A Matematica nos barcos: um estudo etnomatemático com carpinteiros navais de Mocajuba – PA

A pesquisa intitulada: “A Matemática nos Barcos: um estudo etnomatemático com carpinteiros navais de Mocajuba – PA”, busca analisar os saberes matemáticos presentes nas atividades socioculturais dos carpinteiros navais de Mocajuba-PA, buscando entender de que forma esses saberes foram ou são adquiridos, de que forma são aplicados na construção das embarcações e que relações podem ter com a matemática escolar. Dentro de uma abordagem Etnomatemática, onde considera os diferentes modos fazer e saber matemático de distintos grupos culturais, a pesquisa faz um aparato geral sobre a construção naval artesanal na Amazônia, retratando e descrevendo a geografia e histórias do local de pesquisa e dos povos amazônicos ribeirinhos. O referencial teórico é alicerçado e discutido por autores como: D’Ambrósio (1996, 2001, 2022); Knijnik (1993, 2004); Lucena (2002, 2005); Pantoja (2015), Mendes e Farias (2014), entre outros. A produção dos dados foi realizada a partir de observação e entrevista com três carpinteiros navais artesanais, com saberes de extrema importância para a pesquisa. O tratamento e análise crítica dos dados produzidos foi realizada a partir de análise de conteúdo, isso para que pudéssemos desvelar as configurações desses saberes. As constatações mostram que os carpinteiros são indivíduos providos de diversos saberes sobre sua cultura, sua profissão, sobre o lugar onde habitam. Saberes empíricos, advindos de outros carpinteiros mais experientes ou adquiridos no dia a dia através das experiências vivenciadas. Os carpinteiros mais experientes, possuem uma carga maior de conhecimento se comparado aos mais novos, isso pelo fato desses terem tido maior contato e vivência com os afazeres da profissão. A partir da análise dos saberes matemáticos envolvidos na prática da carpintaria naval, os resultados mostram a presença de conceitos matemáticos no âmbito da Geometria, Álgebra e Aritmética que são aplicados e transmitidos para seus aprendizes ao longo dos anos. Estes saberes são essenciais para a construção de embarcações estáveis, seguras e de qualidade, e a sua transmissão é fundamental para a continuidade dessa prática sociocultural.