As sucessões cambriana-siluriana da Bacia do Parnaíba e da Província Mineral de Carajás: paleoambiente, proveniência e extensão da glaciação siluriana no Gondwana Oeste.

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2024-01-12

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Universidade Federal do Pará

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ROMERO BARRERA, Ivan Alfredo. As sucessões cambriana-Siluriana da Bacia do Parnaíba e da Província Mineral de Carajás: paleoambiente, proveniência e extensão da glaciação siluriana no Gondwana. Orientador: Afonso César Rodrigues Nogueira. 2024. xxiii, 186 f. Tese (Doutorado em Geologia) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Belém, 2024. Disponível em:https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16726. Acesso em:.

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O registro sedimentar correspondente ao Paleozoico Inferior nas bacias sedimentares do Norte e Nordeste Brasileiro é bem exposto em afloramentos na Bacia do Parnaíba e de forma localizada na Província Mineral de Carajás (PMC). Estes depósitos considerados de idade Cambriano/Ordoviciano-Siluriano, baseado na identificação de estratos glaciais silurianos e idades máximas de deposição (U-Pb em zircão detrítico), representam uma janela de oportunidade para entender a evolução paleoambiental e paleogeográfica do Gondwana Ocidental. Os registros analisados neste trabalho incluem sequências siliciclásticas de 300-400 metros de espessura e extensões laterais que superam os 300.000 Km2, representativos de depósitos aluviais, glacio-marinhos e deltaicos sobrepostos discordantemente às rochas cristalinas do embasamento. A sucessão basal compreende litoarenitos de granulação grossa e conglomerados fluviais que afloram em bacias intracratônicas e grabens isolados no nordeste do Brasil e na África central. No Brasil, essas unidades correspondem às formações Ipu, Cariri e Tacaratu, enquanto na África são representadas pelos grupos Inkisi, Banalia e Biano. Os conglomerados e arenitos da Formação Ipu, base do Grupo Serra Grande da Bacia do Parnaíba, são aqui correlacionados com os depósitos aluviais correspondentes à Formação Gorotire do Grupo Paredão, isolada em grabens na PMC. Estes depósitos estão recobertos em contato brusco por diamictitos maciços a estratificados, folhelhos carbonosos com estruturas dumpstone e dropstone e arenitos com estratificação cruzada sigmoidal pertencentes ao membro superior do Grupo Paredão na PMC e à Formação Tianguá na Bacia do Parnaíba. Durante o evento de amalgamação do supercontinente Gondwana no Neoproterozóico-Cambriano, a aglutinação das massas continentais foi controlada pelo desenvolvimento dos principais sistemas orogênicos, com deposição das primeiras sequências sedimentares em bacias tipo rifte. Esses extensos compartimentos geotectônicos subsidentes foram concomitantes com o rearranjo do padrão regional de drenagem e produção de grandes volumes de sedimentos dispersados por sistemas fluviais transcontinentais. No limite Cambriano- Ordoviciano, estes “Big Rivers”, se estendiam ao longo de amplas peneplanícies por centenas de quilômetros, atravessando os limites das atuais bacias intracratônicas da margem noroeste do supercontinente, e alimentados por diversas áreas-fonte. A arquitetura deposicional destas sucessões consiste em leitos tabularesde conglomerados e arenitos maciços a estratificados lateralmente contínuos por quilômetros,às vezes preenchendo a geometrias concavas-canalizadas. Esses depósitos são organizados em ciclos granodecrescentes ascendentes em escala métrica que refletem a predominância do fluxo em lençol com incisões esporádicas de canal preenchidas por formas de leito bidimensionais e tridimensionais de pequena a grande escala. Fácies de leques aluviais para a Formação Ipu não foram observados e sugerem erosão do registro da borda da depressão onde aconteceu a deposição destes registros. Da mesma forma, os dados de paleocorrentes unidirecionais preferencialmente para NNW, ultrapassam os limites atuais da Bacia do Parnaíba indicando que a área deposicional era maior do que a atualmente preservada. Durante a transição dos períodos Ordoviciano e Siluriano a porção oeste do supercontinente Gondwana foi submetida a um extenso período glacial, cujo máximo está registrado em rochas de idade Hirnantiana (~445 Ma), em bacias do norte da África. Sendo assim, o evento glacial que iniciou no Ordoviciano médio teria congelado porções continentais que representariam as cabeceiras dos grandes sistemas aluviais na África e no Brasil, dando começo ao declínio destas drenagens transcontinentais. A migração do supercontinente em direção ao Polo Sul foi concomitante com fatores astronômicos tais como mudanças da rotação da terra e diminuição da radiação solar, que favoreceram o crescimento dos lençóis de gelo. O término do evento glacial foi marcado pelo maior aumento do nível eustático do mar registrado na história da terra, gerando expressivas transgressões marinhas, que iniciaram no Llandovery (~443 Ma) e finalizaram no Ludlow (~423 Ma). A fase de degelo propiciou a instalação de sistemas glacio-marinhos pro-glaciais com ampla presença de icebergs, processos de ablação e aumento da zona anóxica dos mares que permitiu uma vasta preservação da matéria orgânica a nível global. A progradação de sistemas deltaicos de desgelo marco o final da deposição da sequência pós-glacial. Estas sucessões estariam bem representadas pelo membro superior do Grupo Paredão e pela Formação Tianguá. A partir da investigação dos registros sedimentares Ordovicianos do nordeste do Brasil e da África central por meio de análises detalhadas da arquitetura fluvial e idades U-Pb de zircão detrítico, surge uma narrativa convincente dos imensos sistemas de drenagem transcontinental que moldaram a paisagem após a amalgamação do supercontinente Gondwana. Adicionalmente, registros paleozoicos são descritos pela primeira vez na PMC, fornecendo assim uma chave fundamental para melhor entendimento estratigráfico, aumentando o entendimento das reconstruções paleoambientais, paleogeográficas e paleoclimáticas do Supercontinente Gondwana durante o Paleozoico Inferior.

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ROMERO BARRERA, Ivan Alfredo. As sucessões cambriana-Siluriana da Bacia do Parnaíba e da Província Mineral de Carajás: paleoambiente, proveniência e extensão da glaciação siluriana no Gondwana. Orientador: Afonso César Rodrigues Nogueira. 2024. xxiii, 186 f. Tese (Doutorado em Geologia) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Belém, 2024. Disponível em:https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16726. Acesso em:.