Entre o fundo e o meio-do-céu: uma vídeo-performance e seu memorial

Quando fechamos os olhos ou quando imergimos em uma prática que nos leve para dentro de nós mesmos como, para mim, significa o caminho artístico, somos levados ao fundo dos nossos próprios céus. Para mim, esse lugar diz respeito ao percurso artístico, e a pesquisa Entre o Fundo e o Meio-do-Céu: uma Vídeo-Performance e seu Memorial faz referência a esse caminho próprio de encontro ao meu céu. Nesse trajeto, me lanço na praia do Chapéu Virado, na Ilha de Mosqueiro em Belém do Pará, no Chalé número treze, Casa onde se passa a pesquisa, a qual faz alusão às casas astrais existentes no universo da astrologia. O Chalé é eleito como local da pesquisa por representar as casas astrais e a nutrição afetiva pela Casa, pelas histórias familiares ali vividas e revividas. A Casa do século XIX/XX encontra-se em estado de quase abandono, que parece aludir a sua própria numeração. Treze também é o número da carta do arcano maior do Tarô, a Morte, carta que representa os ciclos da vida, da renovação, tendo analogia com o Deus do Tempo, Saturno, regente do Meio-do-Céu. Esta pesquisa mostra a obra de arte\vida como uma extensão da existência poética e da busca de si, através do mergulho na própria trajetória pessoal e familiar. É uma pesquisa-criação que tem como obra poética uma Vídeo-Performance que objetiva investigar e experienciar o diálogo entre as linguagens do vídeo e da performance que tem como norte o saber astrológico através da interpretação simbólica do meu próprio mapa astral, onde performo meu próprio cosmo, minha mandala astral, minha cosmo-poética. É uma pesquisa poética que aborda o tempo e seus ciclos e homenageia as mulheres que atravessam minha existência. Esta pesquisa convida a pensar a arte como uma potência de transformação de si, onde o próprio fazer artístico consiste em um processo laboral de pesquisa, a qual corrobora para o reconhecimento e criação de métodos de trabalho do artista sobre si.