Dissertações em Oceanografia (Mestrado) - PPGOC/IG

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  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Monitoramento meteorológico e hidrodinâmico de um ambiente lêntico em uma região metropolitana amazônica
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-25) GOMES, João Vitor da Silva; ROSÁRIO, Renan Peixoto; http://lattes.cnpq.br/8003860457518342; https://orcid.org/0000-0003-2913-0514
    A crescente urbanização e a consequente pressão sobre os recursos hídricos têm intensificado a necessidade de monitorar e gerenciar ecossistemas aquáticos. O Parque Estadual do Utinga, localizado em Belém-PA, abriga um importante lago que desempenha um papel crucial no abastecimento da região. No entanto, a falta de planejamento urbano e o crescimento populacional desordenado têm colocado em risco a qualidade e a quantidade de água desse recurso hídrico. Diante desse cenário, este estudo teve como objetivo avaliar as condições hidrodinâmicas e meteorológicas do lago Água Preta, visando contribuir para a sua conservação e gestão sustentável. As variáveis meteorológicas foram medidas por meio de uma estação meteorológica ao longo de 12 meses. Os dados foram disponibilizados em intervalos de 60 minutos. A aquisição dos dados hidrodinâmicos foram realizados usando instrumentos como o ADCP, que mede a intensidade e direção de corrente em intervalos de 50 cm ao longo da coluna d’água; o correntômetro eletromagnético que foi utilizado para medições durante o período menos chuvoso (seco) e chuvoso ao longo de 48 horas, a fim de validar o padrão hidrodinâmico do lago; o CTD responsável por medir o perfil vertical da temperatura e também foram instalados sensores de pressão da levelogger fundeados em locais estratégicos. Após analises, é possível afirmar que a velocidade de corrente do lago é lenta. Os fatores meteorológicos se mantiveram dentro dos parâmetros encontrados por outros autores, confirmando a consistência dos dados coletados com estudos anteriores. A análise hidrodinâmica revelou padrões de circulação restritos, com pouca movimentação das águas, principalmente próxima ao fundo. Sua principal forçante é através do acionamento das bombas que alimentam esse sistema com água vinda do rio Guamá. Em superfície, o deslocamento também é pequeno, pois os ventos não atingem valores elevados, o que dificulta a circulação nesse ambiente. Esses resultados destacam a relevância do monitoramento contínuo para a gestão eficiente do lago, especialmente em um contexto de pressão ambiental crescente devido à urbanização desordenada. As informações obtidas fornecem uma base sólida para futuras ações de conservação, contribuindo para a manutenção da biodiversidade e a sustentabilidade do abastecimento de água na região.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Sedimentação recente e palinologia do Talude Continental Superior Amazônico-Maranhão
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-24) AZEVEDO, Gabriela Miranda de; EL-ROBRINI, Maâmar; http://lattes.cnpq.br/5707365981163429; https://orcid.org/0000-0001-7850-1217
    O talude continental do Amazonas, próximo ao estado do Pará, é uma região geologicamente complexa, influenciada por fenômenos tectônicos e processos sedimentares associados à proximidade da foz do Rio Amazonas. O Rio Amazonas despeja descarga hídrica de 5,7 x 10¹² m³. ano-1 e sólida de 1,2 X 103 m3.s-1. O talude continental apresenta uma distribuição de cobertura sedimentar diversa, que varia regionalmente, dependendo da origem da fonte de sedimentos. São poucos os trabalhos desenvolvidos (sedimentologia, palinologia e paleontologia) no talude continental da região norte. Este trabalho tem como objetivo principal analisar as características sedimentológicas (granulometria, teor de carbonato de cálcio/CaCo3, matéria orgânica/MO e carbonato orgânico/CO) e investigar a ocorrência de sedimentos férteis da cobertura sedimentar do talude continental superior do Amazonas com base em duas amostras de testemunho (T66 e T144). A metodologia foi baseada em: (1) Pesquisas bibliográficas em plataformas de busca, (2) os testemunhos (parte sub-superficial) foram adquiridos mediante uso de piston corer; (3) descrição macroscópica de testemunhos (cor, arranjo estratigráfica, análise sedimentar) e subamostragem dos testemunhos, (4) análise granulométrica dos estratos amostrados, com separação da fração silte/argila, (5) quantificação da MO e CaCo3, e (6) seleção de amostras férteis para as análises palinológicas. Os resultados mostram que os sedimentos são lamosos com predominância da fração silte grosso. Majoritariamente bem selecionados, com assimetria aproximadamente simétrica e curtose platicúrtica. Os teores de MO no testemunho foram altos variaram de 10,64% a 24,42% com média de 16,39% (T66) e 10,64% a 24,42% com média de 16,39% (T144). A investigação preliminar de palinologia confirma a evidência polínica nas amostras. Os sedimentos do talude continental do Amazonas consistem em uma mistura de material alóctone e autóctone, com ocorrência de palinomorfos.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Modelagem tridimensional da hidrodinâmica e transporte sedimentar de um lago amazônico urbano
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-17) CALLADO, Marco Antônio Vieira; ROLLNIC, Marcelo; http://lattes.cnpq.br/6585442266149471; https://orcid.org/0000-0002-8601-1514
    Lagos são ambientes fundamentais para a qualidade de vida humana, uma vez que regulam o clima local, fornecem água potável e sustentam uma série de serviços ecossistêmicos. O monitoramento desses ecossistemas é crucial para compreender seu metabolismo e embasar estratégias eficientes de manejo dos seus recursos naturais. Este estudo tem como objetivo desenvolver um diagnóstico e prognóstico ambiental de um lago amazônico raso inserido em área urbana — o Lago Água Preta — por intermédio da aplicação da modelagem tridimensional da hidrodinâmica e do transporte sedimentar. Para a realização das simulações numéricas foi utilizado o modelo Delft3D-FLOW, abrangendo os períodos sazonais típicos da região: chuvoso e seco. As simulações foram alimentadas com dados meteorológicos e informações físicas do lago, como temperatura do ar, humidade do ar, nebulosidade, radiação solar, batimetria, temperatura da água, velocidade das correntes e vazões de entrada e saída. Dessa forma, foi construído um ambiente computacional capaz de representar com fidelidade os processos hidrosedimentares do lago. A calibração do modelo foi realizada com uma série temporal de temperatura referente a um mês completo, enquanto a validação utilizou dados de corrente e perfis verticais de temperatura ao longo de quatro meses (dezembro, fevereiro, abril e junho). As simulações apresentaram bons indicadores estatísticos, evidenciando a confiabilidade do modelo. As maiores discrepâncias entre os dados simulados e observados ocorreram em pontos localizados nas margens mais próximas dos centros urbanos. Estas diferenças estão associadas à influência de atividades antrópicas, como o lançamento de efluentes domésticos, ou a própria morfologia afunilada do lago nesses locais, que pode gerar zonas de sombra térmica. A análise dos padrões de circulação e temperatura entre os períodos sazonais revelou diferenças relativamente pequenas. Destaca-se o aumento médio de até 2 °C na temperatura da água e de aproximadamente 0,02 m/s na velocidade das correntes no período mais quente. As maiores diferenças de entre as médias de temperatura ocorreram no ciclo diário do lago variando 3°C, com variação máxima de até 10°C. Devido o lago ser alimentado por um influxo de água artificial (inflow), este inflow é caracterizado por ser uma descarga intensa com elevada carga sedimentar. Por se tratar de um lago raso com profundidades máximas de até 4 metros, esta descarga é capaz de influenciar o metabolismo do lago como um todo, promovendo a ressuspensão de sedimentos de fundo, redistribuindo nutrientes para a coluna d’água. Ao adentrar no lago, as correntes de influxo são rapidamente desaceleradas, o que intensifica a sedimentação destes sedimentos em áreas próximas ao ponto inflow. Esse processo eleva a turbidez da água e modifica a dinâmica da biota local, resultando em um ambiente dominado por fitoplâncton e sujeito a processos de eutrofização e consequentemente diminui qualidade da água. Portanto, a partir do diagnóstico sugerido pela modelagem do Lago Água Preta, este estudo destaca a necessidade de ações contínuas de monitoramento e controle das influências antrópicas, a fim de prevenir a degradação progressiva do metabolismo do Lago Água Preta. Além de destacar a importância de lagos em geral, ainda mais quando inseridos em contexto urbanos.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Aplicabilidade de um sistema de baixo custo para o monitoramento de dados meteoceanográficos na zona costeira Amazônica
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-23) SOTÃO, Daniel da Silva; ROSÁRIO, Renan Peixoto; http://lattes.cnpq.br/8003860457518342; https://orcid.org/0000-0003-2913-0514
    Este trabalho teve como objetivo desenvolver, implementar e validar um Protótipo de Monitoramento Contínuo (PMC) de baixo custo, para coletar dados meteoceanográficos na Zona Costeira Amazônica (ZCA), região vulnerável às mudanças climáticas e com lacunas de dados ambientais. O sistema, desenvolvido com um microcontrolador ESP32, integra sensores de temperatura e umidade relativa do ar (HDC1080 e AM2302), pressão atmosférica (BMP280 e MS5611), temperatura da água (DS18B20), nível da maré (HC-SR04), precipitação, velocidade e direção do vento. Os sensores foram validados comparando seus dados com uma estação meteorológica CICLUS PRO (EMC) e um registrador Sonlist Levelogger 5 LTC (CTDlog), ambos utilizados como referência. O PMC realizou quatro campanhas de testes em conjunto com o EMC e CTDlog, totalizando 56.221 registros. Os dados foram submetidos à regressão linear para desenvolver equações de calibração para cada sensor. A qualidade dos modelos de calibração foi avaliada por meio do coeficiente de determinação (R²), raiz do erro quadrático médio (RMSE), correlação de Pearson e análise residual. Os sensores HDC1080 e AM2302 mostraram excelente desempenho na medição de temperatura, com R² > 0,9, RMSE < 0,2 °C e residual absoluto médio (RAM) < 0,12 °C, e correlação de Pearson muito forte (r ≥ 0,9). No entanto, demonstraram instabilidade na medição da umidade relativa do ar (R² ≈ 0,64; RMSE ≈ 3,46%; RAM ≈ 2,52%). O desempenho dos sensores de pressão BMP280 e MS5611 foi inicialmente comprometido pelo aquecimento interno do PMC, mas após compensação térmica, obtiveram R² entre 0,88 e 0,99, RMSE entre 0,17 e 0,45 hPa e RAM entre 0,11 e 0,34 hPa, com destaque para o BMP280. O sensor DS18B20 apresentou correlação muito forte, R² ≈ 0,94, RMSE ≈ 0,036 °C e RAM ≈ 0,021 °C, sendo altamente promissor. O HC-SR04 destacou-se como o melhor entre todos, com R² ≈ 0,99, RMSE ≈ 2,6 cm e RAM ≈ 1,9 cm. Sensores de precipitação e de vento apresentaram inconsistências, exigindo testes adicionais. O custo total de produção do PMC foi de R$ 952,75, refletindo economia de 86,19% em relação à EMC (R$ 6.897,00) e 96,14% frente ao CTDlog (R$24.677,29). Comparando o PMC a equipamentos equivalentes, obteve-se economia de no mínimo 66,33% em relação às estações básicas e 87,3% frente a registradores de temperatura e nível da água mais econômicos. O PMC demonstrou ser uma solução viável, econômica e replicável para o monitoramento ambiental contínuo na ZCA, com potencial de preencher lacunas existentes nas redes de observação, embora melhorias ainda sejam necessárias para aprimorar seu desempenho a longo prazo.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Morfodinâmica de praias estuarinas da vila de Jubim (ilha do Marajó-Pa)
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-25) RODRIGUES, Mayara de Souza; RANIERI, Leilanhe Almeida; http://lattes.cnpq.br/3129401501809850; https://orcid.org/0000-0002-9870-4879
    A Zona Costeira Amazônica Brasileira (estado do Amapá, Pará e Maranhão) possui características ambientais como o clima tropical úmido (altas temperaturas, baixa variação térmica e pluviométrica) e condições oceanográficas importantes (hiper a mesomarés), além de extensos manguezais e praias arenosas, incluindo praias estuarinas. Estas são vulneráveis às alterações sazonais da descarga fluvial, além das mudanças climáticas atuais, a consequente elevação do nível do mar e, a resultante erosão costeira, que causa consequências negativas para os bens e serviços oriundos desse ecossistema costeiro. O objetivo deste estudo foi analisar as alterações na morfologia e dinâmica sedimentar das praias estuarinas de Jubim e adjacências, durante um ciclo sazonal completo (março de 2023 a março de 2024). Jubim é um distrito localizado no município de Salvaterra, Estado do Pará, estando na margem leste da Ilha do Marajó, sob condições oceanográficas do estuário do Rio Pará. As coletas de dados foram realizadas em quatro praias especificas, sendo elas: Praia de Salazar, Praia das Meninas, Praia da Baleia e Praia de Curuanã. Para a caracterização do estado morfodinâmico das praias foi utilizado como referência o parâmetro declividade (β) e variação relativa da maré (RTR), oriundos do tratamento de dados físicos e topográficos (perfis de praia). Para análise granulométrica, amostras de sedimentos superficiais foram submetidas à peneiramento a seco, a fim de se obter o tamanho médio, seleção dos grãos e balanço sedimentar das praias. Os resultados mostraram que as praias da vila de Jubim, possuem sedimentação que varia de areia média a fina 1 ɸ e 2 ɸ, com grãos moderadamente bem selecionados. As praias apresentaram parâmetros morfométricos bastante variados: elevação topográfica de 5,6 m a 2,7 m, e largura praial variando de 79 m a 550 m, classificando-as assim em estágios morfodinâmicos dissipativos a intermediário (declividade praial de 0,2° a 2,6º), com domínio de maré (RTR = 44). A variação sedimentar sazonal foi tanto positiva quanto negativa, apontando que os índices de variabilidade se alternam ao longo das praias e estações climáticas, mostrando tendências tanto erosivas quanto deposicionais. Observou-se processos erosivos principalmente no período chuvoso e maior deposição sedimentar no período seco. O comportamento morfológico das praias estudadas na margem leste da Ilha do Marajó está diretamente influenciado pela hidrodinâmica estuarina, onde as distintas mudanças sedimentares são devido a interação desta hidrodinâmica com a geologia diferenciada ao longo da costa, e o respectivo material que constitui o substrato das praias e pós-praia.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Avaliação das influências espaço-temporais e de maré nas concentrações de metais em água e sedimentos estuarinos no entorno de um polo industrial amazônico
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-25) FERREIRA, Johnata Azevedo; AMADO, Lílian Lund; http://lattes.cnpq.br/3382900147208081; https://orcid.org/0000-0001-7693-8191
    O estuário do rio Pará é formado pelo rio Tocantins e afluentes de pequenas contribuições como os rios Guamá e Capim. O estuário é um importante ecossistema por servir de abrigo e reprodução para diversas espécies de peixes além de ser responsável pela reciclagem de nutrientes para o meio aquático. Entretanto, esse ambiente sofre constantemente descargas de efluentes de origem doméstica e industrial. O município de Barcarena, região estuarina do estado do Pará, localizado a 40 km de distância da capital (Belém) é um local de grande importância econômica para o estado, possuindo um polo industrial no setor de alumino, caulim e siderurgia. O presente estudo tem por objetivo a caracterização da variação espaço-temporal de metais e metaloide em água superficial (frações total, dissolvida e particulada) e sedimento superficial (fração total) em pontos sob distintos níveis de influência urbano-industrial no município de Barcarena, PA. Foram coletadas amostras de água e sedimento no estuário do rio Pará em diferentes períodos sazonais nos anos de 2023 períodos (I- Transicional, II – Chuvoso, III – transicional, IV - Estiagem) e 2024 (V – Chuvoso, e VI – Estiagem). Durante o período de coleta, foram observados diferentes fenômenos climáticos relacionados ao El Niño- Southern Oscillation (ENSO). O ano de 2023 foi marcado pela ocorrência do La Niña, enquanto em 2024 ocorreu o El Niño. As coletas para obtenção de dados químicos de águas e sedimentos foram realizadas em triplicata, na maré enchente e na vazante em pontos com diferentes proximidades do polo urbano-industrial de Barcarena. Foram analisadas as concentrações de 10 metais (Al, Ba, Cd, Fe, Pb, Mn, Ni, Cr, As e Hg), na água (fração total, particulada e dissolvida) e em sedimentos (fração total) através da técnica de Espectrometria de Absorção Atômica com atomização em Chama, Forno de Grafite, Vapor Frio de Mercúrio e Geração de Hidretos. Os resultados obtidos demonstraram ausência de diferenças significativas nas concentrações dos metais entre as marés (enchente e vazante) nos pontos amostrados. Em relação às concentrações de metais nas matrizes ambientais (água e sedimento) em todos os pontos analisados, os metais Al, Fe, Mn e Ba apresentaram as maiores concentrações. Esse resultado já era esperado, pois esses elementos possuem altas concentrações na formação geológica da região (Formação Barreiras). Apesar de a região de Barcarena apresentar grandes concentrações de metais, esse padrão reflete fortemente geologia local. No entanto, fatores de natureza antropogênica também podem estar contribuindo para o aporte de metais potencialmente tóxicos na região. Esse fato pode ser observado nos pontos do Rio Murucupi (RM) e porto de Vila do Conde (VC). Ambas as localidades apresentam baixo saneamento básico, recebendo efluentes de origem doméstica e lixões. Esses resíduos acabam liberando metais e metaloides, como Pb, Hg e As, para a água e o sedimento. Esses elementos são frequentemente associados a efluentes de origem doméstica, descarte inadequado de resíduos sólidos e lixões. Nossos resultados também demonstram importantes conclusões sobre a influência do ENSO (El Niño e La Niña) na distribuição e no comportamento dos metais na região amazônica de estudo. As maiores concentrações de metais, tanto na água quanto no sedimento, foram encontradas durante o período de El Niño em comparação com La Niña. Assim, concluímos que estudos de avaliação ambiental na Amazônia, especialmente os que envolvem o monitoramento de metais em distintos compartimentos ambientais, devem levar em consideração o aporte natural destes elementos nos compartimentos abióticos para que se possa pontuar os potenciais contaminações advindas de atividades antrópicas como urbanização e industrialização.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Vulnerabilidade costeira em uma comunidade tradicional amazônica: estudo de caso na vila de Jubim, Salvaterra - PA
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-16) FIGUEIREDO, Fabrício de Sousa; RANIERI, Leilanhe Almeida; http://lattes.cnpq.br/3129401501809850; https://orcid.org/0000-0002-9870-4879
    A vulnerabilidade costeira é um tema de grande relevância em escala global devido às questões climáticas atuais e à elevação do nível do oceano. Compreender o grau de vulnerabilidade costeira é essencial para prevenir perdas socioeconômicas e ambientais, como as oriundas de processos erosivos. Este estudo teve como objetivo avaliar quantitativamente as condições de vulnerabilidade à erosão costeira em uma comunidade tradicional da Ilha do Marajó: Jubim, município de Salvaterra, estado do Pará. Para alcançar esse objetivo, foi utilizado um Índice de Vulnerabilidade Costeira (IVC), considerando duas projeções de elevação do nível médio do mar, propostas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC): uma elevação de 4 mm/ano e outra de 15 mm/ano até 2100. Com o propósito de identificar a vulnerabilidade costeira frente os dois cenários de elevação do nível do mar, associou-se eles às características geomorfológicas e físicas ao longo da costa estuarina de Jubim. Foram analisadas e classificadas variáveis oceanográficas (amplitude de maré, altura significativa de ondas e variação do nível do mar) e geológicas (geomorfologia costeira, declividade praial e taxa de erosão/acreção da linha de costa), cujos índices de vulnerabilidade variaram de muito baixo a muito alto. A determinação da taxa de erosão/acreção da linha de costa foi realizada por meio de análise multiespectral e multitemporal (33 anos) utilizando imagens de satélite Landsat e a ferramenta Digital Shoreline Analysis System (DSAS). A espacialização e integração dos dados, com base no IVC, foram executadas em software de Sistema de Informação Geográfica (SIG). A área de estudo foi segmentada em três setores: Norte (praia do Salazar), Central (praia das Meninas) e Sul (praias da Baleia e do Curuanã). Entre 1990 e 2023, o recuo médio linear registrado para toda a área de estudo foi de -35,24 m (NSM), enquanto o avanço médio linear foi de 15,10 m (NSM), evidenciando o predomínio da erosão costeira. O setor Norte, com o menor gradiente topográfico, apresentou um recuo máximo de 170 metros e um recuo médio de 1,99 m/ano (EPR), evidenciando o recuo da vegetação de manguezal e a sobreposição da praia do Salazar sobre esse ecossistema. O IVC revelou que, em ambas as projeções de elevação do nível médio do mar, o litoral de Jubim tende a apresentar vulnerabilidade de moderada a alta (30,3% e 27,3%) nas áreas com falésias e extensas faixas arenosas, respectivamente. O mapa elaborado com base no IVC mostrou-se uma ferramenta útil para apoiar a gestão costeira na costa amazônica e a tomada de decisões diante do avanço da erosão causada pela hidrodinâmica estuarina, associada ao aumento do nível do mar.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Variabilidade sazonal e espacial da qualidade de água em dois lagos amazônicos: Água Preta e Bolonha, Belém, Pará, Brasil
    (Universidade Federal do Pará, 2025-04-04) ROMÃO, Cryssia da Costa; ROLLNIC, Marcelo; http://lattes.cnpq.br/6585442266149471; https://orcid.org/0000-0002-8601-1514
    Localizados no Parque Estadual do Utinga (PEUt), os lagos Bolonha e Água Preta são os principais corpos hídricos que abastecem a Região Metropolitana de Belém (RMB) com água potável pela Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), sendo responsável por 75% do abastecimento desta população. Estudar e conhecer a hidroquímica desses lagos é de fundamental importância, pois as condições ambientais e os serviços ecossistêmicos estão diretamente relacionados com a qualidade da água nos lagos. As fontes de entrada, como o aporte do rio Guamá por bombeamento, lançamento de efluentes in natura, escoamento continental oriundo da precipitação pluviométrica, demandam um esforço amostral aprimorado ao longo do sistema. Portanto, este trabalho teve como objetivo analisar a qualidade da água dos lagos Bolonha e Água Preta para identificar fontes de contaminação e seus efeitos sobre o ecossistema e a saúde pública. Para o entendimento e identificação dos processos físicoquímicos e suas interações com as atividades antrópicas, hidrodinâmica e o clima, foram realizadas medições mensais, durante 12 meses (setembro de 2023 a agosto de 2024) em 20 pontos no lago Água Preta e em 4 pontos no lago Bolonha. Foram coletadas amostras em 2 profundidades (superfície e fundo) para obtenção dos valores de temperatura da água, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido (OD), turbidez e sólidos totais dissolvidos (STD) com o auxílio de uma sonda multiparâmetros, da marca HORIBA. Alíquotas foram separadas para determinação em laboratório dos seguintes parâmetros: amônio, nitrito, nitrato, fosfato, nitrogênio e fósforo total, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, clorofila-a e alcalinidade total. Os dados mensurados foram analisados estatisticamente entre pontos e estações sazonais, e calculados os Índices de Estado Trófico (IET) e de Qualidade de Água (IQA).
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Evolução multitemporal da linha de costa (1972-2040) do município de Soure, Ilha do Marajó (Amazônia - Brasil)
    (Universidade Federal do Pará, 2021-11-11) MENEZES, Rafael Alexandre Alves; EL-ROBRINI, Maâmar; http://lattes.cnpq.br/5707365981163429; https://orcid.org/0000-0001-7850-1217
    Os agentes exógenos que atuam na Zona Costeira (ZC) atuam como modeladores morfológicos da Linha de Costa (LC) e essa atuação modifica o cenário erosivo e acrescido da LC ao longo do tempo. Para avaliar essas mudanças temporais ocorridas da ZC, o sensoriamento remoto (SR), a partir de sensores remotos orbitais, é uma abertura que possibilita identificar essas variações ocorridas, onde o principal objetivo em todo o mundo é o gerenciamento e proteção dessas zonas costeiras. Desta maneira, a presente composição tem como objetivo apresentar a evolução da linha de LC durante o período de 1972-2020 (48 anos) e estimar a evolução da LC para os anos de 2030 e 2040 na ZC do município de Soure, localizado na parte nordeste (NE) da ilha de Marajó (Pará-Amazônia Oriental), inserida na Zona Costeira Estuarina Paraense (ZCEP), condicionada pelas hidrodinâmicas do canal Sul do Rio Amazonas e do estuário do Rio Pará. Para atingir esse objetivo, faz-se usufruto da aquisição de 6 imagens de uma série temporal do satélite: Landsat 1 (MSS) de 1972 e 1994 (bandas 7,6,5 e 5,4,3, respectivamente), Landsat 5 (TM) de 1985, 2004, 2009 (bandas 5,4,3), com resolução espacial de 30m, e Landsat 8 (OLI) de 2020 (bandas 6,5,4,8), com resolução espacial de 15 m após a fusão da banda 8 (pancromática), sendo obtidas no sítio da USGS (United States Geological Survey), todas já georreferenciadas e de técnicas de geoprocessamento para: a) delimitação da LC: onde foi criada a partir de métodos semi-automáticos combinados com métodos manuais, utilizando a técnica do índice de diferença normalizada da água (NDWI); b) DSAS versão 5.0 (v5.0), sendo utilizados para compor a análise da LC através dessa ferramenta o: NSM, EPR e LRR, a versão v5 traz o Filtro de Kalman, na qual foi utilizado para calcular a estimativa futura na LC para os anos de 2030 e 2040. Como resultado, identificou-se que nos setores I e II (canal sul do rio Amazonas), predomina a acresção, no setor III (cabo Maguari) é onde obteve os maiores índices de acresção, e no setor IV predomina o processo acrescional com tendência erosiva, o setor V predomina a erosão. Esses dados são vinculados ao número total de 654 transectos compreenderam uma distância média de 214,4 m, onde a média de recuo é indicada com a taxa negativa de -179,5 m e uma taxa positiva de 451,9 m. Para os anos de 2030 e 2040, a tendência é que este processo continua, onde a maior retração costeira, cerca de 271.46 m, vai ser no Nordeste (NE) (setor II), e um avanço da LC de 625.26 m no setor III.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Variação interanual e sazonal das massas d’água sobre a Plataforma Continental Norte do Brasil
    (Universidade Federal do Pará, 2021-12-20) MEDEIROS, Paula Renata Lobato de; ROSÁRIO, Renan Peixoto; http://lattes.cnpq.br/8003860457518342; https://orcid.org/0000-0003-2913-0514
    O presente trabalho teve como objetivo analisar a variabilidade espaço-temporal das massas d’água sobre a Plataforma Continental Norte do Brasil (PCNB), relacionando-a a dinâmica local e aos aportes de água doce. A PCNB estende-se desde o Cabo Orange até a Baía de São Marcos e caracteriza-se como altamente energética, por conta da ação combinada da corrente norte do Brasil (CNB), ventos alísios, ondas, marés e a descarga hídrica dos rios Amazonas e Pará. Os dados de temperatura, salinidade e densidade para a análise interanual foram obtidos através do banco nacional de dados da Marinha do Brasil (BNDO), durante seis cruzeiros oceanográficos: Amasseds I, II e III, Oceano Norte I, MCT VII e CBO em anos distintos: 1989, 1990, 2001, 2016 e para a análise sazonal utilizou-se cinco meses do Projeto Costa Norte: março, julho, novembro, dezembro 2018 e janeiro de 2019. Os parâmetros de TS tiveram o intuito de caracterizar e identificar as massas d’água que ocorreram sobre a plataforma ao longo dos anos, bem como observar as variabilidades interanuais e sazonais existentes. A PCNB apresentou grandes variações de TS ao longo dos anos e períodos analisados, sendo possível observar interanualmente a ocorrência de quatro tipos de massas d’água: Pluma Estuarina (PE), Água Costeira (AC), Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e Água Tropical (AT) e sazonalmente foram identificadas cinco massas d’água ocorrendo: AF (água de frente), AC, AT, ACAS e Pluma etuarina (PE). A partir da análise dos diagramas TS foi possível identificar um índice termoalino para a pluma estuarina e suas métricas ao longo do tempo, onde a mesma ocorreu nos meses de março - 2018 e janeiro - 2019, e seus respectivos índices termohalinos foram de 27,5 °C a 28 °C e 0 g/kg a 33 g/kg.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Percepções sobre mudanças climáticas: estudo de caso na Reserva Extrativista Marinha Mocapajuba, zona costeira Amazônica
    (Universidade Federal do Pará, 2025-02-28) SILVA, Michelly da Silva; SOUSA, Rosigleyse Corrêa; http://lattes.cnpq.br/1452935151806378; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0002-3769-0792; RENAN, Renan Peixoto; http://lattes.cnpq.br/8003860457518342; https://orcid.org/0000-0003-2913-0514
    As mudanças climáticas são alterações no clima da Terra, que podem ocorrer ao longo de anos, décadas ou milênios, resultantes tanto da variabilidade natural do clima, quanto das atividades humanas. Elas têm impactos negativos na vida das pessoas, especialmente em comunidades vulneráveis, podem levar ao aumento do número de “refugiados do clima” no futuro. A Resex-Mar Mocapajuba, situada em São Caetano de Odivelas, no Pará, é uma área de grande importância para a biodiversidade, abrange diversos ecossistemas como manguezais, restingas, dunas, rios, estuários e ilhas. Essa região abriga comunidades tradicionais extrativistas, cuja subsistência depende diretamente dos recursos naturais. O estudo analisou as percepções da população tradicional beneficiária da Resex-Mar Mocapajuba sobre as mudanças do clima. Foi utilizado um questionário aplicado em 2021, e contou com a participação de 291 indivíduos com conexões diretas ou indiretas com a pesca. A partir do método de análise de conteúdo o questionário foi categorizado em quatro tipos de atividades extrativistas, que incluem agricultura, coleta de caranguejo, extração de mariscos e pesca. A atividade extrativista mais praticadas é a coleta de caranguejo (40,21%) e foi citada como a principal fonte de renda por 44,63% dos entrevistados e as mulheres são maioria. Para 73,88% dos extrativistas acreditam que estão ocorrendo mudanças do clima na região e essa percepção foi particularmente alta entre os pescadores (78,35%) e tiradores de caranguejo (76,07%). Há uma compreensão complexa dos entrevistados sobre as mudanças climáticas, com um foco claro nos impactos percebidos nas alterações da temperatura do ar, chuvas e sazonalidade, além de um reconhecimento da influência das ações humanas na intensificação das mudanças climáticas.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Mudanças morfológicas em praias da costa Leste da ilha do Marajó e os níveis de vulnerabilidade à erosão
    (Universidade Federal do Pará, 2021-06-29) SOUSA, Maria Bárbara Pereira de; RANIERI, Leilanhe Almeida; http://lattes.cnpq.br/3129401501809850; https://orcid.org/0000-0002-9870-4879
    A zona costeira é uma área de transição entre o mar e o continente, sendo um dos espaços geográficos mais vulneráveis no planeta. À vista disso, a avaliação de mudanças morfológicas e vulnerabilidade costeira à erosão é essencial, pois contribui para o planejamento de ações protetivas e mitigatórias de impactos ocorrentes no ambiente, seja ele natural ou antropizado. Dessa forma, o trabalho tem como objetivo verificar as mudanças morfológicas em praias da costa leste da Ilha de Marajó/PA e seus níveis de vulnerabilidade à erosão em diferentes escalas de tempo. Para isso, foram realizadas duas campanhas de campo (estação seca e chuvosa) na praia da Barra Velha (município de Soure) e Praia Grande (município de Salvaterra). A metodologia consistiu numa análise semiquantitativa, determinada por parâmetros de ocupação humana e naturais avaliados nas praias. Técnicas de sensoriamento remoto (dados de médio período) e coleta de dados in situ (dados de curto período) foram utilizadas. De acordo com os resultados obtidos, a praia da Barra Velha foi classificada como dissipativa nos dois períodos estudados e a maioria dos perfis topográficos mostrou tendência erosiva da passagem do período seco para o chuvoso. A praia Grande apresentou comportamento de praias intermediárias a refletivas tanto na estação seca quanto na chuvosa. A fase de acreção sedimentar desta praia ocorreu durante o período chuvoso, refletindo um padrão atípico para a morfodinâmica praial. A praia da Barra Velha exibiu uma vulnerabilidade à erosão moderada no setor noroeste e vulnerabilidade alta no setor sudeste, principalmente devido à alta taxa de erosão ao longo de 16 anos estudados. Já a praia Grande apresentou grau de vulnerabilidade moderado à erosão, sendo considerada uma praia mais estável, aliada às obras de proteção costeira. Nas duas praias, o risco costeiro foi baixo devido ao reduzido nível de ocupação próximo à linha de costa. Acredita-se que os resultados desta pesquisa podem contribuir para futuros estudos sobre o tema de vulnerabilidade à erosão em áreas pouco ou muito antropizadas e, para possíveis ações de gerenciamento costeiro na região amazônica, considerando suas particularidades ambientais.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Compreendendo as percepções sobre os potenciais impactos das mudanças climáticas em comunidades costeiras: um estudo de caso na área marinha protegida de Soure, costa amazônica brasileira
    (Universidade Federal do Pará, 2024-04-24) WANDSCHEER, Jéssica Yamila Leiva; ROSÁRIO, Renan Peixoto; http://lattes.cnpq.br/8003860457518342; https://orcid.org/0000-0003-2913-0514
    O estudo explora a percepção das comunidades da RESEX Soure sobre as mudanças climáticas, examinando as relações complexas entre essas comunidades costeiras e as mudanças ambientais. A pesquisa utilizou um questionário estruturado aplicado a 288 participantes, representando 20% dos beneficiários registrados na unidade (Icmbio, 2018). Os dados coletados incluíram informações quantitativas e qualitativas sobre conscientização, impactos percebidos e adaptação às mudanças climáticas. Os resultados mostram que 95,14% dos entrevistados possuem renda mensal de até um salário-mínimo (R$ 1.100 em 2021), refletindo a vulnerabilidade econômica da comunidade. Em relação à escolaridade, 61,46% concluíram o ensino fundamental, enquanto apenas 2,08% possuem nível superior. A maioria dos participantes (58%) nasceu e reside na RESEX desde a infância, sendo dependentes de atividades extrativistas, como pesca, coleta de mariscos e caranguejos. Os entrevistados relataram mudanças ambientais perceptíveis, como aumento nas temperaturas (73%), alterações nos padrões de chuva (68%) e redução da biodiversidade (65%). Esses fatores têm impacto direto nos meios de subsistência, principalmente na pesca, que foi mencionada como a principal atividade econômica pela maioria (70%). Os dados também indicam uma percepção crescente da necessidade de ações de adaptação, com 85% destacando a importância de políticas públicas e programas educacionais voltados para a mitigação dos impactos climáticos. Embora focado na RESEX Soure, o estudo reforça a importância de integrar o conhecimento local em estratégias de adaptação às mudanças climáticas. Os resultados destacam a necessidade de abordagens participativas, baseadas em evidências científicas e adaptadas às realidades locais, para garantir a eficácia das políticas públicas e fortalecer a resiliência das comunidades costeiras.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Gestão de resíduos por atividades turísticas na área de preservação ambiental (APA) em ilha metropolitana da Amazônia
    (Universidade Federal do Pará, 2025-02-27) ELLERES, Igor Diniz; MONTEIRO, Sury de Moura; http://lattes.cnpq.br/4309806566068586; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0001-9449-7043; SAMPAIO, Dionisio de Souza; http://lattes.cnpq.br/2193736281754259; https://orcid.org/0000-0002-2688-6001
    A gestão de resíduos sólidos na Ilha do Combu, em Belém (PA), reflete os desafios logísticos e estruturais enfrentados por comunidades ribeirinhas amazônicas em contextos de urbanização e turismo crescente. Este estudo focou na gestão de resíduos e seus demais atores, que desempenham um papel crucial na coleta e destinação dos materiais descartados. Foram realizadas entrevistas e observações para compreender as práticas adotadas por restaurantes em relação ao descarte de resíduos e a percepção dos catadores sobre o impacto dessa atividade no meio ambiente e na sua subsistência. Os resultados apontaram que, embora os restaurantes gerem volumes significativos de resíduos cerca 4,8 toneladas ao ano, a ausência de infraestrutura adequada, como coleta seletiva e transporte regular, leva ao descarte inadequado. Esse problema é mitigado em parte pela atuação dos catadores, que recolhem recicláveis como garrafas de vidro e plásticos, transformando-os em fonte de renda. Os catadores, no entanto, enfrentam condições precárias de trabalho, com baixa valorização e pouca integração em políticas públicas ou iniciativas de educação ambiental. A pesquisa também revelou que os gestores dos restaurantes reconhecem a importância de melhorar suas práticas e como desenvolvê-las com base nos Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS14 e15), mas frequentemente esbarram em dificuldades logísticas e na falta de incentivos ou regulamentações específicas. Conclui-se que a promoção de ações integradas entre restaurantes, catadores e poder público, aliada a estratégias de educação ambiental, pode ampliar a eficiência na gestão de resíduos sólidos, reduzindo os impactos socioambientais e valorizando os atores envolvidos.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Petrechos de pesca como resíduo praial em uma área de proteção ambiental na costa paraense
    (Universidade Federal do Pará, 2024-02-29) SILVA, Elaine Simone da Cruz Silva; LOUREIRO, Sarita Nunes; http://lattes.cnpq.br/1473112723704086; MONTEIRO, Sury de Moura; http://lattes.cnpq.br/4309806566068586; https://orcid.org/0000-0001-9449-7043
    Os Petrechos de Pesca Abandonados, Perdidos ou Descartados (Abandoned, Lost or otherwise Discarded Fishing Gear – ALDFG) durante as atividades pesqueiras, representam um problema global. Esses equipamentos correspondem a pelo menos 640.000 toneladas de resíduos que se acumulam anualmente nos oceanos e causam impactos para a fauna aquática como emaranhamento, ingestão, lesões, pesca fantasma e podem ainda, atuar como vetores de substâncias químicas. Esta é a primeira quantificação dos ALDFG em praias no Norte do Brasil. O estudo foi realizado em praias da Ilha de Algodoal, que é uma Área de Proteção Ambiental (APA), com o objetivo de avaliar se há variação espacial e temporal dos ALDFG em diferentes praias (Caixa d´água, Farol, Princesa e Cação), considerando suas diferentes características ambientais, e verificar se há a ocorrência de organismos associados aos ALDFG. Os ALDFG foram coletados nos períodos chuvoso e seco (2022), em quadrantes de 100m² em 30 transectos contendo três pontos: linha de maré alta, intermediário e linha de maré baixa. Calculou-se a densidade dos ALDFG e um Fator de Impacto Ambiental (FIA), considerando o tipo de ALDFG, sua massa e o ambiente onde foi encontrado. Ao todo, 459 itens de ALDFG foram recolhidos (248 no período seco e 211 no chuvoso), totalizando 13,14 kg, dentre estes os principais foram os fragmentos, os cabos elétricos, as cordas e as redes de pesca, com destaque para o material do tipo nylon e a cor azul. No geral, as praias apresentaram densidade média de 0,023 itens/m² e 0,755 g/m² no período chuvoso e de 0,028 itens/m² e 0,704 g/m² no período seco, com baixo impacto ambiental (FIA entre 0-1). Mas também se observou pontos com elevados impactos (FIA = 10 e FIA= 9), em pontos com a presença de afloramentos rochosos e vegetação, respectivamente. Na praia da Caixa d´água há presença de mangue juvenil no ambiente de entremarés e afloramentos rochosos, assim como, localiza-se próximo ao porto de embarcações pesqueiras, logo, foi a praia que apresentou a maior quantidade de ALDFG (274 itens), a maior massa (6,35 kg), a maior densidade (2,74 itens/m² e 63,52 g/m²), e consequentemente o maior Fator de Impacto Ambiental (FIA = 10). Além disto, associados aos ALDFG foram registrados 1.543 organismos (1.380 no período chuvoso e 163 no seco) pertencentes aos seguintes grupos, cracas, bivalves, paguros, caranguejos, isópodes, poliquetas, gastrópodes, anêmonas e pulgas-do-mar, a maioria foram encontrados associados as cordas e as boias de poliestireno. A pesca é uma fonte reconhecida de ALDFG e a presença desses resíduos em uma APA pode causar diversos impactos a esse ecossistema.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Caracterização dos padrões morfodinâmicos em cristas de praias na costa amazônica
    (Universidade Federal do Pará, 2023-09-29) ROSÁRIO, Edineuza dos Santos; SANTOS, Valdenira Ferreira dos; http://lattes.cnpq.br/1395198888623953; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0002-5038-4191; RANIERI, Leilanhe Almeida; http://lattes.cnpq.br/3129401501809850; https://orcid.org/0000-0002-9870-4879
    O conhecimento dos ambientes de praias requer uma abordagem morfodinâmica integrada com o uso de diferentes escalas espaço-temporal, a fim de compreender a atuação dos processos costeiros e marinhos na modificação da morfologia da praia. Existem algumas peculiaridades importantes sobre esses processos nas praias da região amazônica, como a grande descarga hidrossedimentar dos estuários, altos índices pluviométricos e a alta amplitude e intensidade das correntes de maré, que moldam os sistemas praiais, muitas vezes complexos, como as cristas de praias. O objetivo desta pesquisa foi analisar a dinâmica morfológica de um segmento das cristas de praia, localizado ao norte da foz do rio Amazonas, no Goiabal (município de Calçoene), no setor costeiro oceânico do Estado do Amapá. A hipótese é que as mudanças morfológicas no segmento das cristas de praia em estudo são influenciadas pela dinâmica hidrossedimentar do rio Amazonas. A metodologia de investigação baseou-se em três etapas: (1) determinação da morfologia das cristas de praias e das suas alterações (variação do perfil de praia, depósitos sedimentares e classificação das praias); (2) análise dos processos morfossedimentares (agentes físicos costeiros como marés, ondas e correntes, e fornecimento de sedimentos como plumas sedimentares; (3) integração dos dados (correlação entre os processos analisados na primeira e na segunda etapa). Os resultados indicam variações médias significativas na morfosedimentação do sistema das cristas de praia em Goiabal, com migração sazonal (~24 a ~42 metros) em direção ao continente. A erosão e a deposição nas cristas e nos canais subsequentes foram, em média, inferiores a 0,30 m ao longo dos perfis de praia durante o ciclo sazonal. Os parâmetros oceanográficos indicam altura média de ondas de 0,25 m e uma amplitude média da maré de 5 m. As correntes costeiras são orientadas para oeste-sudoeste e há uma predominância de correntes de maré vazante durante o período chuvoso. A pluma de sedimentos do rio Amazonas estava mais próxima da área de estudo durante a estação chuvosa (~15 a 25 km), com predominância das correntes de maré vazante. Assim, pode-se concluir que o segmento das cristas de praia estudada sofre maior influência da pluma de sedimentos do rio Amazonas durante o período chuvoso, intensificando a deposição de sedimentos finos. A deslocamento das cristas de praias e o fornecimento de sedimentos têm uma forte relação com a dinâmica das marés na região.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Análise multitemporal da linha de costa e indicadores de erosão na praia da Ponta D’Areia, ilha do Maranhão: diagnóstico dos impactos de obras costeiras
    (Universidade Federal do Pará, 2024-08-29) SANTOS, Alessandro Ferreira dos; LIMA, Leonardo Gonçalves de; http://lattes.cnpq.br/5984899472616752; RANIERI, Leilanhe Almeida; http://lattes.cnpq.br/3129401501809850; https://orcid.org/0000-0002-9870-4879
    A zona costeira é definida como o espaço geográfico de transição entre o oceano e o continente. No Estado do Maranhão ela possui 5 setores, dentre eles o Golfão Maranhense. A praia da Ponta D’Areia se localiza a noroeste da ilha do Maranhão, compondo este setor onde ocorrem marés de até 7,2 m de amplitude. A praia possui aproximadamente 2,5 km de extensão, sendo limitada pelo Rio Anil e pela praia de São Marcos. Em 2014 houve o término da construção de um espigão costeiro na praia da Ponta D’Areia, com o intuito de conter a erosão nela e impedir o assoreamento em direção ao Rio Anil. Neste contexto, para esta pesquisa foram feitos os seguintes questionamentos: (a) Como variou a linha de costa no decorrer de 27 anos? (b) Quais os setores erosivos, deposicionais e estáveis do ponto de vista morfodinâmico, considerando o período antes e depois da construção do espigão costeiro na praia? A construção da obra de engenharia rígida visou reduzir o assoreamento na embocadura do Rio Anil, o que não ocorreu, sendo necessário a complementação do término do espigão em "L" para tentar conter ainda mais o assoreamento. Contudo, implicou na ação erosiva no extremo nordeste da praia. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi a análise multitemporal da linha de costa da Ponta D’Areia no período de 1996-2022 e a sua vulnerabilidade atual à erosão. A metodologia consistiu na: (1) análise observacional in loco para o preenchimento de tabelas pré-definidas, referentes aos geoindicadores de erosão costeira, e coleta de sedimentos superficiais de praia em novembro/2022 e abril/2023, estação climática seca e chuvosa, respectivamente; (2) levantamento da topografia praial e obtenção de ortofotos por meio de sobrevoo com drone em abril/2023; (3) análise multitemporal da linha de costa de 1996 a 2022, por imagens do satélite Landsat, software ArcGIS e extensão Digital Shoreline Analysis System (DSAS), bem como a previsão da linha de costa para 10 e 20 anos posteriores; (4) aplicação de índice de vulnerabilidade costeira à erosão (IVC) em três setores da costa, por meio da avaliação dos parâmetros naturais e de parâmetros antrópicos; e (5) avaliação dos impactos das obras de engenharia costeira na praia da Ponta D’Areia. Os resultados mostram variações na linha de costa de -64,63 m (-3,46 m/ano: erosão) a 32,15 m (2,39 m/ano: acreção) de 1996 a 2022, com previsão estimada para 2032 de 157,76 m (4,94 m/ano) de avanço e -123,26 m (-3,68 m/ano) de recuo e, a previsão para 2042 de 101,93 m (1,48 m/ano) de avanço e -141,35 m (-1,63m/ano) de recuo. Identificou-se o estado morfodinâmico de praia dissipativa através do mapeamento topográfico com drone e vulnerabilidade moderada à erosão costeira no setor I, o setor da marina, que apresentou o menor IVC: 4. No setor II, setor espigão, obteve-se IVC: 6,37 (vulnerabilidade moderada) e, no setor III, setor do Farol, IVC: 6,8 apontando vulnerabilidade alta à erosão. Foi possível observar como os processos meteo-oceanográficos (ondas, deriva litorânea, correntes de maré, ventos e descarga estuarina) estão resultando na variação da linha de costa, assim como as interferências humanas (ocupação na linha de costa e construção de estruturas rígidas). A acreção costeira se intensificou na praia após a intervenção antrópica com a construção do espigão. Conclui-se que a análise multitemporal da linha de costa da área de estudo entre 1996 e 2022, revelou variações significativas, influenciadas por fatores naturais e antrópicos. Mesmo com as interferências humanas para alterar a resultante sedimentação provocada pelos agentes meteo-oceanográficos, esses processos naturais continuam modelando com intensidade a dinâmica costeira da região e são os principais responsáveis pelas variações na linha de costa da praia.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Especiação do fósforo em rios urbanos: um estudo de caso dos rios Tucunduba e Tamandaré, Belém/Pará
    (Universidade Federal do Pará, 2023-05-24) COIMBRA, Marcus Vinicius Rodrigues; MONTEIRO, Sury de Moura; http://lattes.cnpq.br/4309806566068586; https://orcid.org/0000-0001-9449-7043
    O fósforo (P) é um macronutriente bioliminante que desempenha papel essencial na regulação das funções ecossistêmicas e da produtividade primária em ambientes marinhos e costeiros. No entanto, quando em concentrações excessivas, o P assume papel de poluente, influenciando negativamente o ecossistema e causando a eutrofização. No Brasil a problemática é maximizada em centros urbanos recortados por rios ou canais, onde há intensificação do processo de alteração das condições naturais do ambiente. A especiação de P associada a processos hidrodinâmicos e o tipo de urbanização do ambiente permite identificar o estado de eutrofização destes ambientes. Portanto, o presente estudo busca promover o entendimento sobre a dinâmica da especiação de P em dois rios urbanos, os rios Tucunduba e Tamandaré, situados na região metropolitana de Belém (Norte do Brasil), com o objetivo de avaliar se há variação na especiação do fósforo em diferentes escalas temporais. Para tal, foram realizadas amostragens de material particulado em suspensão (MPS) utilizando duas metodologias distintas: a armadilha de fluxo horizontal (traps portáteis) e de fluxo vertical (traps fixa). Para a extração de P foi adotado o método de extração sequencial SEDEX, que permitiu a extração de cinco forma: P-Ex, P-Fe, P-Au, P-De e P-Org, além de P-Bio. No rio Tucunduba as concentrações de P-Total variaram entre 20,52 a 100,78 μmol.g-1, com predominância da fração P-Fe. Já no rio Tamandaré as concentrações foram de 42,36 a 173,88 μmol.g-1 com predominância P-Au. Assim, foi possível constatar que os rios urbanos Tucunduba e Tamandaré possuem concentrações elevadas de P e suas espécies. Com estes dados, fica claro a necessidade do aprofundamento deste tipo de estudo nestes rios e outros rios urbanos presentes em Belém, bem como a necessidade de políticas que visem a recuperação e preservação desses, afim de mitigar a problemática envolvendo o fósforo e restabelecer a capacidade ecossistêmicas desses ambientes.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Evolução multitemporal (2010-2024) do canal de acesso do estuário do rio Amazonas (canal Norte - baía de Macapá - margem ocidental)
    (Universidade Federal do Pará, 2025-02-27) SILVA, Eduardo Pantoja da; EL-ROBRINI, Maâmar; http://lattes.cnpq.br/5707365981163429; https://orcid.org/0000-0001-7850-1217
    O Rio Amazonas, o maior do mundo em volume de água, apresenta uma vazão média de ±209.000 m³/s e uma maré semidiurna que varia entre 4 m e 0,3 m durante a maré de sizígia. Sua bacia hidrográfica influencia profundamente a geomorfologia da Amazônia, moldando processos sedimentares e impactando diretamente a navegabilidade. A importância econômica da navegação em seu estuário contrasta com os desafios impostos pelas mudanças naturais e antrópicas, que afetam a estabilidade do canal ao longo do tempo. Neste contexto, esta dissertação analisa a evolução geomorfológica do canal norte do Rio Amazonas e da Baía de Macapá entre 2010 e 2024, avaliando os impactos da dinâmica sedimentar sobre a navegabilidade e a gestão portuária. A pesquisa foi conduzida por meio da análise de dados batimétricos, imagens de radar Sentinel-1 (38 cenas entre 2016 e 2024) processadas no Google Earth Engine e séries hidrológicas históricas. O processamento batimétrico (krigagem) foi realizado no SURFER, enquanto os dados espaciais foram tratados com ferramentas geoestatísticas em Python e QGIS (delimitação de bancos de areia e cálculo de áreas de modificação) para identificar padrões de erosão e deposição. A região de estudo, altamente dinâmica, sofre a influência combinada das marés, da descarga fluvial e da sedimentação, resultando na formação e migração de bancos arenosos e canais instáveis, que impactam diretamente a profundidade do leito e a segurança da navegação. Os resultados indicaram uma redução da profundidade média do canal norte de 26 m para 22 m, acompanhada por uma migração para leste-nordeste, evidenciada pela erosão na margem esquerda e deposição na margem direita. A análise tridimensional revelou que, enquanto em 2011 a morfologia do leito era relativamente homogênea, em 2024 observou-se uma compartimentação mais acentuada, refletindo uma taxa de mudança de 0,307 m/ano. O estudo também apontou variações significativas na extensão das áreas emersas na Baía de Macapá. Durante anos de El Niño (2016, 2018, 2023), a acreção média foi de 8.326,93 km², enquanto anos de La Niña (2017, 2020, 2021, 2022) registraram erosão média de -13.941,27 km². A regressão linear apresentou um R² ajustado de 0,163, sugerindo que tanto a variabilidade hidrológica quanto intervenções humanas influenciam a dinâmica sedimentar da região. As transformações geomorfológicas observadas impactam diretamente a gestão da hidrovia e do complexo portuário de Santana, exigindo estratégias eficazes para garantir a navegabilidade. O sensoriamento remoto revelou-se uma ferramenta essencial para monitorar essas mudanças, fornecendo subsídios estratégicos para otimizar a infraestrutura portuária e garantir a sustentabilidade da navegação na região. A pesquisa destaca a necessidade de monitoramento contínuo e de um planejamento hidrodinâmico eficiente para garantir a segurança da navegação e a eficiência logística na Amazônia. A integração de técnicas de geoprocessamento e batimetria contribui para um planejamento mais preciso, permitindo a adoção de medidas que mitiguem os impactos da sedimentação e garantam a viabilidade do transporte hidroviário na região. Assim, os resultados deste estudo oferecem subsídios fundamentais para a navegação da hidrovia, promovendo maior eficiência e segurança na navegação no canal norte do rio Amazonas.
  • DissertaçãoAcesso aberto (Open Access)
    Ninhos azuis: o primeiro registro do uso de resíduos plásticos na nidificação de aves na Costa Amazônica, Brasil
    (Universidade Federal do Pará, 2024-06-21) LOPES, Adrielle Caroline; MARTINELLI FILHO, José Eduardo; http://lattes.cnpq.br/2080628833884538
    Embora a pesquisa sobre os efeitos do plástico nos ecossistemas marinhos tenha sido extensa, há uma lacuna de estudos relacionados à biota terrestre. Determinados táxons animais terrestres como as aves podem estar mais propensas à incorporação de detritos plásticos em seus habitats. Este estudo se concentrou na interação entre Psarocolius decumanus, uma ave comum na região amazônica e o uso de plástico durante a nidificação. Técnicas não invasivas para minimizar o impacto nos ninhos e na vida das aves foram utilizadas. Os ninhos caídos e abandonados foram coletados, já os ativos foram fotografados e registrados com GPS para comparação entre diferentes áreas de coleta. No laboratório, os ninhos foram analisados, pesados e medidos. A análise revelou diferenças significativas na largura e massa de plástico nos ninhos entre os locais de coleta. Os resultados também revelaram uma presença generalizada de plásticos nos ninhos: 24 de 36 apresentaram plásticos em sua composição, com a maior proporção encontrada na área de manguezal. Todos os ninhos do manguezal continham plástico (N= 9), com uma proporção entre 15,4 e 97,9% do peso seco. Na clareira próxima à praia do Farol (N= 17), apenas seis dos 17 ninhos continham plástico, com uma proporção menor em relação ao peso seco (0 a 0,2%). Em uma vila de pescadores (N= 10), 90% dos ninhos apresentaram plásticos, com proporção variando de 1,4 a 95,5%. As fibras e cordas plásticas foram os materiais mais comuns. A cor predominante foi o azul, sugerindo uma possível preferência por essa cor por parte da ave, ou refletindo a prevalência de determinados tipos de plásticos na região. As análises revelaram variações na incidência de plástico em diferentes áreas, indicando uma influência da disponibilidade de detritos no ambiente circundante. A presença de plástico nos ninhos pode ter consequências adversas para as aves e suas crias, incluindo impactos na alimentação, reprodução e mortalidade. O estudo também monitorou a atividade dos ninhos, revelando padrões na quantidade de ninhos ativos, ressaltando a importância do monitoramento contínuo da presença de detritos nos ninhos como potencial bioindicador dos níveis de poluição ambiental. Este estudo pioneiro fornece dados inéditos sobre os padrões de poluição e os impactos ambientais associados à presença de plásticos em ninhos de aves terrestres na Amazônia.