Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/17520
Tipo: Tese
Data do documento: 30-Ago-2024
Autor(es): VIVIANI, Maria Cristina Simões
Primeiro(a) Orientador(a): GONTIJO, Fabiano de Souza
Título: "Póngase las plumas" - A decolonialidade no sistema das artes visuais contemporâneas pelas perspectivas de gênero e corpos dissidentes: complexidades e contradições entre Brasil, Colômbia e Peru
Agência de fomento: 
Citar como: VIVIANI, Maria Cristina Simões. "Póngase las plumas" - A decolonialidade no sistema das artes visuais contemporâneas pelas perspectivas de gênero e corpos dissidentes: complexidades e contradições entre Brasil, Colômbia e Peru. 2024. 290 f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2024. Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Disponível em: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/17520. Acesso em:.
Resumo: O conceito de decolonialidade tem sido agenciado com frequência pelo sistema das artes visuais contemporâneas. O termo proposto pelo Grupo Modernidade/Colonialidade é utilizado principalmente para apontar curadorias com a presença de artistas dissidentes - indígenas, negras, queer e periféricas. Contudo, o campo realizado entre Brasil, Colômbia e Peru indicou que a “decolonialidade” foi apropriada pelo campo das artes, tornando-se um termo nativo das instituições do circuito artístico. A capitalização do conceito pelo mercado das artes resultou em uma abordagem exclusivamente a partir das identidades que apenas se refere à presença de produções de artistas não hegemônicas, sem as devidas transformações que a decolonialidade deveria acarretar a nível estrutural. Sendo assim, agentes das artes acusam de terem suas identidades, antes marginalizadas, agora instrumentalizadas pelo sistema das artes. Diante de tal problemática, a pesquisa investigou o circuito das artes dos três países a partir de entrevistas com artistas, curadoras e galeristas mulheres (cis e transgênero), não bináries e homens transgênero. Considerando o sistema das artes uma estrutura porosa, formado por uma rede de relações de poder entre agentes, instituições e obras de arte, buscou-se evidenciar as complexidades e contradições inerentes a tal campo pela perspectiva de gênero e corpos dissidentes. A conexão territorial, demarcada pela tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, marca também a perspectiva hegemônica do Norte Global sobre suas produções artísticas. Dinâmicas de hierarquizações de poder se repetem em um modelo colonial replicado nas instituições de artes dos três países. Os conflitos e disputas de quem decide o que é arte, quem vende arte e quem consome arte, revelam que a perspectiva decolonial está mais voltada ao discurso do que à prática no circuito artístico. O avanço da decolonialidade propiciada pela pressão social por aumento da representatividade de grupos minoritários em espaços de poder, juntamente com produção acadêmica de alto impacto sobre decolonialidade e a demanda mercadológica, gerou a busca pelas identidades dissidentes que vive hoje o sistema das artes do Sul Global. As limitações sobre as produções das artistas demarcadas pela alteridade a partir da perspectiva hegemônica expõem a necessidade de novas estratégias para, de fato, decolonizar o sistema artístico. A essencialização das identidades e a leitura reducionista como esses corpos e produções são absorvidos pelo sistema das artes indicam que há uma percepção simplista sobre vivências complexas. O questionamento e a resistência das agentes das artes apontam para a necessidade de uma reparação histórica em que as produções sejam localizadas e o sujeito “universal” seja contestado. Assim, as produções dessas agentes determinam por uma descentralização da rigidez imposta sobre as identidades dissidentes, permitindo um esgarçamento do imaginário sobre seus corpos e experiências.
Abstract: The concept of decoloniality has frequently been mobilized by the contemporary visual arts system. The term, proposed by the Modernity/Coloniality Group, is mainly used to highlight curatorial practices that include dissident artists—Indigenous, black, queer, and marginalized individuals. However, fieldwork conducted across Brazil, Colombia, and Peru indicated that "decoloniality" has been appropriated by the arts field, becoming a native term within artistic institutions. The capitalization of the concept by the art market has resulted in an identity-based approach that merely refers to the presence of non-hegemonic artists' work, without the structural transformations that decoloniality should entail. Consequently, art agents accuse the system of instrumentalizing their identities, which were previously marginalized, for the benefit of the art system. In light of this issue, the research investigated the art circuit in these three countries through interviews with women artists, curators, and gallerists (cis and transgender), non-binary individuals, and transgender men. Considering the art system as a porous system, formed by a network of power relations between agents, institutions, and artworks, the study sought to highlight the complexities and contradictions inherent in this field from the perspective of gender and dissident bodies. The territorial connection marked by the tri-border region between Brazil, Colombia, and Peru also underscores the hegemonic perspective of the Global North on their artistic productions. Power hierarchies are replicated in a colonial model within the art institutions of these three countries. The conflicts and disputes over who decides what is art, who sells art, and who consumes art reveal that the decolonial perspective is more aligned with discourse than practice in the art circuit. The advancement of decoloniality, driven by social pressure for increased representation of minority groups in positions of power, alongside high-impact academic production on decoloniality and market demand, has generated the search for dissident identities that the arts system of the Global South is experiencing today. The limitations imposed on artists' productions, marked by otherness from a hegemonic perspective, expose the need for new strategies to truly decolonize the art system. The essentialization of identities and the reductionist reading of how these bodies and productions are perceived by the art system indicate a simplistic understanding of complex experiences. It is therefore necessary for art agents to question and resist, aiming for historical reparation where productions are contextualized, and the "universal" subject is challenged. This would decentralize the rigidity imposed on dissident identities, allowing for the expansion of the imagination surrounding their bodies and experiences.
Resumen: El concepto de decolonialidad ha sido agenciado con frecuencia por el sistema de las artes visuales contemporáneas. El término propuesto por el Grupo Modernidad/Colonialidad es utilizado principalmente para apuntar curadurías con la presencia de artistas disidentes – indígenas, negras, queer y periféricas. Sin embargo, el campo realizado entre Brasil, Colombia y Perú indicó que la "decolonialidad" fue apropiada por el campo de las artes, tornándose un término nativo de las instituciones del circuito artístico. La capitalización del concepto por el mercado de las artes resultó en un abordaje a partir de las identidades que solamente se refiere a presencia de producciones de artistas no hegemónicos, sin las debidas transformaciones que la decolonialidad debería acarretar a nivel estructural. Siendo así, agentes de las artes acusan de tener sus identidades, antes marginalizadas, ahora instrumentalizadas por el sistema artístico. Frente de tal problemática, la investigación analizó el circuito de artes de tres países a partir de entrevistas con artistas, curadoras y galeristas mujeres (cis y transgénero), no binaries y hombres transgénero. Considerando el sistema de las artes una estructura porosa, formado por una red de relaciones de poder entre agentes, instituciones y obras de arte, se buscó evidenciar las complejidades y contradicciones inherentes a tal campo por la perspectiva de género y cuerpos disidentes. La conexión territorial, demarcada por la triple frontera entre Brasil, Colombia y Perú, marca también la perspectiva hegemónica del Norte Global sobre sus producciones artísticas. Dinámicas de jerarquización de poder se repiten en un modelo colonial replicado en las instituciones de artes de los tres países. Los conflictos y disputas de quién decide lo que es arte, quién vende arte y quien consume arte, revelan que la perspectiva decolonial está más direccionada al discurso que la practica en el circuito artístico. El avanzo de la decolonialidad propiciada por la presión social por el aumento de la representatividad de grupos minoritarios en espacios de poder, juntamente con producción académica de alto impacto sobre decolonialidad y la demanda mercadológica, generó la búsqueda de identidades disidentes que vive hoy el sistema de las artes del Sur Global. Las limitaciones sobre las producciones de las artistas demarcadas por la alteridad desde la perspectiva hegemónica exponen la necesidad de nuevas estrategias para de hecho, decolonizar el sistema artístico. La esencialización de las identidades y la lectura reduccionista con esos cuerpos y producciones son absorbidos por el sistema de las artes indican que hay una percepción simplista sobre vivencias complejas. El cuestionamiento y la resistencia de las agentes de las artes apuntan para la necesidad de una reparación histórica en que las producciones sean ubicadas y el sujeto "universal" sea refutado. Así, las producciones de las agentes entrevistadas determinan una descentralización de la rigidez impuesta sobre las identidades disidentes, permitiendo un aflojamiento del imaginario sobre sus cuerpos y experiencias.
Palavras-chave: Decolonialidade
Sistema das artes
Arte Contemporânea
Gênero
Corpos dissidentes
Decoloniality
Art system
Contemporary art
Gender; Dissident bodies
Área de Concentração: ANTROPOLOGIA SOCIAL
Linha de Pesquisa: ANTROPOLOGIA SOCIAL
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal do Pará
Sigla da Instituição: UFPA
Instituto: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
Fonte URI: Disponível na internet via correio eletrônico: bibhumanas@ufpa.br
Aparece nas coleções:Teses em Antropologia (Doutorado) - PPGA/IFCH

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Tese_PongasePlumasDecolonialidade.pdf9,69 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons