Programa de Pós-Graduação em Antropologia - PPGA/IFCH
URI Permanente desta comunidadehttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/4031
O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) é um programa do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e teve início das suas atividades, em agosto de 2010. O PPGA contempla a formação de cientistas antropólogos em nível de Mestrado e Doutorado.
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Antropologia - PPGA/IFCH por Orientadores "MARIN, Rosa Elizabeth Acevedo"
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Tese Acesso aberto (Open Access) Resistências malungas: agências sociopolíticas de mulheres quilombolas em Salvaterra, Arquipélago do Marajó - Pará(Universidade Federal do Pará, 2022-12-16) SOUSA, Maria Páscoa Sarmento de; MARIN, Rosa Elizabeth Acevedo; http://lattes.cnpq.br/0087693866786684; https://orcid.org/0000-0002-7509-3884Novas etnias são uma realidade no Marajó contemporâneo, revelando-se com particular ênfase nas primeiras décadas do século XXI, quando grupos humanos majoritariamente formados por pessoas negras passaram a reivindicar a identidade etnopolítica quilombola neste lugar. Neste trabalho sustentamos a premissa que os aquilombamentos deste século estão imbricados em agências femininas, pois fomos e somos as principais articuladoras de ações no âmbito do movimento quilombola nesta região, desde 1998. Aqui, esforço-me para compreender, através da afrocentricidade e desde a perspectiva antropológica feminista (feminismo afrodiaspórico), as agências sociopolíticas das mulheres em processos de aquilombamentos contemporâneos no município de Salvaterra, na tentativa de localizar o lugar do feminino no campo do político em sociedades étnicas contemporâneas, espaços onde a identidade é um fenômeno eminentemente político e corporificado (corpo-político) e onde as pessoas se apercebem como sujeitas de direitos a partir de confrontações com o Estado, com outras instituições e outros indivíduos. Deste modo, introduzo questões centrais como o deslocamento do ser individualizado para o ser coletivo, próprio à existência e experiência política através de um exercício de escrevivência autoetnográfica que é reflexo de experiências pessoais e coletivas com 21 outras mulheres, co-autoras e agentes da pesquisa, no interior de um movimento étnico situado em um sistema de dominação cujos fundamentos são o racismo, o patriarcado, o machismo, o heterossexismo e o capitalismo. Esta pesquisa filia-se aos Estudos Negros, Estudos Africana ou Africalogia enquanto campo científico que tem por base teórica a Afrocentricidade ou Paradigma Afrocêntrico, um amplo campo de estudos construído pelo trabalho de diversa(o)s intelectuais africanas e africanos situada(o)s em variadas latitudes no globo terrestre e em tempos diversos, desde a África, passando pelas Américas, Caribe até a Europa. Constitui-se como o lugar de enunciação de uma nova maneira de pensar a África e os/as africanos/as no continente e seus descendentes na Diáspora Negra Transatlântica, recentralizando-os/as enquanto agentes da/na História. Esta pesquisa, também, filia-se à teoria crítica feminista e orienta-se desde as proposições teórico-práticas do Feminismo Afrodiaspórico, gestado nos diversos lugares onde mulheres negras e não-brancas situam-se em projetos de subjetivações, insurgências e enunciações frente a sistemas de opressão que interseccionam nossas existências no mundo, com especial enfoque nas interrelações entre gênero, raça/etnia e classe social e localização, vistos não apenas como sistemas hierarquizados de opressão, mas como interseccionalidades que estruturam ‘lugares’ onde as mulheres negras são obrigadas a viver e permanecer. Estas escrevivências autoetnográficas exigiram mergulhar em minhas experiências pessoais enquanto mulher negra quilombola, enquanto quilombola amazônida, enquanto ativista do movimento negro e afrofeminista, mas também implicaram imersão em experiências coletivas compartilhadas com aquelas que são minhas outras manas e manos quilombolas, a fim de buscar compreender nossas agências sociais e políticas nos lugares de pertença. Concluo pela existência de uma agência malunga, significando com isso as maneiras diversas de ação articuladas por nós mulheres quilombolas ao longo de mais de 20 anos de movimento quilombola em Salvaterra, uma agência que é contra colonial, insurgente e desafiadora, mas que se realiza mediada pelos sentidos do Ubunto materializado em solidariedade, partilha, cooperação, enfim permeada por Amor.
