Taxonomia de brachiopoda (Família Discinidae Gray, 1840) da Formação Manacapuru (Siluro-Devoniano), Bacia do Amazonas, sudoeste do Pará

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2020-05-29

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Universidade Federal do Pará

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CORRÊA, Luiz Felipe Aquino. Taxonomia de brachiopoda (Família Discinidae Gray, 1840) da Formação Manacapuru (Siluro-Devoniano), Bacia do Amazonas, sudoeste do Pará. Orientadora: Maria Inês Feijó Ramos. 2020. 108 f. Dissertação (Mestrado em Geologia e Geoquímica) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2020. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/13514. Acesso em:.

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Os discinídeos são braquiópodes inarticulados, formados por duas valvas de composição organofosfática, exclusivamente marinhos, que surgiram no Ordoviciano, e atualmente contam com quatro gêneros viventes. Na transição do Siluro-Devoniano ocorreram as grandes transgressões marinha no noroeste de Gondwana, o que colaboraram para que os discinídeos fossem tão abundantes durante o Devoniano na América do Sul. Apesar dessa grande radiação durante o Devoniano, os registros deste grupo são raros e pouco estudados nas bacias do Amazonas e Parnaíba, apenas ocorrências são citadas sem nenhum detalhamento taxonômico em estratos da Formação Manacapuru (Siluro-Devoniano da Bacia do Amazonas), Formação Ererê (Meso-Devoniano da Bacia do Amazonas) e Formação Pimenteiras (Eifeliano-Frasniano da Bacia do Parnaíba). Em contrapartida, na Bacia do Paraná estes são facilmente encontrados nos depósitos devonianos, principalmente nas formações Ponta Grossa e São Domingos, cujos estudos encontram-se bem avançados. Desta forma, este trabalho, visa o estudo taxonômico dos braquiópodes (família Discinidae) da Formação Manacapuru, borda Sul da Bacia do Amazonas, coletados durante o “Programa de Salvamento do Patrimônio Paleontológico” da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no município de Vitória do Xingu-Pará. As amostras analisadas são provenientes de quatro pontos de coletas (C3P1, C9P1, C13P1 e C14P1), que compõem o perfil estratigráfico da área de estudo, formado da base para o topo, por um embasamento cristalino seguido de uma camada de aproximadamente 0,5 metros de arenito maciço de granulometria fina, intercalado por lentes de argila, onde os discinídeos ocorrem somente nas porções de arenito; acima, uma camada de arenito de granulometria fina com uma laminação incipiente com discinídeos dispostos em quase toda a camada; por fim, um pacote de siltito laminado com aproximadamente 2,1 metros, onde os discinídeos estão concentrados na base, sempre associados a Rhynchonelliformeas; no topo da camada ocorrem os lingulídeos de forma isolada. Foram analisadas um total de 272 amostras de Braquiópodes, sendo 205 de Discinidae, 57 Rhynchonelliformea e 10 Lingulídeos. O foco da pesquisa foram os braquiópodes Linguliformeas, pertencentes à família Discinidae. Os estudos taxonômicos realizados nas 205 amostras de discinídeos proporcionaram o reconhecimento três espécies de Orbiculoidea d’Orbigny, 1847, sendo O. baini Sharpe, 1856, (10 espécimes), O. bodenbenderi Clarke, 1913 (5 espécimes) e O. excentrica Lange, 1943 (34 espécimes); além disto, O. sp. 1 (18 espécimes) e O. sp. 2 (19 espécimes) foram preliminarmente identificados como pertencentes ao gênero, sendo mantidos em nomenclatura aberta; outras 99 amostras de Orbiculoidea ficaram com classificação em aberto devido à má preservação das mesmas. Os espécimes referentes ao gênero Gigadiscina Mergl & Massa, 2005 (20 espécimes) também ficaram com nomenclatura em aberto. Apesar do gênero Orbiculoidea já ter sido mencionado na literatura em camadas da Formação Manacapuru, estes são os primeiros registros das espécies O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica e do gênero Gigadiscina para a referida unidade, sendo também as primeiras ocorrências para o Norte do Brasil. O fato da associação de discinídeos estudada no presente trabalho (Gigadiscina? sp., O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica, O. sp. 1 e O. sp. 2) ser mais antiga (Lochkoviano) que os demais registros na América do Sul (e.g. Bacia do Paraná / Praguiano-Givetiano; Sub-bacia Alto das Garças / Givetiano; Bacia de Parecis / Praguiano; Bacia Chacoparanense / Praguiano; Pré-Cordilheira argentina / Praguiano) pode ser explicado por dois principais motivos: os principais blocos continentais (Laurásia e Gondwana) estavam aparentemente próximos o suficiente para permitir que as larvas cosmopolitas de invertebrados (e.g. Orbiculoidea) cruzassem os oceanos mais facilmente, assim, durante o Eodevoniano a Bacia do Amazonas estava mais próxima de Laurásia, o que facilitaria que esses organismos se instalassem primeiramente na referida bacia; o outro fato, é que o nível global do mar eustático aumentou durante o Eodevoniano, levando as grandes transgressões, que alcançaram boa parte de Gondwana, desta forma, proporcionando o surgimento os mares rasos, no noroeste de Gondwana, condição ambiental favorável para a colonização dos braquiópodes inarticulados, os quais são representados pelos discinídeos aqui identificados nos sedimentos marinhos da porção superior da Formação Manacapuru na Bacia do Amazonas. O gênero Orbiculoidea tem como habitat dominante ambientes marinhos costeiros rasos; tal afirmativa é sustentada, dadas devidas proporções, por conta da distribuição de discinídeos atuais em quase sua totalidade ocorrerem em profundidades menores que 30 metros; 92,7% dos registros fossilíferos de Orbiculoidea estão atrelados a condições marinhas rasas. Portanto, a presença de O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica, e Gigadiscina? sp. em estratos da Formação Manacapuru sugerem um ambiente marinho raso, corroborando com o que já é proposto para a porção superior da referida formação.

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CORRÊA, Luiz Felipe Aquino. Taxonomia de brachiopoda (Família Discinidae Gray, 1840) da Formação Manacapuru (Siluro-Devoniano), Bacia do Amazonas, sudoeste do Pará. Orientadora: Maria Inês Feijó Ramos. 2020. 108 f. Dissertação (Mestrado em Geologia e Geoquímica) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2020. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/13514. Acesso em:.