímica. Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2011. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14594. Acesso em:.

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Os muiraquitãs, também conhecidos como pedra verde, são artefatos líticos cuidadosamente esculpidos em várias formas lembrando os traços batraquianos. É um dos símbolos do expressivo desenvolvimento da cultura pré-colonial amazônica. Trata-se de objetos confeccionados em minerais ou rochas de elevada dureza. O termo muiraquitã foi discutido ainda no século XIX por Rodrigues (1875) como produto de sua viagem de exploração à região do Rio Nhamundá. Como o jade é desconhecido na Amazônia, os muiraquitãs durante muito tempo foram considerados vestígios de antigas culturas asiáticas. Ultimamente se tornaram peças muito raras, encontradas em museus totalmente descontextualizadas, o que dificulta elaborar com exatidão seu significado e origem. Mesmo assim ainda foi possível através das análises da textura superficial destes artefatos, identificar algumas técnicas empregadas na sua produção a fim de construir uma suposta cadeia operatória. Estudos morfológicos em 17 peças do Museu de Gemas do Pará e Museu do Encontro mostram que os processos de esculpimento dos muiraquitãs permitiram a distinção de três principais grupos, com uma cadeia operatória compreendida em quatro fases de elaboração: desbaste, perfuração, entalhe e polimento. Foi possível identificar em uma peça de muiraquitã (510) a utilização de instrumento rotativo com abrasivo raro. Os dados obtidos pela análise mineralógica e química em 22 amostras de muiraquitãs mostram que são isoladamente constituídos por um ou mais dos seguintes minerais; quartzo, tremolita, tremolita-actinolita, variscita-estrengita, anortita, albita e microclínio. Minerais comuns em qualquer região do Brasil. O domínio de quartzo nos muiraquitãs foi confirmado pela sua composição química, basicamente SiO2. Porém, no acervo do Museu do Encontro foi finalmente encontrado o mineral mais intrigante e discutido pelos autores: a jadeíta, que constitui o jade jadeítico. Esse mineral foi encontrado nas peças de número 518, 519, 524 e 525. Seus teores de SiO2 (58.6 a 67.1%), Al2O3 (20 a 24.7 %) e Na2O (8.8 a 15.5%) são equivalentes aos das jadeítas de Montagua. A constatação de jadeíta em peças do acervo do Museu do Encontro reacende a discussão em torno da origem mineralógica dos muiraquitãs encontrados na Amazônia. Apresentam-se em vários matizes de verde, desde o branco ao esverdeado, verde amarelo, azeitonado, leitoso, até o verde escuro, quase preto. A cor dominante é verde clara, com “veias” de tonalidade ligeiramente mais escura ou mais clara. A dureza é elevada (em geral de 5 a 6, até 7), quando elaborados em tremolita, quartzo, amazonita e jadeíta. Suas dimensões são: comprimento de 44 a 64 mm, largura de 22 a 57 mm e espessura de 15 a 19 mm. Também foram submetidas às análises mineralógicas 16 contas e os 12 pingentes pertencentes a Reserva Técnica Mário Simões do MPEG. Os resultados obtidos indicam que são normalmente monominerálicos, formados por seguintes minerais: tremolita, tremolita-actinolita, calcita, quartzo, muscovita, hematita, dolomita e caulinita, clássicos minerais formadores de rochas, como xistos, gnaisses e granitóides de grande expressão na Amazônia. Com base nas análises mineralógicas combinados com os dados de localização geográfica dos achados desses artefatos, foi possível observar que, os artefatos elaborados em pedras verdes (tremolita ou tremolita- actinolita) tiveram uma maior circulação e possivelmente maior prestígio, eles se estenderam do Baixo Amazonas, nas proximidades do rio Tapajós e Trombetas até a foz do Amazonas no Amapá. Os elaborados em calcita ou qurtzo+muscovita+microclina, ficaram em uma região mais restrita, atual município de Santarém. A fonte da matéria-prima de grande parte dos artefatos investigados, sejam muiraquitãs ou contas e pingentes, era na Amazônia, nos terrenos cristalinos, do Arqueano e Proterozóico situados tanto ao norte como ao sul da calha do rio Amazonas, e aflorando no leito de seus afluentes, exceto para alguns exemplares lapidados em jadeíta. É correto afirmar que os povos do Baixo Amazonas faziam sim, distinção entre rochas mais duras, brilhantes e translúcidas, em que os muiraquitãs prevaleciam sobre as rochas mais nobres e as contas e pingentes em outras rochas esverdeadas equivalentes e substituindo a falta ou a dificuldade de acesso às pedras verdes.

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MEIRELLES, Anna Cristina Resque. Muiraquitã e contas do Tapajós no imaginário indígena: uma análise químico-mineralógica dos artefatos dos povos pré-históricos da Amazônia. Orientador: Marcondes Lima da Costa. 2011. 102 f. Tese (Doutorado em Geologia e Geoquímica) - Programa de Pós Graduação em Geologia e Geoquímica. Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2011. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14594. Acesso em:.