Dissertações em Letras (Mestrado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/2311
O Mestrado Acadêmico iniciou-se em 1987 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Dissertações em Letras (Mestrado) - PPGL/ILC por Orientadores "GUIMARÃES, Mayara Ribeiro"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) A concretude do silêncio nas traduções de Augusto de Campos de poemas de Rilke(Universidade Federal do Pará, 2021-05-28) TORRES, Ana Maria Ferreira; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Tradicionalmente, segundo Rosemary Arrojo (2003) e Antoine Berman (2007), considera-se que a tradução de poema é uma tarefa impossível e fadada ao fracasso, de maneira que esse ponto de vista, conforme Jacques Derrida (2005) está relacionado a uma noção de linguagem como a cisão entre forma e conteúdo. Entretanto, atualmente, em contraposição a essa tradição, considera-se que o estudo da tradução de textos literários leva ao entendimento de como uma obra tem sido lida e interpretada nos lugares em que ela é traduzida, uma vez que concebamos o tradutor como um elemento ativo no processo de recepção da obra, segundo o entendimento de Tania Franco Carvalhal (2000). A partir desse entendimento, este trabalho procura compreender a interpretação contemporânea que Augusto Campos oferece da obra de Rainer Maria Rilke a partir de suas traduções, presentes nas antologias Rilke: poesia-coisa (1994) e Coisas e anjos de Rilke, publicada em 2001 e com nova edição de 2013. Para tanto, pesquisou- se sobre o trabalho autoral e tradutório de Campos, bem como procedeu-se à leitura crítica de algumas das traduções, baseada nas concepções de Paul Ricoeur (2011) e Maurício Cardozo (2019). Observou-se que Campos compreende a tradução como atividade crítica e criativa, em que o tradutor se volta para o aspecto material do poema, assim como o semântico, e impossibilidade da tradução direta oportuniza a criação. Identificou-se que a proposta de Augusto se contrapõe ao entendimento anterior proporcionado por traduções realizadas sobretudo na década de 1940, em que as obras preferidas pelos tradutores eram os livros Duineser Elegien [Elegias de Duíno] e Die Sonette an Orpheus [Sonetos a Orfeu], em particular a temática existencialista e sentimental. Campos se voltou principalmente para os livros Neue Gedichte [Novos Poemas] e Der neuen Gedichte anderer Teil [Novos Poemas II] tendo em vista aspectos que considera mais modernos, como o uso da linguagem na obra. Foi possível concluir que Campos destaca, na obra de Rilke: questões espaciais e perspectivísticas; o silêncio como temática e como estruturação; a presença recorrente de reflexões sobre a morte e a brevidade da vida; por fim, o esforço necessário para a criação da obra de arte e de outras atividades humanas criativas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A construção da identidade no conto fonsequiano: a intertextualidade e a morte como afirmação do estrangeiro(Universidade Federal do Pará, 2017-02-22) FERREIRA, João Paulo Cordeiro; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Nos contos de Rubem Fonseca é comum encontrarmos diversos discursos “intertextualizados”, com obras, personagens, citações e discussões em torno de famosos autores literários brasileiros e estrangeiros que são, em diferentes contextos e construções literárias, postos na prosa fonsequiana, direta ou indiretamente. Dessa maneira, faremos uma abordagem levando em consideração três importantes contos de Fonseca: “Encontro no Amazonas” (do livro O cobrador), “Romance Negro” (do livro Romance Negro) e “A matéria do Sonho” (do livro Lúcia McCartney). A leitura desses contos, em parte, nos sugere existir um intenso diálogo entre o nacional e o estrangeiro, no qual a morte assume um papel determinante para que ocorra a autoafirmação da tradição estrangeira em nossa literatura. Esse diálogo permite-nos, também, identificar a relação existente entre a prosa fonsequiana e as narrativas de E.T.A. Hoffmann e Edgar A. Poe, visto ser possível que algumas composições desses autores tenham traçado um diálogo com as construções literárias de Rubem Fonseca, o que possibilitou, nesse sentido, a noção de reeleitura das obras de Poe e Hoffmann. Dessa maneira, destacamos, também, a relação da prosa fonsequiana com a tragédia grega, relacionando o uso da máscara à farsa e a troca de identidade na literatura de Rubem Fonseca. Para tanto consideramos as teorizações de Maurice Blanchot acerca da morte do autor, Otto Rank, ao que se refere à noção de duplo e Sigmund Freud, acerca da psicanálise.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O corvo, de Edgar Allan Poe: interseção de linguagens entre tradução intersemiótica, adaptação e história em quadrinhos(Universidade Federal do Pará, 2017-03-20) SOUZA, Deynea Fabíola Ferreira de; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Com base na semiose da tradução intersemiótica, o presente estudo analisa a linguagem usada na transposição do poema O corvo, de Edgar Allan Poe, para a história em quadrinhos do artista gráfico Luciano Irrthum, a partir da tradução de Machado de Assis. Utilizando como referenciais teóricos Julio Plaza (2010), Charles S. Peirce (2005), Roman Jakobson (2007), Linda Hutcheon (2013), Thierry Groesteen (2015), entre outros. Esta dissertação discorre sobre a travessia dos sistemas de signos - do poema escrito para a HQ - tratando da relação texto e imagem, observando as especificidades da arte sequencial, como o corte gráfico, timing, quadro, requadro, entre outros, relacionadas à intenção de Poe exposta no seu ensaio A filosofia da composição, no qual o poeta revela seu modus operandi em relação ao poema e expõe o efeito que pretende alcançar, como o tom, ritmo, cadência. O presente trabalho aborda ainda as questões da adaptação sob os vieses econômico, técnico, didático e da cultura de massas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Do desenho à pintura: o visualismo na escrita de Clarice Lispector(Universidade Federal do Pará, 2016-02-25) ARAUJO, Elisama Fernandes; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Esta pesquisa objetiva traçar um diálogo interastístico entre desenho, pintura e escrita, tendo como recorte o visualismo presente em Água Viva e Um Sopro De Vida de Clarice Lispector. Para embasar esta pesquisa, convocamos os estudos do filósofo Georges Didi-Huberman por meio de seus livros O que vemos, o que nos olha e Sobrevivência dos vaga-lumes e os estudos de Gerd Bornheim a fim de fazer uma “revisão histórica” do ato de ver, e de Maurice Blanchot, no intuito de situar a questão da importância do olhar e do vazio que se abrem em decorrência disso, pois esse processo funciona como o propulsor das imagens presentes na narrativa clariciana. Nos apropriamos ainda dos estudos de Sônia Roncador com o propósito de discorrer sobre um efeito de deflação que ocorre nos textos claricianos da década de setenta, e, para isso, citamos Roland Barthes uma vez que o termo “deflação” aparece em seus ensaios críticos sobre as pinturas e desenhos do artista plástico norte-americano Cy Twombly. Michel Foucault e Walter Benjamin entram no diálogo a fim de discorrermos sobre a transformação que ocorreu na passagem da era clássica para a era moderna e quais implicações esse processo trouxe para a linguagem, no contexto da obra de Clarice Lispector. Também se faz presente nessa dissertação o estudo de Carlos Mendes de Sousa sobre a obra de Clarice Lispector, que renova a fortuna crítica clariciana, com o objetivo de dissertar em torno do tema sobre o visualismo e seus desdobramentos na relação entre palavra e imagem. Utilizaremos ainda o conceito de devir de Gilles Deleuze e Félix Guattari, para entendermos em que sentido o texto literário é uma composição que aponta para a escrita como devir e como a palavra em Água viva “devém-imagem”.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Ecos cinematográficos na poesia de Carlos Drummont de Andrade(Universidade Federal do Pará, 2017-03-16) SANTOS, Glleyce Clívia Vinagre; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321A presente dissertação desenvolve uma proposta interpretativa das mudanças ocorridas no século XX, no que diz respeito à percepção humana e sua relação com a linguagem poética quando do advento do cinema e da marca desse na produção poética de Carlos Drummond de Andrade, tanto no que diz respeito às referências ao cinema ou à utilização de aspectos da linguagem cinematográfica como forma de renovação da linguagem literária quanto às influências na formação do sujeito lírico drummondiano. Assim, dividida em três capítulos, investigam-se poemas selecionados de Alguma poesia (1930), “Canto ao homem do povo Charlie Chaplin”, de A rosa do povo (1945), e uma seleção de poemas da série Boitempo (1968, 1973 e 1979). No primeiro capítulo vemos o traçado de um panorama que nos esclarece sobre a linguagem cinematográfica, as mudanças na estrutura da percepção humana quando do surgimento do cinema na vida do homem moderno e sua marca na poesia de Drummond. O segundo capítulo adentra a leitura de poemas drummondiano para investigar seu perfil enquanto poeta-cinemeiro e a transposição de aspectos da linguagem cinematográfica para a linguagem poética. No terceiro e último capítulo revelam-se alguns laços entre a poesia drummondiana e os filmes de Charlie Chaplin, assim como algumas afinidades entre o sujeito poético Carlos e o personagem fílmico Carlito. Entre as principais referências teóricas e críticas tomadas como base para a escrita dos capítulos estão Walter Benjamin (1987), no que se refere à marca do cinema na percepção humana, Andrei Tarkovski (2010), no tratamento de aspectos cinematográficos, Paul Ricoeur (2007) e Henri Bergson (1999), no que diz respeito à apreensão das lembranças em imagens, André Bazin (2006) no estudo de aspectos da obra chapliniana, e, por fim, Marlene de Castro Correia (2015), Davi Arrigucci Jr. (2002) e Antônio Candido (1989 e 1995) para o estudo orientado da poesia de Carlos Drummond de Andrade.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Ele não compreende nossos costumes: literatura, colonização e memória na Trilogia africana, de Chinua Achebe(Universidade Federal do Pará, 2023-12-21) CHAGAS, Alessandra Santos; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Chinua Achebe é considerado um dos escritores de maior destaque no cenário literário africano moderno e que possui grande relevância na contemporaneidade, em função de seu projeto político-literário que une história e literatura para a escrita de uma ficção feita a partir das perspectivas e das experiências africanas como contraponto aos discursos, às imagens e às literaturas coloniais. Dessa forma, esta dissertação se propõe a investigar de que maneira a Trilogia africana, escrita por Achebe entre os anos de 1958 e 1964, contribuiu para o estabelecimento de uma nova forma de representação do passado e das experiências tradicionais partindo da perspectiva daqueles que foram colocados à margem da história e dos discursos coloniais. Além disso, buscaremos examinar como a colonização, com práticas de invisibilização e sujeição, provocou transformações sociais, culturais, religiosas e identitárias para a etnia Igbo. Para isso, tomamos como aporte teórico trabalhos como Pollak (1989; 1992), Quayson (2000), Benjamin (1987), Said (2011), Bhabha (2011), Noa (2015), os quais englobam a teoria pós-colonial e os estudos de memória, e também trabalhos críticos do próprio Achebe (1988; 2000; 2012a; 2012b). Com isso, observou-se que o fazer literário de Chinua Achebe, alinhado às demandas político-sociais da Nigéria, buscou representar não só as experiências Igbo anteriores à colonização como forma de resgatar e celebrar as memórias tradicionais, mas também as transformações culturais, religiosas, linguísticas e identitárias advindas da colonização.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Eu era dois, diversos?: o diálogo poético de Max Martins e Age de Carvalho(Universidade Federal do Pará, 2018-05-18) SANTOS, Elizier Junior Araujo dos; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321A presente pesquisa tem por finalidade perscrutar o diálogo poético entre os poetas paraenses Max Martins e Age de Carvalho, encetado na obra que escreveram juntos, A fala entre parêntesis (1982), e, a partir de então, vislumbrado em seus trabalhos individuais: Max com Caminho de Marahu (1983) e Colmando a Lacuna (2001); e Age com Arena, Areia (1986), Pedra-um (1990) e Caveira 41 (2003). Como mola propulsora desta leitura, buscam-se caminhos de respostas à epígrafe da primeira obra, com a qual articulo o estudo todo, que marca, de forma atemporal, a relação dos pares literários: “Eu era dois, diversos?”. A investigação, primeiramente, apoia-se na correlação poética entre erotismo e melancolia para situar a existência de uma multiplicidade do sujeito lírico, proveniente do jogo verbal de A fala entre parêntesis, considerando o pressuposto de Nunes (1982) que atribui à obra uma “passagem do subjetivo ao inter-subjetivo”. Para tanto, toma-se o pensamento de Bataille (1987; 2015), Barthes (1984), Paz (1994; 2009) e Siscar (2016) a fim de delinear o caráter erótico da poesia como transgressão e tensão, vistas por uma ótica metapoética. Depois, discute-se a melancolia como atividade filosófico-literária, de acordo, sobretudo, com as acepções oferecidas por Lages (2007) a respeito do silêncio e da perda que envolve a escrita. Em seguida, a investigação se volta à relação estreita da poesia com a fotografia, tendo como corpus o ensaio fotográfico de A fala, momento no qual me aproprio dos estudos de Sontag (2007), Didi-Huberman (2010) e Flusser (2011) com o propósito de pensar a imagem enquanto duplicidade e testemunho da irmandade. Por fim, reservo-me a investigar a aventura afetiva do diálogo dos poetas Max Martins e Age de Carvalho, com base nos entrelaçamentos biográficos e nas identificações líricas de poemas publicados até o ano de 2003, utilizando ainda as reflexões de Agamben (2009) e a filosofia do Zen-budismo para traçar os sentidos de ‘amizade’ e os elos estabelecidos entre os companheiros de ofício.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Eu intimo-me a reconhecer-me em mim-mesmo: sujeito e memória na poesia de Age de Carvalho(Universidade Federal do Pará, 2019-06-10) VIEIRA, Jessica Daniele de Lavor; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321A memória constitui-se em elemento importante na poesia de Age de Carvalho, pois, como observado em muitos textos que compõem sua fortuna crítica, há uma realidade biográfica que funciona como ponto de partida para a construção dos poemas e que, ao aliar-se a recursos poéticos variados, desloca-se de seu compromisso com a realidade e transforma-se em matéria de poesia adquirindo grande potência polissêmica. Nesse contexto, percebemos no constante retorno ao passado a voz de um sujeito, o Eu que retém as lembranças que se associam, sobretudo, à busca por sua origem e identidade, enquanto sujeito que reflete seu lugar no mundo. Como aporte teórico do trabalho recorreremos à Blanchot (1997), em seus estudos sobre a natureza da linguagem poética, à Ricoeur (2007), Le Goff (1996) e Halbwachs (2006) sobre a memória, Freud e Lacan (2003) sobre o sujeito, enquanto ser dotado de um aspecto inconsciente, de modo a compreender como essa estrutura se relaciona à memória, e consequentemente, à criação poética. Como corpus, foram selecionados oito poemas dos três últimos livros do poeta: Caveira 41 (2003), Trans (2011) e Ainda: em viagem (2015), pois esses livros têm a memória como elemento importante aliado principalmente a temas poéticos como a amizade, a viagem, o exílio, a terra natal e a origem familiar, trazendo ao poema a presença de um sujeito ligado a questões ontológicas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Melancolia em Repertório Selvagem, de Olga Savary, e Metade cara, metade máscara, de Eliane Potiguara(Universidade Federal do Pará, 2023-12-22) SENA, Mayara Haydée Lima; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Este estudo centra-se nas imagens da melancolia que emergem no contexto de colonialidade em duas de suas expressões brasileiras: as tristezas indígenas e as amazônicas. As chamadas tristezas periféricas são representadas pelos livros Metade cara, metade máscara (2004), de Eliane Potiguara, e Repertório Selvagem (1998), de Olga Savary, que compõem o corpus desta pesquisa. Dessa forma, objetiva-se identificar a melancolia alegorizada como tema fundamental das poéticas de Metade cara, metade máscara, de Eliane Potiguara, e de Repertório Selvagem, de Olga Savary. Outrossim, como objetivos específicos, anseia-se discutir algumas relações entre colonialidade do saber e o silenciamento das tristezas periféricas, não canônicas, brasileiras e amazônicas; identificar a melancolia indígena, metonimizada na obra de Eliane Potiguara; além de investigar imagens da melancolia à sombra da floresta amazônica no livro de Olga Savary. O trabalho recupera autores canônicos dos estudos sobre a melancolia, como Sigmund Freud (2013), Julia Kristeva (1989), Giorgio Agamben (2007), Susan Sontag (2022), Jean Starobinski (2016), Susana Kampff Lages (2007), Luiz Costa Lima (2017), Maria Rita Kehl (2015), entre outros; dialoga com a perspectiva decolonial de pensadores como Aníbal Quijano (2005), Enrique Dussel (2005), Walter Mignolo (2017), María Lugones (2014); com estudiosos das questões amazônicas, como Neide Gondim (1994), Ana Pizarro (2012), Carlos Walter Porto Gonçalves (2023), Eidorfe Moreira (1958) e João de Jesus Paes Loureiro (2001); e com pensadores indígenas como Graça Graúna (2013), Trudruá Dorrico (2017), Davi Kopenawa (2015), Jaider Esbell (2020), Ely Makuxi (2018), Ailton Krenak (2022), Olívio Jekupé (2019), Daniel Munduruku (2012), entre outros. Assim, constata-se a necessidade de um debate mais específico sobre a experiência brasileira do mal-estar, atravessado pela colonialidade e que, portanto, distingue-se das compreensões eurocentradas da tristeza e suas representações literárias. Nesse sentido, a partir do percurso interpretativo dos poemas, reconhece-se que a literatura indígena de Eliane Potiguara e a onipresença da floresta amazônica, na obra de Olga Savary, colocam outros personagens e territórios no repertório dos estudos da melancolia na contemporaneidade, fora da hegemônica melancolia das grandes cidades europeias. As contribuições poéticas das autoras são fundamentais para a visibilização das tristezas periféricas, criando uma contranarrativa que desafia a colonialidade do saber sobre a melancolia. Na poética de Savary, as Amazônias, no que tange ao seu conceito fitogeográfico (MOREIRA, 1958), são inscritas sob o signo da perda; bem como, no testemunho poético de Eliane Potiguara, revela-se que não se pode pensar a colonialidade sem o reinado da tristeza.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O poeta é sempre rapsodo: a presença da música na obra de Mário de Andrade(Universidade Federal do Pará, 2016-02-18) FREITAS, Danilo Mercês; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321A literatura, em Mário de Andrade, caminha de mãos dadas com a música pelo fato de que o autor privilegia as suas escolhas sonoras e também utiliza a estrutura de gêneros musicais como forma de criação poética. Além disso, é preciso considerar a revisão constante que o escritor faz na sua obra, principalmente na sistematização do movimento modernista e compreensão da identidade do povo brasileiro. Dessa forma, este trabalho busca compreender como a música influencia a escrita de Mário em três de suas obras: Pauliceia desvairada (1922), Clã do jabuti (1927) e Lira paulistana (1945). As escolhas musicais vão variar consideravelmente nestas obras, pois, na primeira, o autor está interessado em proclamar e divulgar o movimento modernista, e a arte dos sons surge aí para consolidar as novas fontes, assim como para libertar o artista dos padrões formais; na segunda obra selecionada, o autor se debruça nas canções e ritmos comuns ao popular para legitimá-los no espaço do erudito, dessa forma contribuindo para a definição da identidade e cultura brasileira; em Lira paulistana o autor paulista se apropria das cantigas medievais portuguesas e as transforma para poder cantar a cidade e o homem paulista da primeira metade do século XX. Espera-se que esse estudo contribua para o arcabouço teórico do escritor modernista no sentido de que a compreensão do artifício musical na escrita poética de Mário de Andrade pode promover um entendimento mais profundo da sua obra. A metodologia utilizada pautou-se em trabalhar de forma bem próxima ao texto poético e crítico de Mário de Andrade, encontrando nele próprio instrumentos teórico-críticos de análise. Privilegiaram-se os estudos de PIVA (1990), CORREIA (2010), SOUZA (2006), além de obras ensaísticas e a correspondência do próprio escritor modernista com outros autores do período.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Só as coisas rasteiras me celestam: o contemporâneo e as suas insignificâncias em Manoel de Barros(Universidade Federal do Pará, 2017-03-16) LOPES FILHO, Antônio Augusto do Canto; GUIMARÃES, Mayara Ribeiro; http://lattes.cnpq.br/6834076554286321Esta dissertação tem por objetivo explorar, por meio de categorias de interpretação, as matérias poéticas na obra de Manoel de Barros. A pesquisa parte de uma discussão a respeito da crise de verso, um dos traços mais substanciais da Literatura Moderna, que, ao estudá-la revela as mudanças de perspectivas pelas quais a poesia tem passado desde os fins do século XIX até hoje. Em seguida, a utilização do prefixo des, tão recorrente nesse exercício poético, como construção autônoma das palavras: deslimites. Por fim, de que maneira os versos manoelinos inserem-se no contemporâneo; e a singular figura do ínfimo, enaltecedora das coisas do chão. O estudo construiu-se perante a indagação das questões, acima apresentadas, por meio das obras retiradas da edição de Poesia Completa (2013): Matéria de Poesia (1970), O Guardador de Águas (1989), O Livro das Ignorãças (1993), Livro Sobre Nada (1996) e Retrato do Artista Quando Coisa (1998); e é fundamentado, principalmente, com o aporte teórico de Marcos Siscar acerca da crise de verso ao questionar o estado da poesia brasileira contemporânea; de Alberto Pucheu no que se refere à descrição estabelecida por ele a Manoel de Barros: poeta-pensador, pois a origem é um argumento constante nessa poesia; de Maurice Blanchot quanto à morte da nomeação na Literatura e Giorgio Agamben a partir do questionamento do que é ser contemporâneo.
