Teses em Comunicação, Cultura e Amazônia (Doutorado) - PPGCOM/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/15151
Navegar
Submissões Recentes
Tese Acesso aberto (Open Access) O movimento da Zwanga African fashion: comunicação e moda ativista como prática decolonial na Amazônia-amapaense(Universidade Federal do Pará, 2024-12-20) NEVES, Lúcio Dias das; AMARAL FILHO, Otacílio; http://lattes.cnpq.br/2605877670235703; https://orcid.org/0000-0001-5467-8528A tese faz uma análise sobre a compreensão da experiência comunicativa das mulheres que participaram dos desfiles de moda propostos pela Zwanga nas edições de 2020, 2022 e 2023, bem como de uma pequena amostra dos homens que participaram da edição de 2023. A importância de estudar a Zwanga como lócus de pesquisa doutoral transcende a moda, visto que ela articula a economia criativa, o empreendedorismo, o resgate da autoestima dos afrobrasileiros. A fundamentação teórica teve como base as obras de pesquisadores da Amazônia como Amaral Filho (2016), tendo suas ideias reforçadas em autores como Tarcízio Silva (2020), Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres e Ramón Grosfoguel (2018) e Molefi Kete Asante (2009) que robustecem as ideias sobre decolonialidade com base na cultura local, o racismo, o marabaixo, quilombismo e outras manifestações da cultura afroamapaense e uma importante aproximação sobre a Zwanga e outras manifestações culturais do Amapá. A pesquisa de comunicação é de natureza básica, tendo como estudo de caso o meio para a investigação sobre as tradições e heranças afroamapaenses que atravessam o movimento da Zwanga. Sob esse enfoque, optamos por uma pesquisa do tipo explicativa e participante – uma vez que o autor faz parte e se conhece neste processo, para estudar fenômenos pontuais, de modo analítico e crítico, referentes ao universo da moda afroempreendedora no Amapá – a experiência da Zwanga. Para coleta e análise de dados foram utilizadas diversas entrevistas abertas com a afroempreendedora e entrevistas semiestruturadas com mulheres e homens que participaram dos eventos de moda e sociais da Zwanga entre o período de 2020–2023.Tese Acesso aberto (Open Access) O cárcere e o relato de si: abjeção e normas regulatórias na experiência de mulheres sobreviventes ao centro de reeducação feminino(Universidade Federal do Pará, 2014-10-02) FONSECA, Nathália de Sousa; LAGE, Leandro Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/2396184188116499; https://orcid.org/0000-0002-6814-9640Neste trabalho, investigamos para compreender como se tecem relações entre normas regulatórias, os sistemas interseccionais de desigualdades e a abjeção que foram verbalizadas por nossas interlocutoras, em seus relatos de si, ao investigar a experiência de mulheres que já foram encarceradas. Os relatos de si são a materialização da violência ética - que pode ser subjetiva - na vida das interlocutoras da pesquisa. Essa forma de violência é afetada pelas normas regulatórias, pela interseccionalidade e pela abjeção – que se configuram como gramáticas morais que são mobilizadas para organizar a inteligibilidade antes do presídio e dentro dele. Por meio deste problema, buscamos compreender a tessitura da relação entre normas regulatórias, sistemas interseccionais de desigualdades e abjeção através de relatos de si de mulheres que já foram internas no Centro de Reeducação Feminino (Belém-PA). Para isso, nos propomos a investigar se ou de que forma o movimento de relatar-se a si mesma das mulheres concernidas é marcado por negação de humanidade, imposição de normas generificadas e por práticas atravessadas por marcadores sociais de diferenças (gênero, raça, classe e sexualidade), ou mesmo seu questionamento. Metodologicamente, os conceitos centrais que animam o trabalho são utilizados como as categorias analíticas, e se mostraram profícuos na análise. Dentre os resultados, temos a imposição da cena de interpelação que versa sobre o momento da prisão como primeiro relato de si das interlocutoras, a “mulher a não ser” na compreensão de como as normas regulatórias de gênero configuram que mulheres são mulheres encarceradas, a intersecção que se desdobra na “patente” de riqueza e os privilégios que se entrelaçam com ela; operante nos sistemas interseccionais e na abjeção temos a realidade de mulheres que foram encarceradas a partir da condição de estarem em situação de rua, a essas, a abjeção interpela de modo que são negadas ao estatuto do sujeito, enquadradas como sujas, e mesmo nos sistemas interseccionais de desigualdades refletem o outro lado da “patente”, desprovidas de respeito entre as mulheres encarceradasTese Acesso aberto (Open Access) Tensões interseccionais e giro decolonial no fazer poético da escritora paraense Roberta Tavares(Universidade Federal do Pará, 2025-02-22) VIDAL, Claudia Valeria França; LAGE, Leandro Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/2396184188116499; https://orcid.org/0000-0002-6814-9640A presente tese defende que a literatura brasileira escrita por mulheres paraenses é um espaço saturado de relações interseccionais de poder por ser atravessado por discriminações baseadas em diferenças sociais herdadas do violento processo de colonização europeia nas Américas. Isso se dá porque agentes sociais ao interagirem se engajam em relações nas quais procuram alcançar seus interesses exercendo pressões uns sobre os outros, ou seja, gerando forças de poder que em cada sociedade tomam diversas formas e que se sobrepõem acentuando umas às outras (Foucault, 1995). Embora o poder não seja uma substância que se possa reter e que relações de poder também gerem movimentos de resistência, processos históricos de dominação criam formas opressivas mais estáveis porque historicamente prolongadas e naturalizadas em uma sociedade, porém, em certos espaços a intensidade com que atuam interseccionalmente as tornam mais evidentes (Collins 2022). Assim, o objetivo geral desta pesquisa é investigar a reverberação de tensões interseccionais de gênero, racialização e classe social no fazer poético de Roberta Tavares considerando sua especificidade de mulher e pessoa negra e quilombola vivendo e produzindo literatura no estado do Pará no século XXI. Com esse propósito, discutimos as origens coloniais das opressões de gênero, racialização e classe presentes na constituição do espaço social brasileiro que afetam sobretudo mulheres racializadas como a escritora. Além disso, traçamos um panorama diacrônico do campo da literatura paraense de autoria feminina para compreender as condições do contexto atual que contribuem para acolher ou dificultar a emergência de sua produção. Ademais, pensamos sobre as obras de Tavares tendo em conta sua referida especificidade. A justificativa dessa pesquisa no âmbito da Comunicação é a perspectiva do texto literário como unidade enunciativa que integra um processo comunicativo em diálogo com outras, como propõem Gadamer (1999), Ricoeur (2010) e Bakhtin (2010). A decisão em centrar a investigação no fazer poético da escritora Roberta Tavares deveu-se a sua representatividade no recorte a partir de levantamento realizado na presente pesquisa entre 2021 e 2022 que catalogou 136 escritoras paraenses em atividade a partir de obras do acervo pessoal preexistente da pesquisadora. A investigação foi direcionada pela combinação das abordagens de pesquisa com afetos (Moriceau, 2020) e a interseccional e realizada combinando as metodologias bibliográfica e documental. Foram adotados cinco eixos de análise, o primeiro dizendo respeito à materialidade dos três livros individuais da escritora e os demais concentrados nos poemas de seu livro artesanal “Mulheres de Fogo”. Além dos estudos já mencionados, o aporte teórico foi composto principalmente de autores que discutem historiografia literária brasileira e gênero, tais como Gotlib (1998), Duarte (2004; 2018) e Dalcastagnè (2018), colonialidade e decolonialidade na América Latina, tais como Quijano (2005), Mignolo (2017), Maldonado-Torres (2019) e Carneiro (2023), e feminismos de orientação decolonial, tais como Gonzalez (2018), Lugones (2014) e Ribeiro (2019). Concluímos que o fazer poético de Tavares se alinha a escrevivências (Evaristo, 2020) e é disruptivo em relação à tradição hegemônica e que o contexto paraense atual é mais propício à sua emergência em comparação a períodos históricos anteriores.Tese Acesso aberto (Open Access) Publicidade digital : apropriações e implicações na atuação publicitária de profissionais de Belém do Pará no contexto da midiatização profunda(Universidade Federal do Pará, 2025-02-19) SOUSA, Thatianne Silva; VIEIRA, Manuela do Corral; http://lattes.cnpq.br/1758973354834768; https://orcid.org/0000-0003-2034-5359Este trabalho tem como temática a publicidade digital no contexto da midiatização profunda e como objeto empírico a opinião de publicitários de Belém do Pará. Sendo assim, as questões direcionadoras da pesquisa são: como os modos de produção e circulação da publicidade digital no contexto da midiatização profunda, que se dão de modo global, são apropriados em contextos locais e quais as implicações sobre a atuação publicitária de profissionais de Belém do Pará?. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com metodologia de inspiração cartográfica e utilizamos como métodos, levantamento bibliográfico, pesquisa documental e o trabalho de campo, com a aplicação da técnica de entrevistas pessoais semiestruturadas. O campo desenvolveu-se em três etapas, a saber: campo I, entrevistas com pesquisadores de publicidade, para compreensão da temática das transformações da publicidade no ambiente digital; campo II e campo III, entrevistas com profissionais publicitários, para identificar percepções sobre publicidade digital e implicações nas suas práticas. Os acionamentos teóricos realizados, para diálogo com as entrevistas de campo, foram de midiatização profunda e dataficação; midiatização na Amazônia; fluxo publicitário digital; transformações do campo e do trabalho publicitário; e formação e ética publicitária. Como resultados, a partir das entrevistas com os profissionais publicitários, identificamos que: eles têm compreensão sobre as transformações do fazer e circular da publicidade no digital, mas limitações nas questões relacionadas à regulação e regras das plataformas e, por vezes, de como atuar diante de dilemas éticos impostos pelo mercado; a publicidade em Belém do Pará enfrenta desafios que são próprios da região, exigindo equilíbrio entre relevância local e transformações globais; e, como principal achado, as relações entre formação acadêmica, ética publicitária e particularidades do contexto local, sendo pilares essenciais para compreensão e atuação publicitária no ambiente digital. Por fim, compreendemos que avançar na direção de uma publicidade relevante, formação e atuação ética, requer um (re)pensar constante das práticas publicitárias, sempre considerando as perspectivas das identidades locais e valorização regionais.Tese Acesso aberto (Open Access) Territorialidades de enunciações: as Amazônias na tetralogia Amazônica, de Benedicto Monteiro(Universidade Federal do Pará, 2024-09-24) OLIVEIRA, Airton Souza de; CASTRO, Fábio Fonseca de; : http://lattes.cnpq.br/5700042332015787; http://orcid.org/0000-0002-8083-1415Em grande parte as noções a respeito das Amazônias, sejam elas simbólicas ou reais estão marcadas, sobremaneira, por processos de disputas que envolvem diretamente os tecidos sociais, as Identidades/identificações, os fatores culturais, econômicos, religiosos e políticos. À custa disso, determinados discursos supostamente hegemônicos e seus signos homogêneos, binários, centrados na ideia de pureza, superioridade e centralidade, utilizando-se de uma argumentação estruturada na manutenção de poder. Considerando que essas relações estão, de maneira intrínseca, sempre marcadas por dinâmicas atravessadas por tipificações e a intersubjetividade, principalmente por meio de elementos que foram historicamente silenciados, objetiva-se com esta tese mostrar, a partir da Tetralogia Amazônica, de Benedicto Monteiro, como os tecidos sociais e as suas experiências endógenas contribuem para interrogar e tensionar determinadas representações simbólicas sobre as Amazônias, maiormente com base em noções como a de territorialidades de enunciações. Para isso, o marco teórico desta pesquisa tem como base autores como, Castro (2010; 2011; 2018), Sarmento-Pantoja (199; 2002; 2005; 2019), Pinto (198O; 1982; 1991; 2002; 2012), Loureiro (1992; 2009; 2015), Pachêco de Souza (2020), dentre outros/as. Para tanto, procede-se a interpretação de um projeto de Amazônias que está presente nos romances da Tetralogia Amazônica. Em vista disso, observa-se que essas narrativas problematizam diversas questões ligadas às territorialidades, às temporalidades e às identidades/identificações. O que nos faz concluir que as narrativas contribuem para dar visibilidade aos tecidos sociais, as suas tipificações, à intersubjetividade e às territorialidades amazônicas, com base na noção de territorialidades de enunciações, conforme veremos e que determinadas formações discursivas tentaram silenciar, em do que aqui estamos considerando como a noção de territorialidade enunciada.Tese Acesso aberto (Open Access) As mulheres da resistência e megaprojetos na Amazônia: comunicação, território e luta em Barcarena (PA)(Universidade Federal do Pará, 2024-04-24) SILVA, Leonardo de Souza; COSTA, Vânia Maria Torres; http://lattes.cnpq.br/7517564393392394; https://orcid.org/0000-0002-0493-8763A ideologia da modernidade presente na América Latina trata-se de uma ontologia criada pelos governos europeus, cujos pilares foram construídos com base no racismo e no patriarcalismo. Essa herança adentrou as nossas veias e encontra-se presente na Amazônia brasileira a partir dos megaprojetos de mineração, os principais exemplos contemporâneos da modernidade planejada pelos ocidentais, especialistas na comercialização da natureza. Baseada na ausência do diálogo e dando jus ao histórico, a atividade promove a desigualdade entre minorias como as mulheres. Os megaempreendimentos apresentam implicações nas vidas das mulheres e, pensando nisso, nos propomos a investigar e alcançar narrativas de mulheres que fazem parte desta realidade. Com base em etnografias e análise de conteúdo temática, pesquisamos as histórias de vida, os impactos da mineração e as lutas de três lideranças femininas de Barcarena (PA) contra os megaprojetos. Analisamos as suas memórias e narrativas sobre a mineralização do território, os seus conhecimentos e os caminhos aderidos para resistir. E destacamos o uso do WhatsApp como principal dispositivo interacional de organização e mobilização da luta. Esta pesquisa pretende ressoar as narrativas dessas personagens historicamente invisibilizadas, julgadas e apresentadas como destituídas de agência política no território mineralizado, mas que utilizam as vozes, o corpo, a união e a esperança para resistir, negando o que está posto e lutando por direitos.Tese Acesso aberto (Open Access) O cinema de luta dos Mêbengôkre-Kayapó: as múltiplas dimensões de resistência nos filmes e práticas de produção do Coletivo Beture(Universidade Federal do Pará, 2024-08-30) GOMES, Angela Nelly dos Santos; LAGE, Leandro Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/2396184188116499; https://orcid.org/0000-0002-6814-9640Esta pesquisa analisa o cinema produzido por cineastas indígenas Mebêngôkre-Kayapó a partir dos filmes e práticas de produção do Coletivo Beture, que reúne cineastas dessa etnia no estado do Pará. O objetivo é compreender de que modo o cinema do Coletivo Beture MebêngôkreKayapó expressa dimensões ou sentidos de resistência a partir de suas obras e práticas de produção fílmicas, em relação com as lutas sociopolíticas ou culturais da etnia. Para compreender como o cinema é apropriado e transformado em aliado nessas lutas, e em quais dimensões isso ocorre ou se expressa, examinamos as obras do Coletivo Beture representativas de sua produção; observamos e analisamos a prática de produção do grupo visando entender como se relacionam aos processos de resistência do povo Mebêngôkre; quais são as motivações e finalidades do fazer cinematográfico e como o Coletivo Beture se apropria das técnicas, tecnologias e linguagem cinematográfica ou audiovisual e as adapta a seus objetivos de acordo com a sua cosmovisão. É uma pesquisa qualitativa desenvolvida através de análise fílmica e pesquisa de campo com entrevistas abertas e participação observante. O aporte teórico é interdisciplinar na medida em que alia aos estudos fílmicos e da imagem a crítica latinoamericana na perspectiva dos estudos decoloniais, assim como conceitos afins aos estudos indígenas advindos da antropologia, sociologia e geografia, que possuem convergência com o tema em análise, a fim de compreender os sentidos de resistência que se expressam, constituem ou que atravessam o cinema Mebêngôkre. A pesquisa destaca a complexidade do cinema Mebêngôkre e do Coletivo Beture, que nasce e se desenvolve de forma imbricada às questões sociopolíticas e culturais da etnia e dos povos originários como um todo. Concluímos que o cinema do Coletivo Beture é um cinema de luta e reexistência, uma prática de resistência multifacetada, pois surge e se expande de forma intrínseca às lutas por direitos em vários sentidos, pela preservação e demarcação de territórios, pela afirmação como produtor de suas imagens, narrativas e memórias, e apresentação de seus modos de ver e estar no mundo. Um cinema que é também operador de mediações na complexa inter-relação étnica e intercultural com a sociedade indígena e não indígena, e com isso transcende a produção de imagens enquanto forma de expressão artística.Tese Acesso aberto (Open Access) Entrelaces da resistência: comunicação e práticas emancipatórias de mulheres negras trançadeiras da Amazônia(Universidade Federal do Pará, 2023-06-13) SOUSA, Raissa Lennon Nascimento; AMORIM, Célia Regina Trindade Chagas; http://lattes.cnpq.br/9650931755253248A pesquisa tem enfoque nas práticas emancipatórias de mulheres negras trançadeiras que vivem na Amazônia paraense (Belém/Pará). Compreendemos a atividade trancista como experiência comunicativa de resistência, autonomia econômica e superação das opressões que atingem mulheres negras amazônidas. O trançado, para negras e negros, não é apenas uma questão de estética ou vaidade, representa um encontro com a ancestralidade africana e com a afirmação de uma identidade que é relegada historicamente em uma sociedade racista. Para Nilma Lino Gomes (2019), o cabelo e o corpo podem ser considerados expressões da identidade negra brasileira, uma vez que são símbolos de relações de violência e de desigualdades étnico-raciais. O objetivo deste trabalho é entender, à luz da comunicação e das ciências sociais, os atravessamentos que as mulheres trançadeiras vivem no referente a questões como racismo, identidade negra, colonialidade, ancestralidade, territorialidade e resistência. Entendemos que a cultura do trançado na Amazônia possibilita formas singulares de comunicação divergentes da lógica do sistema patriarcal branco capitalista e colonialista. Como caminhos metodológicos com inspiração em Kilomba (2019), utilizamos uma investigação centrada nos sujeitos, por meio de entrevistas não diretivas (em profundidade) com mulheres negras trancistas, que trabalham em Belém do Pará. A partir dos relatos extraídos desse diálogo, entrelaçamos uma epistemologia descolonial e afrodiaspórica, no qual as narrativas das mulheres é que nos mostram os caminhos da pesquisa. Somos amparados pela noção da organização do vínculo e do “comum” de Muniz Sodré (2014), na teoria crítica de Paulo Freire (2018), nas reflexões de raça e gênero de Grada Kilomba (2019), bell hooks (2017) e Nilma Lino Gomes (2019), e na perspectiva da negritude na Amazônia de Zélia Amador de Deus (2019) e Vicente Salles (1971), entre outros. As práticas emancipatórias das mulheres trançadeiras acontecem por meio da superação das dificuldades econômicas, na solidariedade, na valorização de uma identidade racial negra, feminista e amazônida e, sobretudo, na relação comunicativa de ancestralidade negra promovida pelo trançado.Tese Acesso aberto (Open Access) Estratégias discursivas e relações de poder na Imprensa de Vigia, Pará, no século XIX: O Liberal da Vigia, O Espelho e Cidade da Vigia(Universidade Federal do Pará, 2023-11-02) SANTA BRÍGIDA, Jessé Andrade; SEIXAS, Netília Silva dos Anjos; http://lattes.cnpq.br/2301685130625189Esta pesquisa se concentra na análise da expansão da imprensa na região amazônica durante o século XIX, com destaque para a cidade de Vigia, no Pará. Os jornais O Liberal da Vigia, O Espelho e Cidade da Vigia servem como objetos empíricos para investigação. A pesquisa formulou o problema central de como esses periódicos se tornaram espaços de circulação das relações de poder na cidade de Vigia durante o século XIX, por meio das estratégias discursivas que adotavam em suas apresentações aos leitores. Os objetivos gerais incluíram a identificação das estratégias discursivas e ideais políticos e sociais promovidos pelos jornais de Vigia, a análise do papel desses periódicos na instalação e manutenção da imprensa na cidade, a investigação da circulação de discursos na cidade e a avaliação da importância dos jornais como meios de comunicação e sujeitos discursivos. A metodologia utilizada envolveu a análise de discurso de vertente francesa, dos periódicos, com ênfase na identificação das estratégias discursivas relacionadas à apresentação editorial e aos sentidos políticos e sociais propostos pelos jornais nas 83 edições disponíveis em acervos. Além disso, a pesquisa utilizou análise documental e bibliográfica para contextualizar o período estudado e a relevância dos periódicos da época. Os resultados revelaram que os jornais eram simples, frequentemente com entre duas e cinco colunas de texto, com diagramação criativa, considerando as limitações de recursos. O conteúdo dos periódicos variava, com destaque para a pauta política nos jornais O Liberal da Vigia e O Espelho, alinhados ao Partido Liberal, que enfatizavam questões de educação e letramento. O Cidade da Vigia, ligado ao Partido Republicano, apresentava conteúdo administrativo devido ao número limitado de edições disponíveis, mas ainda refletia posturas políticas importantes. As estratégias discursivas adotadas pelos impressos estavam associadas à política e à religião, refletindo a relação dos habitantes de Vigia com questões católicas e propondo a ideia de civilidade que não ignorava a religião como parte fundamental da identidade do grupo social. O Espelho utilizava uma estratégia peculiar, alternando textos em prosa e verso para elevar o debate político para o campo das ideias, enquanto O Liberal da Vigia e o Cidade da Vigia destacava sua filiação a partidos políticos como meio de legitimar suas propostas. Embora não tenhamos encontrado uma defesa unificada da imprensa como instituição na cidade, os jornais desempenharam papéis importantes na circulação de discursos políticos e sociais, contribuindo para a consolidação do poder político na cidade. Os resultados indicam a necessidade de preservação e estudo desses periódicos, destacando seu papel na história da Amazônia e do Brasil. Essa pesquisa representa um primeiro passo para futuros estudos sobre jornais em outras cidades paraenses nos séculos XIX e XX.Tese Acesso aberto (Open Access) Os moradores de Belém e suas relações com a cidade: tessitura de uma cartografia comunicativa(Universidade Federal do Pará, 2023-04-12) KABUENGE, Nathan Nguangu; COSTA, Alda Cristina Silva da; http://lattes.cnpq.br/2403055637349630A presente tese analisou as construções narrativas que os moradores de Belém fazem de si, do outro e de Belém. Considerando as construções imaginárias que se estabelecem entre os moradores da capital paraense, o medo se constitui como um dos tensionamentos na tessitura das narrativas. Na análise, indagou-se: Como a cartografia de Belém permite observar os processos comunicativos de construção de si, do outro e da cidade? A pergunta instigou a buscar saber como os moradores de Belém se percebem numa relação entre o eu e o outro. No contemporâneo, a compreensão dessa relação Eu-Tu se justifica porque tal relação tem-se configurado como calculista, na medida em que faz do outro um Isso, e não o eu exteriorizado determinante no entendimento do agir humano. Como percurso metodológico, elaborou-se uma cartografia comunicativa, com a finalidade de tecer os sentidos atribuídos pelos indivíduos a si mesmos e ao outro, assim como aos espaços por eles vivenciados. A cartografia foi apreendida como relação de poder, tensões e força na negociação de sentidos e no controle do espaço enquanto produto das práticas e relações sociais. Nessa construção, 15 entrevistas narrativas foram realizadas com moradores de 14 bairros de Belém, de janeiro a outubro de 2022. As análises de tais entrevistas tiveram inspirações nas aberturas teórico metodológicas: da narrativa-hermenêutica de Ricoeur, e as explicações sobre o desdobramento das mímesis I, II e III; da cartografia de Deleuze e Guattari; da dimensão ontológica da relação Eu-Tu em Buber; e da dimensão ética da relação face-a-face de Lévinas. A partir das histórias dos interlocutores sobre e de Belém, identificou-se como foi formado um quadro geral, denominado de ―quadro afetivo‖, com ramificações em outros quadros: urbanístico, sociocultural e de segurança. No quadro afetivo, os moradores cartografam a cidade de Belém de forma afetiva e pessoal. Em todos os quadros, emergiram experiências comunicativas categorizadas em três dimensões: a) no centro da cidade – uma forte relação da comunicação enquanto possibilidade ou incomunicação; b) na periferia, a comunicação como diálogo; e c) em Belém como um todo – a comunicação enquanto relação de alteridade. Os resultados da pesquisa apontaram para uma cartografia das relações, dos afetos, das intensidades, dos conflitos, das disputas de sentidos, das resistências, da territorialidade, desterritorialidade e da reterritorialidade, que cotidianamente os moradores de Belém vivem e fazem para tornar a cidade um lugar do possível, pois este mesmo lugar comporta, ao mesmo tempo, o sentir-se seguro e em perigo, em que há riqueza e pobreza. Apesar desses problemas, os moradores de Belém se esforçam, através das manifestações culturais, para vibrarem junto em torno da cidade.Tese Acesso aberto (Open Access) Espetáculos Culturais Amazônicos: a festa como resistência e experiência estética(Universidade Federal do Pará, 2023-03-24) LIMA, Nair Santos; AMARAL FILHO, Otacílio; http://lattes.cnpq.br/2605877670235703; https://orcid.org/0000-0001-5467-8528A tese trata das festas da cultura amazônica com ênfase nos espetáculos culturais, as quais, ao longo do tempo, vêm sendo ressignificadas, a partir de seus lugares de tradição. A visibilidade desses eventos ocorre por meio da midiatização, processo auferido pelos meios tecnológicos de comunicação e potencializados por um modelo de globalização, que os naturaliza como produto mercadológico. Na condução da pesquisa evidenciou-se a diferença entre “festas amazônicas”, que são as manifestações culturais no âmbito do território brasileiro (Amazônia Legal), e “festas da cultura amazônica” – culminando com os “espetáculos culturais amazônicos”, que são aquelas constituídas da experiência estética do imaginário dessas populações e, portanto, próprias da cultura ribeirinha ou cabocla. Percebeu-se, ainda que o termo “caboclo” tem se reconfigurado desde que os saberes desses povos revelou uma importância ímpar no contexto cultural e inseridos nos espaços acadêmicos das várias ciências, consubstanciando-se, sobretudo, na ideia de uma cultura amazônica específica, de características intrínsecas do ser amazônico, como também da compreensão de pesquisadores amazônicos sobre o tema. O lócus de enunciação ocorre nas cidades de Juruti e Santarém, no estado do Pará e na cidade de Parintins, no Amazonas, cujo corpus de análise são: a festa das tribos, a festa do Sairé, e o festival folclórico de Parintins. A pesquisa bibliográfica foi o procedimento que conduziu todas as fases desse estudo e a análise do fenômeno se fundamenta teórica e metodologicamente na conversão semiótica – atividade mental de natureza simbólica produzida pelo pensamento humano e que atua na produção de novos sentidos. O corpus tem por base três documentários contemplados pela lei Aldir Blanc referentes às três festas, porém, outros audiovisuais sobre o ambiente das festas postados no YouTube, e selecionados por critério de relevância, representatividade e participação dos organizadores e/ou “fazedores da festa” serviram de apoio para a análise. Sob essa perspectiva, compreende-se que os espetáculos culturais amazônicos são meios de expressividade e resistência de uma cultura que opera como forma de comunicação, e que por meio da plataforma YouTube e linguagens da comunicação digital ou midiatizada, transpõe-se o local, ganha visibilidade, lucro e produz novos sentidos, quer sejam pelo restabelecimento dos vínculos de pertencimento com a cultura local ou dos modos de festejar e do estar-juntos.Tese Acesso aberto (Open Access) Comunicação, neoconservadorismo e reconhecimento: tensões, contradições e disputas acerca das noções de família no Brasil em ambientes de visibilidade ampliada(Universidade Federal do Pará, 2023-09-29) SEREJO, Elias Santos; LAGE, Danila Gentil Rodriguez Cal; http://lattes.cnpq.br/4593992869253877; https://orcid.org/0000-0003-3243-8368As crises democráticas e as rupturas políticas marcadas pelo golpe de 2016, que polarizaram o debate público no Brasil, nos mostraram que as noções de família têm pautado as discussões contemporâneas, sobretudo quando tensionadas a partir dos avanços das lutas por reconhecimento encampadas pelas populações LGBTQIA+ e das mulheres, por meio do debate feminista de gênero. Em diferentes espaços, pudemos assistir à mobilização do conceito de família tradicional, ou nuclear, como recurso de enfrentamento às mudanças sociais oriundas da visibilidade de outras relações e formas de ser e viver. Ao mesmo tempo, também vislumbramos em arenas de debates a afirmação de que, como um constructo histórico-social, a entidade familiar é mutável e diversa. Nesse contexto, nos perguntamos: quais argumentos são postos na esfera pública para defender uma ou outra forma de lidar com o tema? E os media como atuam nesse contexto? Essas perguntas instigaram esta pesquisa. Nosso objetivo geral neste trabalho é compreender como as noções de família pautam o debate político contemporâneo a partir das tensões oriundas da atuação de movimentos sociais e dos sentidos produzidos acerca da categoria família nos media. Especificamente queremos: a) Identificar quais sentidos/noções sobre família emergem em diferentes contextos comunicacionais; b) Investigar quais argumentos sobre família emergem em diferentes contextos comunicacionais a partir da tensão ocasionada pelas relações entre pessoas LGBTQIA+; c) Identificar quais marcos contemporâneos são determinantes para o debate sobre famílias na agenda política; d) Entender qual noção de política ou de democracia que subjaz os discursos sobre famílias e quais elementos/características/aspectos da entidade familiar estão em disputa; f) Compreender como os movimentos sociais de espectros políticos distintos (conservadores e progressistas) constroem suas agendas políticas acerca da categoria família. Para isso, nos debruçamos sobre um arcabouço teórico a fim de compreender os elementos que levaram à ascensão da extrema direita em democracias ocidentais, a conveniente parceria entre neoconservadores e cristãos fundamentalistas, sobretudo evangélicos, e a força do neoliberalismo operando como racionalidade nas relações sociais; o papel dos media na inserção de temáticas para discussão na esfera pública e como os movimentos sociais se apropriam de ambientes de visibilidade ampliada para reverberar suas pautas. O corpus de análise consiste em textos publicados nos portais de notícias O Globo e Estadão; e o conteúdo de sites de organizações progressistas (Abrafh e Aliança LGBTI+) e conservadores (Instituto Plínio Corrêa Oliveira e Movimento em Defesa da Família). Para responder nossas questões, desenvolvemos uma Análise de Conteúdo com suporte tecnológico do software Iramuteq, que nos auxiliou na sistematização dos dados. Para cada dimensão estabelecemos temáticas elaboradas a partir da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) oriunda do Método de Reinert, produzido pelo software. A tematização nos permitiu compreender os argumentos sobre famílias disponibilizados que versam sobre a defesa de uma estrutura rígida, que contribui com a manutenção da tradicionalidade e uma noção ampliada de família. A família é percebida como uma entidade central na sociedade e nas discussões contemporâneas, especialmente em momentos de crise política. A relação entre tradição e família é complexa, onde a tradição pode reforçar a família, mas também pode limitar seu entendimento e aceitação de novas formas de família. Existe uma tensão entre as visões tradicionais da família e as lutas por reconhecimento, especialmente das populações LGBTQIA+. A "família tradicional" é frequentemente contraposta às mudanças sociais e à visibilidade de outras formas de relacionamentos.Tese Acesso aberto (Open Access) Geração 60+ na internet : relações tecnológicas, tensões e produção de sentidos na pandemia de Covid-19(Universidade Federal do Pará, 2023-02-14) SIMÕES, Camila de Andrade; CUNHA, Elaide Martins da; http://lattes.cnpq.br/3778190981135428; https://orcid.org/0000-0001-7723-7055O presente estudo se interessa pelas relações de pessoas com 60 anos ou mais junto às tecnologias cotidianas, em especial, durante a pandemia de Covid-19. Os anos de referência (2020 e 2021) são marcados por uma crise de saúde vivida mundialmente, de administração ondulante, no que diz respeito aos Estados-Nação e, ainda, internamente. No Brasil, medidas de afastamento físico e orientações de higiene se tornaram assunto central e, nesse contexto, as tecnologias digitais de comunicação tomaram centralidade não antes vista. Ao considerar grupos de pessoas que eventualmente tenham apresentado afastamentos mais evidentes em relação às telas conectadas, independentemente da pandemia, o recorte da pesquisa parte da experiência da pessoa idosa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que parte de uma visada meta comunicacional na tentativa de abarcar o fenômeno do fazer social ampliado, tendo como eixo explicativo as relações comunicativas cotidianas. Algumas das frentes teóricas ativadas durante a argumentação vêm de Vera França e Paula Simões (2016), como também de Vera França em reflexão solo (2018), de Jesús Martín-Barbero (1997), de Adriana Braga e Édison Gastaldo (2009), junto às contribuições de Stig Hjarvard (2015), de Vilso Junior Santi (2018), de José Luiz Braga (2007), de Göran Bolin (2020), além de Daniel Miller (2007), Paula Sibilia (2014 e 2019), Michel Foucault (2009) e Giorgio Agamben (2009), com outros e outras que contribuíram com a discussão. Em resumo, são conceitos e constructos no campo do envelhecimento (cronológico e social), das identidades (gerações), da cultura material e das relações de poder, partindo de um conjunto de sentidos produzidos pelos interlocutores e interlocutoras da pesquisa. Como métodos de coleta, o formulário digital e os grupos de foco foram utilizados. Nesse sentido, a Análise Temática (AT) se mostrou um caminho de interesse, com a flexibilidade necessária, na busca por padrões nas falas, a caminhos de significações e sentidos produzidos pelos investigados. No auxílio da tarefa, o software Iramuteq foi utilizado nas frentes de análises estatística, de similitude, na classificação hierárquica descendente e apresentação de nuvens de palavras. Ao abrir o leque dos achados, se reforça a preocupação de partida sobre a heterogeneidade das experiências dos sujeitos e sujeitas com mais idade. Condições de vida, de saúde, econômicas e de relação familiar, por exemplo, vão influenciar diretamente na chamada independência (mais conectada às questões físicas) e na almejada autonomia (tomada de decisão; autogoverno). Para eles e elas, a principal tela utilizada foi o telefone celular e para falar com familiares e amigos. Entre aqueles e aquelas que mantiveram relações profissionais ativas, durante o período verificado, foi possível perceber um menor campo de atritos. De modo geral, os sentidos que emergiram dessas relações são paradoxais – contém frentes, grosso modo, positivas e negativas – e traduzidos nas tecnologias vistas como acesso, porta para novos aprendizados e possibilidades, ao mesmo tempo que um conjunto de espaços de perigo, insegurança e mistério, principalmente, entre aqueles que utilizaram o termo medo para se referir às experiências e relações digitais.
