Casa de memória transxingu: patrimônio cultural digital como preservação de patrimônio cultural ameaçado

Lançada em 2003 pela UNESCO a Carta de Preservação do Patrimônio Digital acenou para a importância da preservação de dados, de lá para cá esforços vem sendo realizados para estabelecer princípios atrativos que justifiquem investimentos por parte dos governos e instituições para preservação desse tipo de patrimônio, formado sobretudo a partir do processo de adoção de tecnologias digitais de informação e comunicação. Para contribuir com a discussão e compreensão a respeito deste tipo de patrimônio e colaborar com a construção daqueles princípios, este trabalho pesquisou o processo de criação do Acervo da Casa de Memória Transxingu, em Altamira no Pará, um Acervo essencialmente nato digital criado para preservar a cultura a partir do processo de inventariação dos bens culturais da região do médio-baixo Xingu, uma forma de compensar as profundas mudanças que a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte trouxe à região. Mostramos como se construíram e se concatenaram ao longo do tempo as legislações de preservação do patrimônio cultural e de preservação do meio ambiente afim da preservação da cultura ao determinar a inventariação dos bens culturais da região e detalhamos as fases de idealização, projeção e execução dos processos de construção da Casa de Memória, da inventariação e da montagem do Espaço Museológico destinado a fomentar e preservar o Acervo, discutindo em cada momento pontos importantes a respeito do uso desse tipo de patrimônio como forma de preservação do patrimônio cultural, demonstrando como o patrimônio digital pode preservar o patrimônio cultural se tornando patrimônio digital cultural.