O conflito entre razão e paixão em Medeia sob a perspectiva da teoria aristotélica das paixões

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2021-09-10

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Universidade Federal do Pará

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Acesso Aberto
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LOPES, Jeam Carlos Andrade. O conflito entre razão e paixão em Medeia sob a perspectiva da teoria aristotélica das paixões. Orientadora: Jovelina Maria Ramos de Souza. 2021. 77 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2022. .Disponível em: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14024. Acesso em:.

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O presente trabalho pretende interpretar o conflito entre logos e pathos, na protagonista Medeia, da obra homônima, a partir da teoria aristotélica das paixões. Na Retórica das Paixões, que é parte da obra Retórica, de Aristóteles, a cóle-ra é definida como o desejo de vingar-se que envolve tristeza e desprezo em relação a determinada pessoa. Para Aris-tóteles, o colérico acha agradável pensar que se poderá obter o que deseja, sendo assim, ele tem esperança de a vin-gança dar certo, pois anseia algo possível. Se tomarmos a personagem Medeia, de Eurípides, por um momento, ve-remos que essa definição se encaixa: Jasão sente desprezo por Medeia e ela deseja incansavelmente vingar-se dele, tanto que acha uma solução plausível, ainda que extrema e injustificável – a de matar os próprios filhos – a fim de satisfazer a emoção sentida, a cólera, que de maneira alguma é irracional, ou desumana, tal qual se presumiu por mui-to tempo entre os estudiosos. Por isso, procuramos definir primeiramente por qual definição e corrente teórica nos guiaremos ao analisar a emoção, para podermos, enfim, pontuar que não seguiremos pela interpretação do conflito entre pathos e logos, onde esses dois elementos são explicados em contraposição, como se fossem dois polos opostos e desconexos, em que a emoção é considerada parte irracional, fonte de desejos irrefreáveis e inconscientes, e a razão a parte consciente e controladora das paixões. Uma explicação já muito utilizada no conflito presente em Medeia, par-tindo da leitura da ética aristotélica, e do fenômeno da acrasia, é que a alma da personagem, ao entrar em contradição consigo, exporia a parte apetitiva, do elemento irracional, de um lado, e a racional, de outro lado. Esse aspecto, res-saltamos, não será analisado em nossa pesquisa. Na verdade, ao tentarmos responder à questão que nos inquieta, por mais que ela nos leve a enfocar na capacidade mais específica humana, isto é, a que nos distingue dos demais animais: a atividade racional, que permite ao indivíduo refletir sobre suas vontades e desejos antes de bem agir em sociedade, de modo algum salientamos, ou nos guiaremos, por qualquer autor que coloque as emoções como fontes de irraciona-lidade, porque, afinal, elas podem ser sinalizadores inteligentes de que algo precisa ser alterado no comportamento, tanto daquele que sente a afecção, como naquele que pode ter motivado o surgimento da afecção. Partindo deste en-tendimento, ter-se-á respostas emocionais, que dependerá da personalidade e do caráter do indivíduo. No caso de Medeia, antes do acontecimento do filicídio, seu caráter já pode ser considerado duvidoso, ou ao menos propenso a cometer atrocidades em prol do seu bem-estar: a matança de seus próprios familiares, que é contado em outro materi-al poético, que não o do tragediógrafo. Sendo assim, longe de imputar uma visão anacrônica à obra de Eurípides, ofereceremos, nesse trabalho, uma leitura que tem seu olhar primário na obra aristotélica Retórica, especificamente na parte denominada Retórica das paixões, dado que para seu estudo sobre as emoções, o filósofo resgata elementos do trágico: a vulnerabilidade humana frente a fortuna. Do mesmo modo, trabalharemos com a Ética a Nicômaco com o intuito de mostrar, tendo embasamento em Nussbaum principalmente, que o modo de viver fundamentado na raciona-lidade e no equilíbrio das emoções, pode ser a saída dada por Aristóteles para subtrair ou minimizar o poder da fortu-na na vida do ser humano.

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LOPES, Jeam Carlos Andrade. O conflito entre razão e paixão em Medeia sob a perspectiva da teoria aristotélica das paixões. Orientadora: Jovelina Maria Ramos de Souza. 2021. 77 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2022. .Disponível em: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14024. Acesso em:.