Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16402
Tipo: Dissertação
Data do documento: 11-Set-2023
Autor(es): MACHADO, Juliana Pantoja
Afiliação do(s) Autor(es): UFPA - Universidade Federal do Pará
Primeiro(a) Orientador(a): VERBICARO, Loiane Prado
Primeiro(a) coorientador(a): FRATESCHI, Yara Adario
Título: A questão racial na constituição do self: análise crítica a partir de Seyla Benhabib e Sueli Carneiro
Agência de fomento: 
Citar como: MACHADO, Juliana Pantoja. A questão racial na constituição do self: análise crítica a partir de Seyla Benhabib e Sueli Carneiro. Orientadora: Loiane Prado Verbicaro; Coorientadora: Yara Adario Frateschi. 2023. 99 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16402. Acesso em:.
Resumo: O presente trabalho busca analisar a concepção de self que baseia a teoria do universalismo interativo de Seyla Benhabib, demonstrando que muito embora construa novas categorias para interpretar de forma mais completa e complexa a teoria do universalismo, o faz com ênfase na questão de gênero, sem, no entanto, apontar outro dispositivo igualmente importante e constitutivo do self, o dispositivo de racialidade, discutido por Sueli Carneiro (2023). Cruzase a potência reflexiva dessas duas filósofas a fim de se pensar uma filosofia política prática que consiga abarcar as questões estruturais da sociedade brasileira. É por esse motivo que se reformula nesse estudo a pergunta lançada por Benhabib ao buscar reconstituir o legado do universalismo moderno, questionando “o que está vivo e o que está morto nas teorias universalistas morais e políticas do presente após as críticas que lhes foram dirigidas por comunitaristas, feministas e pós-modernos?” (Benhabib, 2021, p. 30) por “o que está vivo e o que está morto na teoria do universalismo interativo após uma análise crítica sobre o racismo?”. Ao demonstrar tal limitação, apresentamos como a filosofia pensada por Sueli Carneiro demarca que a formação da identidade das pessoas negras em sociedades violentamente racistas, como a brasileira, atravessa uma combinação demasiadamente complexa dos marcadores gênero, raça e classe, o que despontou um déficit tanto teórico, quanto da prática política, impossibilitando a integração das diferentes expressões que constituem o self de mulheres negras em sociedades multirraciais e pluriculturais. Aproveitando o modelo de reflexão sobre a tradição filosófica moderna, implementado por Seyla Benhabib, em que ela se aproxima dos pontos positivos desse pensamento e se afasta daqueles que considera insuficientes para o aperfeiçoamento da crítica ao universalismo, colocando-se a favor e, ao mesmo tempo, contra o cânone filosófico, é que apontamos o problema do déficit racial em sua análise, pois a ética benhabibiana que se assenta no universalismo sensível aos contextos, o qual é precursor do continum entre o outro generalizado e o outro concreto, necessita ser interconectada com a crítica racial para sanar a lacuna descrita. Assim, a questão que o trabalho levanta é a de que o self precisa ser constituído através da grade racial tanto quanto necessita fundamentar-se na grade de gênero, pois essa é uma maneira de corporificarmos corretamente os sujeitos, levando em consideração os seus contextos, sua identidade e mais do que isso, abrindo as portas para a sua habilidade de autodeterminação ôntica e ontológica. O processo de destituição do ser das pessoas negras, através do epistemicídio e da consequente exclusão do campo educacional não pode ser deixado de fora dessa reflexão, posto que são formacionais para as condições de possibilidade que edificam a supremacia branca, constituinte do Eu hegemônico branco, historicamente central na arquitetura conceitual filosófica clássica, razão pela qual também se traz ao debate a defesa pelas cotas para ingresso nas universidades.
Abstract: The present work seeks to analyze the conception of self that is based on Seyla Benhabib's theory of interactive universalism, demonstrating that although it constructs new categories to interpret the theory of universalism in a more complete and complex way, it does so with an emphasis on the issue of gender, without , however, point out another device that is equally important and constitutive of the self, the device of raciality, discussed by Sueli Carneiro (2023). The reflective power of these two philosophers is crossed in order to think about a practical political philosophy that can encompass the structural issues of Brazilian society. It is for this reason that the question posed by Benhabib is reformulated in this study when he seeks to reconstitute the legacy of modern universalism, questioning “what is alive and what is dead in the moral and political universalist theories of the present after the criticisms leveled at them by communitarians, feminists and postmoderns?” (Benhabib, 2021, p. 30) for “what is alive and what is dead in the theory of interactive universalism after a critical analysis of racism?”. By demonstrating this limitation, we present how the philosophy thought by Sueli Carneiro demarcates that the formation of the identity of black people in violently racist societies, such as Brazil, goes through an overly complex combination of gender, race and class markers, which has highlighted a deficit both theoretical, as well as political practice, making it impossible to integrate the different expressions that constitute the self of black women in multiracial and pluricultural societies. Taking advantage of the model of reflection on the modern philosophical tradition, implemented by Seyla Benhabib, in which she approaches the positive points of this thought and moves away from those that she considers insufficient for the improvement of the critique of universalism, placing herself in favor and, at the same time, time, against the philosophical canon, is that we point out the problem of racial deficit in its analysis, because Benhabibi's ethics, which is based on contextsensitive universalism, which is a precursor to the continuum between the generalized other and the concrete other, needs to be interconnected with racial criticism to remedy the gap described. Thus, the question that the work raises is that the self needs to be constituted through the racial grid as much as it needs to be based on the gender grid, as this is a way of correctly embodying subjects, taking into account their contexts, your identity and more than that, opening the doors to your ability for ontic and ontological self-determination. The process of destitution of the being of black people, through epistemicide and the consequent exclusion from the educational field cannot be left out of this reflection, since they are formative for the conditions of possibility that build white supremacy, constituent of the white hegemonic Self, historically central in classical philosophical conceptual architecture, which is why the defense of quotas for admission to universities is also brought to the debate.
Palavras-chave: Filosofia política
Racismo
Universalismo
Formação do self
Seyla Benhabib
Sueli Carneiro
Political philosophy
Racism
Universalism
Self
Seyla Benhabib
Sueli Carneiro
Área de Concentração: FILOSOFIA
Linha de Pesquisa: ESTÉTICA, ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal do Pará
Sigla da Instituição: UFPA
Instituto: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Fonte URI: Disponível na internet via correio eletrônico: bibhumanas@ufpa.br
Aparece nas coleções:Dissertações em Filosofia (Mestrado) - PPGFIL/IFCH

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Dissertacao_QuestaoRacialConstituicao.pdf881,98 kBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons