Teses em Sociologia e Antropologia (Doutorado) - PPGSA/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/8829
O Doutorado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) é vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Sociologia e Antropologia (Doutorado) - PPGSA/IFCH por Área de Concentração "ANTROPOLOGIA"
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Tese Acesso aberto (Open Access) “Filho que é filho não abandona a mãe, e a mãe não abandona o filho”: Testemunhos de milagres na devoção à Nossa senhora de Nazaré em Belém do Pará(Universidade Federal do Pará, 2020-12-28) RAMOS, José Maria Guimarães; MORAES JÚNIOR, Manoel Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/2429279552706202; https://orcid.org/0000-0001-6986-7671O presente trabalho é um estudo sobre o catolicismo popular presente em Belém do Pará em um exercício de analisar elementos do imaginário social dos devotos da Virgem de Nazaré a partir dos elementos observados nas narrativas de milagres que assumem a forma de testemunhos, dos quais se faz uma abordagem hermenêutica. O campo de pesquisa foi a Casa de Plácido, e foi construído em torno de ações que caracterizam a dinâmica dos testemunhos, ou seja, narrativas de romarias, curas, graças e milagres. O pressuposto é que testemunhos de milagres fazem parte de um processo social, de uma visão religiosa do mundo que ajuda a configurar e compreender a cultura local. Por isso, o instrumental teórico escolhido para esta análise é a hermenêutica do testemunho de Paul Ricoeur, que é uma teoria para interpretar como o testemunho de cunho religioso e seus significados sociais são expressos nas narrativas testemunhais dos devotos.Tese Acesso aberto (Open Access) O lugar do corpo no corpo do lugar: uma etnografia da panha do açaí entre jovens da Ilha das Onças - Pa(Universidade Federal do Pará, 2020-07-27) BASSALO, Terezinha de Fátima Ribeiro; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101A relação entre corpos e lugares nas atividades cotidianas é o tema deste estudo que objetiva apresentar e ao mesmo tempo compreender, as formas e significados atribuídos a tais relações na prática da coleta do açaí. A pesquisa desenvolvida na Ilha das Onças – região insular próxima à Belém, capital do estado do Pará, região norte do Brasil – se deu a partir da entrada nos açaizais pertencentes a sete jovens interlocutores e interlocutoras – dois do sexo feminino e cinco do sexo masculino – e permitiu acompanhar o universo da “panha” do açaí, através de vivências e narrativas. A “panha” – nome dado pelos moradores/moradoras da Ilha das Onças à atividade de coletar o açaí – é aqui entendida como ação relacional entre humanos e plantas, que se expressa enquanto técnica e ao mesmo tempo enquanto habilidade individual porque conforma um jeito próprio de realização, cujo intuito é colher os frutos sem magoá-los, envolvendo riscos, alturas e muitos cuidados. Revela o quão imbricados estão os corpos das pessoas com os seus lugares de moradia, que também são lugares de trabalho. A coleta do açaí, dentre o conjunto de técnicas corporais praticadas nas ilhas próximas de Belém, é uma atividade secular, ancestral e, por isso, tradicional, sendo que o produto coletado é fonte de alimento e base econômica de quem vive na Ilha das Onças. A vivência nos açaizais acompanhando pessoas que coletam o açaí, resultou numa etnografia da “panha”, baseada em três movimentos corporais com ritmos distintos: a subida, a chegada na copa, a descida e outras percepções. Depois da “panha” vem a “dibulha” e o acondicionamento dos frutos em rasas de um jeito artesanal, porque belo e útil, preparando o momento em que o produto será exposto, tocado, degustado e comercializado. A “panha” também deixa marcas nos corpos das pessoas coletoras, revelando vestígios da agência da planta, estigmas e atribuição de masculinidade. Ela é “serviço de homem”, mas é de mulher também. Mulheres “panham” o “bébi” e “panham” o açaí. Em suma, as corporalidades de coletores e coletoras são constituídas por um imbricamento interagencial permanente e atualizado entre ambiente, sociedade e indivíduo que fica impresso nelas, como em um palimpsesto. A relação homem/mulher e planta/açaizeira configura um trançado nas paisagens da ilha.Tese Acesso aberto (Open Access) Mulheres Tembé-Tenetehara: entre saias, memórias, subjetividades e fotografias(Universidade Federal do Pará, 2023-04-27) CARDOSO, Ana Shirley Penaforte; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366Esta tese é resultado de uma pesquisa etnográfica com Indígenas mulheres do povo Tembé Tenetehara, que vive na Terra Indígena Alto Rio Guamá, TIARG, localizada no estado do Pará. O estudo parte de vivências e da observação em campo com a liderança cultural Kuzà’í, a pajé Francisca e com informações sobre a trajetória da capitoa Verônica Tembé, falecida em dezembro de 2013. A pesquisa utilizou a fotografia como um elemento de interação e análise, com a qual elaborou uma etnografia à luz da antropologia visual. O objetivo desta articulação teórico-metodológica foi observar as convergências entre os enunciados verbais e visuais, que possibilitem compreender a produção historicamente construída sobre povos indígenas forjando uma identidade, a partir da ótica de colonialidade, conceito que se distancia do modo como os próprios indígenas observam seu cotidiano. Buscou-se assim refletir sobre uma imagem simbólica construída historicamente do que seria uma mulher indígena e analisar aspectos dessa produção imagética que se conflita com o olhar dos indígenas, cuja apreensão se distancia bastante da versão que os próprios indígenas têm sobre si mesmos. Busquei analisar as subjetividades entre as mulheres Tenetehara em meio às práticas culturais e às movências históricas do seu Povo, que os singulariza, diante das 305, Povos Indígenas que vivem atualmente no Brasil, das quais possuem 275 línguas ‘locais’ (IBGE, 2010), estas informações e as observações do campo possibilitam notar a generalização imposta historicamente a Povos Indígenas no país, prevalecendo, uma ideia da “índia” e do “índio”, em uma espécie de matriz eurocêntrica, marcada pelo exotismo, que desconsidera as particularidades destes povos, horizontalizados em uma perspectiva de colonialidade do poder, de dispositivo colonial que atravessa a história e encontra eco na contemporaneidade. Evidencio o protagonismo das indígenas mulheres, a partir do conceito de corpo-território (CELENTANI, 2014; XAKRIABÁ, 2018; KARIPUNA, 2021), que atravessa seus modos de vida. A imagem aqui é concebida como um instrumento de conhecimento, de memória, de percepção do corpo destas mulheres em meio a seus espaços de lutas, de direitos e de conquistas que é o Território, nos distanciando da matriz imposta e marcada pela colonialidade do olhar.Tese Acesso aberto (Open Access) OLHARES DA/NA CI(S)DADE: transexualidades/travestilidades, raça e práticas nos espaços citadinos de Belém – PA “em plena luz do dia”(Universidade Federal do Pará, 2023-03-19) GOMES, Gleidson Wirllen Bezerra; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Esta tese tem como objetivo compreender as relações entre as transições de gêneros de pessoas trans/travestis e suas práticas nos espaços (CERTEAU, 2014) citadinos de Belém “em plena luz do dia”. Assim, a etnografia aqui proposta foi elaborada a partir de referências e reflexões da Antropologia Urbana, em diálogo com os estudos de gênero, sexualidades e raça. Teve como uma de suas bases as narrativas biográficas (ROCHA; ECKERT, 2013a) de cinco interlocutoras/es que, a partir de suas trajetórias de vida, permitiram refletir sobre as questões de gênero, sexualidade e raça implicadas em seus trânsitos cotidianos pela cidade. Além das entrevistas semiestruturadas voltadas para as trajetórias de vida, foram utilizadas também as narrativas e reflexões das pessoas trans/travestis sobre Belém, bem como realizei observações diretas com elas/eles, utilizando a técnica da etnografia de rua (ROCHA; ECKERT, 2013b) para descrever e interpretar as situações ocorridas em lugares de Belém como ruas, praças, calçadas e, também, em seus deslocamentos na urbe dentro de coletivos. Os dados etnográficos assim construídos foram organizados em “cenas”, com inspiração em Perlongher (1984), nas quais é possível perceber as performances (TURNER, 2015; CHECHNER, 2012) nelas contidas, gestos e expressões faciais, evidenciando os olhares dos desconhecidos na capital paraense como um dos micro-gestos que compõe as interações (GOFFMAN, 2014) urbanas das pessoas trans/travestis, quando elas têm seus corpos ora questionados, ora desejados, ou observados com curiosidade, demonstrando parte da complexidade do estilo de vida urbano nesta cidade amazônica. Nesses jogos de olhares são também percebidas territorialidades (PERLONGHER, 1984; 2008) em suas demarcações simbólico-espaciais em Belém, o que nos ajuda a pensar na ideia de uma ci(s)dade, ou seja, uma cidade que tem em seus fundamentos a cisgeneridade e a branquitude, atuando nas delimitações dos espaços concretos da urbe e compondo parte das relações sociais nela vivenciada.Tese Acesso aberto (Open Access) ÒRÈ RÜ ÚKUẼ, sobre palavra e conselho: conhecimento e memória local na comunidade Mágüta (Tikuna) de Macedonia (Sul do Trapézio Amazônico- Colômbia)(Universidade Federal do Pará, 2020-02-13) GÓMEZ-PULGARÍN, Wilson Eduardo; RODRIGUES, Carmem Izabel; http://lattes.cnpq.br/5924616509771424; LÓPEZ-GARCÉS, Claudia Leonor; http://lattes.cnpq.br/5655397771707702; https://orcid.org/0000-0001-9550-0152As comunidades indígenas Tikuna ou Mágüta que hoje habitam a ribeira do rio Amazonas/ Solimões, além do contato com a escola, as igrejas católica e evangélica e o turismo impulsionado principalmente por empresas privadas, mantêm uma relação cada vez mais próxima com outros povos indígenas, com sociedades regionais ocupantes de terras amazônicas (os “novos colonos”) e com os diferentes Estado-Nação (o Brasil, a Colômbia e o Peru). As novas tecnologias de comunicação também se aproximam com a televisão, a internet e, portanto, com as redes sociais que conectam o mundo. Entretanto, a língua indígena vai cedendo terreno nos locais sociais das comunidades indígenas, as crianças e adolescentes começam a valorizar e usar outras línguas, outras oralidades, outras formas de comunicação. Nesse cenário, o povo Mágüta, apesar das constantes e persistentes influências de pensamento colonial e messiânico conserva a sua língua, suas narrações e sua palavra. Nas suas narrativas são exprimidas formas de conhecimento e de memória através das quais constroem seu posicionamento como povo e como sociedade na grande Amazônia. Portanto, esta pesquisa, procura problematizar e compreender como o conhecimento da palavra òrè (palavra oral e palavra mítica) é manifesto na comunidade indígena Tikuna de Macedonia, na ribeira colombiana do rio Amazonas/Solimões. Aqui serão importantes as interpretações em torno da oralidade, as representações locais que colocarão no cenário o “poder” da palavra òrè e as lembranças do conselho úkue͂. Deste modo, o tema central desta Tese explora as diversas formas da palavra Mágüta na comunidade de Macedonia, para se deter na oralidade e a mensagem manifesta no ato de aconselhar. Propõe-se assim, uma abordagem metodológica baseada no apelo à memória individual e coletiva, que explora atos comunicativos e que indaga junto com atores Mágüta locais (professores, pastores evangélicos, comunidade escolar e médico tradicional) que ainda fazem uso da língua nativa na comunidade. Ao final, a mensagem do òrè fala da origem, dos heróis, dos mitos e da construção social do povo Mágüta, mas também fala de cenários íntimos da cotidianidade, desde onde se ativa a palavra de conselho que costuma ser dada aos parentes, à comunidade e a todo aquele que deseje recebê-lo.Tese Acesso aberto (Open Access) Por um turismo decolonial: reflexões antropológicas a partir da turistificação da Ilha do Combu/Pa(Universidade Federal do Pará, 2023-12-04) NUNES, Thainá Guedelha; FURTADO, Lourdes de Fátima Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/1828475659148260; https://orcid.org/0000-0002-5243-4607A partir de 2015, na Ilha do Combu, Área de Proteção Ambiental pertencente à área insular de Belém do Pará, se inicia um processo de turistificação que a tira de sua condição de relativa invisibilidade, atraindo cada vez mais visitantes. Diante disso, esta tese tem como objetivo analisar tal processo e seus principais desdobramentos. Tendo como palco a ilha, buscou-se refletir criticamente sobre o turismo ter se constituído sob a influência da colonialidade e, consequentemente, assimilado as noções de desenvolvimento e modernidade. Utilizando-se dos debates provenientes da Antropologia do Turismo, com contribuições de autores que abordam a decolonialidade, os resultados apresentados são frutos de uma pesquisa antropológica qualitativa. Esta pesquisa teve como base a etnografia, com observação direta e participante, entrevistas semiestruturadas, questionário online e registros fotográficos. Foram também realizadas investigações na internet, buscando acompanhar em uma rede social perfis de estabelecimentos da ilha, material de divulgação destes e comentários em postagens sobre a ilha por perfis de jornais da cidade. Os resultados aqui apresentados são oriundos não apenas da pesquisa realizada durante o período do doutorado, mas das pesquisas que realizei desde 2010, o que me possibilitou acompanhar as transformações pelas quais a ilha vem passando. Outra dimensão metodológica foi a da pesquisa-ação, em que foram estabelecidas contrapartidas da pesquisa para a comunidade. Serão produzidas cartilhas para os donos dos estabelecimentos e para os visitantes, e um site sobre a Ilha do Combu foi criado. Como resultados tem-se que o avanço da busca por lazer no local consolidou este como um importante ponto turístico de Belém, gerando mais visibilidade, valorização local, emprego e renda para a população. Entretanto, atraiu a atenção de forasteiros que buscam também aproveitar-se das possibilidades promissoras, decidindo empreender no local, intensificando o processo de turistificação. Observa-se um desenvolvimento desordenado do turismo, que vem se intensificando rapidamente, gerando a proliferação de estabelecimentos, especulação imobiliária, perturbação da vida cotidiana local, poluição, erosão, insegurança, surgimento de atrativos artificiais e mudanças para atender às demandas externas. Percebeu-se que a maneira como a atividade vem se desenvolvendo nos últimos anos no local, reflete as ontologias propagadas pela colonialidade, no comportamento e ações de agentes do Setor Privado, do Poder público e de visitantes. Todavia, a população local tem mostrado sua agência e destacando seu protagonismo frente a esse processo. Por fim, buscou-se trazer proposições para avançar na descolonização do turismo.Tese Acesso aberto (Open Access) Produções audiovisuais das/nas baixadas de Belém-Pa: fronteiras simbólicas, experiências urbanas e (Re)configurações de paisagens nos bairros Jurunas e Terra Firme(Universidade Federal do Pará, 2025-03-20) COSTA, Victória Ester Tavares da; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Esta pesquisa parte de inquietações sobre a produção e circulação de imagens da Amazônia em diversas narrativas ao longo dos séculos. Instigada a observar a região para além dos imaginários que se fortaleceram por repetições, vou de encontro às percepções que remetem às exotizações e me embrenho na Amazônia urbana. Ao acreditar em pluralidades e processos de reconstrução constante de paisagens, parto do contexto das baixadas de Belém, especificamente os bairros Jurunas e Terra Firme, para estudar a formação citadina em contextos de fronteiras simbólicas, entendendo-as como um entre-lugar de dinâmicas complexas que incluem familiaridades, tensões, conflitos, pertencimentos e, portanto, elevado potencial de produção cultural e artística no mundo urbano belenense. Deste modo, através do diálogo entre os campos da antropologia e do audiovisual, esta pesquisa busca demonstrar como este fazer artístico e comunicacional constrói e é construído nas/com/pelas paisagens praticadas na urbe e, portanto, pelas pessoas e profissionais que as experienciam no cotidiano. O campo etnográfico desta pesquisa é o fazer audiovisual (em todas suas fases de concepção) cuja base de elaboração são as práticas das ruas e o que se fala sobre elas através do tempo. O que reverbera e o que foi esquecido nestes espaços que trazem as especificidades destas manifestações artísticas das baixadas. Trazer a antropologia urbana e das paisagens, do cinema e do imaginário para trilhar estes caminhos me fez percorrer lugares e acompanhar processos de configuração da Belém de outras centralidades, tanto em suas dinâmicas ordinárias, quanto artísticas, que excedem o campo do áudio e da imagem, tornando-se uma ferramenta estratégica de expressão político- social.Tese Acesso aberto (Open Access) Pulsar: festa como potência societal. ou os jogos de identidade Quilombola e a refundação política das comunidades Quilombolas de Salvaterra - Marajó - Pará.(Universidade Federal do Pará, 2022-08-19) LIMA FILHO, Petrônio Medeiros; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Esta tese é um estudo antropológico que busca compreender a constituição e os significados dos Jogos de Identidade Quilombolas (J.I.Q) nas relações intra e intercomunidades quilombolas de Salvaterra - Marajó - Pará. Os J.I.Qs foram criados no ano de 2004 no contexto dos processos em que 16 comunidades se autodefiniram quilombolas no município Salvaterra. Todos os anos desde então, no mês de novembro, uma comunidade quilombola diferente sedia os Jogos, quando além das centenas de pessoas que vão prestigiar o evento, as comunidades quilombolas de Salvaterra e de outros municípios do Marajó enviam suas delegações para as representarem nos Jogos, mobilizando entre 400 a 600 quilombolas que são abrigados, alimentados e organizados para participar das diversas modalidades de esportes durante o dia, além das apresentações nas "noites culturais" e "noites da beleza negra" ao longo dos quatro dias de festas. A etnografia demonstrou que este grande congraçamento se constituiu como um "projeto político quilombola" ao mesmo tempo com, contra e para além dos limites do Estado, cujo objetivo foi/é integrar as comunidades quilombolas marajoaras no contexto das lutas por direitos socioterritoriais no Marajó. Por durar no tempo, devido a sua abrangência e pela capacidade de mobilização de pessoas e recursos, os significados desta festa quilombola têm se ampliado ao longo do tempo, sendo vista pelos interlocutores quilombolas como tempo/lugar consagrado à "consciência negra"; à luta contra o racismo e como lugar de mostrar "sua cultura". Além disso, na sua preparação e realização, os J.I.Q têm mobilizado as redes de movimentos sociais quilombolas do Marajó, criando novos espaços nas comunidades: as sedes quilombolas; contribuído para a formação de novas lideranças vinculadas às redes de movimentos sociais quilombolas, bem como para ampliação dos processos de autodefinição quilombola, principalmente entre os jovens destas comunidades, que se constituem como a faixa etária mais numerosa presente nas festas. A partir da etnografia sobre os J.I.Q discuto a teoria da festa e sugiro pensá-la como "Potência Societal", que além de reproduzir coletivos, têm (re)criado e transformado estas coletividades. As conclusões deste estudo evidenciam que as socialidades festivas por meio da imaginação criadora, das emoções estéticas e do trabalho dos corpos têm produzido outras imagens, assim como paisagens, criando outras atmosferas (imaginários) que vêm contribuindo para uma espécie de refundação política dessas comunidades, originando, de inúmeras formas criativas, os quilombos contemporâneos no e do Marajó.Tese Acesso aberto (Open Access) Rádio, cidade, gosto e memória: uma etnografia da Belém que toca na feira do som(Universidade Federal do Pará, 2023-07-19) VENTURA, Jússia Carvalho da Silva; COSTA, Antonio Maurício Dias da; http://lattes.cnpq.br/2563255308649361; https://orcid.org/0000-0002-0223-9264As transformações tecnológicas têm imposto adaptações às emissoras de rádio que possibilitam a formação de realidades híbridas que coexistem em espaços tecnológicos diferenciados, que atendem público e realidades também diferenciadas. A Rádio Cultura do Pará, emissora pública criada em 1977 e ligada à Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), apresenta esse tipo de hibridismo. Neste universo de pesquisa escolhi trabalhar com o programa “Feira do Som”, um dos programas mais antigos da rádio paraense, no ar desde 1972. Para fazer uma etnografia da Belém que é tocada nesse programa radiofônico foi necessário utilizar algumas técnicas metodológicas: audição participante, audição não participante, entrevista em profundidade (presencial e com suporte online), análise descritiva do programa. A pesquisa tem como objetivo geral identificar qual cidade de Belém é construída e consumida a partir do programa radiofônico Feira do Som da Rádio Cultura FM, uma das primeiras rádios públicas da Amazônia. Defende-se como hipótese que a construção de memória social e afetiva da cidade, a partir da relação do público com a mídia, é facilitada quando este produto midiático pertence à Comunicação Pública. Assim, o conteúdo veiculado no programa radiofônico Feira do Som permite uma construção de memória afetiva e social da cidade de Belém, seja por conta de uma Belém antiga, seja pela seleção musical regional. A construção da memória social da capital paraense a partir do programa radiofônico Feira do Som é pautado pelo gosto, que é uma experiência sensível, sensorial e de sintonia com o lugar de pertencimento.Tese Acesso aberto (Open Access) “Toda planta tem Alguém com ela” – sobre mulheres, plantas e imagens nos quintais de mangueiras(Universidade Federal do Pará, 2020-04-24) PEIXOTO, Lanna Beatriz Lima; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Neste trabalho apresento um estudo sobre a relação de mulheres e quintais, com ênfase no cultivo de plantas. A pesquisa foi desenvolvida na Comunidade Quilombola de Mangueiras, município de Salvaterra, Arquipélago do Marajó, região Norte do Brasil. A partir da vivência junto a quatro mulheres e suas narrativas, objetivo compreender como se dá a habitação do espaço, como constroem suas paisagens. Entendo os quintais como um microcosmos, estudar as relações nele/com ele estabelecidas envolve questões relacionadas a vários aspectos da vida social como família, política, cura e xamanismo, e deixa transparecer formas e perspectivas de ver e viver o mundo marajoara. Em Mangueiras, como na maioria das comunidades quilombolas de Salvaterra que lutam até hoje pelo reconhecimento de suas terras, as mulheres tiveram papel decisivo no processo político e identitário. Papel de protagonistas elas também têm em outros âmbitos, entre eles está o cuidado com quintais e hortas domésticas, implicando a esfera de interações entre não-humanos e humanos; às preocupações com seus filhos, às sutis relações com o sagrado e o si-mesmo. São conhecimentos repassados através de uma trama de transmissão e troca, muitas vezes herdadas das relações de mães, filhas e avós. Neste caso também estão em jogo segredos, táticas de resistência de uma cultura, das mulheres de um povo. São conhecimentos e práticas que resistem e se reinventam frente os processos de dominação desde o período colonial aos mais recentes processos de colonialismo interno e externo. Quintais e mulheres cultivam-se mutuamente ao longo do tempo em direção ao cuidar de si e dos seus, reflexo do modelo patriarcal dominante. Mas que apresenta uma faceta política fundamental, que mantêm até hoje vivas, pulsantes, essas culturas.Tese Acesso aberto (Open Access) Trabalho e organização coletiva catadoras de caranguejos em uma reserva extrativista marinha no litoral do Pará(Universidade Federal do Pará, 2022-10-24) SILVA, Ana Patrícia Reis da; MANESCHY, Maria Cristina Alves; http://lattes.cnpq.br/5129734199358770Este estudo objetiva analisar o trabalho e a organização coletiva de mulheres catadoras (processadoras) de caranguejos, na Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, no município de Bragança, litoral do Estado do Pará. Contribui com o debate sobre a centralidade da dimensão de gênero na construção do desenvolvimento socioambiental. Conforme o referencial teórico, nesta visão de desenvolvimento a economia não se separa da sociedade, os direitos territoriais de povos tradicionais são garantidos e a equidade de gênero é um atributo fundamental, com paridade de participação de mulheres e homens na vida social. Seguindo abordagem qualitativa, foram feitas observações e entrevistas semiestruturadas com 30 mulheres nas comunidades de Treme, Taquandeua, Rio Grande e Vila Bonifácio e entrevistas em profundidade com lideranças locais, visando: 1) reconstituir a história da catação de caranguejos e a estruturação de sua cadeia produtiva, a trajetória ocupacional das mulheres, a divisão sexual e as condições de trabalho e de inserção no mercado; 2) analisar a recém-criada Rede de Mulheres Caeteuaras. Essa associação quer gerar renda e valorizá-las como profissionais da pesca e, nesse processo, abraça ideais de equidade de gênero e conservação ambiental. A hipótese do estudo é que a organização das mulheres na Rede, embora em seu início, aponta para duas direções de mudança: ajuda na visibilidade e valorização da atuação feminina na cadeia produtiva pesqueira e potencializa o desenvolvimento socioambiental do território da RESEX. A pesquisa revelou haver diferentes formas sociais de catação doméstica: a familiar, as catadoras o serviço de um patrão e as que adquirem a matéria-prima de comerciantes de fora, beneficiam e vendem. As catadoras seguem em posição subordinada, pois não controlam o produto, os preços e a demanda por seu trabalho. Nesse cenário, a Rede de Mulheres Caeteuaras pretende operar de modo inovador. Os resultados mostram que as participantes da Rede se tornam conscientes de seu status de trabalhadoras extrativistas, por meio de cursos e formações, mas ainda não conseguem alterar as práticas de trabalho e comercialização. É preciso ampliar a rede de parceiros e acessar recursos materiais e sociais. Seus projetos, contudo, apontam para novos sentidos de mercado, confirmando em parte a hipótese de pesquisa. A cozinha comunitária prevê associar qualidade do produto, saúde ocupacional e estruturas de apoio às jovens mães no cuidado com os filhos e na conciliação entre trabalho e cuidados. O estudo ratifica a importância de organizações de mulheres para o desenvolvimento socioambiental, contando com o suporte das associações da RESEX e dos poderes públicos pertinentes. Isso porque, as condições concretas em que as catadoras vivem e participam do mercado são marcadas por bloqueios estruturais, onde se cruzam barreiras de gênero e de classe, sociais e culturais.Tese Acesso aberto (Open Access) “ Tudo tem sua mãe”: O mundo mítico de Caraparu-Pará(Universidade Federal do Pará, 2021-01-26) NOBRE, Mariléia da Silveira; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140; SÁ, Samuel Maria de Amorim e; http://lattes.cnpq.br/3256903697536068Este estudo visa compreender, pelas práticas discursivas de agricultores da vila de Caraparu, a constituição e o funcionamento do imaginário que se projeta no real sócio-histórico em que vivem, como parte constitutiva de suas condições de existência material. Meu afã, enquanto pesquisadora, é o de compreender o funcionamento desse imaginário materializado nas práticas discursivas dos sujeitos e mais, examinar os indícios de prováveis/possíveis transformações desse imaginário, a partir das narrativas dos jovens agricultores de Caraparu. Há, portanto, neste texto, um gesto de compreensão que busca reconhecer as regularidades de uma formação discursiva e ideológica que sustenta a crença nas regras que regem o cotidiano desses sujeitos e impõe a obediência a elas. Para o alcance desses objetivos, articulam-se as abordagens etnográfica e discursiva na análise de narrativas dos agricultores e das agricultoras mais antigos/antigas e dos jovens da região. Defende-se, como resultado do percurso de análise, o reconhecimento de uma formação discursiva mítico/cabocla, que rege a relação entre seres humanos e não-humanos pautada no temor e no respeito pelos seres encantados e no medo e no pavor pelos fadistas e na reciprocidade entre eles. A natureza desta pesquisa me levou a visitar um campo teórico exógeno ao da Antropologia, qual seja, o da Análise de discurso materialista. Evoquei deste campo a tríade Real/Simbólico/Imaginário, entrelaçados na releitura que Michel Pêcheux faz dos trabalhos de Jean Jacques Lacan e dos de Louis Althusser. O recorte das sequências discursivas que compõem o corpus discursivo nos permitirá compreender processos de subjetivação que apontem para os movimentos de identificação plena, contraidentificação ou mesmo desidentificação com os saberes da formação discursiva dominante naquela comunidade.Tese Acesso aberto (Open Access) “Você vê aquele bichinho ali, não tem noção do trabalho que dá”: estudo da organização social e ambiente na pesca de curral em São Caetano de Odivelas(Universidade Federal do Pará, 2023-02-16) PALHETA, Marllen Karine da Silva; CAÑETE, Voyner Ravena; http://lattes.cnpq.br/9961199993740323; https://orcid.org/0000-0001-8528-3086
