Teses em Sociologia e Antropologia (Doutorado) - PPGSA/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/8829
O Doutorado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) é vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Tese Acesso aberto (Open Access) Arena pública, dominação e resistência em um território amazônico: o fórum de desenvolvimento sustentável das ilhas de Belém-PA (2006-2020)(Universidade Federal do Pará, 2020-11-24) LOPES, João Luiz da Silva; TEISSERENC, Maria José da Silva Aquino; http://lattes.cnpq.br/1799861202638255Neste estudo discute-se a maneira como as comunidades ribeirinhas insulares dos municípios de Belém e Acará, estado do Pará-Brasil, se mobilizaram e participaram da Arena Pública/Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Ilhas, para reivindicar seus direitos concernentes a saúde, educação, saneamento, abastecimento de água, segurança pública, energia elétrica/solar, geração de renda e superação de sua invisibilidade. Para analisar essa problemática, adotou-se como quadro de análise a abordagem sociológica da ação coletiva de Daniel Cefaï, Veiga e Mota (2011), que privilegia as situações locais que estão na origem da constituição de arenas públicas. O estudo demandou uma abordagem qualitativa descritiva em que a coleta de informações/dados foi realizada através de conversa informal; observação participante em eventos como: reuniões, entregas de cestas básicas, brinquedos e material escolar, visitas e mutirões; pesquisa em documentos (projeto, planos, relatórios e atas de reuniões); e entrevistas abertas com atores das comunidades ribeirinhas insulares, do poder público, de instituições religiosas, ONGs e de pesquisa e extensão. Os resultados indicam que em um contexto territorial historicamente marcado por relações sociopolíticas clientelistas, é razoável considerar essa experiência de participação e mobilização como um evento importante, que se constitui como educação política, com aprendizagens significativas em direção à inclusão desse segmento subalternizado no processo de tomada de decisões referentes às políticas públicas de seu interesse. Essa mobilização se beneficiou do apoio essencial de técnicos de órgãos públicos, experts de universidades e políticos do campo progressista para encorajar a denúncia de injustiças herdadas da colonização, mantidas e atualizadas pelo sistema de dominação, com efeitos perversos impregnados no conjunto das relações com os atores do sistema de poder local – a que se chama de colonialidade. A mobilização enfrentou resistência de certa concepção que concebe as comunidades ribeirinhas insulares como atrasadas e fadadas ao desaparecimento. As estratégias dos ribeirinhos insulares contribuíram para uma politização dos desafios locais, mas foram limitadas por vários elementos, como a ausência de um aparato jurídico inovador, a desconsideração sobre a desigualdade das condições de participação, o uso de metodologias pouco adequadas, a falta de valorização do trabalho dos tradutores/mediadores, o não reconhecimento da diversidade de ontologias do sujeito, a incompreensão das diferentes cosmologias e epistemologias, fatores que funcionaram como obstáculos para que a mobilização colocasse em questão o sistema de dominação tradicional no qual se assenta o poder local.Tese Acesso aberto (Open Access) A Braz é (e) quem ‘a faz’: paisagens de poder, experiências e apropriações na avenida Braz de Aguiar, em Belém (PA), Amazônia(Universidade Federal do Pará, 2023-03-31) OLIVEIRA, Enderson Geraldo de Souza; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Nesta pesquisa observo as vivências e experiências de sujeitos na avenida Braz de Aguiar, bairro de Nazaré, considerado um dos mais destinados às camadas médias de Belém do Pará, Amazônia (achei estranho isso. Talvez “um dos bairros de maior status”). Levando em conta que as paisagens são construções processuais (SANSOT, 1983; SILVEIRA, 2004; ECKERT, 2009; ECKERT e ROCHA, 2013), me atento principalmente ao estabelecimento de “paisagens de poder” (ZUKIN, 1996), que são provocadas e/ ou se coadunam às práticas dos sujeitos. Tais poderes, em especial o econômico, se expressam nos habitus (BOURDIEU, 1983), perceptíveis mediante a realização da Etnografia de Rua (ECKERT e ROCHA, 2013) e da Etnografia da Duração (ECKERT e ROCHA, 2013). Na via, os serviços eram e ainda são direcionados a uma camada financeiramente mais privilegiada da cidade, com maior poder de consumo, aquisitivo e status, algo fundamental na construção e manutenção de certa “distinção” no contexto belenense. A Braz, então, torna-se um “espaço geográfico socialmente hierarquizado” (BOURDIEU, 2007), em que o ócio (VEBLEN, 1965) parece ser mais possível de ser praticado, mas não por todos. Em conjunto, isto aponta para o stabelecimento de processos específicos de sociabilidade e sociação (SIMMEL, 1983) no mundo urbano belenense, em que é necessário discutir também a forma “aristocrática” como alguns indivíduos aderem/(re)criam tal fisionomia urbana contemporânea e como a avenida é referida e representada nas redes sociais.Tese Acesso aberto (Open Access) Como os nêgos dos palmares: uma nova história de resistência na serra da Barriga - AL(Universidade Federal do Pará, 2016-03-18) CORREIA, Rosa Lucia da Silva; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101; ALENCAR, Edna Ferreira; http://lattes.cnpq.br/7555559649274791Esta pesquisa trata da luta pela liberdade dos sitiantes da Serra da Barriga, em União dos Palmares, Alagoas. O espaço abrigou o maior assentamento da América de escravos fugidos, o Quilombo dos Palmares, e por este motivo em 1986 foi reconhecido como patrimônio cultural e natural da nação. Em 1988 recebeu o título de Monumento Nacional, o que levou à desapropriação das terras locais para fins de estudos científicos diversos, reflorestamento e construção de um parque memorial, uma espécie de museu temático que se assemelha em arquitetura e paisagem à antiga edificação quilombola. Desde então os moradores, camponeses da Zona da Mata alagoana, uma das áreas de maior produção sucroalcooleira do Nordeste, estão vivenciando restrições de trabalho e ameaças de expulsão, por parte do Estado e do Movimento Negro. A situação é bem semelhante ao tempo que viviam sob o domínio dos usineiros locais e é significativamente também análoga, como eles mesmos afirmam, à que os negros dos Palmares viveram quando ali se instalaram, há mais de 300 anos, ao fugirem das plantagens de cana de açúcar para viverem em liberdade. A luta é pela sobrevivência, por terra e trabalho, garantias de liberdade para qualquer camponês e que foram negadas desde o tombamento da Serra da Barriga. A investigação etnográfica traz, portanto, as memórias de apropriação do espaço e as formas cotidianas de resistência destes sitiantes em conflito com o patrimônio nacional e a memória coletiva do Movimento Negro. Nessa empreitada, as teorias sobre o campesinato, especialmente no Nordeste, a campesinidade, as formas cotidianas da resistência camponesa e sobre a tríade memória, história e patrimônio foram vitais para essa questão.Tese Acesso aberto (Open Access) Construção naval artesanal e a metamorfose do trabalho, capital na Amazônia: um estudo sobre construtores de embarcações de madeira em Igarapé-Miri (PA)(Universidade Federal do Pará, 2016-02-03) CORRÊA, Edson de Jesus Antunes; FURTADO, Lourdes de Fátima Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/1828475659148260; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366Estudo de caso sobre a atividade tradicional da Construção Naval Artesanal dos “construtores de embarcações de madeira” do Município de Igarapé-Miri, estado do Pará e a Metamorfose do Trabalho, Capital na Amazônia. Tem como objetivo investigar as transformações no modo de viver e reprodução social desses trabalhadores no contexto da sociedade envolvente, frente à incorporação progressiva de emergentes tecnologias na produção de embarcações de múltiplos usos no mercado global, identificando as formas de manutenção e reprodução social desta forma de saber tradicional, que, desde sua origem até hoje, mantém centenas de pessoas ocupadas com esta atividade econômica, social e cultural no Pará. Esta atividade apresenta em sua estrutura funcional três segmentos: o carpinteiro naval, o calafate e o pintor naval, sendo a estrutura hierárquica do ofício composta pelo mestre artesão, o artesão profissional e o aprendiz. Os mestres artesãos são o centro do ofício, são os coordenadores e proprietários de estaleiros navais artesanais, detentores de um acervo intelectual tácito passado de geração em geração conseguem manter seus familiares em situações mais adversas devido à remuneração da atividade pertencer à família, e estes têm o compromisso social de mantê-los. Neste aspecto, observa-se nos últimos anos a crescente concentração da produção de embarcações para fabricação dos tipos rabetas e rabetões bem como a inserção da comercialização e produção de rabetas e embarcações de alumínio soldado deste mesmo modelo na cidade de Igarapé-Miri. Isso gerou mudanças que afetam diretamente as relações de produção, renda e oferta de trabalho nos estaleiros navais artesanais, modificando-se e adaptando-se progressivamente o modo de viver e reprodução social dos construtores do ofício. A pesquisa adotou o padrão metodológico das experiências de estudos de caso, utilizando procedimentos metodológicos de diferentes gêneros numa estratégia de pesquisa quantitativa e qualitativa em que o método etnográfico permeia toda a análise.Tese Acesso aberto (Open Access) ‘Cria(da)s’, ‘Casadas’: “meninas”, “circulação” e “entrega” em Breves (Marajó)(Universidade Federal do Pará, 2022-05-30) CASTRO, Avelina Oliveira de; GONÇALVES, Telma Amaral; http://lattes.cnpq.br/7335593537033167; MOTTA-MAUÉS, Maria Angelica; http://lattes.cnpq.br/7861116876230464A presente tese identifica e interpreta, antropologicamente, narrativas e vivências de “circulação” e de “entrega” de adolescentes do gênero feminino, acerca da sexualidade, construídas no cotidiano, no município de Breves, no Marajó. Trata-se de uma etnografia que foi realizada entre os anos de 2016 e 2020, na sede do referido município, utilizando como metodologia, a observação direta e participante. A pesquisa contemplou como interlocutores principais 36 pessoas, sendo 26 mulheres e 10 homens, além de ter ouvido em dinâmicas de rodas de conversa outros 26 adolescentes – 15 meninas e 11 meninos – e mais 18 crianças de escolas públicas de ensino do município, além de diversos moradores com os quais houve convivência, observações e escuta ao longo dos períodos de realização da pesquisa de campo no local. A partir de referenciais teóricos do feminismo e dos estudos de colonialidade foi observado e analisado dentro do processo de circulação, alargado nesta tese, o movimento de entrega, não só de “crias de família”, como também o de entrega das adolescentes para o casamento. Os dois movimentos – e rituais – de entrega possibilitam visualizar relações atravessadas por reflexos da colonização brasileira, observados, tanto em uma espécie de “cultura da escravidão”, como também por relações de colonialidade, em todas as suas dimensões, assim como de gênero, uma vez que essas dinâmicas são, predominantemente, com as meninas, em um processo que as objetifica, mas no qual também se observa ações delas no sentido do enfrentamento e resistência às opressões vividas.Tese Acesso aberto (Open Access) Dinâmicas divergentes em zonas de produção para a exportação: os caminhos de Brasil e China.(Universidade Federal do Pará, 2015-04-29) AMARAL, Francinézio Lima do; SILVA, Carlos Freire da; http://lattes.cnpq.br/7489756177996098; HTTPS://ORCID.ORG/0000-0002-0202-8678; CHAVES, Andréa Bittencourt Pires; http://lattes.cnpq.br/2807941293114021; https://orcid.org/0000-0003-0247-9265Esta tese analisa o processo de hegemonização do conceito de desenvolvimento econômico no capitalismo imperialista ocidental, a partir de suas imposições de subalternização econômica e política que impactaram as posturas e decisões dos fazedores de política dos governos de Brasil e China, refletindo na construção de seus instrumentos de planejamento e ação junto às dinâmicas de suas zonas de produção para a exportação enquanto políticas de desenvolvimento regionais, em um cenário de crise da hegemonia de poder no atual cenário geopolítico. Em seguida, analisa os legados de desenvolvimento socioeconômico da Zona Franca de Manaus – ZFM e das Zonas Econômicas Estratégicas – ZEEs, visando refletir sobre os caminhos percorridos por cada uma, até a atualidade. Busca chamar a atenção para a emergência de retornar à centralidade dos debates nas Ciências Sociais sobre o papel dos conceitos de Estado, desenvolvimento, subalternização e hegemonia no atual contexto geopolítico ante à crise estrutural do capitalismo. Ao comparar objetos desiguais, chama a atenção para os fatores históricos, econômicos, políticos e sociais que os aproximam para daí, evidenciar causas, efeitos e possibilidades de aprendizados que possam contribuir na busca de alternativas aos desafios e demandas postos aos projetos de nação no Sul Global.Tese Acesso aberto (Open Access) “Doutora, eu vim tentar a sorte”: o atalhar no Hospital Público João de Barros Barreto(Universidade Federal do Pará, 2016-04-26) TAVARES, Aderli Goes; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366; SÁ, Samuel Maria de Amorim e; http://lattes.cnpq.br/3256903697536068O estudo tomou como objeto o acesso dos usuários aos serviços de saúde pública, neste caso o acesso ao Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) localizado na área urbana, no bairro do Guamá, na cidade de Belém-PA. O foco do estudo foram as redes de relações sociais construídas pelos usuários guamaenses para acessarem às consultas médicas em: Clínica Médica, Pneumologia e Endocrinologia no ambulatório de especialidades do Hospital. O acesso informal foi denominado de “atalho” e configurou-se como uma organização social interna que agrega redes sociais parciais (BARNES, 1987) externas e internas. Os “atalhos” são parte de uma estrutura social rizomática (DELEUZE; GUATARRI, 2000), com entradas por diferentes espaços e de um processo de trabalho centrado na concepção de saúde hegemonicamente hospitalocêntrica e filantrópica. No espaço hospitalar, os trabalhadores, principalmente os médicos, operam por meio da “ordem negociada” (CARAPINHEIRO, 2005). A ineficiência da regulação do SUS para organizar o acesso e os demais óbices estruturais do SUS, implicam em tornar a oferta menor que a procura impedindo o acesso universal dos cidadãos aos serviços de saúde e contribui para a descoberta e construção de inovações para o acesso, o que Castoriadis (1982) interpreta como “instituinte” numa instituição ou o que Carapinheiro (2005) aponta como “percursos terapêuticos”. No caso, o acesso informal no HUJBB é denominado de “encaixe”, de “a porta da esperança” e foi interpretado como um subsistema do SUS, convivendo com uma administração pública sincrética, marcada pelos princípios racionalistas impessoais e a cultura brasileira relacional. Entre o racional e impessoal, o SUS e a marginalidade no sistema, os usuários e os trabalhadores encontraram as “brechas” no sistema formal. Eles as administram através do conhecimento racional e do relacional e pessoalizado, os últimos próprios da formação do povo brasileiro, e os usam para alargar as normas e regras estabelecidas, com isso não quebram as normas e não tornam o “atalho” para legal, e sim constroem uma ponte dentro do próprio SUS que faz valer o acesso universal preconizado constitucionalmente aos brasileiros, diminuindo o tempo de espera e, possivelmente, permitindo reabilitar a saúde dos usuários, evitando a morte.Tese Acesso aberto (Open Access) Experiência mística como narrativa e poesia (sincretismos e traduções) na cultura: a cura pela linguagem na cabala e no reiki em Belém e Marituba- PA(Universidade Federal do Pará, 2016-04-25) SILVA, André Luiz Martins da; MAUÉS, Raymundo Heraldo; http://lattes.cnpq.br/0915136632611666A tese que aqui apresento trata da questão da mística como fenômeno antropológico, pensando o fenômeno da mística na cultura como na linguagem, observando também a cura mística, ou seja, a compreensão de um processo de experiência mística na narrativa da doença ou da cura em praticantes da Cabala e do Reiki em Belém e Marituba. Busca-se uma compreensão da relação entre mística e a vida, no sentido de uma análise antropológica das narrativas e poesias contidas no modo de contar a experiência mística dos diferentes agentes místicos. Faz-se tambem uma discussão para compreender de que maneira a etnografia feita pelo antropólogo pode ser afetada pela experiência narrativa, isto é, pela etnografia nativa em forma de narrativa mística. Trava-se a discussão sobre as injunções entre a etnografia e a literatura. Também se discute o modo como mística e tratada na experiência literária de escritores como os poetas e ensaistas Fernando Pessoa e Jorge Luis Borges, significando que a experiência mística desses escritores se transfigura em suas obras literarias e poéticas. A mística como metalinguagem nos possibilita pensarmos a etnografia como metalinguagem a semelhança da literatura, mostrando-se a noção de etnografia como metalinguagem em consonância com literatura. O trabalho mostra que o campo antropológico da mística não pode ser visto como uma manifestação derivada do campo da religião, ou seja, um epifenômeno da religião. Ainda que tenha relações com a religião, a mística, observada na Cabala e no Reiki, praticados em Belém e Marituba se distância do campo da religião e mantém íntimas relações com o campo da arte, significa dizermos que o domínio da experiência mística se da na transfiguração da vida dos místicos em obra de arte, uma obra vivida na linguagem e na oralidade. Os místicos observados tanto Cabala como no Reiki são narradores de suas vidas, obras literárias inscritas na linguagem, na fala, bricolagens de múltiplas referências, sincretismo entre mística, vida e mundo. Em alguns casos se observou a distância e uma contraposição da experiência mística a experiência religiosa, pois mesmo aqueles místicos que se dizem religiosos são na verdade contrapostos a religião no sentido de mostrarem em suas narrativas que deve haver um retorno do indivíduo a si-mesmo. Uma compreensão de que o Sagrado não está vinculado a instituição religiosa, mas, esta referida a experiência de busca interior do indivíduo, nesse sentido a religiosidade se transforma em ser-místico, que difere de uma identidade religiosa. O místico em sua narrativa assume diferentes peles, diferentes pessoas, a narrativa mística nos apresenta um ethos místico que não se enquadra na visão de um ethos religioso, pois o ethos da mística e flexivel e performático.Tese Acesso aberto (Open Access) A fabricalização do trabalho docente nas instituições de ensino superior privadas(Universidade Federal do Pará, 2021-03-27) SOARES NETO, Edson Paiva; SANTOS, Terezinha Fátima Andrade Monteiro dos; http://lattes.cnpq.br/9502681594591950; CHAVES, Andréa Bittencourt Pires; http://lattes.cnpq.br/2807941293114021; https://orcid.org/0000-0003-0247-9265Desde a década de 1990 a educação superior no Brasil vem passando por mudanças políticoadministrativas que estabeleceram um novo marco regulatório a constituição de Instituições de ensino superior (IES) privadas com fins lucrativos. Assim como tem impulsionado, por meio de fundo público, a expansão e domínio privado na oferta de serviços educacionais, cujas repercussões são identificadas com a adoção, pelas IES privadas, de técnicas e métodos empresariais norteados por ideologias de cunho empreendedor e gerencial, os quais priorizam a massificação, padronização, redução de custos e utilitarismo estritamente mercadológico da gestão do trabalho à prestação dos serviços. Em vista disso, adotou-se como objetivo de pesquisa: analisar o processo de poder e dominação sobre os trabalhadores docentes das instituições de ensino superior privadas no Brasil, destacando o momento de abertura do ensino superior para a iniciativa privada e as consequências sobre o trabalho, a carreira, as formas de lazer e saúde. Consideraram-se os seguintes objetivos específicos: discutir sobre a ofensiva do capital no âmbito da esfera estatal na condução das políticas educacionais; identificar e analisar quais os discursos e valores empresariais dos gestores do trabalho transmitidos pelas IES privadas aos docentes; destacar e analisar quais os métodos e técnicas produtivos usados pelas IES privadas no processo de dominação dos trabalhadores docentes e; examinar o processo de trabalho e suas repercussões nos trabalhadores docentes. Como hipótese defende-se o tipo fabricalização como expressão que remete à dominação do capital, circunscritas no movimento histórico das reformas estruturais do Estado neoliberal em matéria de trabalho, educação e ideologia produtivista e na adoção e adaptação pelas IES privadas de métodos e técnicas provenientes das experiências fabris e do sobretrabalho nãoremunerado. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa nas IES privadas da capital paraense, com observação de campo de gestores educacionais de médio e alto escalão, realização de entrevistas e questionários (estatística descritiva) aos trabalhadores docentes e consulta a fontes documentais. Os resultados mostraram o aumento na intensidade e exigências profissionais das IES aos docentes: 1) disciplina com prazos e uso de indicadores de desempenho pelas IES; 2) maior dedicação e envolvimento nas atividades pedagógicas e institucionais; 3) Na “valorização” de atributos comportamentais que refletem na próatividade, postura empreendedora; 4) nas demais áreas da vida, os trabalhadores docentes: possuem baixa participação em movimentos sociais, vida restrita ao espaço profissional e familiar; suas formas de lazer restringem-se à própria casa (televisão, filmes e computador); a cerca da saúde, avaliaram-se com elevada ocorrência, respectivamente: de cansaço, problemas posturais e stress.Tese Acesso aberto (Open Access) “Filho que é filho não abandona a mãe, e a mãe não abandona o filho”: Testemunhos de milagres na devoção à Nossa senhora de Nazaré em Belém do Pará(Universidade Federal do Pará, 2020-12-28) RAMOS, José Maria Guimarães; MORAES JÚNIOR, Manoel Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/2429279552706202; https://orcid.org/0000-0001-6986-7671O presente trabalho é um estudo sobre o catolicismo popular presente em Belém do Pará em um exercício de analisar elementos do imaginário social dos devotos da Virgem de Nazaré a partir dos elementos observados nas narrativas de milagres que assumem a forma de testemunhos, dos quais se faz uma abordagem hermenêutica. O campo de pesquisa foi a Casa de Plácido, e foi construído em torno de ações que caracterizam a dinâmica dos testemunhos, ou seja, narrativas de romarias, curas, graças e milagres. O pressuposto é que testemunhos de milagres fazem parte de um processo social, de uma visão religiosa do mundo que ajuda a configurar e compreender a cultura local. Por isso, o instrumental teórico escolhido para esta análise é a hermenêutica do testemunho de Paul Ricoeur, que é uma teoria para interpretar como o testemunho de cunho religioso e seus significados sociais são expressos nas narrativas testemunhais dos devotos.Tese Acesso aberto (Open Access) Juventude e participação: jovens na gestão compartilhada da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, em Bragança, Pará(Universidade Federal do Pará, 2016-10-21) LAMARÃO, Maria Luiza Nobre; MANESCHY, Maria Cristina Alves; http://lattes.cnpq.br/5129734199358770Discute a incipiente participação de jovens na gestão compartilhada da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, em Bragança, Pará, partindo da seguinte questão: se a Reserva Extrativista é uma política pública instituída na perspectiva de sustentabilidade socioambiental do território, como garantir a sustentabilidade sem significativa participação de jovens? Os dados da pesquisa foram obtidos a partir de entrevistas com oitenta jovens moradores de duas vilas da reserva, bem como junto a lideranças e gestores. Constatou-se que eles têm práticas de engajamento na vida coletiva de suas comunidades sem, contudo, alargarem essa participação para as arenas da gestão do território, especialmente os comitês locais e os conselhos. Com efeito, eles em geral desconhecem a política da qual são beneficiários e não há ações consistentes de formação para os novos engajamentos que a gestão compartilhada requer. Vivem o dilema de permanecer ou sair de suas comunidades em razão da falta de oportunidades de estudo e trabalho no lugar, o que os faz pensar seus projetos de vida para além da pesca, da coleta de caranguejos, da pequena agricultura e das fronteiras de suas comunidades. Há, portanto, necessidade de investimentos em processos socializadores de jovens para a atuação nas instâncias formais da gestão, processos que estimulem seus potenciais criativos, fortalecendo a cooperação, sobretudo em prol da promoção e do fortalecimento dos meios de vida e da cultura, garantidores da identidade do território em sua nova configuração social e política.Tese Acesso aberto (Open Access) O lugar do corpo no corpo do lugar: uma etnografia da panha do açaí entre jovens da Ilha das Onças - Pa(Universidade Federal do Pará, 2020-07-27) BASSALO, Terezinha de Fátima Ribeiro; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101A relação entre corpos e lugares nas atividades cotidianas é o tema deste estudo que objetiva apresentar e ao mesmo tempo compreender, as formas e significados atribuídos a tais relações na prática da coleta do açaí. A pesquisa desenvolvida na Ilha das Onças – região insular próxima à Belém, capital do estado do Pará, região norte do Brasil – se deu a partir da entrada nos açaizais pertencentes a sete jovens interlocutores e interlocutoras – dois do sexo feminino e cinco do sexo masculino – e permitiu acompanhar o universo da “panha” do açaí, através de vivências e narrativas. A “panha” – nome dado pelos moradores/moradoras da Ilha das Onças à atividade de coletar o açaí – é aqui entendida como ação relacional entre humanos e plantas, que se expressa enquanto técnica e ao mesmo tempo enquanto habilidade individual porque conforma um jeito próprio de realização, cujo intuito é colher os frutos sem magoá-los, envolvendo riscos, alturas e muitos cuidados. Revela o quão imbricados estão os corpos das pessoas com os seus lugares de moradia, que também são lugares de trabalho. A coleta do açaí, dentre o conjunto de técnicas corporais praticadas nas ilhas próximas de Belém, é uma atividade secular, ancestral e, por isso, tradicional, sendo que o produto coletado é fonte de alimento e base econômica de quem vive na Ilha das Onças. A vivência nos açaizais acompanhando pessoas que coletam o açaí, resultou numa etnografia da “panha”, baseada em três movimentos corporais com ritmos distintos: a subida, a chegada na copa, a descida e outras percepções. Depois da “panha” vem a “dibulha” e o acondicionamento dos frutos em rasas de um jeito artesanal, porque belo e útil, preparando o momento em que o produto será exposto, tocado, degustado e comercializado. A “panha” também deixa marcas nos corpos das pessoas coletoras, revelando vestígios da agência da planta, estigmas e atribuição de masculinidade. Ela é “serviço de homem”, mas é de mulher também. Mulheres “panham” o “bébi” e “panham” o açaí. Em suma, as corporalidades de coletores e coletoras são constituídas por um imbricamento interagencial permanente e atualizado entre ambiente, sociedade e indivíduo que fica impresso nelas, como em um palimpsesto. A relação homem/mulher e planta/açaizeira configura um trançado nas paisagens da ilha.Tese Acesso aberto (Open Access) Memórias em movimento histórias de luta e resiliência: faces cabanas da identidade Amazônica(Universidade Federal do Pará, 2016-04-13) RABELO, Agnaldo Aires; MAUÉS, Raymundo Heraldo; http://lattes.cnpq.br/0915136632611666Memórias em Movimento: Histórias de Luta e Resiliência: Faces Cabanas da Identidade Amazônica é a continuidade de uma pesquisa etnográfica, realizada a partir de incursões a campo, no vale do rio Capim, no Nordeste do Estado do Pará. Espaço geográfico em que encontrei velhos das antigas, que narram histórias sobre os elementos, que para Maués (2006), nos permitem compreender a constituição de uma identidade amazônica, entre os quais a memória da Cabanagem, que se resignifica, na região com a Revolta do Capim ocorrida em 1891. Neste (re)encontro com o passado/presente, faço inicialmente uma revisão de faces distintas do movimento, base histórica para os capítulos seguintes. Estes de caráter etnográfico, constituem uma proposta de compreensão da Cabanagem e da persistência de uma condição permanente cabana, de luta e resiliência, que se faz presente, quando as ruas de Belém são tomadas pela invasão de um rio de gente no Círio de Nazaré. Condição similar a aristocracia de pé no chão (Dalcídio Jurandir 2008) e aos Alfredos dalcidianos da ilha de Santana do Arari, localizada no município de Ponta de Pedras (Marajó), selecionada para a pesquisa, entre outras razões históricas, por ter sido um ponto de resistência aos cabanos. Desta forma, este trabalho de caráter histórico-literário e etnográfico, tem como objetivo principal: compreender as faces de uma identidade amazônica, na perspectiva de Maués (2006), aproximando assim, textos e realidades etnoliterários, que apresentam similaridades, pois, para além das construções historicistas da mobilização, ou de uma Cabanagem restrita ao espaço de cidades, atualmente, cabe estudar a luta dos cabanos que estiveram embrenhados nas matas e rios da Amazônia, propondo outra versão dessa história. “Uma versão que mostre um território que, desde longa data, abrigou muitos homens e mulheres trabalhadores e que está muito distante da imagem do “inferno verde” ou do “vazio demográfico” que foi imposta a essa região com claros motivos políticos”. (Ricci 2008, p.169). Considerando-se assim a tese: de que as condições históricas de dominação política, exploração socioeconômica e de disputas pelo poder, condicionam a eclosão de revoluções populares, e fazem parte de uma estrutura de longa duração (Sahlins 2004), e especialmente, da perspectiva gadameriana de círculo hermenêutico (2002), pensada segundo os princípios de uma hermenêutica filosófica de compreensão do mundo. Estando presente nas cenas da vida amazônica (Veríssimo 2013), vivenciadas, ao longo da experiência etnográfica real e das obras etnoliterárias, que buscamos incessantemente, na ânsia de compreensão, da realidade amazônica.Tese Acesso aberto (Open Access) Minha cor é o Brasil? o desmonte administrativo e simbólico da Fundação Cultural Palmares(Universidade Federal do Pará, 2023-10-24) SILVA JUNIOR, Elton Luis da; SANTOS, Patrícia da Silva; http://lattes.cnpq.br/3554364096207512; https://orcid.org/0000-0002-1266-1311O objetivo deste trabalho é analisar como as ações e discursos do ex-Presidente da Fundação Cultural Palmares – FCP, Sérgio do Nascimento Camargo, aliado ao fenômeno do bolsonarismo vivenciado pelo Brasil, implicam no negacionismo e omissão do combate ao racismo do país, refletindo em um desmonte dministrativo e simbólico da referida instituição. Nesse sentido, realizamos uma análise das ações institucionais concretas que procuraram enfraquecer a principal instituição federal de fomento à cultura afro-brasileira e de combate ao racismo no país. Para tanto, realizamos pesquisas no site oficial da instituição a fim de identificarmos documentos oficiais tais como Portarias, Instruções Normativas, Legislações, Notas Oficiais para investigarmos a maneira com que ocorreu o desmonte administrativo e simbólico da FCP. Além disso, realizamos entrevistas com duas lideranças Quilombolas paraenses para entendermos como os desmontes da fundação impactaram o cotidiano dos territórios no que se refere ao acesso ou não a direitos sociais. Metodologicamente, para análise da pesquisa, utilizamos as etapas técnicas de análise de conteúdo, tal como seguem: organização das informações; leitura do material; exploração e maturação do corpus; tratamento dos resultados, inferência e interpretação sobre a forma como a então gestão da FCP promoveu um desmonte administrativo e simbólico da instituição e seus reflexos no cotidiano de duas Comunidades Quilombolas paraenses. A partir da leitura crítica dos documentos e entrevistas, organizamos os principais pontos de discussão em categorias de análise interpretativa. Os resultados da pesquisa apontam que aquela gestão da instituição caminhou em um sentido contrário à política de valorização da cultura afro-brasileira, estimulando o racismo em suas diversas ramificações e a aversão aos elementos de valorização afro-brasileiros. Portanto, entendemos que as ações institucionais da gestão de Sérgio Camargo e sua equipe atuaram em direção oposta ao Regimento Interno da Fundação, atacando cotidianamente, em redes sociais e institucionalmente, tudo o que estava relacionado à nossa herança afro-brasileira.Tese Acesso aberto (Open Access) Movimentos indígenas no Acre: interculturalidade e produção de saberes face a situação colonial(Universidade Federal do Pará, 2024-09-30) ARAUJO, Felipe Nascimento; GARCÉS, Claudia Leonor López; http://lattes.cnpq.br/5655397771707702; https://orcid.org/0000-0001-9550-0152A Tese parte de uma análise de três dimensões que se interseccionam do movimento indígena do Acre: o protagonismo de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs), o protagonismo de mulheres e o protagonismo da juventude. Visou-se compreender como, a partir de práticas interculturais, agentes deste movimento produzem conhecimento sobre a situação colonial à qual os povos indígenas são submetidos. Seguindo nesta direção há a discussão de conceitos macros como antropoceno, para compreender a situação colonial contemporânea, em um esforço de entremeá-los com as visões destas e outras lideranças. A tese emerge na forma de um mosaico descritivo e entrelaça a ele uma linha de discussão sobre a interculturalidade enquanto arte de relação interétnica, suas possibilidades e limitações frente ao enfrentamento, por parte dos povos indígenas com os quais realizou-se o trabalho de campo, das ameaças inerentes à situação colonial.Tese Acesso aberto (Open Access) Mulheres Tembé-Tenetehara: entre saias, memórias, subjetividades e fotografias(Universidade Federal do Pará, 2023-04-27) CARDOSO, Ana Shirley Penaforte; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366Esta tese é resultado de uma pesquisa etnográfica com Indígenas mulheres do povo Tembé Tenetehara, que vive na Terra Indígena Alto Rio Guamá, TIARG, localizada no estado do Pará. O estudo parte de vivências e da observação em campo com a liderança cultural Kuzà’í, a pajé Francisca e com informações sobre a trajetória da capitoa Verônica Tembé, falecida em dezembro de 2013. A pesquisa utilizou a fotografia como um elemento de interação e análise, com a qual elaborou uma etnografia à luz da antropologia visual. O objetivo desta articulação teórico-metodológica foi observar as convergências entre os enunciados verbais e visuais, que possibilitem compreender a produção historicamente construída sobre povos indígenas forjando uma identidade, a partir da ótica de colonialidade, conceito que se distancia do modo como os próprios indígenas observam seu cotidiano. Buscou-se assim refletir sobre uma imagem simbólica construída historicamente do que seria uma mulher indígena e analisar aspectos dessa produção imagética que se conflita com o olhar dos indígenas, cuja apreensão se distancia bastante da versão que os próprios indígenas têm sobre si mesmos. Busquei analisar as subjetividades entre as mulheres Tenetehara em meio às práticas culturais e às movências históricas do seu Povo, que os singulariza, diante das 305, Povos Indígenas que vivem atualmente no Brasil, das quais possuem 275 línguas ‘locais’ (IBGE, 2010), estas informações e as observações do campo possibilitam notar a generalização imposta historicamente a Povos Indígenas no país, prevalecendo, uma ideia da “índia” e do “índio”, em uma espécie de matriz eurocêntrica, marcada pelo exotismo, que desconsidera as particularidades destes povos, horizontalizados em uma perspectiva de colonialidade do poder, de dispositivo colonial que atravessa a história e encontra eco na contemporaneidade. Evidencio o protagonismo das indígenas mulheres, a partir do conceito de corpo-território (CELENTANI, 2014; XAKRIABÁ, 2018; KARIPUNA, 2021), que atravessa seus modos de vida. A imagem aqui é concebida como um instrumento de conhecimento, de memória, de percepção do corpo destas mulheres em meio a seus espaços de lutas, de direitos e de conquistas que é o Território, nos distanciando da matriz imposta e marcada pela colonialidade do olhar.Tese Acesso aberto (Open Access) “Não brinca com São Benedito”: um estudo antropológico das narrativas nas devoções beneditinas de Bragança - PA(Universidade Federal do Pará, 2016-08-11) SANT'ANNA, Elcio; MAUÉS, Raymundo Heraldo; http://lattes.cnpq.br/0915136632611666Este é um estudo sobre as “narrativas de São Benedito nas festividades de Bragança do Pará”, que marcam de maneira indelével o calendário da microrregião, de maneira mais acentuada entre os 18 a 26 de dezembro há quase de 218 anos. As histórias de São Benedito dariam conta de sua franca atividade em que o Santo acionado pela fé, na forma de pedidos, rezas, traria benesses, curas e endireitaria a vida dos fieis. A pesquisa se orienta especialmente por uma abordagem não reducionista, a fim de evitar dicotomias tais como mito e rito, festividades e narrativas. Por isto adota abordagem para pensar um modelo compreensivo, chamado aqui de experiências agoráticas que tem por objetivo lançar luzes sobre as imagens vistas na vivência etnográfica, de modo a não dissociar as narrativas e festas. Por isto pesquisa, junto aos esmoladores e seus Encarregados, as narrativas do Santo no percurso emaranhado das esmolação. Resgatar a história da marujada como contexto institucional-festivo para as narrativas beneditinas no bojo da esmolações. Deste modo, percebe uma “meshwork” de narrativas é formada a partir das viagens dos esmoladores de São Benedito, construindo “mapas verbais” da devoção na região dos colonos. E concentra-se em dado momento na figura dos Encarregados de Comitivas de Esmolação como “narradores de São Benedito”. Além disso, ele apresenta narrativas exemplares, reforçando o impacto do conteúdo da devoção dos colonos, deixando clara a competência performativa de contadores de histórias.Tese Acesso aberto (Open Access) No vai e vem das marés, o movimento da vida: mulheres, família e trabalho na Ilha de Quianduba, Abaetetuba/PA(Universidade Federal do Pará, 2016-04-29) AMARAL, Waldileia Rendeiro da Silva; MOTTA-MAUÉS, Maria Angelica; http://lattes.cnpq.br/7861116876230464Neste estudo apresento uma aproximação à dinâmica e variabilidade cultural das famílias de um segmento social da Amazônia, historicamente chamado (nem sempre por eles mesmos) de ribeirinho, em uma localidade, situada na região das Ilhas de Abaetetuba. A partir da relação família & trabalho, sem esquecer as injunções de gênero, com ênfase ao protagonismo feminino frente à dinâmica atual da organização familiar, busco compreender como se atualizam as configurações de família no tocante ao seu perfil, ao conjunto (mesmo variável) de seus membros, os aspectos relevantes que conformam o espaço de convivência familiar. Atento para a organização das atividades de homens e mulheres (sem esquecer as crianças) quanto ao provimento material e afetivo, o uso do dinheiro, a realização das tarefas da casa e da produção, sempre com atenção às formas pelas quais as relações entre os gêneros se processam na vida diária, considerando a geração e as etapas do ciclo de vida e, sobretudo, o significado que dão, nesse contexto, à experiência vivida.Tese Acesso aberto (Open Access) Noivado e ritos pré-nupciais: um estudo sobre significados, experiências e codificações de uma unidade cultural(Universidade Federal do Pará, 2019-05-24) ALENCAR, Breno Rodrigo de Oliveira; RODRIGUES, Carmem Izabel; http://lattes.cnpq.br/5924616509771424Esta tese tem como objetivo compreender o lugar do noivado e dos ritos pré-nupciais na teoria antropológica. Adotando como escopo o conceito de unidade cultural, a mesma analisa o modo como as crenças e os comportamentos nupciais são formula-dos, estimulados ou reprimidos tendo como interface a decomposição dos códigos que fazem deste ritual a principal expressão do processo de aliança em segmentos urbanos. Chamando atenção para a revisão bibliográfica, a primeira parte do trabalho enfatiza a pluralidade de recortes interpretativos e a relevância do noivado como ca-tegoria de análise, seja no âmbito dos rituais contemporâneos, seja para a interpreta-ção da aliança nos estudos do parentesco. Esta parte da tese também se dedica a identificar os valores, processos e símbolos que regulam a escolha do noivado como um tipo de relacionamento no mundo urbano, adotando, como fonte de reflexão, as contribuições de Thales de Azevedo e o vocabulário que permeia seus significados nas redes sociais, na imprensa e no cinema. A segunda parte da tese enfatiza a inter-locução com os sujeitos, tendo a mesma se dado a partir de entrevistas realizadas como noivos e noivas nas cidades de Belém, Teresina e Brasília. Seu principal obje-tivo é descrever o processo através do qual os códigos nupciais são incorporados à biografia e socialização dos interlocutores, levando-se em conta o papel dos mesmos como agentes e intérpretes desta experiência. A terceira parte, por fim, explora a me-diação protagonizada pelo mercado e a igreja católica que, atuando como instituições codificadoras, disciplinam, respectivamente, os símbolos em torno da ritualização nup-cial e os valores e significados relativos à identidade conjugal. Esta abordagem se pauta em pesquisa etnográfica realizada em Feiras de Noivas e Encontros de Prepa-ração para o Casamento ("cursos de noivos") nas cidades de Belém e Teresina.Tese Acesso aberto (Open Access) OLHARES DA/NA CI(S)DADE: transexualidades/travestilidades, raça e práticas nos espaços citadinos de Belém – PA “em plena luz do dia”(Universidade Federal do Pará, 2023-03-19) GOMES, Gleidson Wirllen Bezerra; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Esta tese tem como objetivo compreender as relações entre as transições de gêneros de pessoas trans/travestis e suas práticas nos espaços (CERTEAU, 2014) citadinos de Belém “em plena luz do dia”. Assim, a etnografia aqui proposta foi elaborada a partir de referências e reflexões da Antropologia Urbana, em diálogo com os estudos de gênero, sexualidades e raça. Teve como uma de suas bases as narrativas biográficas (ROCHA; ECKERT, 2013a) de cinco interlocutoras/es que, a partir de suas trajetórias de vida, permitiram refletir sobre as questões de gênero, sexualidade e raça implicadas em seus trânsitos cotidianos pela cidade. Além das entrevistas semiestruturadas voltadas para as trajetórias de vida, foram utilizadas também as narrativas e reflexões das pessoas trans/travestis sobre Belém, bem como realizei observações diretas com elas/eles, utilizando a técnica da etnografia de rua (ROCHA; ECKERT, 2013b) para descrever e interpretar as situações ocorridas em lugares de Belém como ruas, praças, calçadas e, também, em seus deslocamentos na urbe dentro de coletivos. Os dados etnográficos assim construídos foram organizados em “cenas”, com inspiração em Perlongher (1984), nas quais é possível perceber as performances (TURNER, 2015; CHECHNER, 2012) nelas contidas, gestos e expressões faciais, evidenciando os olhares dos desconhecidos na capital paraense como um dos micro-gestos que compõe as interações (GOFFMAN, 2014) urbanas das pessoas trans/travestis, quando elas têm seus corpos ora questionados, ora desejados, ou observados com curiosidade, demonstrando parte da complexidade do estilo de vida urbano nesta cidade amazônica. Nesses jogos de olhares são também percebidas territorialidades (PERLONGHER, 1984; 2008) em suas demarcações simbólico-espaciais em Belém, o que nos ajuda a pensar na ideia de uma ci(s)dade, ou seja, uma cidade que tem em seus fundamentos a cisgeneridade e a branquitude, atuando nas delimitações dos espaços concretos da urbe e compondo parte das relações sociais nela vivenciada.
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