Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC por Orientadores "HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira"
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Tese Acesso aberto (Open Access) Das tramas do mito aos (des)caminhos da história: a travessia do herói nas literaturas cervantiana e rosiana(Universidade Federal do Pará, 2018-08-22) COLLINGE, Márcia Denise da Rocha; JACKSON, Kenneth David; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A presente tese consiste numa investigação comparada cujo foco é a constituição dos heróis no Quixote (1605/1615), de Miguel de Cervantes (1547-1616), e no Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967), no intuito de revelar o protagonista Riobaldo como figura análoga ao Cavaleiro da Triste Figura, ao circunvalar a tradição do heroísmo mítico. Do umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões, ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e Gustav Jung (1875-1961). Do diálogo proposto entre esses e outros intérpretes, deslindo as diversas faces do herói, em uma investigação histórico-artística, desde o mito em suas categorias clássicas, tais como o herói épico e o trágico, até seus desdobramentos medievais, barrocos e românticos. Na exegese das obras, apresento a metamorfose do mito literário Dom Quixote, cuja jornada imprime marca indelével ao mosaico heroico universal — qual imagem eterna. O aprofundamento deste estudo revela como o engenhoso cavaleiro assinala-se na memória da literatura brasileira, pelo empoderamento dos temas cervantinos, sobretudo na obra de Guimarães Rosa, o qual entrevê no gênio cervantino dimensões para um novo sistema de criação de heróis — entressachados, cheios de lúcidos intervalos no enganoso sertão mineiro. Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9) o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo manchego e o chefe Quixote jagunço.Tese Acesso aberto (Open Access) Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de grande Sertão Veredas nas traduções para o espanhol(Universidade Federal do Pará, 2018-06-12) CARVALHO, Leomir Silva de; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de Grande sertão: veredas nas traduções para o espanhol é uma pesquisa que tem por escopo analisar comparativamente, sob o enfoque do conceito de emancipação estética, neologismos de Grande sertão: veredas (1956) em suas traduções para o espanhol, ambas intituladas Gran sertón: veredas nas edições espanhola (2000) e argentina (2009). Fundamenta-se no conceito de emancipação estética segundo a Estética da Recepção de linha jaussiana e, no campo de Estudos da Tradução, no pensamento de Haroldo de Campos (1929-2003) e de Antoine Berman (1942-1991). O entendimento de neologismo dialoga estreitamente com os Estudos Literários, enfatizando seu potencial criativo para a obra de partida e a possibilidade de abertura e tensão para as obras de chegada, de acordo com os procedimentos adotados por cada tradutor. Elaborou-se um corpus de investigação que utiliza o glossário anexo produzido com neologismos selecionados de estudos críticos, do vocabulário de Castro (1982), bem como da correspondência trocada entre Guimarães Rosa e Ángel Crespo, o tradutor espanhol, priorizando nesta última como recorte o interesse pela linguagem. A metodologia de trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliográfico no qual se investiga o potencial emancipatório do diálogo entre obra e leitor, no âmbito estético-receptivo. Posteriormente, traçam-se paralelos entre tradução e crítica e entre tradução e criação literária segundo o pensamento de Campos (2006). Ademais, expõe-se a ideia de autonomia, no campo da ética tradutória de Berman (2002) e, por meio de sua analítica, baseia-se a posterior análise do corpus selecionado dentro do âmbito dos Estudos da Tradução. Segue-se a isso, o estudo de textos do próprio Guimarães Rosa relatando seu interesse pela linguagem e pelo uso de neologismos, ao lado de textos de leitores críticos como Proença (1959), Daniel (1968), Castro (1982), Martins (2001), Martins (1946), Xisto (1970) e Campos (1970), que se preocuparam com tais questões acerca do romance. Procede-se, então, à análise das traduções expondo as leituras críticas de Bedate (2009), Vargas Llosa (2007), Maura (2012), Cámara (2012) e García (2014) e também dos tradutores, para, em seguida, examinar os neologismos de Grande sertão: veredas, que compõem o glossário, verificando as diferentes soluções dadas por cada tradutor de acordo com tipologias estabelecidas por meio do exame do modo como Guimarães Rosa aborda o neologismo em seu romance. As tipologias determinadas para o atual estudo foram as seguintes: utilização de onomatopeias, utilização de outras línguas, utilização de tupinismos, utilização de expressões populares e criação de palavras de sentido provável ou oculto. Finalmente, com o diálogo entre as leituras críticas e a análise do glossário, investiga-se a presença do caráter emancipador nas obras de chegada.Tese Acesso aberto (Open Access) O leitor verá...: itinerário da obra literária de Josué de Castro(Universidade Federal do Pará, 2019-02-25) OLIVEIRA, Thiago Azevedo Sá de; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A frase-título O leitor verá..., a princípio utilizada pelo escritor e crítico Olívio Montenegro (1896-1962) a fim de se referir à originalidade dos contos concebidos por Josué de Castro (1908-1973) incorpora-se como epigrafe ao presente estudo, no sentido de apontar o horizonte de circulação e recepção da obra literária produzida pelo referido médico e escritor pernambucano. Não obstante, por meio desta análise, objetiva-se intermediar algumas das nuances interpretativas que consolidam a múltipla história de leitura da obra josueniana. O drama social da fome, tratado de forma ontológica por Castro, a partir de ensaios, dos contos do Documentário do Nordeste (1937), da cartilha poética A festa das Letras (1937), publicada com a coautoria de Cecília Meireles, e do romance Homens e caranguejos (1967) antecipa o “valor explorado pelo narrador, na translação de sentido da esfera ética para a estética” (BOSI, 1996, p. 13). A tese O leitor verá... O itinerário da obra literária de Josué de Castro sustenta o processo hermenêutico com base nos pressupostos da Estética do efeito (ISER, 1983; 2013), da Estética da recepção (JAUSS, 1979), da Geocrítica (BERGEZ et al., 1999), da Teoria da tradução (BENJAMIN, 2001; BERMAN, 2009; CARVALHAL, 1993) e da Artetnografia (LYRA, 2013). Expõe-se a “ciclópica atividade arquitetônica” da obra de Castro (MELO, 2011; 2012) a contrapelo da interpretação movida por seus leitores. Valendo-se da teoria comparativa, verifica-se no processo de leitura dos textos literários de Josué de Castro o histórico de formação e consolidação do público-leitor. Registra-se interpretação que remete desde à leitura impressionista (MONTENEGRO, 1958; 1959; TOBELEM, 1974), até à crítica recente (CARDOSO, 2007; FARIA, 2008; SILVA, 1998; 2012). Indagam-se ainda os condicionantes de reconhecimento da produção literária josueniana; o papel da crítica na apreciação teórica; e as apropriações incorporadas pelos leitores/tradutores no horizonte de expectativa da obra. O acervo literário de Josué de Castro conserva latente a necessidade de revisitá-lo. Recorre-se à recepção efetuada desde 1930, quando da circulação dos primeiros contos e poemas de Josué de Castro de modo a ressaltar os diversos contextos de publicação e significação da obra, com destaque para a baixa da produção acadêmica verificada durante os anos de 1970 e 1980, em função de veto do Governo Militar brasileiro de 1964 aos textos do escritor. A condição de exilado também concorreu para o ofuscamento dos textos literários josuenianos. Assim, retoma-se o estudo da história de leitura da obra literária de Josué de Castro, dando a ver o juízo construído pelo público, responsável pela atualização recepcional. Em sentido lato, discorrer sobre os aspectos da tradução do romance Homens e caranguejos contribui para que o leitor contemporâneo reflita sobre o modo como o texto ficcional de Castro despreende-se da experiência escrita, sendo alvo de releituras por ação da música e da dramaturgia.Tese Acesso aberto (Open Access) No escuro coração do século XX: uma proposta dialética entre Eric Hobsbawm e Guimarães Rosa(Universidade Federal do Pará, 2017-10-31) TEIXEIRA, Everton Luís Farias; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Nesta Tese é proposto um estudo comparativo entre as obras de João Guimarães Rosa (1908-1967) — com destaque para o romance Grande sertão: veredas (1956) e os “cronicontos” alemães de Ave, palavra (1970) — e a historiografia de Eric Hobsbawm (1917-2012), enfeixada em Bandidos (1969) e Era dos Extremos (1994). O fio aparente que liga as produções destes dois observadores históricos do século XX é a preocupação de ambos com o homem comum em detrimento aos fatos históricos e aos espaços geográficos demarcados. O presente exame espera demonstrar como a história ocidental no século XX infiltra-se na particular inscrita desse autor brasileiro, seja pelo cosmopolitismo do terror forjado em ―O mau humor de Wotan‖, seja pelo remoto sertão caracterizado como o próprio mundo pela fala do protagonista Riobaldo. Acerca desta obra, afirma-se que esta topografia, diferente da tradição regionalista, se erige tal qual uma metonímia de todos os lugares, portanto, distante de um saudosismo sertanejo. Alguns exemplos dessa ressonância histórica abundam nesse romance, como os grandes fenômenos vivenciados no século passado: a emancipação feminina e a crítica aos modelos liberais, os quais geraram os bandidos sociais em algumas regiões do globo, e com estes um acontecimento específico na passagem do século XIX para o XX: a eclosão dos primeiros Estados-paralelos de procedência rural originada pelas catástrofes ocorridas na Europa, as quais levaram as personagens das narrativas ―A velha‖ e ―A senhora dos segredos‖ a acreditarem na ilusão de liberdade em território brasileiro. Assim, os temas da ―nova mulher‖ e dos movimentos de resistência social nas periféricas zonas do capitalismo são de grande relevância tanto para a obra rosiana, quanto para o trabalho deste intelectual britânico, pois, em ambos, a documentação histórica se constitui em algo circunstancial em que as dimensões míticas dialogam com as composições ideológicas. Tendo a ambiguidade como a tônica das relações humanas e de poder do século XX e da ficção rosiana, o jagunço ficcional ora se assemelha ao paladino robinwoodiano, arquétipo ideal do bom bandido, quanto ao criminoso comum, figura proscrita pelas leis do Estado e pela aceitação do público geral. Este trabalho analisa — com o auxílio da Estética da Recepção e das contribuições críticas de Antonio Candido (1918-2017) — o percurso traçado pelas sociedades ocidentais no breve século XX no intuito de encontrar outras formas de subexistir em meio à desintegração dos valores desenhados pelo iluminismo setecentista. Integrando essas construções estético-científicas, é possível estabelecer uma interpretação mais completa de uma das muitas faces da realidade contemporânea, época em que o globo, perplexo, observou ruir impérios e a civilidade diante da barbárie praticada em regiões, como o sertão (real ou metafórico), esquecidas pelo capitalismo e pelo desgastado poder público. Nesta dialética, por um lado, amplia-se o estudo do tema do banditismo social hobsbawmiano, acrescentando-se à sua tipologia a figura do jagunço, por outro, denota-se em Guimarães Rosa uma atitude excepcional diante da violência e da barbárie observada em um período de exceção como o nosso em que todas as escritas se configuram em cantos de sobrevivência ou réquiens da liberdade.Tese Acesso aberto (Open Access) No resflor da idade: a velhice em Corpo de baile(Universidade Federal do Pará, 2022-02-28) HENRIQUE, Rosalina Albuquerque; CASTILO, Luís Heleno Montoril del; http://lattes.cnpq.br/3519128535996125; https://orcid.org/0000-0002-2507-5346; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278; https://orcid.org/0000-0003-3971-9007Nesta tese, propõe-se uma discussão em torno das figurações da velhice com base nas narrativas das personagens de Corpo de baile (1956), Camilo, Cara-de-Bronze, Liodoro, Manuelzão e Rosalina, escritas por Guimarães Rosa (1908-1967), cujas estórias nos fazem discutir acerca da condição humana deles que permanece ainda inacabada ao ser assinalado a evocação do seguinte discurso: o de que a atual condição de velho não os destina ao nada. Em oposição a isso, continuam a alimentar sentimentos, desejos e projetos. Ao se destacar a importância da produção literária de Guimarães Rosa para o cenário da literatura brasileira, assinalar-se-ão algumas considerações sobre a velhice (de ontem à terceira idade de hoje) e sua correlação com a morte. O trabalho está alicerçado em pesquisas de caráter bibliográfico, como as de Beauvoir (2018), Ariès (2014), Elias (2001), Bosi (1994), Bolsanello, A.; Bolsanello, M. (1981), Kübler-Ross (1981, 1996), Debert (1988, 1999) e Cícero (2006, 2011), e, além de algumas produções críticas de estudiosos das obras rosianas: Rónai (2020), Oliveira; Schröder (2020), Salles (2020), Leonel; Nascimento (2018), Diogo (2017), Mendonça (2013), Lucchese (2011), Ferraz (2010), Holanda (2009), Fantini (2008), Zilberman (2007), Xisto (1991), Brasil (1969), Ramos (1968), Candido (1964), Lins (1963), Secco (1994, 2003), Martins (1996, 2001), Passos (2000, 2007), Roncari (2007, 2008), Atroch (2013, 2017), Marchelli (2016, 2018), Nunes (1957, 1998, 2000, 2009) e Vasconcelos (1996, 1997, 1998). O escopo teórico é o da Estética da recepção, proposto por Jauss (1994, 1982, 2002) por meio de uma hermenêutica centrada no leitor com base em Gadamer (2002), na qual o interesse primordial reside na maneira como a obra de arte deveria ser recebida, levando em conta a relação entre texto e leitor ou ainda entre efeito e recepção, sem perder de vista a importância do valor e da experiência estética da obra recebida e para quem está destinada, assumindo-se, nesse sentido, uma nova postura para o leitor em que a obra literária só existe quando é motivada por este sujeito, fulcral tanto para o conhecimento estético quanto histórico. Por último, baseado no método estético-recepcional serão estabelecidas discussões pertinentes à velhice em Corpo de baile, sem que se deixe de lado a relação do indivíduo com o tempo, o mundo e com a sua própria história.Tese Acesso aberto (Open Access) O prazer estético diante das atrocidades narradas por Erich Remarque e Guimarães Rosa(Universidade Federal do Pará, 2018-02-28) SILVA, Leonardo Castro da; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A presente tese elege como corpora o romance Nada de novo no front (1929) de Erich Maria Remarque (1898-1970) e as crônicas “O mau humor de Wotan”, “A velha” e “A senhora dos segredos” presentes em Ave, palavra (1970) de Guimarães Rosa (1908-1967). Pensando-se no romance alemão, cuja temática gira em torno da Primeira Guerra Mundial e nos textos rosianos moldados pelo contexto da Segunda Guerra Mundial, propõe-se aplicar os teóricos Márcio Seligmann-Silva (1964) em O local da diferença (2005), Zygmunt Bauman (1925) em Modernidade e Holocausto (1998) e Hannah Arendt em (1906-1975) Eichmann em Jerusalém (1963) e Origens do Totalitarismo (1951) para se discutir o corpora em diferentes perspectivas sobre a guerra, visando a compreender como os textos literários podem contribuir ou até causar tensões para a teoria. A perspectiva central do trabalho será o manejo do corpora sob a teoria da Estética da Recepção de Hans Robert Jauss (1921-1997) e da Hermenêutica definida por Benedito Nunes (1929-2011) em Hermenêutica e poesia (1999) bem como o diálogo do teórico alemão com seu mestre Hans Georg Gadamer (1900-2002) e Martin Heidegger (1889-1976), pensando na historicidade transcendental e na temporalidade do ser. Na ótica das teorias acerca da guerra o texto do teórico brasileiro assumirá dois momentos dentro do trabalho, sendo o primeiro de aplicação dos fundamentos psicanalíticos do trauma, choque, neurose de guerra, entre outros, enquanto que o segundo será de questionamento de O local da diferença sobre sua proposta da sobreposição do ético sobre o estético. Em relação ao sociólogo polonês além do manejo das obras literárias sob sua concepção, abordar-se-á como, por meio da estética de Nada de novo no front, já é possível se apontar elementos capazes de fazer com que o homem já se possa perguntar pela lição razão versus emoção que, para Bauman, é somente perceptível no Holocausto, porém, ao se aproximar Remarque e Guimarães, observar-se-á que, por meio de elementos estéticos, obviamente diferentes da sociologia, se pode inverter tal noção, ou seja, fica mais notória a relação razão versus emoção no romance alemão do que nas crônicas rosianas. Tratando da pensadora alemã examinar-se-á como a obra Nada de novo no front oferece imagens analisáveis pela teoria de Arendt, assim como também mostra personagens complexos que se deixam banalizar pelo mal, depois pensar e julgar por si mesmos, questionando o poder do Estado e, por último, se tornarem novamente indiferentes com o outro. Examinando-se o corpora segundo a concepção jaussiana e a Hermenêutica, levando-se em consideração as premissas teóricas acerca da guerra mostrar-se-á como o leitor atual pode ter uma experiência estética de prazer diante do terror infligido ao homem no século XX e como o contexto do Holocausto pode ser interpretado como uma violência mais branda do que se mostra na mídia e nas teorias acerca da guerra, já que o receptor terá um primeiro contato com a Primeira Guerra Mundial mediante o romance remarqueano.Tese Acesso aberto (Open Access) A recepção latino-americana da obra de João Guimarães Rosa(Universidade Federal do Pará, 2019-02-28) VITAL, Marcellus da Silva; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278O estudo da recepção das obras de João Guimarães Rosa na América Latina é o intuito maior da pesquisa elaborada para o desenvolvimento da minha tese de doutoramento em Estudos Literários. Para tanto, farei o mapeamento da recepção crítica elaborada em língua espanhola por parte dos críticos e dos tradutores latino-americanos das obras de João Guimarães Rosa. Além de elaborar um importante serviço para a difusão da literatura rosiana em países de língua espanhola, alguns tradutores demonstraram maior envolvimento com a obra traduzida ao interagirem criticamente com o texto, em sua atividade profissional. Assim, em seu processo de compreensão do livro que está sendo transposto de uma língua para outra, o tradutor acaba por executar valorosa tarefa hermenêutica ao escrever suas considerações críticas a respeito da obra literária que está sob sua responsabilidade. Nos capítulos iniciais da tese, essencialmente de natureza teórica, exponho as sete teses que compõem a Estética da Recepção, elaborada por Hans Robert Jauss, assim como abordo a ideia de Transculturação narrativa proposta por Ángel Rama, além de falar sobre o processo pelo qual os países da América Latina passaram em busca da obtenção de uma identidade literária. Dentre os estudos produzidos pelos interlocutores latino-americanos de Guimarães Rosa, destaco aquele elaborado pelo pensador uruguaio Ángel Rama (1926-1983), um dos grandes cultores da “Geração de 45”, responsável pelo desenvolvimento de um modelo de produção intelectual que se preocupou em pensar a América Latina dentro de um contexto socioeconômico-cultural. Seu modo de investigar a questão latino-americana instigou pensadores contemporâneos seus a seguirem o mesmo modelo de raciocínio. Nos capítulos seguintes, a cartografia da recepção crítica das obras de Guimarães Rosa será o foco central, objetivo maior da elaboração da tese. Divididos por proximidade geográfica ou ainda por afinidades socioculturais, os países que compõem os capítulos desse mapeamento recepcional rosiano pertencem à América do Sul e à América Central, onde textos críticos de qualidade sobre as narrativas de Guimarães Rosa foram produzidos. Transpondo a barreira idiomática, a literatura rosiana alcançou a recepção crítica latino-americana, ao produzir uma ruptura com as abordagens tradicionais, reelaborando os aspectos constitutivos das representações de uma determinada regionalidade brasileira, no caso, a sertaneja, passando-a ao plano universal. Isso faz das obras de João Guimarães Rosa algo verdadeiramente artístico do ponto de vista estético-recepcional, visto que se observa o quanto os procedimentos estéticos desenvolvidos por Guimarães Rosa promovem um distanciamento entre o já conhecido da experiência estética do público leitor e o novo.Tese Acesso aberto (Open Access) Representações de uma modernidade na produção literária de Milton Hatoum(Universidade Federal do Pará, 2019-12-17) OLIVEIRA, Jean Marcos Torres de; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Este trabalho visa ao estudo dos romances de Milton Hatoum que compõem o ciclo amazônico, a saber, Relato de um certo Oriente (1989), Dois irmãos (2000) e Cinzas do Norte (2005), divididos em seções distintas, de acordo com a cronologia de suas publicações, procurando abarcar o tema da modernidade, dita fraturada contida nos elementos da narrativa e no nível formal das obras, que refletem uma fratura que se encontra, também, nos elementos externos à obra, ou seja, a Manaus real em contraste com a Manaus ficcionalizada. Para tanto, utilizarei autores como Marshall Berman (1988) e Nelson Melo e Souza (1999), além de outros que, porventura, se mostrem necessários para formular minha compreensão da modernidade. Analisarei os elementos de cada narrativa que são mais relevantes para o estudo da obra, variando entre o espaço, personagens, narrador ou tempo, todos com aspectos característicos da sociedade industrial moderna, tomando como base as ideias acerca da “Revolução chamada Indústria”, do segundo teórico, — na qual a modernidade estaria inserida — tendo em vista o desenvolvimento da cidade, ora de fausto, ora de miséria, que se mostra marginalizante e desigual, favorecendo camadas hierarquicamente superiores da sociedade e criando barreiras ideológicas e físicas entre elas e grupos excluídos dos centros, com a extinção programada como a dos igarapés e de outros espaços da vida amazônica. O método é o estético-recepcional, de Hans Robert Jauss, autor que, também, é apresentado para tratar da modernidade de forma pontual (1955, 1965, 1982, 1983, 1987, 1994 e 1996). A respeito da crítica especializada, além de artigos, dissertações, teses e livros utilizados durante a análise de cada romance, estão presentes, no fim de cada tópico, trabalhos de maior fôlego que apresentem temas considerados relevantes para as propostas de análise nas obras de Milton Hatoum. Destaco, por exemplo, Vera Lúcia Azevedo (2016) e Ana Luiza Maia (2011), acerca de Relato de um certo Oriente; Antonio Mantovani (2009) e Mireille Garcia (2017), sobre Dois irmãos; e Cecília Rodrigues (2012) e Gilson Penalva (2012) a respeito de Cinzas do Norte. Com isso, pretende-se um estudo que sustente uma expansão da compreensão dos romances, assim como uma interpretação que se baseie, também, no estudo da crítica, seja para questioná-la, seja para estabelecer um diálogo com a tese proposta.
