Braquiópodes devonianos da Bacia do Amazonas: novos dados taxonômicos, paleobiográficos e relações com as mudanças ambientais

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2024-10-01

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Universidade Federal do Pará

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CORRÊA, Luiz Felipe Aquino. Braquiópodes devonianos da Bacia do Amazonas: novos dados taxonômicos, paleobiogeográficos e relações com as mudanças ambientais. Orientadora: Maria Inês Feijó Ramos. 2024. xxi. 173 f. Tese (Doutorado em Geologia) - Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2024. Disponível em:https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/17731 . Acesso em:.

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O Devoniano foi um período importante na história evolutiva dos braquiópodes. Durante esse período, o filo atingiu seu pico de diversidade (Emsiano) e sofreu o seu segundo maior declínio (Frasniano-Fameniano), ficando atrás apenas do evento de extinção em massa Permo-Triássica. Entre as bacias sedimentares brasileiras, a Bacia do Amazonas é a que possui a maior diversidade de gêneros de braquiópodes devonianos, distribuídos entre as seguintes formações: Manacapuru (Lochkoviano), Maecuru (Eoeifeliano), Ererê (Neoeifeliano) e Barreirinha (Eofrasniano). Os estudos de braquiópodes devonianos da Bacia do Amazonas começaram no final do século XIX com identificações de material coletado durante as "Expedições Morgan (1870-1871)" e a "Comissão Geológica Imperial do Brasil (1876)". Essas expedições se concentraram principalmente nas formações Maecuru e Ererê. A fauna de braquiópodes da Formação Manacapuru (Lochkoviano) era desconhecida até 2015, quando um número significativo de amostras de Rhynchonelliformes e Linguliformes foi recuperado durante salvamento paleontológico na usina hidrelétrica de Belo Monte em Vitória do Xingu, Pará, Brasil. Este trabalho tem como objetivo realizar a identificação taxonômica dos braquiópodes da Formação Manacapuru, além de analisar e discutir os possíveis fatores que influenciaram na diversidade de gêneros de braquiópodes entre as unidades sedimentares da Bacia do Amazonas (formações Manacapuru, Maecuru, Ererê e Barreirinha). O estudo taxonômico dos braquiópodes da parte superior da Formação Manacapuru (Lochkoviano), permitiu, até o momento, a identificação de dois gêneros, Orbiculoidea d’Órbigny, 1847 e Schellwienella Thomas, 1910. Dentre o material estudado, Orbiculoidea tem a maior diversidade, totalizando cinco espécies: Orbiculoidea baini Sharpe, 1856, Orbiculoidea bodenbenderi Clarke, 1913 e Orbiculoidea excentrica Lange, 1943 além de duas novas espécies Orbiculoidea xinguensis Corrêa & Ramos, 2021 e Orbiculoidea katzeri Corrêa & Ramos, 2021. As espécies O. baini, O. bodenbenderi e O. excentrica são registrados pela primeira vez na Formação Manacapuru e no Norte do Brasil, sendo também os registros mais antigos (Lochkoviano) da América do Sul. A presença de Orbiculoidea na região pode ser explicada por dois motivos: a proximidade da Bacia do Amazonas, localizada no noroeste de Gondwana durante o Devoniano Inferior, com o paleocontinente Laurussia (onde são registradas a maioria das ocorrências de Orbiculoidea durante o Siluriano), favorecendo o intercâmbio específico entre essas duas regiões geográficas; e a elevação global do nível do mar durante esse período, que inundou grande parte do noroeste de Gondwana, resultando na presença de mares rasos na Bacia do Amazonas, representados por sedimentos marinhos na parte superior da Formação Manacapuru. Essas condições favoreceram a colonização de braquiópodes inarticulados durante o Devoniano Inferior no norte do Brasil. Ainda, é proposta a nova espécie Schellwienella amazonensis Corrêa et al. 2024, da Família Pulsiidae Cooper e Grant, 1974, sendo este o primeiro registro do gênero na Bacia do Amazonas. Schellwienella amazonensis sp. nov. e Schellwienella marcidula Amsden, 1958 da Formação Bois d’Arc (Lochkoviano), EUA, são os registros mais antigos do gênero. No Devoniano, Schellwienella ocorreu em todos os estágios (Lochkoviano, Praguiano, Emsiano, Eifeliano, Givetiano, Frasniano e Famenniano), principalmente nos ambientes marinhos siliciclásticos de Gondwana, transitando entre as latitudes temperadas e polares. Já no Carbonífero, sua distribuição estratigráfica se restringiu ao intervalo Tournaisiano-Viséano, e com preferência por ambientes de águas quentes e plataformas carbonáticas, típicas de baixas latitudes. Ao analisarmos a variação da diversidade de braquiópodes devonianos na Bacia do Amazonas, identificamos três estágios distintos. No estágio 1), o pico da diversidade de braquiópodes ocorreu no Eoeifeliano (Formação Maecuru), quando a Bacia do Amazonas estava entre as latitudes subtropicais 30°S e 60°S, sob condições marinhas rasas e frias, justificadas pela ausência de carbonatos, evaporitos e recifes na região (Estágio 1). No estágio 2), ocorreu o primeiro declínio da diversidade, registrado na Formação Ererê (Neoeifeliano), atribuído a um clima mais quente e águas mais profundas do que na Formação Maecuru. O estágio 3) ocorreu durante o Frasniano, quando houve um segundo declínio da diversidade de braquiópodes na Bacia do Amazonas (Formação Barreirinha). Uma grande transgressão global ocorreu no final do Devoniano. Nesse período, a Bacia do Amazonas experimentou as condições marinhas mais profundas de sua história. Os braquiópodes da Formação Barreirinha ocorrem em camadas de folhelhos negros (offshore), atribuídas a um ambiente disóxico a anóxico de alto estresse, o que explica a baixa diversidade de braquiópodes nesta unidade.

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CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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CORRÊA, Luiz Felipe Aquino. Braquiópodes devonianos da Bacia do Amazonas: novos dados taxonômicos, paleobiogeográficos e relações com as mudanças ambientais. Orientadora: Maria Inês Feijó Ramos. 2024. xxi. 173 f. Tese (Doutorado em Geologia) - Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2024. Disponível em:https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/17731 . Acesso em:.