Dissertações em Geologia e Geoquímica (Mestrado) - PPGG/IG
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/2604
O Mestrado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica (PPGG) do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Dissertações em Geologia e Geoquímica (Mestrado) - PPGG/IG por Linha de Pesquisa "ANÁLISE DE BACIAS SEDIMENTARES"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) As águas subterrâneas de Belém e adjacências: influência da Formação Pirabas e parâmetros físico-químicos para medidas de qualidade(Universidade Federal do Pará, 1996-04-08) SAUMA FILHO, Michel; LIMA, Waterloo Napoleão de; http://lattes.cnpq.br/1229104235556506Na Região Metropolitana de Belém (PA) o abastecimento de água à população é proveniente de mananciais (área fisiográfica do Utinga) e de uma rede de poços tubulares posicionais, em geral, em zonas urbanas mais afastadas ou onde o bombeamento é precário. Este trabalho avalia as águas subterrâneas utilizadas na Região Metropolitana de Belém, correlacionando dados de parâmetros físicos, físico-químicos e químicos, na tentativa de compor um quadro compreensível sobre a qualidade dessas águas, e verificar a influência que sofrem das unidades geológicas nas quais estão situados os aquíferos que as preservam. Para a execução dos trabalhos, procedeu-se a coleta de amostras de água em dois períodos sazonais diferentes: de estiagem e chuvoso. Após exaustiva consulta aos arquivos de empresas, instituições e de pesquisadores, foram selecionados 17 poços tubulares, sendo 9 em Belém, 5 em Icoaraci, 2 em Mosqueiro e 1 em Ananindeua (Anexo A). Os índices mais frequentes de turbidez situaram-se entre 9 e 14 unidades (ppm de SiO2), mas alguns poços apresentaram valores mais elevados (33, 41 e 71 ppm de SiO2. Somente em alguns casos, essa turbidez pode ser imediatamente correlacionada com o teor de sílica obtidos por análise química. As medidas de cor mais frequentes se encontram no intervalo de zero a 7,5 U.C., predominando o índice zero. No entanto, alguns poços apresentaram valor acima de 100 U.C. e outros, menos frequentes, com índices variando entre 20 e 60 U.C. Constituíram-se parâmetros bastante diferenciados o pH e a condutividade elétrica. Assim, foram verificados os índices mais elevados de pH e de condutividade elétrica nos aquíferos da Formação Pirabas. Nesses casos, o pH se apresentou em torno de 6,4 a 7,6 e a condutividade entre 231 e 362 µS/cm, com uma descontinuidade em 87,5 µS/cm, também atribuída a um poço associado à supracitada Formação. Águas mais ácidas (pH abaixo de 6,38 e acima de 4,01) são, certamente, atribuídas aos aquíferos do Grupo Barreiras e Pós-Barreiras. Os constituintes químicos, notadamente os teores de Ca2+, Mg2+, Na+ e K+, são condizentes com a interpretação dos valores numéricos de pH e condutividade elétrica. Sem exceção, as concentrações de Ca2+ são superiores às dos demais cátions, estabelecendo-se uma ordem decrescente segundo Ca2+> Mg2+> Na+>K+, com alguma inversão entre Na+ e Mg2+. As concentrações mais elevadas de Ca2+ (logo seguidas pelas de Mg2+) são resultantes da dissolução de carbonatos presentes no calcário Pirabas. Aliás, confirmando esta assertiva, também as concentrações de HCO-3 são bem mais elevadas dos que as concentrações de Cl- e SO2-4. É de se esperar, portanto, que a dissolução de sedimentos Pirabas produzem concentrações mais elevadas de Ca2+ e HCO-3. Os teores de sílica e ferro também discriminam tais águas. Em geral, os teores mais elevados de sílica correspondem às maiores profundidades, como, aliás, seria de se esperar, levando-se em conta a ação do intemperismo químico em minerais de silicato. Quanto ao ferro, este constitui um parâmetro diferenciador das águas da Formação Pirabas, quase sempre em teores bem mais baixos do que os valores correspondentes associados aos aquíferos Barreiras e Pós-Barreiras, havendo, no entanto, exceções, nas quais se registraram índices apreciáveis de ferro relacionado aos sedimentos Pirabas. Saliente-se que a Formação Pirabas aparece na Região Metropolitana de Belém quase sempre às profundidades maiores do que 100 m, havendo registro, no entanto, de profundidades menores, mas são situações, aparentemente, mais raras, como são os casos do poço número 3, no Campus Universitário, às proximidades do rio Guamá, com 76 m de profundidade, e o poço de 94 m do Museu Paraense Emílio Goeldi, em zona central da cidade (Anexo A). A exaustiva consulta aos já mencionados arquivos de instituições, empresas e pesquisadores levou à constatação de que muitos poços tubulares instalados na zona urbana aproveitam águas associadas aos aquíferos Barreiras e Pós-Barreiras, onde os valores de pH são quase sempre, abaixo de 6 unidades, e as medidas de condutividade elétrica raramente atingem 100 µS/cm. Constata-se, finalmente, que há necessidade de maiores investimentos no sentido de aumentar a prospecção e a utilização de águas subterrâneas na região, pois estas, além de dispensarem tratamento prévio à distribuição, ainda são uma fonte de recursos, não dimensionados, mas de grande potencial.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Análise palaeoambiental e caracterização dos Folhelhos Negros da Formação Barreirinha utilizando análises Multiproxy(Universidade Federal do Pará, 2025-06-04) CARVALHO, Wivian Maria Rodrigues; BRITO, Ailton da Silva; http://lattes.cnpq.br/9873489431846769; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0001-9224-5563; SOARES, Joelson Lima; http://lattes.cnpq.br/1345968080357131A Formação Barreirinha teve sua fase inicial de sedimentação vinculada a uma rápida elevação relativa do nível do mar, durante um expressivo evento de transgressão marinha que inundou a Bacia do Amazonas. Esses folhelhos ricos em matéria orgânica afloram ao longo de uma faixa estreita, porém extensa, situada na borda sul da Bacia do Amazonas. Existem poucos estudos dedicados especificamente às possíveis variações paleoambientais associadas à deposição desses folhelhos. Isso se deve, principalmente, à relativa uniformidade litológica dessas rochas, predominantemente compostas por sedimentos finos, além de sua relevância econômica, que direciona a maior parte das pesquisas para a maturação da matéria orgânica. Com objetivo de investigar as variações paleoambientais ocorridas durante a deposição destes sedimentos finos, com foco na dinâmica sedimentar, origem e proveniência da matéria orgânica, utilizando como base a associação de diversas técnicas quantitativas, semiquantitativas e qualitativas (multiproxy). Deste modo, a sucessão estratigráfica analisada é composta majoritariamente por folhelhos de tonalidades cinza a negras, apresentando variações faciológicas associadas a influxos de sedimentos terrígenos mais grossos e episódios de bioturbação. Essas características indicam um ambiente deposicional marinho profundo, anóxico e distal, sem influência de carbonatos, típico do Membro Abacaxis da Formação Barreirinha. Análises mineralógicas (cluster) revelam predomínio de caulinita, caracterizando a fácies Caolinita, com ocorrência subordinada de quartzo, sulfatos e sulfetos nas porções inferiores. A base da sucessão contém arenitos finos, maciços e com estratificação cruzada, correlacionados à Formação Ereré, de origem deltaica a plataforma interna. A transição para folhelhos laminados com intercalamentos de arenitos e siltitos marca o início da transgressão devoniana (Frasniano), com importante aporte continental, atestado por minerais pesados, restos vegetais piritizados e tasmanites. A ocorrência de dumpstones sugere influência de processos glaciais, com deposição por transporte glacial marinho (ice-rafted debris). Os níveis superiores exibem folhelhos mais homogêneos, enriquecidos em matéria orgânica, desprovidos de bioturbação e minerais detríticos, refletindo a máxima anóxia durante o pico transgressivo na Bacia do Amazonas. Do ponto de vista diagenético, os folhelhos passaram por compactação, fraturamento, substituições minerais, oxidação e intensa piritização, principalmente na forma framboidal, típica de ambientes marinhos redutores. A mineralogia é dominada por caulinita e quartzo, com minerais acessórios indicativos de processos de alteração e possíveis intrusões ígneas jurássico-triássicas (magmatismo Penatecaua), que elevaram a maturação térmica do querogênio. Análises de Rock-Eval e biomarcadores revelam querogênios tipo II-III, com potencial gerador de gás, variando de imaturo a pós-maturo conforme a distância das intrusões. Esses dados refletem um sistema transgressivo com forte controle ambiental e influência térmica regional.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Análise paleoambiental da Formação Pirabas no litoral do Maranhão, Brasil(Universidade Federal do Pará, 2011-06-03) OLIVEIRA, Samantha Florinda Cecim Carvalho de; ROSSETTI, Dilce de Fátima; http://lattes.cnpq.br/0307721738107549A Formação Pirabas é uma unidade geológica reconhecida pelo seu abundante conteúdo fossilífero, que inclui um grande número de grupo de invertebrados e vertebrados. Esta unidade aflora no litoral norte e nordeste brasileiro, nos estados do Pará, Maranhão e Piauí. A maior parte dos estudos fossilíferos da Formação Pirabas enfatizaram, inicialmente, os invertebrados. No entanto, estudos utilizando ictiólitos têm sido enfatizados nos últimos anos, o que se deve à sua resistência à dissolução, ao transporte e à deposição. Além disto, o tamanho diminuto favorece recuperação de maneira mais contínua em diferentes níveis estratigráficos, o que permite sua utilização como elemento auxiliar em interpretações paleoambientais. Este trabalho objetivou prospecção de ictiólitos da Formação Pirabas exposta no litoral do Estado do Maranhão, bem como sua identificação e integração com dados faciológicos. Esta área de estudo está inserida na Bacia de São Luís, que possui preenchimento de 4.000m de espessura, sendo principalmente representado por rochas cretáceas e uma delgada cobertura cenozóica, a última representada pelas formações Pirabas e Barreiras, depositadas, em grande parte, no Mioceno. As exposições estudadas ocorrem sob a forma de falésias dispostas entre as cidades de Alcântara e Guimarães. Carbonatos miocênicos com registro de ictiólitos nesta localidade são pontuais, com ocorrência sob forma de camadas delgadas inferiores a 2 m de espessura, que intergradam, lateral e verticalmente, com depósitos siliciclásticos. Estes estratos ocorrem sob forma de três unidades estratigráficas, sendo a unidade 2 a que documenta calcários fossilíferos relacionados com a Formação Pirabas. As falésias estudadas incluem as das localidades de Canelateua, Mamuna Grande, Peru e Base. Foram analisadas 16 secções delgadas de amostras derivadas destas localidades que resultou na descrição de quatro microfácies carbonáticas, além de uma de argilito. As amostras forneceram 30 ictiólitos que foram fotografados, identificados e descritos sob microscópio eletrônico de varredura. Além de ictiólitos, o estudo petrográfico registrou a presença de outros fósseis na localidade como: briozoários, foraminíferos, gastrópode, bivalves, algas e equinóides. A integração de dados paleontológicos e microfaciológicos são consistentes com deposição de carbonatos em paleoambientes dominantemente de baixa energia, com indícios de condições redutoras e sujeito à frequente introdução de grãos siliciclásticos. Essas características, adicionadas à baixa freqüência de fósseis em grande parte das amostras analisadas, corroboram interpretações anteriores de que a deposição desses estratos teria ocorrido em paleoambientais parálicos do tipo estuarino. Entretanto, a abundância de fósseis tipicamente marinhos em algumas amostras, associada à presença de elementos ictiológicos comuns em ambientes com salinidade normal, denotam introdução periódica de influxos salinos. Portanto, pode-se concluir que os estratos analisados foram depositados em associação a sistemas estuarinos, porém representando fácies mais distais deste sistema, representativas de ambientes sujeitos à maior influência marinha.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Análise tafonômica da ostracofauna do testemunho 1AS-5-AM: contribuição para a interpretação paleoambiental dos depósitos neógenos da Formação Solimões, AM, Brasil.(Universidade Federal do Pará, 2019-11-01) SANTOS, Katiane Silva dos; RAMOS, Maria Inês Feijó; http://lattes.cnpq.br/4546620118003936A Formação Solimões corresponde a sucessão sedimentar miocênica da bacia do Solimões, e é constituída por argilitos, siltitos e arenitos finos, pouco consolidados, intercalados por níveis linhíticos e carbonáticos, cuja deposição se deu predominantemente em ambiente fluvial e fluvio-lacustre. Dentre os invertebrados da Formação Solimões, os ostracodes se destacam pela grande abundância e diversidade. Inicialmente, os estudos sobre esses microcrustáceos estiveram voltados principalmente à taxonomia. Posteriormente, contribuições no âmbito da bioestratigrafia, sugerem idade Mioceno Inferior - Mioceno Superior para essa unidade; enquanto que análises geoquímicas e paleontológicas apontam para condições ambientais predominantemente dulcícolas, embora com esporádicas incursões marinhas. Entretanto estudos tafonômicos com ênfase nos ostracodes da Formação Solimões ainda não foram realizados. A análise tafonômica das concentrações fossilíferas pode fornecer dados importantes sobre a hidrodinâmica paleoambiental, a geoquímica dos sedimentos, taxas de sedimentação e processos diagenéticos. Este trabalho aborda a biostratinomia e fossildiagênese de ostracodes da Formação Solimões, bem como a composição mineralógica e aspectos sedimentológicos. O material analisado é proveniente da sondagem 1AS-5-AM, perfurado no vilarejo Cachoeira, próximo ao rio Itacuaí, estado do Amazonas. De acordo com as características litológicas, tipos de preservação e ocorrência dos ostracodes foi possível individualizar três intervalos ao longo do testemunho analisado. O intervalo I (284,50-119,30 metros) corresponde a porção mais basal do testemunho. Neste, a ostracofauna é menos abundante e pobremente preservada, ocorrendo apenas poucos juvenis (estágios A-2, A-3) e adultos, com acentuado processo de dissolução. A litologia desse intervalo compreende argilitos maciços, cinza escuro esverdeado a preto, com rico conteúdo de matéria orgânica. O intervalo II (116,70-107,10 metros) apresenta maior abundância de ostracodes em excelente estado de preservação e vários estágios ontogenéticos, maior ocorrência de carapaças fechadas e baixo grau de dissolução (ocorre de forma parcial e pontual), sugerindo evento de soterramento rápido e pouca influência da metanogênese devido ao menor conteúdo de matéria orgânica das amostras. A litologia corresponde a mesma do intervalo I, porém o conteúdo de matéria orgânica é menor. O intervalo III (106,90-41,00 metros) apresenta estágio moderado de preservação, onde o maior índice de dissolução associa-se à oxidação de monossulfetos e sulfetos de ferro que ocorrem aderidos na superfície dos espécimes, os quais foram expostos por ação de organismos bioturbadores dos sedimentos. A predominância de ostracodes juvenis nesse intervalo indica alta mortalidade na ontogenia provavelmente por um estresse ambiental. A litologia desse intervalo é constituída por argilitos maciços cinza esverdeado claro a médio, localmente siltíticos e linhíticos. Bioturbações (Skolitos) foram registradas apenas neste intervalo. O conteúdo de matéria orgânica varia de baixo a moderado. Em relação a alteração de cor dos espécimes, valvas brancas opacas foram registradas no intervalo I com maior frequência, no II predominam exemplares de cor preta, cinza escura, branca e em menor quantidade, valvas de cor âmbar e hialinas; enquanto no III predominam espécimes de cor marrom avermelhados, seguida de cinza claro e branca opaca. A análise tafonômica dos ostracodes da Formação Solimões permitiu verificar carapaças/valvas com composição química original preservada, no entanto, contaminadas por elementos químicos provenientes dos sedimentos siliciclásticos e das películas minerais aderidas em sua superfície. Foram identificados os seguintes tipos de preservação: 1) valvas e carapaças de ostracodes recobertas por películas de monossulfetos, de fosfato de ferro e sulfetos de ferro e de tálio; 2) preservadas em óxidos de ferro, 3) recristalizadas e 4) moldes de carapaças piritizados. Os tipos de preservação identificados refletem condições predominantemente de diagênese precoce (mineralizações das películas e formação de moldes), e tardia (recristalização, formação de óxidos). As alterações fossildiagenéticas correspondem a preenchimento mineral das carapaças por pirita, dissolução, alteração de cor e recristalização. A primeira está relacionada com o fosfato de ferro presente nos sedimentos e à eventos de soterramento rápido. A dissolução decorreu da oxidação das películas de minerais aderentes nas valvas e do conteúdo de matéria orgânica; enquanto que carapaças/valvas de cor marrom avermelhado, cinza escura, pretas e âmbar refletem a deposição de delgadas películas de minerais na superfície dos espécimes, valvas brancas opacas decorrem da dissolução parcial. A recristalização pontual de poucas valvas reflete a estabilidade mineral da calcita baixa magnesiana, constituinte principal da carapaça dos ostracodes. As alterações bioestratinômicas identificadas equivalem a fragmentação, desarticulação (proveniente da morte, ecdise e transporte dos ostracodes), bioerosão (por ação de bactérias quitinolíticas) e transporte. No intervalo I os ostracodes alóctones juvenis sugerem transporte post-mortem. No intervalo II o predomínio da fauna autóctone evidencia ambiente de baixa energia. Ostracodes alóctones e autóctones (predominantes) do intervalo III refletem variação de energia em cenário próximo a zona litorânea de lago. Com base nos tipos de preservação e características litológicas, o ambiente foi interpretado como lacustre, de energia baixa a moderada. A ausência de minerais evaporíticos e pirita dispersa nos sedimentos atestam a baixa salinidade do ambiente.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Análise tafonômica de Eremotherim laurillardi (Lund, 1842) dos depósitos pleistocenos, município de Itaituba, Pará(Universidade Federal do Pará, 2008-08-18) FERREIRA, Denys José Xavier; RAMOS, Maria Inês Feijó; http://lattes.cnpq.br/4546620118003936O presente trabalho trata do estudo tafonômico da preguiça Eremotherium laurillardi (Lund, 1842) encontrada em um sítio deposicional pleistoceno no município de Itaituba, Pará. O material estudado compreende, aproximadamente, oitocentas peças ósseas fragmentadas e não fragmentadas (sin-crânio e pós-crânio) da preguiça terrícola depositadas no acervo paleontológico do Museu Paraense Emílio Goeldi. A tafonomia é o ramo da paleontologia que se devota, primariamente, ao estudo das condições e dos processos que propiciam a preservação de restos de organismos, no registro litológico, incluindo processos diagenéticos, e como eles afetam a informação no registro fossilífero. Resumindo, a tafonomia é o estudo da história post mortem dos fósseis e compreende duas fases distintas: a bioestratinomia e a diagênese. Na fase de bioestratinomia foram analisadas tanto as feições sedimentológicas e estratigráficas quanto as bioestratinômicas. As primeiras revelaram que a forma e o tamanho desses bioclastos estavam fracamente empacotados, apresentando várias classes de tamanhos, indicando assim, deposição in situ. As feições bioestratinômicas revelaram que a composição taxonômica da concentração fossilífera é monotípica e monoespecífica, com morte catastrófica (não-seletiva) por soterramento brusco. O soterramento ocorreu antes da necrólise e os vestígios de fragmentação, abrasão e desgaste por transportes dos restos esqueléticos são ínfimos e/ou inexistentes. Feições de bioerosão, também, não foram identificadas. A não preservação de partes moles nas carcaças revela que a necrólise ocorreu em meio aeróbio. Entretanto, a presença de pirita, de forma parcial e pontuada nos forâmens e canais da costela e dente analisado, revelam que possivelmente tenha se estabelecido um micro ambiente redutor (anaeróbio) ao redor das carcaças. Os restos ósseos mostram suas estruturas morfológicas tanto externas quanto internas conservados, sugerindo assim, a não exposição destes bioclastos ao ciclo exógeno, devido ao rápido soterramento. No estudo fossildiagenético, as análises realizadas em amostras unitárias de costela, dente e vértebra, as quais foram realizadas sob microscopias óptica e eletrônica de varredura, revelaram que as estruturas ósseas e dentárias, como canais de Havers e túbulos dentinários, respectivamente, mantiveram-se bem preservadas. Análises através de detector de espectrometria por energia dispersiva (EDS - Energy Dispersive Spectroscopy) nessas amostras permitiram verificar que a composição química original dos mesmos permanece inalterada, mantendo-se com os compostos originais principais, como o Ca, P, além de Mg, K e Na.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Avaliação dos impactos da ocupação urbana sobre as águas da bacia hidrográfica do igarapé Mata Fome, Belém-PA(Universidade Federal do Pará, 2001-05-17) GASPAR, Marcia Tereza Pantoja; SOUZA, Eliene Lopes de; http://lattes.cnpq.br/2060516413833723A bacia hidrográfica do igarapé Mata Fome, com 6 km2, situa-se ao norte da Região Metropolitana de Belém. Constitui a área piloto para a implementação do Programa de Gestão Urbana (PGU), da ONU, que tem entre os seus objetivos a recuperação ambiental dessa área. O presente estudo, inserido no programa supra citado avaliar alterações relacionadas com a ocupação antrópica da bacia, através de dados hidrogeológicos e de qualidade das águas do igarapé e do aqüífero livre. Nas análises das águas realizadas nos períodos secos (novembro) e chuvoso (abril) de 2000, foram determinados os componentes nitrogenados (NH4+, NO2-, NO3-), oxigênio dissolvido (OD), sólidos totais dissolvidos (STD), coliformes fecais e totais, o pH e a condutividade elétrica (CE). O regime hidrológico do igarapé, foi avaliado através de medições de descarga e leituras de réguas limnimétricas, sendo estas instaladas em área intensamente ocupada, na foz do igarapé, sob influência de marés (estação 1), e na sua nascente, relativamente preservada e sem influência das marés (estação 2). O igarapé mostrou um regime caracterizado por 9 horas de maré vazante e 4 horas de maré enchente, atingindo alturas do nível d’água maiores no período chuvoso (janeiro-junho), na maré enchente, com uma altura máxima de cerca de 3 metros, e mínima de 0,4 metros, na maré vazante. No período seco (julho-dezembro) a altura máxima, de 1,99 m, também ocorreu na preamar, enquanto que a altura mínima, de 0,40 metros, se deu na baixa-mar. a descarga líquida do igarapé foi medida apenas no período seco e apresentou valores mínimo e máximo de 0,03 e 0,201 m3/s, respectivamente, com o valor mínimo ocorrendo na transição do regime de maré vazante para enchente. Testes de infiltração com duplo cilindro, realizados na área ocupada e na nascente, revelaram uma rápida estabilização da infiltração na primeira área, em relação à área mais preservada. A água do igarapé revelou valores de pH próximos ou superiores a 7, sendo os mais elevados obtidos no período seco. A condutividade elétrica também se mostrou mais elevada nesse período, com média de 260 µS/cm. Os teores de OD, bastante baixos, variaram entre 1,0 e 3,5 mg/L, com os valores mais elevados obtidos no período chuvoso, possivelmente decorrentes de uma maior oxigenação da água nesse período. A presença de resíduos domésticos e esgotos no igarapé é retratada principalmente pela elevada quantidade de coliformes fecais que, na estação 1, durante o período chuvoso, atingem um máximo de 92.000 CF/100 mL, na maré enchente. Na área da nascente, embora relativamente preservada, os valores de CF também foram elevados, atingindo um máximo de 65.000 CF/100 mL no período seco. Dentre os componentes nitrogenados analisados, destacam-se os teores e NH4+, atingindo valores superiores a 3 mg/L, chegando a 12 mg/L na estação 2, durante o período seco, refletindo uma pequena “invasão” que começava a se instalar naquela área. A carga transportada pelo igarapé avaliada na estação 1, apenas para o período seco, apresentou valores maiores na maré vazante, devido ás descargas mais elevadas nesse regime de maré. A descarga de nitrato foi a que se revelou mais elevada, atingindo um máximo de 0,44 µg/seg no regime de maré vazante. O balanço iônico (t+km-2+ano-1), apresentou valores positivos para todos os parâmetros analisados, indicando uma maior saída de substâncias para a baía do Guajará, em relação aos solutos trazidos dessa baía, durante a maré enchente. De acordo com a resolução CONAMA Nº 20/86, a água do igarapé apresenta-se IMPRÓPRIA quanto à balneabilidade (recreação de contato primário). O aqüífero livre estudado, principal fonte de abastecimento dos moradores da área, apresenta nível estático com profundidade média variando de 2,26 m a 1,21 m, entre os períodos seco e chuvoso, respectivamente. Mapas de potencial hidráulico, elaborados a partir de medidas de nível estático realizadas em 30 poços escavados, nesses dois períodos, indicam que o fluxo subterrâneo converge para o igarapé. A reserva reguladora, calculada a partir da vazão de escoamento natural (VEN), apresentou um valor de 1.050.000 m3, com uma restituição para o igarapé de 175.000 m3/Km2. Dentre os indicadores de qualidade da água avaliados, merecem destaque os teores de amônio, atingindo 3,54 mg/L, muito acima do limite de potabilidade (0,06 mg/L) estabelecido pela USEPA. O teor de nitrato chegou a 30 mg/L, ainda abaixo do limite de potabilidade (45 mg/L), porém já merecendo atenção, pelo seu caráter conservativo. A presença de coliformes fecais na água de alguns poços analisados, também indica que a água destes encontra-se imprópria para consumo humano.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Avaliação experimental da mobilidade do dimetoato na zona não saturada, em áreas de agricultura intensiva na bacia hidrográfica do igarapé Cumaru, município de Igarapé-Açu (PA)(Universidade Federal do Pará, 2003-10-21) LIMA, Lilianne Maia; SOUZA, Eliene Lopes de; http://lattes.cnpq.br/2060516413833723A agricultura familiar na Amazônia oriental, e em particular do nordeste do Pará,caracteriza-se pela implantação de cultivos semi-perenes indudtriais com pesada aplicação de agrotóxicos. Este estudo foi conduzido com o objetivo principal de avaliar a mobilidade dos agrotóxicos, em particular o dimeatoato, na zona não saturada na bacia hidrográfica do igarapé Cumari, município de Igarapé-Açu (PA). Na área, o aquífero é constituído por sedimentos inconsolados areno-argilosos e areno-siltosos pertencentes ao Pós-Barreiras. Especificamente, objetivou-se analisar o potencial de contaminação das águas subterrâneas por agrotóxicos. Objetivou-se também, quantificar o processo geoquímico de sorção, relacionando-o com as características físicas e químicas da zona não saturada. Foi realizado o mapeamento das áreas onde é cultivado o maracujá, uma vez que nessa cultura é utilizado um elevado volume de agrotóxicos, juntamente com o levantamento dos defensivos agrícolas utilizados na área. Posteriormente avaliou-se o risco de contaminação das águas subterrâneas através do índice GUS (Groundwater Ubiquity Score). Este índice tem como parâmetros os valores de meia vida do composto no solo (DT50) e o coeficiente de adsorção à matéria orgânica (Koc). Além disso, foram realizadas perfurações a trado manual a fim de coletar amostras de sedimentos da zona não saturada destinadas a análises laboratoriais. Na etapa laboratorial, foram determinados a granulometria, a mineralogia, o pH natural e o teor de matéria orgânica dos diferentes níveis da zona não saturada visando a sua caracterização. Essa etapa também compreendeu o experimento de sorção e a determinação do dimetoato. A partir da análise de risco verificou-se que o dimetoato apresenta maior potencial para contaminar as águas subterrâneas, com índice GUS variando de 2,36 a 3,36. O experimento de sorção mostrou que, em termos percentuais a sorção do dimetoato pelos sedimentos da zona não saturada variou de 2,5% a 3,2%. Esses dados comprovaram o elevado potencial de contaminação da água subterrânea por essa substância, que deve-se principalmente, à sua mobilidade e baixa retenção. Verificou-se também que a quantidade de matéria orgânica e o pH exercem uma maior influência na sorção do dimetoato.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Bioestratigrafia e paleoecologia dos depósitos marinhos Pensilvanianos da Formação Piauí a partir de novas ocorrências de conodontes(Universidade Federal do Pará, 2021-08-08) DIAS, Sanmya Karolyne Rodrigues; SCOMAZZON, Ana Karina; http://lattes.cnpq.br/5002093091311202; https://orcid.org/0000-0002-2189-2664; SOARES, Joelson Lima; http://lattes.cnpq.br/1345968080357131Conodontes são vertebrados primitivos utilizados mundialmente para o refinamento de idade dos estratos marinhos e para correlacionar sequências sedimentares ao longo do Paleozoico e Triássico. Dentre as bacias intracratônicas brasileiras que apresentam o registro do desenvolvimento de mares epicontinentais no Gondwana Ocidental, a Bacia do Parnaíba apresenta evidências desta invasão marinha nas sequências carbonáticas do Membro Superior da Formação Piauí, em particular na sequência fossilífera do Carbonato Mocambo, de idade pensilvaniana. O estudo do conteúdo paleontológico dessas rochas carbonáticas fornece a oportunidade de entender a perspectiva paleoecológica e paleoambiental da sucessão, além de possibilitar o refinamento bioestratigráfico utilizando fósseis guias como os conodontes. A descrição das espécies de conodontes, seguida da classificação taxonômica, permite o refinamento biocronoestratigráfico e inferências das condições paleoecológicas da área de estudo, a partir da comparação dessas ocorrências com biozonas estabelecidas para o Pensilvaniano da Bacia do Amazonas e de áreas clássicas como América do Norte, Rússia e China. A fauna de conodontes aqui descrita inclui três espécies distintas - Diplognathodus orphanus, Idiognathodus incurvus e Adetognathus lautus - registradas nos afloramentos do Carbonato Mocambo, porção marinha da Formação Piauí, na região do município de José de Freitas (PI) e sugerem uma idade bashkiriana superior para a sequência. Dessas três espécies, registra-se aqui a ocorrência inédita de Diplognathodus orphanus, um excelente marcador bioestratigráfico do Atokano. A ocorrência desses táxons juntamente com megásporos, ostracodes, foraminíferos bentônicos e dentes de peixe, corrobora com um paleoambiente de plataforma marinha rasa. Estes dados possibilitam correlacionar o Carbonato Mocambo com a seção marinha da Bacia do Amazonas, permitindo a correlação da porção marinha da Formação Piauí, Bacia do Parnaíba, com o mar epicontinental transgressivo-regressivo Itaituba-Piauí no Noroeste da América do Sul, Gondwana Ocidental, durante o Paleozoico superior.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Bioestratigrafia e paleoecologia dos depósitos marinhos Pensilvanianos da Formação Piauí a partir de novas ocorrências de conodontes(Universidade Federal do Pará, 2021-08-08) DIAS, Sammya Karolyne Rodrigues; SCOMAZZON, Ana Karina; http://lattes.cnpq.br/5002093091311202; https://orcid.org/0000-0002-2189-2664; SOARES, Joelson Lima; http://lattes.cnpq.br/1345968080357131Conodontes são vertebrados primitivos utilizados mundialmente para o refinamento de idade dos estratos marinhos e para correlacionar sequências sedimentares ao longo do Paleozoico e Triássico. Dentre as bacias intracratônicas brasileiras que apresentam o registro do desenvolvimento de mares epicontinentais no Gondwana Ocidental, a Bacia do Parnaíba apresenta evidências desta invasão marinha nas sequências carbonáticas do Membro Superior da Formação Piauí, em particular na sequência fossilífera do Carbonato Mocambo, de idade pensilvaniana. O estudo do conteúdo paleontológico dessas rochas carbonáticas fornece a oportunidade de entender a perspectiva paleoecológica e paleoambiental da sucessão, além de possibilitar o refinamento bioestratigráfico utilizando fósseis guias como os conodontes. A descrição das espécies de conodontes, seguida da classificação taxonômica, permite o refinamento biocronoestratigráfico e inferências das condições paleoecológicas da área de estudo, a partir da comparação dessas ocorrências com biozonas estabelecidas para o Pensilvaniano da Bacia do Amazonas e de áreas clássicas como América do Norte, Rússia e China. A fauna de conodontes aqui descrita inclui três espécies distintas - Diplognathodus orphanus, Idiognathodus incurvus e Adetognathus lautus - registradas nos afloramentos do Carbonato Mocambo, porção marinha da Formação Piauí, na região do município de José de Freitas (PI) e sugerem uma idade bashkiriana superior para a sequência. Dessas três espécies, registra-se aqui a ocorrência inédita de Diplognathodus orphanus, um excelente marcador bioestratigráfico do Atokano. A ocorrência desses táxons juntamente com megásporos, ostracodes, foraminíferos bentônicos e dentes de peixe, corrobora com um paleoambiente de plataforma marinha rasa. Estes dados possibilitam correlacionar o Carbonato Mocambo com a seção marinha da Bacia do Amazonas, permitindo a correlação da porção marinha da Formação Piauí, Bacia do Parnaíba, com o mar epicontinental transgressivo-regressivo Itaituba-Piauí no Noroeste da América do Sul, Gondwana Ocidental, durante o Paleozoico superior.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O Cinturão Araguaia na região de Xambioá (TO) - São Geraldo do Araguaia: geometria, cinemática e aspectos litológicos(Universidade Federal do Pará, 1993-09-22) SANTOS, Raimundo Oliver Brasil dos; COSTA, João Batista Sena; http://lattes.cnpq.br/0141806217745286O segmento norte do cinturão Araguaia, nas imediacões das cidades de Xambioá e São Geraldo do Araguaia, é constituído principalmente por rochas supracrustais do Grupo Estrondo, além de gnaisses do Complexo Colméia, expostos nos núcleos das estruturas do Lontra e Xambioá, expostos nos núcleos das estruturas do Lontra e Xambioá, e de rochas do Grupo Pequizeiro, as quais compõem uma estreita faixa no extremo oeste da área. Considerando a geometria e a natureza das estruturas maiores bem como a complexidade do quadro estrutural, a área foi dividida em 5 (cinco) setores. De acordo com esse quadro, deduziu-se que o arranjo geométrico macro corresponde a um sistema imbricado de empurrões dúcteis, sobressaíndo-se raras feições do tipo "nappe'. Destacam-se ainda as estruturas branquianticlinais, decorrentes da propagação de uma segunda geração de empurrões; dobras holomórficas relacionadas aos empurrões tardios, ou a transpressão entre sistemas transcorrentes; e zonas de cisalhamento transcorrentes, interpretadas como rampas laterais. A nível mesoscópico as estruturas são representadas pela foliação milonítica, pela lineação de estiramento, por dobras de estilos diversos e pela clivagem de crenulação. Por outro lado, a análise de lâminas delgadas revelou microestruturas tais como: porfiroclastos e porfiroblastos assimétricos com sombras de pressão; "ribbons" de quartzo; arranjos S-C, maclas tectônicas em cristais de feldspato; feições pisciformes; agregados quartzo-feldspáticos sob a forma de lentes; microbandamentos; e feições de recuperação. Em termos tectônicos, foram caracterizados quatro movimentos principais na progressão da deformação cisalhante: o primeiro relaciona-se a intensa imbricação dos corpos rochosos decorrentes da propagação de cavalgamentos dúcteis, os quais devem ter sido acompanhados pela individualização das rampas laterais; o segundo está associado ao soerguimento de lascas do embasamento, impondo dobras quilométricas nos arranjos iniciais, devido à uma segunda geração de cavalgamentos que não afetou os pacotes mais superiores. Neste momento admite-se que houve movimentação expressiva ao longo das rampas laterais; o terceiro refere-se a rotação das megadobras, preferencialmente na parte central da área, em função da intensificação dos movimentos nas rampas laterais; e o quarto corresponde a imbricação que se superpôs ao arranjo geométrico criado por essas rampas laterais. A evolução tectônica como aqui entendida, desenvolveu-se de acordo com o processo de colisão oblíqua de massas continentais, com transportes preferencial das unidades de rochas de SE para NW. Finalmente, um regime rúptil é registrado através de sistemas de falhas e fraturas que estão associados aos eventos extensionais do Paleozóico e do Mesozóico e, em parte, ao quadro neotectônico.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Composição isotópica de carbono e oxigênio em ostracodes de depósitos Neógenos da Formação Solimões, estado do Amazonas(Universidade Federal do Pará, 2011-08-10) SILVA, Melissa do Socorro Fonsêca da; RAMOS, Maria Inês Feijó; http://lattes.cnpq.br/4546620118003936; https://orcid.org/0000-0003-0276-0575O Neógeno foi um período marcado por importantes eventos globais como subsidência, sazonalidade climática e mudanças no nível do mar. Na América do Sul, o soerguimento da Cordilheira Andina foi o principal evento afetando o sistema hidrográfico e, consequentemente, biótico e climático da Amazônia durante o Mioceno. O entendimento da história deposicional contribui para a compreensão de grande parte dessas alterações ambientais ocorridas no Mioceno. A questão existente sobre possíveis incursões marinhas nos depósitos miocênicos da Amazônia Ocidental, estabelece um cenário favorável para a utilização da análise isotópica em carapaças de ostracodes da Formação Solimões. Este trabalho é uma contribuição para as interpretações paleoambientais através de dados da razão isotópica de C e O em carapaças de ostracodes do Neógeno da Formação Solimões visando à correlação com áreas adjacentes. As amostras são provenientes de dois testemunhos de sondagem (1-AS-31-AM e 1-AS-34-AM) e de três afloramentos (Morada Nova, Aquidabã e Torre da Lua) localizados no sudoeste do estado do Amazonas. Dentre a ostracofauna encontrada foi possível observar que as espécies mais representativas para a realização deste estudo foram às pertencentes do gênero Cyprideis (Cyprideis pebasae e Cyprideis machadoi) haja vista sua ocorrência tanto nas amostras dos afloramentos quanto nas dos testemunhos, bem como o grau de preservação que as mesmas se encontravam. Em geral, as análises isotópicas revelaram uma distribuição com valores exclusivamente baixos para as razões de 13C/12C e 18O/16O. O menor empobrecimento de δ18O esteve na amostra TL03 do afloramento Torre da Lua e na profundidade de 138,20m do testemunho 1AS-31-AM, refletindo maior evaporação. Nos testemunhos estes intervalos de maior evaporação ocorreram mais para o topo onde foram encontrados os valores menos negativos. Entretanto as demais amostras dos afloramentos e testemunhos apresentaram maior empobrecimento onde o decréscimo nos valores de δ13C indicou possivelmente ambiente de clima úmido e uma redução na produtividade destas espécies ou decaimento da preservação da matéria orgânica e os valores de δ18O registraram menor evaporação.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Correlação bioestratigráfica e paleoecológica de foraminíferos cenozóicos das Formações Marajó e Pirabas, Nordeste do Estado do Pará, Brasil(Universidade Federal do Pará, 2022-07-18) GARZÓN ROJAS, Laura Estefanía; SOARES, Joelson Lima; EVANGELISTA, Anna AndressaEstudos prévios têm reavaliado aspectos estratigráficos e geofísicos nas sequências sedimentares da costa leste no nordeste do Estado do Pará, reinterpretando os limites geológicos da Bacia de Marajó e a Plataforma Bragantina, estruturas que são separadas pela Falha Vigia-Castanhal. Estes compartimentos geotectônicos, foram influenciados pelo aumento no influxo da drenagem cratônica transcontinental Andina do rio Amazonas e condicionados pelo maior evento transgressivo ocorrido a nível global no início do Neogeno, desenvolvendo na Plataforma Bragantina as sequências de carbonatos marinhos da Formação Pirabas (Oligo-Mioceno Médio) e a expressiva sedimentação siliciclástica carbonática da Formação Marajó desenvolvida na fase pós-rifte da Bacia de Marajó. Os dois testemunhos das localidades de estudo, Inhangapi (Formação Marajó) e Vigia (Formação Pirabas), encontram-se perto da Fossa Vigia-Castanhal e correspondem ao limite entre a Bacia de Marajó e a Plataforma Bragantina respectivamente. Este trabalho tem como objetivo correlacionar bioestratigraficamente as condições paleoambientais e paleoecológicas com base em análises multivariados qualitativos e quantitativos, correlação de associações de foraminíferos por meio do agrupamento cluster e medição de paleoprofundidade com a razão P/B; realizados segundo a classificação taxonômica dos foraminíferos bentônicos de acordo com contribuições específicas. O conteúdo fossilífero destas formações apresenta uma grande similaridade e diversidade nos microforaminíferos hialinos bentônicos que ocorrem tanto em ambientes deposicionais siliciclásticos quanto em carbonatos. Estes ambientes foram colonizados por uma diversa e abundante vida bentônica que indica águas rasas, quentes, de alta energia, boa circulação e oxigenação na zona marinha transicional. Confirmando que estas duas unidades sedimentares cenozoicas apresentam litologias e ambientes deposicionais diferentes, sendo a Formação Marajó gerada num ambiente marinho marginal restrito dinâmico, subóxico, salinidade variável e incursões marinhas confirmadas pela abundância das espécies como Cribroelphidium williamsoni, Ammonia tepida e A. beccarii; e a Formação Pirabas foi interpretada em um ambiente marinho marginal salobro, óxico, de plataforma nerítica com abundância das espécies Cibicides subhaidingerii e Cassidulina laevigata. Estas duas localidades mantêm similaridades micropaleontológicas, confirmada pela presença de espécies como Hanzawaia mantaensis, C. pachyderma, Uvigerina peregrina e Lobulata lobulata que as converte em unidades cronocorrelatas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Depósitos carbonáticos-siliciclásticos da porção superior da Formação Piauí, carbonífero da bacia do Parnaíba, região de José de Freitas-PI(Universidade Federal do Pará, 2015-07-22) MEDEIROS, Renato Sol Paiva de; NOGUEIRA, Afonso César Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/8867836268820998A borda noroeste do Gondwana, no período Neocarbonífero, foi influenciada por um grande evento transgressivo-regressivo, depositando sequências carbonáticas delgadas, desde Bacias Andinas até porções centro meridionais do paleocontinente, como os limites estratigráficos da Bacia do Parnaíba. O Membro Superior da Formação Piauí na Bacia do Parnaíba, estudado na região de José de Freitas, exibe depósitos carbonáticos ricamente fossilíferos sobrepostos por clinoformas progradantes, definindo a transição de um trato de sistema transgressivo para um trato de sistema de mar alto. A análise de fácies e estratigráfica desta sucessão permitiu a individualização de 17 fácies e microfácies sedimentares agrupadas em 4 associações de fácies (AF): A AF1 – Campo de Dunas / Interdunas - é sotopostas as demais AF e composta por arenitos finos à médios, com grãos bem selecionados e bem arredondados, apresentando estratificações plano-paralelas com alto grau de bioturbação, estratificações cruzadas tabulares e laminação cruzada cavalgante subcrítica transladante. A AF2 – Depósitos de mar raso - é composta por uma planície carbonática com camadas tabulares e contínuas de carbonatos maciços e peloidais fossilíferos intercalados com delgadas lentes de folhelho betuminoso. A AF3 – Frente Deltaica e AF4 – Prodelta, consistem em camadas pelíticas e arenitos finos a médios, arcosianos e quartzo-arenito, marcados por superfícies de exposição subaérea, com gretas de contração, cimentado por carbonatos, dispostos em camadas tabulares contínuas ou na forma de lobos sigmoidais, assim como estruturas de liquefação do tipo load cast e flame, e fluidificação do tipo rompimento de camadas, que deformam os estratos. Os dados faciológicos corroboram com a ideia de que o mar no Pensilvaniano retrogradou até a borda da Bacia do Parnaíba e posteriormente com a Orogenia Apalachiana (300 Ma) o alto do Rio Parnaíba arqueou e retrocedeu a incursão marinha, seguidos de um evento progradacional sobre os depósitos marinhos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Depósitos costeiros e microbialitos da Formação Itaituba, o Pensilvaniano da borda sul da Bacia do Amazonas, região de Placas, Pará.(Universidade Federal do Pará, 2019-12-29) OLIVEIRA, Fernando Andrade de; ROMERO, Guilherme Rafaelli; SILVA JUNIOR, José Bandeira Cavalcante da; http://lattes.cnpq.br/8615194741719443A Formação Itaituba, na Bacia do Amazonas, representa uma sucessão carbonática de idade bhaskiriana-moscoviana, composta essencialmente por calcários fossilíferos, dolomitos finos, arenitos finos a grossos, folhelhos cinzas e evaporitos. O trabalho teve como objetivo realizar a reconstituição paleoambiental dos corpos aflorantes da Formação Itaituba, na borda sul da bacia do Amazonas, região de Placas, Estado do Pará. Para isso foi realizado estudo em afloramento de corte de estrada, em uma sucessão de 14 m, utilizando análise de fácies e microfácies, além da descrição em escala macroscópica, mesoscópica e microcópica dos microbialitos, que permitiu individualizar 9 fácies e microfácies: a) folhelho laminado (Fl); b) arenito laminado (Al); c) siltito laminado (Sl); d) mudstone maciço (Mm); e) mudstone com gretas de contração (Mg); f) wackestone bioclástico (Wb); g) packstone bioclástico (Pb), h) floatstones oncolíticos (Fo) e i) boundstones. Estas fácies são agrupadas em duas associações de fácies: a) AF1, depósitos de laguna/planície de maré, composta pelas fácies Fl, Al, Sl, Mm, Mg, Wb, disposta em camadas planas e lateralmente contínuas com predomínio da fácies Fl, intercalados por camadas centimétricas das fácies Wb e Pb, organizada em ciclo de de raseamento ascendente e ; b) (AF2), baixio/ilha barreira, constituída pelas fácies Pb, além das fácies microbialíticas Fo e Bd, com Pb disposta em corpos planares e lateralmente contínuos e Fo e Bd, em biohermas na forma de lentes. A fácies Fo, constitui os microbilitos oncolíticos e microestromatólitos a eles associados, descritos como morfotipos M1 e M2a, e a fácies Bd, inclui as formas estromatolíticas colunares, descritas como morfotipos M2b e M2c. O modelo deposicional da Formação Itaituba na região de Placas-PA, consiste de um sistema costeiro com laguna, baixios/ilha barreira e planície de maré. Os microbialitos desenvolveram-se durante a transição do Bashkiriano-Moscoviano, representando uma passagem para condições ambientais mais restritivas em relação a fauna e flora, e mais propícias a proliferação das cianobactérias, com provável elevação da alcalinidade na água. Estas evidências de cianobactérias são pela primeira vez registradas em rochas do Carbonífero da Bacia do Amazonas ampliando o conhecimento da composição da fábrica carbonática durante a implantação do mar epicontinental Itaituba no Gondwana Oeste.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Depósitos de rampa carbonática ediacarana do Grupo Corumbá, região de Corumbá, Mato Grosso do Sul(Universidade Federal do Pará, 2019-02-12) OLIVEIRA, Rick Souza de; NOGUEIRA, Afonso César Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/8867836268820998Os eventos deposicionais ocorridos após as glaciações globais do final do Criogeniano (850 -635 Ma) foram marcados pela implantação de extensas plataformas e rampas carbonáticas, desenvolvidas em várias regiões cratônicas do planeta. Neste período, uma das inovações bioevolutivas foi o surgimento dos primeiros animais com esqueleto calcificado como o gênero Cloudina (~548 Ma). Na América do Sul, um dos melhores registros de depósitos carbonáticos do Ediacarano (635-542 Ma) com este macrofóssil é o Grupo Corumbá,está exposto no sudeste do Cráton Amazônico. Estes depósitos foram posteriormente deformados pela tectônica Pan-Africana-Brasiliana que levou ao estabelecimento da Faixa Paraguai na transição Neoproterozóico-Cambriano. A análise de fácies e estratigráfica, auxiliada por isótopos de C, O e N, do Grupo Corumbá, representada pelas formações Bocaina e Tamengo, na região de Corumbá e Porto Morrinhos, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, permitiu reconstituir a rampa carbonática ediacarana e o habitat de Cloudina. A Formação Bocaina é constituída por ciclos métricos de raseamento ascendente que formam duas associações de fácies: 1) planície de intermaré, que consiste em quartzo-arenitos finos, com grãos bem selecionados e arredondados, cimentados por dolomita; dolomitos finos com estromatólitos estratiformes e colunares, com porosidade fenestral/bird´s eyes e gretas de contração; e 2) baixios de submaré, formados principalmente por dolomitos intraclásticos (intraclastos de dolomicrito e dolowackestone peloidal), arenitos finos e folhelhos subordinados. Estruturas deformacionais ocorrem em ambas as associações e são relacionadas a processos de liquefação e fluidificação, possivelmente induzidos por sísmicidade. A Formação Tamengo consiste nas associações de: 1) shoreface com barras oolíticas, composta de packstones intraclásticos e oolíticos, e ritmitos mudstone calcífero/folhelho betuminosos com macrofósseis Cloudina em bom estado de preservação; e 2) offshore influenciado por tempestades, constituída por calcários cristalinos com raros grãos terrígenos, acamamento maciço, estratificação cruzada hummocky/swaley, laminação cruzada de baixo-ângulo e fragmentos de Cloudina. Pelitos e folhelhos separam as camadas de tempestitos distais. Cloudina habitava ambientes protegidos no shoreface periodicamente retrabalhado por tempestades que acumulavam coquinas na zona de offshore. A alta concentração de carbono (TOC de até 0,41%) e os valores positivos de δ13C (1,5 a 5,4‰) e δ15N (entre 3,5 e 4,5‰) dos depósitos com Cloudina indicam para o final do Neoproterozóico, uma alta produtividade orgânica e concentração de oxigênio, semelhante às encontradas na atual interface atmosfera/oceano.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Depósitos lacustres rasos da Formação Pedra de Fogo, Permiano da bacia do Parnaíba, Brasil(Universidade Federal do Pará, 2015-04-15) ARAÚJO, Raphael Neto; NOGUEIRA, Afonso César Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/8867836268820998A Formação Pedra de Fogo do Permiano, exposta nas bordas leste e oeste Bacia do Parnaíba, norte do Brasil é um dos registros mais importantes do final do Paleozóico, depositado no oeste do Gondwana. Os principais litotipos desta unidade são arenitos, folhelhos, carbonatos e evaporitos, sendo famosa por conter grande quantidade de sílex, além do registro de uma flora permiana bem preservada. Nas últimas décadas do século passado foram feitas diferentes interpretações para o ambiente deposicional da Formação Pedra de Fogo, como transicional/fluvio-deltaico, nerítico raso a litorâneo com planície de sabkha sob influência de tempestade, lagunar/fluvial com contribuição marinha/eólica e marinho raso a restrito, tipo epicontinental. A análise de fácies em afloramentos das porções basal e superior desta unidade envolveu aproximadamente 100 m de espessura da sucessão siliciclástica. Foram individualizadas onze fácies sedimentares, agrupadas em três associações de fácies (AF), representativas de um sistema deposicional lacustre raso com mudflat e rios efêmeros associados. A AF1 é interpretada como depósitos de mudflat, constituídos por argilitos/siltitos laminados, arenitos/pelitos com gretas de contração e arenitos com laminação cruzada, acamamento maciço e com acamamaneto de megamarca ondulada. Nódulos e moldes tipo popcorn silicificados indicam depósitos de evaporitos. Outras feições encontradas são concreções de sílica, tepee silicificados e silcretes. A AF2 é interpretada como depósitos Nearshore lake, constituídos por arenitos finos com laminação plano-paralela, laminação cruzada cavalgante, acamamento maciço e de megamarca ondulada, além de argilito/siltito laminados. A AF3 refere-se a depósitos de wadi/inundito, organizado em ciclos granodecrescente ascendentes métricos, constituídos por conglomerados e arenitos médios a seixosos com acamamento maciço e com estratificação cruzada e argilitos/siltitos com laminação planar a ondulada. Formam depósitos restritos com geometria scour-and-fill, ocorrendo em menor proporção em camadas tabulares. A intercalação de pelitos e arenitos finos a médios com laminação plana a ondulada constituem, em grande parte, o arcabouço principal da Formação Pedra de Fogo. Bioturbações, gretas de contração e diversos tipos de concreções silicosas, assim como dentes de peixes, ostracodes, briozoários e escolecodontes são comuns à sucessão estudada. Restos de vegetais silicificados, classificados preliminarmente como pertencente ao gênero Psaronius, são encontrados in situ, concentrados próximo ao contato superior com a Formação Motuca e constituem excelentes marcadores bioestratigráficos para o topo da Formação Pedra de Fogo. Depósitos mudflat, na base da sucessão Pedra de Fogo, sugerem climas áridos e quentes no Permiano Inferior. O Permiano Médio foi predominantemente semiárido permitindo a proliferação de fauna e flora em regiões úmidas adjacentes ao sistema lacustre. Rios efêmeros ou wadis transportavam restos vegetais e terrígenos para o lago gerando inunditos. Fases de retração e expansão caracterizaram o lago Pedra de Fogo, induzidas pelas modificações climáticas que influenciaram não somente no padrão de sedimentação com também na fossilização dos melhores representantes da fauna e flora do final do Permiano. No Permiano Superior o clima tornou a ser quente e árido como resultado da consolidação do supercontinente Pangeia, favorecendo a deposição de sequencias de red beds da Formação Motuca e desenvolvimento do deserto Sambaíba na passagem para o Triássico.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Diagênese da formação guia, Ediacarano da Bacia Araras -Alto Paraguai, sul do Cráton amazônico(Universidade Federal do Pará, 2022-10-31) SANTOS, Caio Silva dos; NOGUEIRA, Afonso César Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/8867836268820998Rochas carbonáticas pertencentes à Formação Guia, unidade calcária do Grupo Araras, são expostas na Bacia Araras-Alto Paraguai, região central da América do Sul. Correspondem a depósitos de plataforma carbonática de idade ediacarana (622-614 Ma) desenvolvida em um mar epicontinental. Estes depósitos recobrem discordantemente dolomitos de capa carbonática na porção SW do Cráton Amazônico e diamictitos da Formação Puga relacionados à glaciação do Marinoano de 635 Ma, que estão distribuídos sobre o substrato metamórfico da bacia. A Formação Guia, objeto de estudo desta dissertação é composta por calcários intercalados com finas camadas de folhelhos calcíticos. Os dados foram obtidos da análise de um perfil estratigráfico de 350m, realizado em uma das melhores exposições da Formação Guia, a frente de lavra da Mina COPACEL, na cidade de Nobres, estado do Mato Grosso. Foram identificadas 6 microfácies representativas de mar epicontinental, agrupadas em uma única associação de fácies, plataforma profunda, constituída por: Lime-mudstone betuminoso, maciço e rico em grãos terrígenos, folhelhos negros, brechas carbonáticas e brechas deformadas. Estas rochas foram intensamente afetadas por processos diagenéticos como: aggrading neomorphism, maturação da matéria orgânica, compactação física, cimentação de calcita espática, dolomitização, compactação química e migração de hidrocarbonetos. O neomorfismo do tipo agradacional (aggrading neomorphism) afeta a matriz destas rochas, passando de micrita (<4 μm) para microespática e pseudoespática, exibindo um mosaico hipidiotópico. O micrito rico em matéria orgânica é parcialmente dissolvido por fluidos gerados pela maturação desta, gerando poros vugulares posteriormente cimentados por calcita espática. Este cimento é caracterizado por cristais subedrais grossos e clivagem romboédrica em duas direções. Sob catodoluminescência, apresenta duas luminescências: laranja avermelhado, quando substitui a matriz, e rosa zonado, quando preenche poros vugulares. Os estilólitos formam superfícies serrilhadas de baixa amplitude impregnadas por material insolúvel, composto por argilas, quartzo e matéria orgânica. A dolomitização, afeta as rochas em três momentos: o primeiro ocorre com a substituição do cimento de calcita espática nas fraturas por dolomitas subedrais com mosaico hipidiotópico, além de inclusões de minerais opacos, o segundo momento é a substituição da matriz por dolomitas anédricas, e o terceiro momento é a formação de cristais de saddle dolomite que ocorrem associados com hidrocarbonetos preenchendo porosidade vugular. A análise pontual com MEV/EDS identificou grandes quantidade de Ca e baixas de Mg, Si, S, Ca, Mn, Fe, Ni, Zn, Sr, Cd, Ba e Pb, reforçando que, apesar de terem feições de alteração, os carbonatos foram pouco afetados por fluidos diagenéticos/dolomitizadores. Estas rochas compõem o Sistema Petrolífero Araras, apresentando valores de COT entre 0,04 e 0,50%, portanto com potencial gerador baixo a médio, o que o classifica como do tipo nãoconvencional. A associação dos dados petrográficos e geoquímicos sugerem que a migração do betume ocorreu em 610 Ma, durante soerguimento térmico da Bacia Intracratônica Araras, antes da deposição do Grupo Alto Paraguai, o que levou exposição do Grupo Araras e oxidação do hidrocarboneto, permitindo a identificação de querogênio tipo IV. De acordo com dados de pirólise Rock Eval, Índice de Hidrogênio e Índice de Oxigênio, estas rochas não possuem potencial para a geração de óleo ou gás, e são constituídos por matéria orgânica oxidada, com evolução térmica imatura.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Distribuição, comportamento e definição de valores de background do mercúrio em sedimentos da bacia hidrográfica do rio Tapajós, Pará, Brasil(Universidade Federal do Pará, 2023-10-24) RENTE, Augusto de Farias Silva; MARQUES, Eduardo Duarte; http://lattes.cnpq.br/8256609331887637; https://orcid.org/0000-0003-1133-9408; KÜTTER, Vinicius Tavares; http://lattes.cnpq.br/6652786694334612; https://orcid.org/0000-0001-7295-6800O mapeamento geoquímico e a determinação do background, ajudam a identificar anomalias no ambiente e distinguir fontes naturais ou antrópicas. O mercúrio (Hg) é um elemento preocupante por ser conservativo, podendo bioacumular e biomagnificar. Na bacia do rio Tapajós, os garimpos aplicam o Hg na recuperação do ouro, esse Hg pode ser liberado para o ambiente juntamente com o Hg do solo, resultando em áreas contaminadas, associadas a supressão da florestal, expondo os solos à erosão. No estudo, realizado, foram coletadas e analisadas pelo SGB/CPRM, em 2005/2006, 343 amostras de sedimentos de rios, com uma densidade amostral de 1/135 Km². O teor de Hg nas amostras foi analisado por ICP-OES com gerador de hidretos. Os valores de Hg variaram de 0,01 a 4,46 mg.kg-1 , e o background geoquímico estabelecido para a área foi de 0,48 mg.kg-1 , próximo ao nível de efeito provável, 0,486 mg.kg-1 . Ao se classificar as amostras por litologias, a saber, granitoides alcalinos, granitoides cálcio alcalinos, rochas sedimentares e gnaisses e rochas vulcânicas, o mMAD mostrou os respectivos resultados, 0,69; 10,19; 0,03 e 0,77 mg.kg-1 para os limiares superiores e 0,01, 0,00, 0,02 e 0,00 mg.kg-1 para o limiar inferior. A classificação uso e ocupação, a saber, Pastagem e Floresta apresentaram valores de mMAD de 6,10 e 0,10 mg.kg-1 respectivamente para os limiares superiores e 0,00 e 0,01 para os limiares inferiores. Ressalta-se que tal cálculo para a área de garimpos não pode ser realizado devido a porcentagem significativamente baixa de amostras a cima do limite de detecção inferior do método analítico, sugerindo altas concentrações de Hg somente em amostras pontuais. O Fator de Enriquecimento (FE) revelou um aumento significativo de mercúrio (Hg) em áreas com maior influência humana nos mapas de interpolação, identificando os oxi-hidróxidos de ferro-manganês e argilominerais como os principais componentes responsáveis pela adsorção de Hg. Os Mapas de Fator de Contaminação (FC) identificaram como contaminada as mesmas áreas que o FE apontou como enriquecidas. A região estudada é naturalmente enriquecida em Hg em relação a outros biomas, devido aos fatores: 1° geogênico, associado a erosão das rochas e o processo de intemperismo tropical, que leva à formação de duricrust e solo laterítico, fazendo com que o Hg se acumule de forma eficiente no solo; 2° o fator antrópico local, atuando na degradação do solo promovendo a conversão de florestas em pastagens e áreas de garimpo, remobilizando e dispersando o Hg. Considerando a escala de abordagem deste trabalho foi verificado maior impacto relacionado a mudança de uso do solo. Sugere-se uma abordam mais detalhado como maior número de amostras em escala cartográfica maior para definir impactos locais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Efeitos hidrotermais em rochas carbonáticas-siliciclásticas da Formação Itaituba, Pensilvaniano da Bacia do Amazonas, região de Uruará (PA)(Universidade Federal do Pará, 2020-10-26) SOUZA, Isabele Barros; SOARES, Joelson Lima; http://lattes.cnpq.br/1345968080357131Rochas carbonáticas e siliciclásticas do período Neocarbonífero são amplamente registradas nas porções oeste e centro-oeste na região de Uruará, Estado do Pará, borda sul da Bacia do Amazonas. Estes depósitos são representados pela Formação Itaituba, da qual foi descrito um testemunho de sondagem de 35m e identificadas cinco microfácies carbonáticas (calcimudstone, dolomudstone, wackestone bioclástico, packstone bioclástico e grainstone bioclástico rico em terrígenos) e oito fácies siliciclásticas (argilito maciço, folhelho negro, siltito com laminação cruzada truncada, siltito com laminação cruzada de baixo ângulo, siltito com laminação plano paralela, arenito com estratificação cruzada truncada, arenito com estratificação plano-paralela e arenito maciço). A partir das análises petrográfica, de catodoluminescência, difração de raios-X, microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de energia dispersiva, foi possível identificar os principais processos diagenéticos e hidrotermais que afetaram estas rochas. Nas rochas carbonáticas foi observado micritização, dissolução, calcitização, compactação mecânica e química e cimentação. Nos arenitos ocorre sobrecrescimento de quartzo, cimentação carbonática e compactação química. Durante o Triássico-Jurássico ocorreu grande evento de vulcanismo na porção central do supercontinente Gondwana Oeste, conhecido como Central Atlantic Magmatic Province (CAMP), com colocação de diques e soleiras de basalto, representada na Bacia do Amazonas pelo Magmatismo Penatecaua. Houve a percolação de fluidos hidrotermais, originados na fase tardia deste magmatismo, que promoveu várias mudanças na mineralogia e texturas destas rochas, entre eles fraturamento hidráulico, formação de porosidade vugular, precipitação de assembleias minerais típicas de hidrotermalismo como - dolomita em sela, calcita, apatita, pirita, calcopirita, galena, esfalerita, óxidos de ferro e titânio, cloritas, talco, granada, saponita e corrensita – nas vênulas e a silicificação da matriz e grãos carbonáticos. Análises de geoquímica orgânica nas amostras de carbonato e folhelho obtiveram valores de carbono orgânico total muito baixos, com maturidade baixa, gerando querogênio tipo IV, sendo originada provavelmente a partir de matéria orgânica oxidada. Assim, o presente trabalho pretende ampliar o estudo das rochas que ocorrem em subsuperfície na região de Uruará, possibilitando a compreensão dos processos deposicionais e diagenéticos na sua formação e sua alteração devido aos processos hidrotermais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Estratigrafia e análise paleoambiental de rochas Neoproterozóicas do Cinturão Araguaia, região de Redenção–PA, Brasil(Universidade Federal do Pará, 2020-12-26) MEDINA HIGUERA, Adriana Nataly; SOARES, Joelson Lima; http://lattes.cnpq.br/1345968080357131O Neoproterozoico foi marcado por intensas mudanças climáticas que foram acompanhadas pela reorganização das massas continentais a nível global. Estes eventos climáticos estão representados pelas glaciações globais Sturtiana e Marinoana registradas nas rochas do período Criogeniano. O rearranjo das massas continentais esteve marcado pela ruptura do supercontinente Rodinia (870 – 750 Ma) e posterior colisões intracratônicas (600 Ma) que geraram a amalgamação de Gondwana, que por sua vez originou diversos orógenos como o Cinturão Araguaia. Esta unidade geotectônica neoproterozóica situada na porção norte da Província Tocantins, é composta pelas rochas sedimentares do Supergrupo Baixo Araguaia, que está subdividido nos grupos Estrondo e Tocantins. O Grupo Tocantins é constituído pelas formações Pequizeiro e Couto Magalhães. Na região de Redenção, a empresa WMC Resources Ltda furou vários testemunhos de sondagem, denominados de SMD, para desvendar a gênese do prospecto São Martim. Inicialmente, as rochas carbonáticas e siliciclásticas sem indícios de metamorfismo, nestes testemunhos (SMD 08 e SMD 15), foram posicionadas na Formação Couto Magalhães. Contudo, a definição original desta unidade envolve rochas com metamorfismo de baixo grau. Este fato motivou uma revisão litoestratigráfica da Formação Couto Magalhães que ocorre em subsuperfície na região de Redenção, além da reconstituição paleoambiental proposta no trabalho original. Assim, esta unidade foi redefinida, na região de estudo, exclusivamente com base em suas características litológicas e denominadas de Formação São Martim (rochas carbonáticas) e Formação Rio Arraias (rochas siliciclásticas). Devido aos poucos testemunhos que existem não é possível definir sua extensão lateral em subsuperfície. Para alcançar os objetivos propostos foram realizadas análises faciológicas, prográficas e geoquímicas isotópicas, assim como interpretações de microfácies sedimentares e microestruturas glaciais. A porção mais basal dos testemunhos é caracterizada pela ocorrência de formações ferríferas bandadas (Banded Iron Formation, BIF) que são interpretadas como o assoalho da bacia, estas formações tem idade e similitude composicional correlacionável com as BIF’s da Formação Carajás. Na sequência sobrejacente foram definidas dezenove fácies sedimentares que foram agrupadas em quatro associações de fácies correspondentes. Na Formação São Martim as rochas carbonáticas são interpretadas como o registro de um ambiente de plataforma carbonática (AF1) que se encontra em contato discordante com os BIF’s. A Formação Rio Arraias é caracterizada pelos depósitos de turbiditos de planície de talude ricos em lama-areia (AF2), glacial (AF3) e turbiditos de planície de talude ricos em areia (AF4). As idades destas rochas foram inferidas a partir do levantamento bibliográfico. Idades meso-arqueanas (2.952,3 ± 7,3 Ma e 2.994,0 ± 5,8 Ma) dos BIF´s foram determinadas com base em dados U-Pb (SHRIMP) de zircões detríticos. Não há idades disponíveis para os carbonatos da Formação São Martim. As idades obtidas para as rochas siliciclástica da Formação Rio Arraias estão baseadas na metodologia Pb/Pb em pirita clástica (716 a 670 Ma), piritas diagenéticas (668– 616 Ma) e pirita em veios (438 Ma – 394 Ma). Assim como idades Sm/Nd de proveniência sedimentar entre 1660 Ma, 1710 Ma e 1720 Ma em clastos de diamictitos da Formação Rio Arraias. Adicionalmente, foram datadas rochas piroclásticas riolíticas (idades U-Pb) de 634±21 e 624±11 Ma sobrepostas diretamente aos depósitos glaciais da Formação Rio Arraias. Conforme estas idades geocronológicas são inferidas neste trabalho uma idade criogeniana para a sequência sedimentar carbonática-siliciclástica. O primeiro evento de sedimentação após a formação das BIF’s foi à deposição de sedimentos carbonáticos que compõem a AF1, o contato entre estas duas associações é abrupto e caracterizado pela presença de uma fina camada de folhelho negro. A AF1 é constituída na porção basal por mudstone pseudonodular a pseudolaminar, as quais apresentam estruturas geradas por compactação química como dissolution seams e estilólitos, além de finos níveis de tufo vulcânico, na porção superior se encontram as fácies de brecha carbonática e siltito com laminação ondulada. O segundo evento de deposição foi possivelmente marcado pela subsidência da bacia gerada pelo fechamento pós-colisional dos crátons Amazônico com São Francisco/Congo, onde se depositou a AF2 que é composta por arenitos maciços e com laminação plano-paralela, truncada por onda e deformada, ritmitos com laminação plano-paralela e truncada por onda, pelitos maciços e com laminação plano-paralela. O terceiro evento de sedimentação ocorreu no máximo avanço glacial e subsequente rebaixamento do nível do mar, com a deposição dos materiais correspondentes à AF3. Esta associação está constituída por diamictitos foliados e maciços associados à deposição de sedimentos a partir de geleiras que avançam nos corpos de água. A transição entre a AF2 e AF3, apresenta camadas com deformações possivelmente produzidas por glaciotectônica. O quarto evento de sedimentação está marcado por um rápido degelo acompanhado de um aumento do nível do mar que aumentou o potencial de preservação dos depósitos subglaciais e possivelmente controlou a deposição dos materiais da AF4. Esta associação é composta por arenitos maciços e com laminação plano-paralela, ondulada, truncada por onda e deformada, em menor proporção ritmitos com laminação plano-paralela e truncada por onda e finas camadas de pelitos maciços, além de dois níveis de brecha siliciclástica. Em resumo, é proposta uma nova definição litoestratigráfica neoproterozoica para o Cinturão Araguaia que sugere pela primeira vez que a plataforma, em determinados períodos, esteve submetida a processos glaciais possivelmente dentro do contexto de Snowball Earth, precisamente a glaciação Marinoana.
