Programa de Pós-Graduação em Psicologia - PPGP/IFCH
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O Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) do Instituto de Filosofia de Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Psicologia - PPGP/IFCH por Linha de Pesquisa "PSICANÁLISE: TEORIA E CLÍNICA"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) A clínica psicanalítica no hospital: a elaboração do sofrimento psíquico a partir da angústia em pacientes oncológicos(Universidade Federal do Pará, 2024-06-10) SOUZA, Elaine Antunes de; PENA, Breno Ferreira; http://lattes.cnpq.br/1587208433134328Este trabalho aborda a dimensão da clínica psicanalítica no hospital, considerando a elaboração psíquica do sofrimento em sujeitos atravessados pela angústia ao enfrentarem o diagnóstico oncológico. Neste contexto, encontramos a representação social da doença associada à morte, ainda considerada um tabu. Este imaginário social possui raízes muito antigas na história, demarcado por intensos sofrimentos físicos e psíquicos, uma vez que a doença era frequentemente acompanhada pela morte, independentemente do tratamento realizado. Quando se trata do adoecimento pelo câncer, o exercício da psicanálise no hospital ocorre em caráter de urgência, ou melhor, de urgência subjetiva, na qual buscamos compreender as repercussões psíquicas abaladas neste momento de adoecimento. A ideia de urgência subjetiva remete-nos à quebra do discurso do sujeito ao deparar-se com algo insuportável, sem mediação simbólica. Nesse momento, ao faltar palavras para nomear tal situação, o sujeito adoecido posiciona sua realidade psíquica em ato. O sofrimento manifestado a partir das relações humanas e da finitude do próprio corpo apresenta-se de forma imperiosa, pois enlaça o sofrimento ao que é inelutável e escapa ao pleno domínio do sujeito. O corpo, sendo parte da natureza, impõe limites em relação ao seu funcionamento e duração, e neste caso, podemos considerar a própria experiência do sofrimento psíquico no adoecimento oncológico, manifestado no corpo. Para a compreensão da angústia, que desde o início se tornou central na teoria psicanalítica, Freud deparou-se com este conceito na clínica das neuroses, investigando suas formas de manifestação psíquica e elaborando sua teoria. Em seu "Rascunho E", tido como um dos escritos mais importantes direcionados a Fliess, ele associa o afeto angústia a outro conceito central na teoria psicanalítica: a sexualidade. Freud escreve sobre duas teorias da angústia: a primeira como transformação da libido e a segunda como resultado do recalque. Para Lacan, a angústia é um afeto, porém, ele considera que não é um sintoma. Ele a caracteriza como um afeto sem rumo, completamente à deriva, pois jamais é recalcada. Essa característica a torna tão inquietante, pois não se amarra à rede de significantes, sendo impossível de ser representada. Desse modo, a clínica psicanalítica na instituição de saúde considera a diferença entre o adoecimento inscrito no corpo e o adoecimento enquanto experiência. Neste aspecto, o psicanalista busca proporcionar a transição do acontecimento em si para uma experiência, possibilitando a construção de subjetivação e elevando tal adoecimento à posição de experiência, produzindo um saber único. Considerando que estamos inseridos na instituição hospitalar, é importante pensar no tempo de cada sujeito, uma vez que a temporalidade do hospital ignora a própria temporalidade do paciente. Lacan apresenta a problemática da lógica do tempo, discorrendo sobre a constituição de três instâncias: o instante de ver, o tempo de compreender e o momento de concluir. Podemos associar esses três conceitos à experiência do adoecimento pelo câncer. O instante de ver corresponde ao diagnóstico oncológico e ao desespero diante da certeza da própria morte, confrontando o paciente com a realidade da finitude humana. Ao transitar para o tempo de compreender, com o estabelecimento da transferência, o sujeito alcança o processo de elaboração psíquica. Por fim, o trabalho psíquico se encerra com o momento de concluir, referente ao que se fez questão. O sujeito, ao deparar-se com tais experiências subjetivas, confronta-se com a transitoriedade da própria vida. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso clínico, realizado em uma instituição hospitalar em Belém do Pará, referência em tratamento oncológico. O objetivo geral foi compreender a prática clínica psicanalítica no contexto hospitalar, especificamente a elaboração psíquica do sofrimento a partir da experiência da angústia em pacientes com câncer. Os objetivos específicos incluíram a investigação da concepção de angústia por Freud, Lacan e seus comentadores, a exploração da relação entre angústia e câncer, e a identificação do processo de elaboração do sofrimento psíquico em pacientes oncológicos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A construção da(s) subjetividade(s) masculina(s): um percurso teórico entre Freud e Stoller(Universidade Federal do Pará, 2024-09-26) GONÇALVES, Ricardo César dos Santos; SOUZA, Mauricio Rodrigues de; http://lattes.cnpq.br/4730551301673902; https://orcid.org/0000-0002-6290-000XO presente trabalho aborda a construção da(s) subjetividades(s) masculina(s) em um percurso psicanalítico inicialmente delineado por Freud e, posteriormente, ampliado por Robert Stoller. O trajeto metodológico estabelecido para esta dissertação se fundamenta a partir da pesquisa teórica em psicanálise. Entretanto, é pertinente ressaltar que, embora a pesquisa privilegie a psicanálise como seu principal aporte teórico, este trabalho não negligencia as contribuições provenientes de outras áreas do conhecimento, especialmente das abordagens sociológicas e dos estudos de gênero. O intuito desse trabalho pode ser dividido em quatro aspectos centrais: (1) demonstrar como o conceito de gênero se integrou a teoria psicanalítica; (2) conceitualizar a noção de masculinidade(s) por intermédio de um percurso histórico subdividido em três tempos – Antigo, Medieval e Moderno –, dessa forma, ratificando como o conceito pode ser mutável e interdependente de cenários sócio-históricos; (3) investigar as peculiaridades da subjetivação masculina na obra freudiana e; (4) analisar as contribuições teóricas do psicanalista norte-americano Robert Stoller, centralizando nossos esforços em examinar o conceito de “identidade de gênero”, introduzido pelo mesmo no âmbito psicanalítico. Por fim, nas considerações finais, faremos observações sobre os possíveis desdobramentos dessa pesquisa. Além disso, teceremos apontamentos críticos em relação à escassez de estudos que versam sobre os homens e a masculinidade tanto no meio psicanalítico quanto em outras produções acadêmicas brasileiras. Em última instância, espera-se que esse trabalho possa contribuir para o aprimoramento da temática proposta e, concomitantemente, servir de amparo às investigações futuras.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Crise do masculino e ascenção de discursos autoritários: possíveis afinidades entre o ideal viril e a personalidade autoritária(Universidade Federal do Pará, 2024-09-13) SATO, Yukimi Mori Mesquita; CORRÊA, Hevellyn Ciely da Silva; http://lattes.cnpq.br/7758199768776827; SOUZA, Mauricio Rodrigues de; http://lattes.cnpq.br/4730551301673902; https://orcid.org/0000-0002-6290-000XNa tentativa de definir a masculinidade, geralmente nos deparamos com um conjunto inflexível de atributos necessários à identificação do sujeito como homem e que, ao menos aparentemente, confirmariam certa universalidade, sendo amparados especialmente na oposição e distanciamento de identificadores considerados femininos. Levando em conta que tais características das quais se busca distanciamento não sejam exclusivas à subjetividade feminina, mas compreendem parte da experiência humana, a tentativa de supressão de certas emoções pelo homem pode estar na origem de um mal-estar resultante desse conflito interno que, ao ser projetado para o exterior, tem a violência como uma de suas possíveis expressões. Nesse ponto, evidenciamos a existência de um vínculo entre características conferidas ao masculino e o ideal constantemente reencenado por sujeitos autoritários. Assim, buscamos colocar em questão a masculinidade sustentada pelo exercício da virilidade e estabelecida enquanto um padrão invariável e, com isso, almejamos compreender: de que forma a construção da subjetividade masculina alicerçada em ideais específicos como virilidade, força e racionalidade se relaciona com a crescente naturalização de manifestações autoritárias direcionadas a grupos externos – ou out-groups? O exercício de uma masculinidade amparada em ideais viris necessariamente culmina no caráter autoritário? Como as mudanças sociais relativas ao gênero ocorridas nas últimas décadas podem ter impactado a posição masculina na sociedade e sua tentativa de garantir a segurança do identitário, a partir do retorno a uma virilidade que permanece? Diante dos questionamentos mencionados, empreendemos uma pesquisa teórico-bibliográfica, aproximando-nos das teorias de Sigmund Freud, Jacques Lacan e Theodor Adorno, das quais foi possível depreender que tanto as tentativas de homogeneização da masculinidade quanto os objetivos massificadores do autoritário seguem as mesmas trajetórias inconscientes: partem da presunção da possibilidade de alcançar um gozo total, uma completude imaginária, mesmo que tenha que ser conquistada e mantida à força. É nessa direção que os ideais regentes de ambas as esferas se amparam na ênfase ao semblante, no caráter ritualístico, já que o simbólico constituiria o único âmbito capaz de sustentar uma aparência de completude. Desse modo, a busca por uma hegemonia, uma totalidade inquestionável, resulta da predominância do significante fálico enquanto ordenador dos laços sociais, resultando na categorização e hierarquização de sujeitos tomados enquanto objetos da satisfação de alguns outros que se alocam nas posições de dominância.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Porque escrever parece com não morrer: uma leitura psicanalítica do romance Um Sopro de Vida de Clarice Lispector(Universidade Federal do Pará, 2024-03-12) OLIVEIRA, Gabrielle de Kassia Carrera de; SANTOS, Camila Backes dos; http://lattes.cnpq.br/7312660915177665; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0001-7276-8252; CORREA, Hevellyn Ciely da Silva; http://lattes.cnpq.br/7758199768776827Este trabalho traz reflexões acerca da escrita como contorno à morte a partir da leitura do romance Um Sopro de Vida, escrito por Clarice Lispector em seus últimos anos de vida e publicado postumamente, no ano de 1978, por sua amiga Olga Borelli. Sendo assim, no foco deste estudo está a relação que os dois personagens centrais da narrativa, Autor e Ângela Pralini, estabelecem com a escrita. Para tanto, em primeiro lugar, buscou-se abordar as especificidades das narrativas clariceanas, partindo da noção de estilo para a psicanálise. Em seguida, atentou-se às considerações freudianas sobre a criação literária, desde as suas primeiras publicações que correspondem ao período do primeiro dualismo, até a descoberta de um além do princípio do prazer e, consequentemente, da mudança do primeiro para o segundo dualismo pulsional. Posteriormente, realizou-se um percurso pelos textos freudianos a fim de colher suas pontuações sobre a morte e sua relação com o psiquismo. Diante disso, a partir da leitura do romance, pôde-se identificar que o impulso que deu origem à construção da narrativa, no caso do personagem Autor que cria a personagem Ângela Pralini, parte da necessidade de fazer algo diante da desestruturação trazida pela proximidade do próprio fim biológico, o que aponta para o que há de mais irrepresentável na vida psíquica do sujeito: a própria morte. Porém, a empreitada do personagem Autor não se encerra na tentativa de utilizar a escrita para contornar a iminência de seu fim biológico, pois o que mais lhe interessa no momento não é o destino de seu corpo, mas de seu espírito. Por esse motivo, interessou também pensar a noção de entre-duas-mortes, discutida por Jacques Lacan. A partir disso, viu-se que a morte não se restringe apenas ao fim biológico, mas abrange também o esquecimento e o desaparecimento do sujeito na dimensão simbólica, o que caracterizaria a segunda morte. Conclui-se então que, na narrativa de Lispector, a afirmação da escrita como sinônimo de vida figura como um recurso para evitar a segunda morte inscrevendo o sujeito nesse espaço entre duas mortes.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A subjetividade da criança como chave de leitura para os entraves no processo de aprendizagem: a importância do laço educadora-criança no processo de inclusão(Universidade Federal do Pará, 2024-03-01) PAIVA, Erika dos Santos; BARROS, Izabella Paiva Monteiro de; http://lattes.cnpq.br/1803233392625209Sendo a educação preceito primordial e necessário para o sujeito em desenvolvimento, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), preconiza que toda criança e adolescente têm direito de ser alfabetizado. Dessa forma, compreende-se dois conceitos importantes nesse contexto: a alfabetização, definida pelo ensino de códigos e letras a qual compõe o sistema padronizado de ensino, e o letramento representado por comportamentos e técnicas que vão além do domínio e a construção dos sistemas alfabéticos e ortográficos, ou seja abrange a capacidade de interpretar e contextualizar. Embora o decreto 7.611/11 disponha sobre a importância do atendimento educacional especializado para crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, assegurar a entrada de crianças com entraves na alfabetização ou na constituição psíquica no ambiente escolar constitui um verdadeiro dilema para maior parte dos docentes do ensino regular, pois surgem inúmeros questionamentos sobre como efetivar essa inclusão. Sendo assim, a escolarização de crianças com dificuldades na aprendizagem requer uma participação ativa das professoras, da escola e, sobretudo, da criança como protagonista de um lugar de fala diante da sua história de vida. O laço particularizado professora- criança nos casos com entraves na alfabetização possibilita que a educadora possua um novo olhar sobre a subjetividade do sujeito, dando lugar ao reconhecimento do sujeito de desejo. Este laço transferencial, segundo a psicanálise, é um meio facilitador e necessário na relação do par. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo discutir, a partir de um estudo de caso, a importância de a professora considerar, além das competências cognitivas, a subjetividade da criança no processo de inclusão. Para tanto, como método de pesquisa, utilizou-se à articulação de estudo exploratório de abordagem qualitativa, com o auxílio do método clínico qualitativo que lança mão de conhecimentos psicanalíticos, tais como a transferência e o inconsciente. A amostra do estudo foi composta por uma acompanhante terapêutica/ professora e uma criança, que foi convidada a participar da pesquisa por ser usuária do serviço de saúde do Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Casmuc) e por cursar o Ensino Fundamental, critérios de inclusão. O instrumento utilizado para coleta de dados foi o APEGI (Acompanhamento Psicanalítico de Crianças em Escolas, Grupos e Instituições), composto por roteiro de entrevista semi-dirigida e alguns indicadores que dão notícias da qualidade do laço da criança com seus outros. Os dados foram trabalhados quantiqualitativamente e foram a base para a construção do caso clínico. Foram respeitadas e seguidas todas as recomendações éticas desejáveis para a pesquisa com seres humanos. O caso de Lucas Explorador, aponta que o laço acompanhante terapêutica- criança, constituído por meio do olhar cuidadoso da profissional o qual sustentou uma aposta no que Lucas sabia e não no que não sabia, ajudou a sustentar o vir-a-ser do aluno sujeito de desejo, permitindo-lhe falar e ter voz ativa na sociedade. Assim, pode ser deixado para trás o lugar que ocupava anteriormente: o de uma criança reduzida a um rótulo a partir de um diagnóstico.
