Dissertações em Psicologia (Mestrado) - PPGP/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/2330
O Mestrado Acadêmico iniciou-se em 2005 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) do Instituto de Filosofia de Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Restou (in)frutífero: reflexões psicanalíticas sobre o não-todo dizer de crianças no Depoimento Especial do Judiciário Amapaense(Universidade Federal do Pará, 2024-09-30) GUEDES, Elizabeth do Socorro Moraes; NICOLAU, Roseane Freitas; http://lattes.cnpq.br/0430583046421802; https://orcid.org/0000-0002-6988-943XA partir da interlocução entre Psicanálise e Direito suscitada através da práxis psicanalítica no Poder Judiciário Amapaense, a pesquisa em tela surgiu no cenário do Fórum da Comarca de Santana, lugar onde nasceram as primeiras indagações clínico-políticas sobre o Depoimento Especial - uma modalidade de escuta institucional realizada em um ambiente equipado com um amplo sistema de áudio e câmeras de vídeo, onde o Juiz ou Juíza pode assistir e fazer perguntas, por meio de um profissional capacitado em saber interpretá-las e adequá-las à linguagem de crianças e adolescentes, envolvidas em processos judiciais como testemunhas ou vítimas de maus tratos e/ou de crimes sexuais. O procedimento tem como objetivo, coroar um conjunto de práticas legislativas, jurídicas e políticas, voltadas para a maximização da fidedignidade dos testemunhos prestados em juízo e para a proteção de vítimas e testemunhas de crimes no Brasil. No Fórum da Comarca de Santana, o Depoimento Especial foi implantado em 2018, período em que houve uma redução significativa de casos de abuso sexual encaminhados para a escuta com Psicólogos e Assistentes Sociais, devido à recomendação de que a criança fosse escutada em audiência e uma única vez, a fim de que fosse evitado o processo de revitimização. No entanto, em virtude do comportamento e/ou relato de algumas crianças não corresponderem às expectativas da instituição, essa demanda foi redirecionada para a Central Psicossocial, sob a rubrica “restou infrutífero”, que, por ter se tornado um significante importante, assumiu o lugar de tema desta dissertação. A hipótese inicial era de que, ao se depararem com as manifestações do inconsciente, os atores sociais que compõem a cena jurídica, concluem que não é possível alcançar a verdade e que, portanto, o depoimento da criança não pode ser validado como prova, ficando o caso à margem, em um lugar-resto na instituição. A partir deste ponto de interrogação, esta pesquisa teve como objetivo: Analisar o não todo-dizer de crianças no Depoimento Especial, a partir da concepção de sujeito, articulada ao conceito de objeto a em Psicanálise. O “Resto”, enquanto conceito formulado por Lacan, ao ser articulado ao tema desta dissertação, nos conduziu a diferentes caminhos, revelando o que é da ordem do estranho, do obscuro, do repulsivo e do inquietante da experiência humana, que comparecem diariamente no contexto dos Fóruns espalhados pelo País. Em termos de metodologia, adotou-se o método psicanalítico, próprio à pesquisa em Psicanálise, com amparo nas obras de Sigmund Freud e Jacques Lacan, bem como a contribuição de autores contemporâneos das áreas do Direito e da Psicanálise. Serão apresentados “fragmentos de casos”, a partir da escuta psicanalítica de crianças, de modo a explorar o singular e, dessa forma, permitir a articulação entre a teoria e a prática psicanalíticas. Como resultado, concluiu-se que a escuta psicanalítica tem seu espaço no Poder Judiciário, visto que, aquilo que pode restar de infrutífero na tomada do Depoimento Especial ou em qualquer outro contexto de escuta dentro de instituições, pode se tornar frutífero para o psicanalista.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Crise do masculino e ascenção de discursos autoritários: possíveis afinidades entre o ideal viril e a personalidade autoritária(Universidade Federal do Pará, 2024-09-13) SATO, Yukimi Mori Mesquita; CORRÊA, Hevellyn Ciely da Silva; http://lattes.cnpq.br/7758199768776827; SOUZA, Mauricio Rodrigues de; http://lattes.cnpq.br/4730551301673902; https://orcid.org/0000-0002-6290-000XNa tentativa de definir a masculinidade, geralmente nos deparamos com um conjunto inflexível de atributos necessários à identificação do sujeito como homem e que, ao menos aparentemente, confirmariam certa universalidade, sendo amparados especialmente na oposição e distanciamento de identificadores considerados femininos. Levando em conta que tais características das quais se busca distanciamento não sejam exclusivas à subjetividade feminina, mas compreendem parte da experiência humana, a tentativa de supressão de certas emoções pelo homem pode estar na origem de um mal-estar resultante desse conflito interno que, ao ser projetado para o exterior, tem a violência como uma de suas possíveis expressões. Nesse ponto, evidenciamos a existência de um vínculo entre características conferidas ao masculino e o ideal constantemente reencenado por sujeitos autoritários. Assim, buscamos colocar em questão a masculinidade sustentada pelo exercício da virilidade e estabelecida enquanto um padrão invariável e, com isso, almejamos compreender: de que forma a construção da subjetividade masculina alicerçada em ideais específicos como virilidade, força e racionalidade se relaciona com a crescente naturalização de manifestações autoritárias direcionadas a grupos externos – ou out-groups? O exercício de uma masculinidade amparada em ideais viris necessariamente culmina no caráter autoritário? Como as mudanças sociais relativas ao gênero ocorridas nas últimas décadas podem ter impactado a posição masculina na sociedade e sua tentativa de garantir a segurança do identitário, a partir do retorno a uma virilidade que permanece? Diante dos questionamentos mencionados, empreendemos uma pesquisa teórico-bibliográfica, aproximando-nos das teorias de Sigmund Freud, Jacques Lacan e Theodor Adorno, das quais foi possível depreender que tanto as tentativas de homogeneização da masculinidade quanto os objetivos massificadores do autoritário seguem as mesmas trajetórias inconscientes: partem da presunção da possibilidade de alcançar um gozo total, uma completude imaginária, mesmo que tenha que ser conquistada e mantida à força. É nessa direção que os ideais regentes de ambas as esferas se amparam na ênfase ao semblante, no caráter ritualístico, já que o simbólico constituiria o único âmbito capaz de sustentar uma aparência de completude. Desse modo, a busca por uma hegemonia, uma totalidade inquestionável, resulta da predominância do significante fálico enquanto ordenador dos laços sociais, resultando na categorização e hierarquização de sujeitos tomados enquanto objetos da satisfação de alguns outros que se alocam nas posições de dominância.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Percepções, vivências e repercussões psicossociais a partir de um diagnóstico oncológico(Universidade Federal do Pará, 2024-07-31) SILVEIRA, Taynara Fidelis dos Reis; SILVA, Maria de Nazareth Rodrigues Malcher de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/8378348738142000; https://orcid.org/0000-0003-4405-7378O câncer é uma das doenças mais temidas e que mais cresce no Brasil. As estimativas em institutos representativos apontam que são esperados 704 mil novos casos da doença no país, para cada ano do triênio 2023-2025. Desse modo, receber um diagnóstico oncológico trará novas possibilidades em projetar-se e existir-no-mundo. O objetivo geral deste estudo foi conhecer as percepções e vivências de pessoas que foram acometidas por um diagnóstico oncológico e suas repercussões psicossociais a partir deste diagnóstico. O percurso metodológico foi de caráter qualitativo descritivo de estratégia fenomenológica ocorrida em duas etapas: (1) estudo teórico literário e documental; e (2) estudo empírico sobre a temática. O cenário escolhido para a realização da pesquisa foi a Casa de Apoio Amar é Servir, que abriga pacientes e seus acompanhantes, em tratamento oncológico na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, no município de Tucuruí - Pará. Os participantes da pesquisa foram três homens e três mulheres, todos idosos, com baixa escolaridade e que receberam diagnóstico oncológico no período entre quatro e dez meses. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada e o tratamento dos dados foi pelo método fenomenológico de Amedeo Giorgi e análise fundamentada em Martin Heidegger. Os resultados apontaram para unidades do discurso sobre a ressignificação da vivência ao diagnóstico oncológico pela espiritualidade e transcendência do diagnóstico; sentimento de ambivalência, mesmo com sentimentos de angústia em relação as coisas do mundo experienciado; e apresentaram na nova realidade mudanças em três aspectos: cuidados com a saúde e bem-estar corporal, ocupação, vida financeira e rede de apoio. Corroborando com Heidegger que afirma que somos jogados no mundo, assim, somos jogados em meio a facticidade e cabe ao nosso Ser-aí projetar-se e encontrar novas possibilidades temporais, em transcender e existir. Finalmente, observou-se que diante do diagnóstico oncológico a percepção e vivência são atravessadas por contextos socioeconômicos e nas significações das relações interpessoais, demonstrando-se como secundário e não impactante. Este estudo é inovador, relevante e fundamental no âmbito social e científico, pois evidenciou a narrativa da vivência de um diagnóstico de uma doença considerada fatal e o desvelamento de seu mundo, podendo, portanto, auxiliar em estratégias no cuidado de profissionais que focalize nas dimensões do sujeito e não apenas dos diagnósticos em si, de forma integralizada e humanizada.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Itinerário, cuidado e vivência de profissionais de saúde na atenção à pessoa em risco e crise suicida(Universidade Federal do Pará, 2024-06-06) PAIVA, Samara Machado; SILVA, Maria de Nazareth Rodrigues Malcher de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/8378348738142000; https://orcid.org/0000-0003-4405-7378O suicídio é um fato social, considerado um problema de saúde pública, de alta complexidade e multicausal, que comumente gera impactos significativos na sociedade, em grupos e a nível individual, seja, em aspectos biológicos, psicológicos, econômicos, sociais e/ou pessoais. Buscou-se por meio deste estudo, conhecer o itinerário percorrido pelo usuário em risco ou crise suicida na RAPS de Belém, como também conhecer a percepção de profissionais de saúde que atuam em pontos de atenção da rede de cuidado à crise suicida. Para isso, utilizou-se como método uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva, de estratégia fenomenológica, em duas etapas: (1) estudo teórico, na literatura científica e em documentos governamentais e não governamentais; e (2) estudo empírico com profissionais que atuam com pessoas em risco e crise suicida. Os dados do estudo teórico foram organizados em planilhas temáticas e analisados quanto ao conteúdo; enquanto o estudo empírico foi analisado conforme o método de análise do discurso proposto por Amedeo Giorgi. O itinerário de cuidado ao usuário em risco e crise suicida na RAPS de Belém-Pa é desenhado de modo desarticulado entre os dispositivos, os pontos de atenção apresentam ausência/carência de comunicação entre si, devido a barreiras tecnológicas, mas também relacionais. Enquanto, que os profissionais apresentam vivências pragmáticas em relação a cada papel operacional que exercem no dispositivo em que atuam, e mostraram sua subjetividade sobre seu processo de trabalho experienciado no cuidado de uma crise. Finalmente, este estudo evidenciou a necessidade de expansão da Rede de Atenção Psicossocial no cuidado da pessoa em risco de suicídio que extrapole o enfoque hospitalar, de internação, para um cuidado com dispositivos que foquem nas dimensões e demandas reais da pessoa, no território e em sociedade, por meio de uma clínica ampliada.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A construção da(s) subjetividade(s) masculina(s): um percurso teórico entre Freud e Stoller(Universidade Federal do Pará, 2024-09-26) GONÇALVES, Ricardo César dos Santos; SOUZA, Mauricio Rodrigues de; http://lattes.cnpq.br/4730551301673902; https://orcid.org/0000-0002-6290-000XO presente trabalho aborda a construção da(s) subjetividades(s) masculina(s) em um percurso psicanalítico inicialmente delineado por Freud e, posteriormente, ampliado por Robert Stoller. O trajeto metodológico estabelecido para esta dissertação se fundamenta a partir da pesquisa teórica em psicanálise. Entretanto, é pertinente ressaltar que, embora a pesquisa privilegie a psicanálise como seu principal aporte teórico, este trabalho não negligencia as contribuições provenientes de outras áreas do conhecimento, especialmente das abordagens sociológicas e dos estudos de gênero. O intuito desse trabalho pode ser dividido em quatro aspectos centrais: (1) demonstrar como o conceito de gênero se integrou a teoria psicanalítica; (2) conceitualizar a noção de masculinidade(s) por intermédio de um percurso histórico subdividido em três tempos – Antigo, Medieval e Moderno –, dessa forma, ratificando como o conceito pode ser mutável e interdependente de cenários sócio-históricos; (3) investigar as peculiaridades da subjetivação masculina na obra freudiana e; (4) analisar as contribuições teóricas do psicanalista norte-americano Robert Stoller, centralizando nossos esforços em examinar o conceito de “identidade de gênero”, introduzido pelo mesmo no âmbito psicanalítico. Por fim, nas considerações finais, faremos observações sobre os possíveis desdobramentos dessa pesquisa. Além disso, teceremos apontamentos críticos em relação à escassez de estudos que versam sobre os homens e a masculinidade tanto no meio psicanalítico quanto em outras produções acadêmicas brasileiras. Em última instância, espera-se que esse trabalho possa contribuir para o aprimoramento da temática proposta e, concomitantemente, servir de amparo às investigações futuras.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Missão principal: mulheres desenvolvedoras de jogos eletrônicos e o combate à violência de gênero(Universidade Federal do Pará, 2024-02-29) MELO, Renata Christine da Silva; ALVARENGA, Eric Campos; http://lattes.cnpq.br/5734378044087055; https://orcid.org/0000-0002-1803-2356Este trabalho objetivou explorar mulheres brasileiras desenvolvedoras de jogos eletrônicos, as experiências hostis vivenciadas no trabalho e as estratégias de enfrentamento utilizadas por elas para lidar com a violência de gênero nesse meio. A metodologia baseia-se na abordagem qualitativa de pesquisa, do tipo exploratória, com levantamento por meio de entrevista online individual com 10 participantes e a análise se deu a partir das propostas das práticas discursivas e produção de sentidos de Spink (2010). Os resultados apontaram que as mulheres gamedevs desse estudo seguem um perfil conforme o panorama da indústria, elas são majoritariamente brancas, habitam principalmente a região sudeste do Brasil e a maioria delas são dos setores de produção ou artes. Todas elas experienciaram violência de gênero de alguma forma – discriminação, assédios, microagressões – durante a carreira, proveniente de chefes ou colegas de trabalho. Para enfrentar e se ajustar a esse cenário adverso, elas utilizam estratégias de sobrevivência ligadas ao esforço de normalizar violências ou proteção (silenciar, recusar e evitar, adaptar o trabalho, rede de apoio...), e outras estratégias estão mais relacionadas com resistência e mudanças (falar e se impor, terapia, rede de apoio entre mulheres, gerenciamento consciente...). Elas também enfatizaram a necessidade de ações modificadoras individuais (pessoas, homens) e coletivas (instituições de ensino, empresas, mídias/redes sociais) que devem ser tomadas pela indústria com foco no incentivo, acolhimento e permanência de meninas e mulheres nas tecnologias e desenvolvimento, bem como no aumento da participação delas em posições de tomada de decisão (CEO) e na educação de homens e comunidade dev para conscientização de privilégios e preconceitos. Por fim, espera-se que esse estudo contribua para ampliar a nossa compreensão sobre gênero, trabalho, desenvolvimento de jogos e estratégias de enfrentamento, mas principalmente, para incentivar futuras pesquisas, projetos e ações que foquem em soluções para que esse cenário se torne mais inclusivo e adequado para grupos sub-representados.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Perdas significativas, luto e atividade sexual após a lesão medular: uma revisão de escopo(Universidade Federal do Pará, 2024-02-08) MOREIRA, Paula Silva; CORRÊA, Victor Augusto Cavaleiro; http://lattes.cnpq.br/1910742195880054Objetivo: descrever o que os estudos abordam sobre perdas significativas, luto e atividade sexual após a lesão medular. Método: Trata-se de uma revisão de escopo conduzida conforme recomendações do Instituto Joanna Briggs, descrita de acordo com as indicações da última versão do check list do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) e registrado no Open Science Framework (OSF), com acesso disponível em: https://osf.io/x6d4n. A questão de pesquisa foi elaborada a partir do acrônimo PCC: População (lesão medular), Conceito (perdas significativas, luto e atividade sexual) e Contexto (estudos publicados na literatura). Foram utilizadas cinco bases de dados científicos: APA-PsycInfo, Web of Science, Scopus, Cochrane Library e Portal BVS. Foram incluídos estudos em qualquer idioma que abordaram as perdas significativas, luto e a atividade sexual de pessoas após lesão medular, não limitando o ano de publicação. A coleta de dados foi cega, feita por dois revisores independentes utilizando os softwares Google planilhas® e Rayyan®, atendendo aos critérios de elegibilidade. Foi feita análise qualitativa descritiva dos dados e os resultados foram apresentados em figuras, tabelas, fluxogramas e redação discursiva. Resultados: Foram incluídos 6 estudos, os quais apresentavam relatos das vivências após a lesão medular. Os dados demonstram que uma das principais perdas que remete a elaboração do luto associado à atividade sexual são as mudanças corporais e perda/alterações nas sensações genitais afetam significativamente a experiência sexual de pessoas com lesão medular, e esse fator esteve associado a sentimentos de perda da aparência sexualmente atraente, sobretudo para as mulheres e impactou a autoestima e identidade, tanto feminina, quanto masculina e o processo de elaboração do luto não foi fortemente investigado e descrito nos estudos incluídos. Discussão: Demonstrou-se que a atividade sexual constitui uma grande preocupação para pessoas que sofrem uma lesão medular e o impacto dessa perda pode refletir na vivência do luto como uma possibilidade de elaboração seja ele percebido ou não pelos enlutados. No entanto, são necessárias novas pesquisas para identificar e classificar as perdas, e o luto associados ou não à atividade sexual, possibilitando melhor enfrentamento. Considerações finais: Existem poucos estudos que abordem as perdas associadas à atividade sexual de pessoas com lesão medular e identifique a elaboração do luto diante de tal perda , apesar de terem sido identificados estudos que apontam essa relação.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Compreensão das vivências de psicólogas sobre o trabalho no hospital durante a Covid-19(Universidade Federal do Pará, 2023-12-07) LIMA, Natasha Cabral Ferraz de; PIMENTEL, Adelma do Socorro Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/4534230240595626A pesquisa focaliza a compreensão das vivências de psicólogas que trabalharam em um hospital em Belém/Pará, capital situada na Região Norte do Brasil, durante a pandemia de Covid-19 – que, de forma específica, apresentou repercussões significativas na vida dos que a experimentaram. Como em todos os setores sociais, a atuação psicológica no período pandêmico viu-se necessitada em ajustar a sua prática aos desafios emergentes dispostos pela Covid-19. Com o objetivo de realizar um estudo sobre as percepções de profissionais de psicologia que atuaram na área hospitalar durante a pandemia de Covid-19, esta dissertação é um estudo qualitativo fundamentado na teoria fenomenológica existencial. O método de análise de dados parte da perspectiva de Amedeo Giorgi. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPA. O perfil das participantes da pesquisa delimitou-se a cinco psicólogas, maiores de 18 anos, residentes da grande Belém/PA, que atenderam pessoas infectadas e hospitalizadas por Covid-19 entre março de 2019 e março de 2022. A partir da análise da estrutura da experiência, identificamos sentidos comuns em todas as entrevistas: 1. a volatilidade das informações, velocidade das mudanças cotidianas, características intrínsecas à emergência de saúde; 2. problemática dos EPI's afetando o atendimento e o contato físico e humanizado; 3. do paciente à equipe de saúde, a pandemia afetou a saúde mental de todos, em diferentes formas e graus de sofrimento; 4. na pandemia, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) se tornaram imprescindíveis aos atendimentos; 5. a Psicologia clínica foi considerada um serviço essencial; 6. os profissionais de saúde expressaram a necessidade de autocuidado. Também a partir da contextualização dos aspectos singulares da subjetividade entre as entrevistas, desvelamos os aspectos variantes: 1. capacidade de ajustamento criativo pessoal baseado na autopercepção e autoconhecimento; 2. pandemia e questões de gênero; 3. fragilização da saúde pós-pandemia. Considera-se a pesquisa relevante devido ao desvelamento de achados subjetivos e intersubjetivos da vivência das psicólogas na pandemia. Concluímos que o estudo apontou indicadores para novas pesquisas em saúde mental e estratégias de cuidado, bem como o aprofundamento das modalidades de realizar atendimentos psicológicos por meio das TIC's.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Dias de luta, dias de glória”: trabalhadoras/es de saúde em HIV/Aids sob o olhar da psicodinâmica do trabalho, em um hospital de referência, no Pará(Universidade Federal do Pará, 2020-12-18) MELO, Michele Torres dos Santos de; OLIVEIRA, Paulo de Tarso Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/9266787581530443; https://orcid.org/0000-0002-1969-380XO surgimento da epidemia de HIV/Aids, no Brasil, foi marcado por grande mobilização social nos grandes centros urbanos do país, desde o primeiro caso da doença em 1982. Os profissionais da saúde precisaram concentrar esforços para seu enfrentamento. Afetados pelo drama dos pacientes, recebiam apoio psicológico vindo do Hospital Emílio Ribas, primeiro hospital com um Centro de AIDS, tornando-se referência na área de infectologia, até os dias atuais (MENDONÇA; ALVES; CAMPOS, 2010). Assim, esta pesquisa teve por objetivos analisar a organização do trabalho de trabalhadoras/es de saúde na atenção a pacientes de HIV/Aids, em um hospital de referência, no Pará; identificar as possíveis vivências de prazer e sofrimento psíquico neste trabalho; investigar os mecanismos de defesa individuais e estratégias defensivas coletivas adotadas, no enfrentamento à realidade existente. A metodologia adotada foi de cunho exploratório e pesquisa qualitativa, utilizando-se o referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho. Os instrumentos de análise foram de entrevista semiestruturada, com a técnica de entrevistas individuais. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Pará, assim como pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário João de Barros Barreto, atendendo à Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde – Ministério da Saúde. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de Análise dos Núcleos de Sentido (ANS), adaptada da técnica de conteúdo categorial desenvolvida por Bardin (1977). A análise das informações e relatos permitem aferir que a organização do trabalho caracteriza-se por aspectos que envolvem diferentes vínculos trabalho, por uma jornada de trabalho intensa e exaustiva, mediante às demandas diárias na atenção com pacientes de HIV/Aids que chegam no hospital muito debilitados. As condições de trabalho apresentam-se deficitárias quanto à estrutura física, iluminação, temperatura, limpeza, estado dos equipamentos e escassez de recursos, como medicamentos. Para enfrentamento à realidade, as/os trabalhadores utilizam-se do mecanismo individual de defesa de negação e estratégicas coletivas de defesa de racionalização e de negação, com modos de pensar, agir e sentir compensatórios. O prazer se dá através do sentido dado à contribuição social, na recuperação e gratidão dos pacientes e familiares, no constante aprendizado e no apoio entre a equipe de trabalho. O reconhecimento é evidenciado pelos pares, quando elogiam, ajudam e valorizam o trabalho uns dos outros. Não foi mencionada a existência de grupos de discussão coletiva, onde as/os trabalhadoras/es possam falar de seus sentimentos, angústias e anseios no fazer laboral. Esta pesquisa possibilita a ampliação de saberes e reflexões atuais em saúde pública, no que concerne à saúde mental das/os trabalhadoras/es na atenção em HIV/Aids, assim como permite pensar ações voltadas à promoção de melhorias nas redes de serviços voltadas às PVHA, no país e, mais especificamente, no estado do Pará.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A “despatriarcalização” da diferença sexual em Lacan: Paul B. Preciado e outras vozes(Universidade Federal do Pará, 2024-07-19) SILVA, Mayara Tibúrcio Cavalcanti da; CHAVES, Ernani Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/5741253213910825; https://orcid.org/0000-0002-8988-1910Partindo dos efeitos provocados pelo discurso de Paul B. Preciado em Eu sou o monstro q ue vos fala , esta dissertação pretende se debruçar sobre vozes dirigidas à psicanálise lacaniana, críticas ao binarismo sexual e articuladas ao declínio do modelo patriaco colonial . Nesse campo de discussões, tem centralidade a “epistemologia da diferença sexual”, problematizada à luz de Preciado, em coadunação incontornável com Judith Butler. Além de espaço para a revisão de algumas leituras dessa psicanálise, busca se promover o compromisso ético de escuta a novos possíveis, que unem feministas, queers e psicanalistas, na proposta de desconstruir a diferença sexual e de afirmar possibilidades outras , sem a dependência de binarismos, hierarquias, p ai ou falo.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Trabalho do pesquisador docente: análise das vivências profissionais de pesquisadores (as) de um Programa de Pós-Graduação da Região Norte do Brasil(Universidade Federal do Pará, 2024-09-29) BRASIL, Maria Clara Acacio de Oliveira; OLIVEIRA, Paulo de Tarso Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/9266787581530443; https://orcid.org/0000-0002-1969-380XO trabalho compõe uma parcela considerável do tempo das pessoas nas mais diversas realidades e contextos dentro do sistema capitalista no qual o mundo se organiza. A atividade laboral define a forma como uma pessoa vive, se relaciona e acessa o mundo ao seu redor. Considerando o peso do exercício laboral, a teoria Psicodinâmica do Trabalho analisou diversos aspectos relacionados a este e abordou a prática laboral como produtora de prazer e sofrimento. A teoria citada trouxe o dinamismo inerente ao trabalho e expôs que a organização e as condições do trabalho estão entre os determinantes das experiências vividas por cada trabalhador. Neste sentido, o objetivo da pesquisa aqui proposta foi analisar as vivências de uma categoria específica de trabalhadores (as): pesquisadores (as) docentes universitários inseridos em um Programa de Pós-Graduação de ciências humanas de uma universidade pública da região norte do Brasil. A proposta leva em conta a relevância de se produzir a respeito do trabalhado com pesquisa dentro do ambiente universitário após anos de ataque as ciências, além de dar ênfase aos (às) pesquisadores (as) inseridos em uma região com os indicadores sociais mais baixos do país no que se refere ao desenvolvimento econômico e social o que despende um grande esforço acadêmico para se produzir ciência com qualidade. A metodologia de pesquisa adotada foi de perspectiva qualitativa, do tipo estudo de caso, em que, as técnicas metodológicas utilizadas foram: aplicação de entrevistas individuais semiestruturadas junto aos (às) pesquisadores (as) docentes e posterior sistematização, análise e discussão das informações coletadas. A análise das falas dos entrevistados foi feita a partir da técnica da Análise de Conteúdo tendo como aporte teórico central a fundamentação da Psicodinâmica do Trabalho. Os principais resultados foram aspectos da organização do trabalho que levam a sobrecarga e a extrapolação da carga horária, assim como uma lógica produtivista de produção do trabalho, além disso, foram encontradas condições de trabalho repletas de carências infraestruturais, para mais ficou evidente na pesquisa que a cooperação é repleta de contrapontos e sofre prejuízos por conta da forma como o trabalho se organiza, por fim, apesar dos impasses encontrados no trabalho os professores demonstraram grande prazer no reconhecimento presente nas relações com alunos, pares e demais trabalhadores (as) da universidades.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Gordura não é coisa de macho”: reverberações da gordofobia nas masculinidades de homens gordos(Universidade Federal do Pará, 2024-04-03) MODESTO, Lucas de Almeida; LIMA, Maria Lúcia Chaves; http://lattes.cnpq.br/2883065146680171; ALVARENGA, Eric Campos; http://lattes.cnpq.br/5734378044087055; https://orcid.org/0000-0002-1803-2356A gordofobia é uma forma de violência interseccional, estrutural, cultural e institucionalizada que atinge pessoas gordas, discriminando e hostilizando seus corpos. Está presente em diversos cenários e ancora-se em saberes patologizantes, historicamente determinados, utilizando-se de discursos de saúde e beleza na mídia, na indústria de cosméticos, fármacos e procedimentos que podem “curar” um corpo que foi “adoecido” pelo estigma social causado por este suposto saber. Elenca-se que a maioria das produções que questionam a gordofobia foram produzidas por e sobre mulheres gordas, havendo assim a necessidade de incluir o público masculino neste debate, uma vez que estes também são atravessados de distintas formas pela gordofobia. Uma dessas formas é no aspecto da masculinidade, considerando as formas plurais que homens são subjetivados no Brasil. Investiguei como esses processos podem ser gordofóbicos, tendo em vista, que a “masculinidade hegemônica” tem um padrão de corpo atlético e musculoso, sendo para esta a gordura um atributo de feminilidade. Dessa forma, homens gordos passam a ter sua masculinidade colocada à prova por possuírem em excesso o que o “homem de sucesso” busca eliminar”. Utilizo uma epistemologia de autores(as) que estudam as masculinidades de forma plural e sob viés feminista e lanço mão dos estudos transdisciplinares das corporalidades gordas. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo analisar como a gordofobia afeta as masculinidades de homens gordos na região metropolitana de Belém. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa que através de entrevistas semiestruturadas visa produzir informações que possam ser analisadas a partir da análise de conteúdo, a fim alcançar os objetivos propostos. Participaram da pesquisa 9 homens com idades entre 20 e 37 anos. A partir da análise de conteúdo surgiram três categorias, tais quais: “É mais fácil falar sobre ser gordo do que sobre ser homem” onde discuto acerca dos processos de subjetivação dos homens gordos a partir do corpo, dos esportes e da cisheterossexualidade compulsória; “É basicamente igual roupa, pode não ser a que você gosta, mas você tem que levar”, em que trato a respeito do preterimento amoroso e da fetichização que homens gordos vivenciam devido à gordofobia e “É o meu corpo, é o que eu tenho!” em que disserto sobre as formas de sofrimento e enfrentamento vivenciadas por homens gordos. Por fim, esta pesquisa se propõe a suscitar em homens gordos a necessidade de unir-se às discussões e ao movimento antigordofobia, ademais, também elucida a necessidade de pesquisas futuras com homens gordos cisheterossexuais, visto que somente um dos participantes se identifica dessa forma, assim algumas questões não puderam ser alcançadas sobre essa especificidade, mas salientaram possíveis idiossincrasias.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Homofobia e assistência à saúde para pessoas vivendo com HIV/Aids(Universidade Federal do Pará, 2024-04-18) MORAES FILHO, Leomar Santos; LIMA, Maria Lúcia Chaves; http://lattes.cnpq.br/2883065146680171Homofobia é o termo empregado para designar o sentimento ou a atitude dirigida aos homossexuais que inferioriza, hostiliza, discrimina ou os violenta em razão da sua sexualidade. A literatura indica que a homofobia é produzida socialmente, especialmente pelas ideologias cisheternormativa e sexista, podendo ser perpetrada por indivíduos, coletividades ou instituições. Na contemporaneidade, a homofobia vem apresentando um processo de recrudescimento, especialmente quando combinada ao viver com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Desse modo, a presente pesquisa tem o objetivo de compreender como a homofobia reverbera na assistência à saúde de homens gays e bissexuais vivendo com HIV/AIDS. Partindo de uma pesquisa qualitativa foram entrevistados seis homens gays e bissexuais a partir dos 18 anos de idade, com sorologia positiva para o HIV em fase avançada da infecção e hospitalizados em uma unidade de referência em infectologia. Os interlocutores foram contactados a partir do diálogo com a equipe assistencial da instituição, leitura do prontuário e uma abordagem inicial do pesquisador para apresentação da pesquisa. As entrevistas seguiram o modelo semiestruturado e foram realizadas presencialmente no hospital-campo. Para a análise das informações produzidas este estudo utilizou a análise de conteúdo de Bardin (2016). Os resultados apontam que a homofobia faz parte do cotidiano e das dinâmicas sociais contemporâneas e quando aglutinada a condição sorológica positiva ao HIV, torna-se ainda mais complexa, produzindo situações específicas de sofrimento. No âmbito da assistência à saúde, entre os efeitos mais expressivos da homofobia destaca-se a pressuposição da heterossexualidade de todos os usuários, inabilidade no manejo clínico da sexualidade divergente da heterossexual e o não-reconhecimento desse marcador como um dado de saúde clinicamente relevante. Ademais, a vivência dos interlocutores evidenciou que o sofrimento vivenciado tem interfaces tanto com suas histórias de vida e vivências anteriores ao diagnóstico quanto o contexto de iniquidades, injustiça social, opressões e negligência do Estado o qual encontram-se expostos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A subjetividade da criança como chave de leitura para os entraves no processo de aprendizagem: a importância do laço educadora-criança no processo de inclusão(Universidade Federal do Pará, 2024-03-01) PAIVA, Erika dos Santos; BARROS, Izabella Paiva Monteiro de; http://lattes.cnpq.br/1803233392625209Sendo a educação preceito primordial e necessário para o sujeito em desenvolvimento, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), preconiza que toda criança e adolescente têm direito de ser alfabetizado. Dessa forma, compreende-se dois conceitos importantes nesse contexto: a alfabetização, definida pelo ensino de códigos e letras a qual compõe o sistema padronizado de ensino, e o letramento representado por comportamentos e técnicas que vão além do domínio e a construção dos sistemas alfabéticos e ortográficos, ou seja abrange a capacidade de interpretar e contextualizar. Embora o decreto 7.611/11 disponha sobre a importância do atendimento educacional especializado para crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, assegurar a entrada de crianças com entraves na alfabetização ou na constituição psíquica no ambiente escolar constitui um verdadeiro dilema para maior parte dos docentes do ensino regular, pois surgem inúmeros questionamentos sobre como efetivar essa inclusão. Sendo assim, a escolarização de crianças com dificuldades na aprendizagem requer uma participação ativa das professoras, da escola e, sobretudo, da criança como protagonista de um lugar de fala diante da sua história de vida. O laço particularizado professora- criança nos casos com entraves na alfabetização possibilita que a educadora possua um novo olhar sobre a subjetividade do sujeito, dando lugar ao reconhecimento do sujeito de desejo. Este laço transferencial, segundo a psicanálise, é um meio facilitador e necessário na relação do par. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo discutir, a partir de um estudo de caso, a importância de a professora considerar, além das competências cognitivas, a subjetividade da criança no processo de inclusão. Para tanto, como método de pesquisa, utilizou-se à articulação de estudo exploratório de abordagem qualitativa, com o auxílio do método clínico qualitativo que lança mão de conhecimentos psicanalíticos, tais como a transferência e o inconsciente. A amostra do estudo foi composta por uma acompanhante terapêutica/ professora e uma criança, que foi convidada a participar da pesquisa por ser usuária do serviço de saúde do Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Casmuc) e por cursar o Ensino Fundamental, critérios de inclusão. O instrumento utilizado para coleta de dados foi o APEGI (Acompanhamento Psicanalítico de Crianças em Escolas, Grupos e Instituições), composto por roteiro de entrevista semi-dirigida e alguns indicadores que dão notícias da qualidade do laço da criança com seus outros. Os dados foram trabalhados quantiqualitativamente e foram a base para a construção do caso clínico. Foram respeitadas e seguidas todas as recomendações éticas desejáveis para a pesquisa com seres humanos. O caso de Lucas Explorador, aponta que o laço acompanhante terapêutica- criança, constituído por meio do olhar cuidadoso da profissional o qual sustentou uma aposta no que Lucas sabia e não no que não sabia, ajudou a sustentar o vir-a-ser do aluno sujeito de desejo, permitindo-lhe falar e ter voz ativa na sociedade. Assim, pode ser deixado para trás o lugar que ocupava anteriormente: o de uma criança reduzida a um rótulo a partir de um diagnóstico.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Idosos(as) sobreviventes de um acidente vascular encefálico: suas ocupações, perdas e lutos(Universidade Federal do Pará, 2023-08-11) CRUZ, Larissa Maria de Souza; SOUZA, Airle Miranda de; http://lattes.cnpq.br/5311796283730540; CORRÊA, Victor Augusto Cavaleiro; http://lattes.cnpq.br/1910742195880054Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva do tipo estudos de casos múltiplos. O objetivo principal foi compreender como se apresentam as ocupações de pessoas idosas após o Acidente Vascular Encefálico (AVE) e avaliar a realização de valores. Os estudos de casos múltiplos foram realizados com pessoas idosas que sobreviveram a um AVE. Participaram da pesquisa 3 (três) pessoas idosas atendidas no Ginásio Adulto da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Para a coleta de dados, foram utilizadas a entrevista semiestruturada, uma atividade livre expressiva e a realização de uma ocupação. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas e, todas as demais etapas registradas em imagem e em diário de campo. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo Temática de Bardin que permitiu a identificação de núcleos temáticos a partir dos relatos. Identificou-se que as ocupações desses idosos tiveram grande impacto após o AVE, principalmente, pelas sequelas remanescentes, gerando grandes mudanças na rotina e em papéis na família, sendo evidenciadas perdas significativas e luto. Destaca-se que as ocupações remanescentes foram compreendidas como momentos de realização de sentido, e que apesar de todas as perdas, essas pessoas permanecem buscando encontrar sentido na vida, mesmo diante do sofrimento inevitável.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Porque escrever parece com não morrer: uma leitura psicanalítica do romance Um Sopro de Vida de Clarice Lispector(Universidade Federal do Pará, 2024-03-12) OLIVEIRA, Gabrielle de Kassia Carrera de; SANTOS, Camila Backes dos; http://lattes.cnpq.br/7312660915177665; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0001-7276-8252; CORREA, Hevellyn Ciely da Silva; http://lattes.cnpq.br/7758199768776827Este trabalho traz reflexões acerca da escrita como contorno à morte a partir da leitura do romance Um Sopro de Vida, escrito por Clarice Lispector em seus últimos anos de vida e publicado postumamente, no ano de 1978, por sua amiga Olga Borelli. Sendo assim, no foco deste estudo está a relação que os dois personagens centrais da narrativa, Autor e Ângela Pralini, estabelecem com a escrita. Para tanto, em primeiro lugar, buscou-se abordar as especificidades das narrativas clariceanas, partindo da noção de estilo para a psicanálise. Em seguida, atentou-se às considerações freudianas sobre a criação literária, desde as suas primeiras publicações que correspondem ao período do primeiro dualismo, até a descoberta de um além do princípio do prazer e, consequentemente, da mudança do primeiro para o segundo dualismo pulsional. Posteriormente, realizou-se um percurso pelos textos freudianos a fim de colher suas pontuações sobre a morte e sua relação com o psiquismo. Diante disso, a partir da leitura do romance, pôde-se identificar que o impulso que deu origem à construção da narrativa, no caso do personagem Autor que cria a personagem Ângela Pralini, parte da necessidade de fazer algo diante da desestruturação trazida pela proximidade do próprio fim biológico, o que aponta para o que há de mais irrepresentável na vida psíquica do sujeito: a própria morte. Porém, a empreitada do personagem Autor não se encerra na tentativa de utilizar a escrita para contornar a iminência de seu fim biológico, pois o que mais lhe interessa no momento não é o destino de seu corpo, mas de seu espírito. Por esse motivo, interessou também pensar a noção de entre-duas-mortes, discutida por Jacques Lacan. A partir disso, viu-se que a morte não se restringe apenas ao fim biológico, mas abrange também o esquecimento e o desaparecimento do sujeito na dimensão simbólica, o que caracterizaria a segunda morte. Conclui-se então que, na narrativa de Lispector, a afirmação da escrita como sinônimo de vida figura como um recurso para evitar a segunda morte inscrevendo o sujeito nesse espaço entre duas mortes.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A clínica psicanalítica no hospital: a elaboração do sofrimento psíquico a partir da angústia em pacientes oncológicos(Universidade Federal do Pará, 2024-06-10) SOUZA, Elaine Antunes de; PENA, Breno Ferreira; http://lattes.cnpq.br/1587208433134328Este trabalho aborda a dimensão da clínica psicanalítica no hospital, considerando a elaboração psíquica do sofrimento em sujeitos atravessados pela angústia ao enfrentarem o diagnóstico oncológico. Neste contexto, encontramos a representação social da doença associada à morte, ainda considerada um tabu. Este imaginário social possui raízes muito antigas na história, demarcado por intensos sofrimentos físicos e psíquicos, uma vez que a doença era frequentemente acompanhada pela morte, independentemente do tratamento realizado. Quando se trata do adoecimento pelo câncer, o exercício da psicanálise no hospital ocorre em caráter de urgência, ou melhor, de urgência subjetiva, na qual buscamos compreender as repercussões psíquicas abaladas neste momento de adoecimento. A ideia de urgência subjetiva remete-nos à quebra do discurso do sujeito ao deparar-se com algo insuportável, sem mediação simbólica. Nesse momento, ao faltar palavras para nomear tal situação, o sujeito adoecido posiciona sua realidade psíquica em ato. O sofrimento manifestado a partir das relações humanas e da finitude do próprio corpo apresenta-se de forma imperiosa, pois enlaça o sofrimento ao que é inelutável e escapa ao pleno domínio do sujeito. O corpo, sendo parte da natureza, impõe limites em relação ao seu funcionamento e duração, e neste caso, podemos considerar a própria experiência do sofrimento psíquico no adoecimento oncológico, manifestado no corpo. Para a compreensão da angústia, que desde o início se tornou central na teoria psicanalítica, Freud deparou-se com este conceito na clínica das neuroses, investigando suas formas de manifestação psíquica e elaborando sua teoria. Em seu "Rascunho E", tido como um dos escritos mais importantes direcionados a Fliess, ele associa o afeto angústia a outro conceito central na teoria psicanalítica: a sexualidade. Freud escreve sobre duas teorias da angústia: a primeira como transformação da libido e a segunda como resultado do recalque. Para Lacan, a angústia é um afeto, porém, ele considera que não é um sintoma. Ele a caracteriza como um afeto sem rumo, completamente à deriva, pois jamais é recalcada. Essa característica a torna tão inquietante, pois não se amarra à rede de significantes, sendo impossível de ser representada. Desse modo, a clínica psicanalítica na instituição de saúde considera a diferença entre o adoecimento inscrito no corpo e o adoecimento enquanto experiência. Neste aspecto, o psicanalista busca proporcionar a transição do acontecimento em si para uma experiência, possibilitando a construção de subjetivação e elevando tal adoecimento à posição de experiência, produzindo um saber único. Considerando que estamos inseridos na instituição hospitalar, é importante pensar no tempo de cada sujeito, uma vez que a temporalidade do hospital ignora a própria temporalidade do paciente. Lacan apresenta a problemática da lógica do tempo, discorrendo sobre a constituição de três instâncias: o instante de ver, o tempo de compreender e o momento de concluir. Podemos associar esses três conceitos à experiência do adoecimento pelo câncer. O instante de ver corresponde ao diagnóstico oncológico e ao desespero diante da certeza da própria morte, confrontando o paciente com a realidade da finitude humana. Ao transitar para o tempo de compreender, com o estabelecimento da transferência, o sujeito alcança o processo de elaboração psíquica. Por fim, o trabalho psíquico se encerra com o momento de concluir, referente ao que se fez questão. O sujeito, ao deparar-se com tais experiências subjetivas, confronta-se com a transitoriedade da própria vida. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso clínico, realizado em uma instituição hospitalar em Belém do Pará, referência em tratamento oncológico. O objetivo geral foi compreender a prática clínica psicanalítica no contexto hospitalar, especificamente a elaboração psíquica do sofrimento a partir da experiência da angústia em pacientes com câncer. Os objetivos específicos incluíram a investigação da concepção de angústia por Freud, Lacan e seus comentadores, a exploração da relação entre angústia e câncer, e a identificação do processo de elaboração do sofrimento psíquico em pacientes oncológicos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A transferência na hospitalização por HIV/Aids: possíveis implicações na sua manifestação e no seu manejo(Universidade Federal do Pará, 2024-02-26) BORGES JUNIOR, Dorivaldo Pantoja; PENA, Breno Ferreira; http://lattes.cnpq.br/1587208433134328A transferência é um dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise, presente desde os textos pré-psicanalíticos freudianos. Em escritos posteriores, entre os textos da técnica psicanalítica, a transferência é apresentada como a repetição de clichês infantis, que são o motor da análise e a via pela qual as resistências emergem em oposição ao tratamento analítico. No ensino lacaniano, o conceito de transferência passou por desdobramentos teóricos, principalmente no que diz respeito à sua relação com o suposto saber e com desejo do analista como operador clínico de seu manejo. O objetivo deste trabalho, então, foi investigar possíveis implicações na manifestação e no manejo da transferência no contexto de hospitalização por HIV/aids. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa teórico-clínica em psicanálise, fruto de um levantamento teórico e de atendimentos psicanalíticos realizados na enfermaria de Doenças Infecto Parasitárias, do Hospital Universitário João de Barros Barreto (DIP/HUJBB), em Belém do Pará. A partir disso, foram escolhidos casos clínicos para ilustrar a temática e discuti-la. Entre as possíveis implicações, destacaram-se seis pontos apresentados no decorrer da dissertação: 1. A transferência é o que possibilita o trabalho do psicanalista em instituições de saúde, a partir das vertentes clínica e institucional; 2. O trabalho em questão, na vertente clínica, é circunscrito na realização das entrevistas preliminares, todavia, alguns aspectos de sua concepção clássica precisam ser ampliados; 3. A instituição tem especificidades em sua dinâmica e também ocupa um lugar no psiquismo do sujeito; 4. O contexto de saúde pública possui especificidades que o analista precisa levar em conta; 5. A história do HIV/aids é marcada por estigmas que são agentes de sofrimento psíquico aos sujeitos hospitalizados e, também, produtores de resistência ao tratamento psicanalítico. No tocante ao manejo da transferência, o psicanalista opera para viabilizar a abertura do inconsciente, levando o sujeito hospitalizado a seguir associando. Além disso, o manejo da transferência contempla o paciente, a equipe e os acompanhantes do sujeito hospitalizado. Isso pode promover a abertura à produção de algum saber sobre o caso, mesmo que em um contexto diferente da análise clássica propriamente dita, já que esse momento de trabalho psíquico corresponde a um período anterior à entrada em análise, tratando-se das entrevistas preliminares em psicanálise. Como desdobramento, aborda-se, também, a respeito da função do psicanalista na saúde pública, sustentando a importância de escutar o singular de cada caso, o que diz da ética da psicanálise.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Ansiedades: relatos e sentidos da experiência ansiosa(Universidade Federal do Pará, 2024-08-30) ARAÚJO, Beatriz Evangelista de; SEIBT, Cezar Luis; http://lattes.cnpq.br/7464213317216078; https://orcid.org/0000-0003-0166-0919A ansiedade é uma fenômeno inerente à experiência humana, trata-se de uma emoção primária que tem função de proporcionar a autopreservação. Atualmente, a ansiedade tem estado cada vez mais em foco devido às diferentes demandas relacionais desencadeadoras de intenso sofrimento emocional, assim como a exposição a eventos estressores como: à proliferação de doenças, catástrofes naturais e/ou ocasionadas por ações humanas etc. Contudo, há uma predominância em se pensar a ansiedade prioritariamente pela ótica biomédica hegemônica elencando-a a um patamar nosológico e atestando um status de enfermidade “insuportável”, e por conta disso, têm-se a percepção de que a ansiedade é algo negativo e precisa ser curada/eliminada o mais rapidamente possível. Nesta perspectiva, a experiência subjetiva, os sentidos atribuídos, a maneira como a pessoa se reconhece neste processo, e mesmo o contexto histórico e social são desconsiderados, logo a pessoa não é compreendida em sua complexidade. Diante disso, esta pesquisa teve por objetivos descrever como as pessoas compreendem a própria experiência ansiosa e conhecer quais os desdobramentos decorrentes dos diferentes modos de experienciar e significar a ansiedade. Assim como, expandir a visão sobre a experiência ansiosa a partir da perspectiva de Laura Perls. A fim de alcançar tais objetivos, realizamos uma pesquisa qualitativa-fenomenológica, no qual foi aplicado o método fenomenológico de Amedeo Giorgi e a discussão fundamentada na perspectiva fenomenológica e na abordagem gestáltica. Durante a discriminação das unidades de significado foram identificados nove constituintes, sendo algum destes: ansiedade relacionada a sensações negativas, ansiedade relacionada a performance, a vivência ansiosa afetando a forma de se relacionar com o outro e com o mundo, sentimentos ambivalentes em relação a medicação e ampliando da visão de ansiedade. Concluímos que os objetivos da pesquisa foram alcançados, corroborando com a compreensão de que a experiência ansiosa pode se expressar de diferentes maneiras, tendo em conta que a ansiedade se configura como um fenômeno relacional, manifestando-se como resposta às demandas do meio, sendo, portanto, necessário nos atentarmos para a complexidade das situações que compõem a experiência humana. Neste sentido, frisamos a relevância de considerarmos as dimensões interseccionais que atravessam a experiência da pessoa e que modificam sua forma de se perceber e se relacionar no mundo. Além disso, foi possível aprofundar alguns conceitos da abordagem gestáltica sob o ponto de vista de Laura Perls, evidenciando também a sua importância para a consolidação da Gestalt-terapia, que apesar de ter escrito poucos materiais, também sofreu um processo de invisibilização na abordagem.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Eu não sou agente, eu sou polícia: representação social do policial penal(Universidade Federal do Pará, 2024-01-19) BARROS, Andressa Regina Sandres Guimarães de; MOREIRA, Hélio Luiz Fonseca; http://lattes.cnpq.br/3977870273059388Esta dissertação tem como objetivo analisar as representações sociais de policiais penais que trabalham em uma das unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Santa Izabel do Pará, localizado na Região Metropolitana de Belém. Fundamentandose na Teoria das Representações Sociais - TRS -, parte-se de indagações sobre as representações da identidade e do trabalho de policiais penais após a Emenda Constitucional nº 104, de 04/12/2019 (EC nº 104/2019). Na pesquisa foi realizada a abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica e aplicação de entrevistas semiestruturadas in loco. Após a EC nº 104/2019, as mudanças jurídicas repercutem em vários fatores, como na identidade do policial penal, gerando sensações paradoxais, como o empoderamento devido ao uso de arma de fogo e, ao mesmo tempo, a sensação de insegurança fora do contexto penitenciário. Além disso, refletem na relação com o trabalho mediante a manutenção de percepções relacionadas aos agentes penitenciários, como trabalho exaustivo e cansativo. Assim, conclui-se que os sentidos construídos sobre a identidade são outros, embora o sentido do trabalho seja o mesmo.
