Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Tese Acesso aberto (Open Access) La enseñanza del español en el sistema universitario brasileño: propuesta para una buena práctica docente(Universidade Federal do Pará, 2014-11-20) CARRERA, Carlos Cernadas; RODRÍGUEZ YÁÑEZ, Xoán Paulo; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039O recente crecemento significativo do ensino de español no Brasil e a consecuente necesidade de formar profesores desta lingua ven demandando das institucións de Ensino Superior un coidado especial no proceso de formación de futuros docentes. Así, o obxecto de estudo desta tese céntrase na docencia, en súas múltiples dimensións pedagóxicas. O obxectivo xeral é o de analizar, segundo a perspectiva dos autores referenciados, as implicacións do traballo docente no desenvolvemento do proceso de ensino-aprendizaxe nas disciplinas que tratan especificamente da Lingua e Cultura Hispanófona nos Graos en Letras-Español en dúas universidades Ŕ a Universidade Federal do Pará e a Universidade da Amazônia, situadas na cidade de Belém, no estado do Pará (Brasil). Derivadas deste obxectivo formuláronse preguntas, dirixidas a profesores e alumnos, que orientaron o desenvolvemento do estudo. A opción metodolóxica adoptada ten como fundamento os principios da abordaxe cuanticualitativa, considerando os presupostos do paradigma fenomenolóxico, con procedementos descriptivoanalíticos, na perspectiva da triangulación de métodos e suxeitos como unha forma de integrar os diferentes aspectos do estudo. Participaron como suxeitos da investigación profesores e alumnos das dúas institucións. Os dados foron recollidos vía análise documental, cuestionarios con preguntas abertas e pechadas e entrevistas semiestruturadas. As respostas ás preguntas pechadas dos cuestionarios foron traballadas con procedementos estatísticos descritivos e as respostas ás preguntas abertas e as entrevistas foron analizadas con procedementos específicos da análise de contido. Os resultados revelaron que as prácticas docentes presentan algúns puntos críticos, centrados principalmente na planificación, no proceso avaliador, na infraestrutura e no clima relacional. Sen embargo, estas dificultades non se constitúen en obstáculos insuperables, incluso porque outros aspectos foron valorados positivamente por profesores e alumnos, principalmente os relacionados co traballo co contido, os procedementos metodolóxicos e o uso dos recursos didácticos. De maneira xeral, existe unha manifesta opinión positiva en relación á práctica docente dos profesores das dúas institucións. Da análise destes resultados derívanse algunhas recomendacións que poderán contribuír para unha reflexión conxunta da comunidade implicada con vistas ó perfeccionamento da práctica docente nos Grados de Licenciatura en Letras-Español en Brasil.Tese Acesso aberto (Open Access) A reconstrução histórica da cabanagem em “Lealdade” e da guerra civil moçambicana em “As Duas sombras do rio”(Universidade Federal do Pará, 2015) BARROS, Liliane Batista; PADILHA, Laura Cavalcante; http://lattes.cnpq.br/0119590982312606; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria Pereira; http://lattes.cnpq.br/3707451019100958Nesta tese, pretendemos analisar comparativamente a reconstrução histórica da Cabanagem e da Guerra Civil Moçambicana nos romances Lealdade (1997), de Márcio Souza e As duas sombras do rio (2003), de João Paulo Borges Coelho. Para tanto, apresentaremos um breve percurso histórico da colonização brasileira e moçambicana, bem como o período da independência e pós-independência, além do percurso teórico sobre o romance histórico, resistência, memória, bem como a teoria sobre o espaço, nesse caso o rio, que utilizamos como ferramenta de análise. Utilizando o rio como fio condutor de nossa análise. Na obra de Borges Coelho, a análise foi feita a partir das travessias das personagens pelos rios que foram desencadeadas pela chegada da guerra civil. Fixamos nossa leitura em Leónidas Ntsato personagem que metaforiza Moçambique dividido em dois pela guerra civil e destacamos o papel do narrador neste romance. Na narrativa de Márcio Souza acompanhamos as viagens de Fernando, narrador do romance, que tem sua biografia entrelaçada aos acontecimentos que desencadearão a Cabanagem anos mais tarde. Cada um com seu estilo, os dois romancistas revisitam as agruras das duas guerras que tem como palco o Norte do Brasil e de Moçambique que são espaços periféricos desde os tempos coloniais.Tese Acesso aberto (Open Access) A vida nua em Dalcídio Jurandir: metamorfoses do estado de exceção(Universidade Federal do Pará, 2017-02-17) MORAES, Viviane Dantas; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria PereiraO projeto estético e ético do escritor brasileiro Dalcídio Jurandir se dedica em construir uma imagem decadente e grotesca da Amazônia reveladora de uma crise da existência humana, sociocultural e política. Deste modo, o escritor oferece um panorama de problemas sociais e humanitários que transformam a Amazônia em um campo de sobrevivência. Em diálogo com a teoria do estado de Exceção e com o conceito de vida nua, do filósofo Giorgio Agamben, os romances de Dalcídio Jurandir fortalecem a ideia de que o estado de Exceção, ou seja, a ausência do Estado e da ordem jurídica é uma prática inerente à estrutura política do ocidente, inclusive dos governos democráticos. A narrativa literária dalcidiana, portanto, atravessando um questionamento sobre o progresso nos demonstra que a vida nua está presente para além dos regimes de Exceção, pois ela se encontra presente nas catástrofes e barbáries camufladas no cotidiano da sociedade contemporânea.Tese Acesso aberto (Open Access) Ficção e traduções de fãs na internet: um estudo sobre reescrita, colaboração e compartilhamento de fanfictions(Universidade Federal do Pará, 2017-02-23) REIS, Fabíola do Socorro Figueiredo dos; LEAL, Izabela Guimarães Guerra; http://lattes.cnpq.br/2507019514021007; STALLAERT, ChristianeO presente trabalho apresenta uma análise do processo de tradução das fanfictions (histórias de fãs) para a língua portuguesa, uma das inúmeras atividades praticadas por fãs em comunidades virtuais. Este processo apresenta sistemas e técnicas que se moldam em antigas práticas, com agentes que alternam de função de um momento a outro, adequando-se sem maiores problemas as mudanças na tarefa proposta. É necessário compreender como, nesta atividade, a fanfiction é duplamente reescrita – tanto quando os fãs (os leitores-autores) fazem uso de personagens de outros autores em novas histórias paralelas, quanto na tradução, pois, segundo Lefevere (1995), traduzir é sempre um ato de reescrita. Este estudo apresenta o conceito de reescrita antes de discutir outros aspectos relacionados à tradução de fanfictions, como o tempo de publicação de cada capítulo e/ou a relação entre leitor-autor da fanfiction original e seu(s) tradutor(es). Outro aspecto que esta pesquisa apresenta é que, na era digital, as relações entre as entidades como autor, leitor e tradutor se tornam complexas, uma vez que essas entidades não podem mais ser percebidas em sua forma fixa. Os papéis desempenhados por elas são intercambiáveis e essa maleabilidade é acentuada pelo uso das máquinas, o que confere a essas entidades a imagem de ciborgues: são autores, leitores e tradutores ao mesmo tempo. Dicotomias como as de autor e leitor, tradutor e leitor, leitor e revisor se modificam no ciberespaço. Com o crescimento do acesso à internet as perguntas relacionadas ao futuro da prática da escrita, leitura e tradução continuam aumentando: será possível que na época digital os limites entre escritor, leitor e tradutor sejam desfeitos e que realmente todos possam assumir esses papéis ao mesmo tempo? Do ponto de vista das ciências humanas, a era digital obriga a repensar categorias de trabalho tradicionalmente construídas em função de papéis diferenciados e separados por fronteiras nítidas, como as categorias de autor, leitor e tradutor. A aparição da internet possibilitou a criação de novos gêneros e promoveu o compartilhamento no ciberespaço daquilo que antes era restrito a apenas uma parte da população. O ciborgue é aquele ser que está tanto no mundo real quanto no mundo paralelo da internet, alguém que está por trás de uma máquina e que consegue se envolver virtualmente em diversos campos, publicando e interagindo com leitores e autores. O leitor-ciborgue por trás de um computador possui diversas funções e habilidades ao mesmo tempo. Em Modernidade Líquida (2001), Bauman explica que certos padrões de dependência e interação humana são maleáveis como um fluido. Essa é uma metáfora que pode ser usada para descrever os estudos literários e a era digital, com seus usuários fluindo em diversas direções e mudando o curso de categorias que antes eram pré-definidas, como as de autoria e tradução. A partir dessa noção de fluidez, esta tese lida com os conceitos de tradução e certas dicotomias, como leitura/autoria ou autoria/tradução, com a mesma liquidez que Bauman define nossos tempos. A tradução de fanfiction, o processo analisado neste trabalho, precisou ser retirada do mar da internet com uma rede de pescador (num corpus de cinco histórias das comunidades de fãs de Rurouni Kenshin, Crepúsculo e InuYasha) para ser estudada.Tese Acesso aberto (Open Access) Rearranjo de valência na Língua Parkatêjê (Timbira)(Universidade Federal do Pará, 2017-02-24) NEVES, Cinthia de Lima; FERREIRA, Marília de Nazaré de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/4291543797221091Diversos pesquisadores realizaram trabalhos sobre os povos Timbira: Apaniekrá (CASTRO ALVES, 2004, 1999); Apinajé (DAVIS, 1966; OLIVEIRA, 2003); Krahô (SOUZA, 1997, 1990); Krinkati (CASTRO ALVES, 2004; AMADO, 2004); Parkatêjê (NEVES, 2012; FERREIRA, 2003; ARAÚJO, 1989) Pykobjê (SÁ, 1999; AMADO, 2004); Ramkokamekrá (DAVIS, 1966; POPJES & POPJES, 1986). À exceção dos estudos contrastivos de Alves (l995), Alves & Sá (2000) e Alves (2002), o Timbira não conta com trabalhos que descrevam/comparem/contrastem determinados aspectos nas línguas que compõem o complexo dialetal, principalmente aqueles que são recorrentes e produtivos nessas línguas, como o processo de mudança de valência. Em algumas línguas, como o Parkatêjê, o fenômeno necessita de aprofundamento, contemplando questões gerais que permitam estender a pesquisa às outras línguas Timbira e, posteriormente, às línguas Jê do Norte (Panará, Suyá, Kayapó). A proposta deste trabalho é descrever, do ponto de vista morfossintático e semântico, os mecanismos envolvidos nos processos de rearranjo de valência em Parkatêjê, comparando àqueles atestados em outras línguas Timbira, a fim de contribuir com trabalhos de cunho descritivo, histórico e/ou comparativo de línguas Jê e das línguas em geral.Tese Acesso aberto (Open Access) Perfil geossociolinguístico do Português em contato com línguas Tupí-guaraní em áreas indígenas dos estados do Pará e Maranhão(Universidade Federal do Pará, 2017-03-04) GUEDES, Regis José da Cunha; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006A presente tese consiste num mapeamento do perfil geossociolinguístico do português em contato com línguas pertencentes à família Tupí-Guaraní, em áreas indígenas dos estados do Pará e Maranhão, com o propósito de trazer contribuições ao conhecimento dos comportamentos linguísticos dos falantes e da variação fonética do português em contato com cinco línguas indígenas, quais sejam: Suruí Aikewára, Asuriní do Tocantins, Tembé, Guajajára e Guaraní Mbyá. Os pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia e Geografia Linguística (GILLIERON, 1902; NASCENTES, 1953; ROSSI, 1963), da moderna Dialetologia e da Geossociolinguística (RAZKY, 1996; CARDOSO, 1999; AGUILERA, 2008), da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (RADTKE; THUN, 1996), e do contato de línguas (WEINREICH, 1953; FISHMAN, 1978; THOMASON, 2001) nortearam a realização deste estudo. O aporte metodológico adotado foi inspirado nos instrumentos desenvolvidos pelo Comitê Nacional do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB, especialmente em um de seus instrumentos de coleta de dados: o Questionário Fonético-Fonológico (QFF), que possui 159 perguntas. Esse questionário foi adaptado, incluída a solicitação da correspondência em língua indígena para cada umas das respostas obtidas em português. Além desse instrumento, foi aplicado um QFF Complementar, com 37 perguntas, que objetivou o registro de fenômenos fonéticos específicos do contato do português com essas línguas indígenas, e um Questionário Sociolinguístico de 21 questões sobre comportamentos linguísticos e comentários metalinguísticos/epilinguísticos. Foram previstos dez colaboradores por ponto de inquérito, de ambos os sexos, estratificados em três faixas etárias (1ª: 5 a 10 anos, 2ª: 18 a 37 anos e 3ª: 47 a 75 anos), os adultos foram subdivididos de forma equitativa em duas faixas de escolaridade (1ª: analfabetos ao ensino fundamental e 2ª: do ensino médio ao superior). A análise dos resultados demonstrou que o português falado nessas áreas indígenas ainda apresenta influência do substrato linguístico de origem Tupí-Guaraní, principalmente na fala de uma parcela dos colaboradores mais velhos (3ª faixa etária), enquanto que, de modo geral, a variação dos fenômenos fonéticos estudados parece compor parte de um contínuo de fala em relação às comunidades não indígenas da região (se comparados aos dados do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB e do Atlas Linguístico Sonoro do Pará – ALiSPA). Os resultados do mapeamento sociolinguístico apontam para a difusão da língua portuguesa e para um baixo grau de competência linguística em língua indígena entre os colaboradores mais jovens (1ª e 2ª faixas etárias), apesar de haver indicações de um processo de conscientização desses colaboradores acerca da importância da manutenção das línguas indígenas próprias de suas comunidades.Tese Acesso aberto (Open Access) Atlas geossociolinguístico quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA)(Universidade Federal do Pará, 2017-03-07) DIAS, Marcelo Pires; OLIVEIRA, Marilucia Barros de; http://lattes.cnpq.br/9728768970430501Esta pesquisa tem como objetivo apresentar o Atlas Geossociolinguístico Quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA). O AGQUINPA é um atlas semântico-lexical que descreve e mapeia a variedade linguística do português afro-brasileiro falado nas comunidades remanescentes de quilombos da Mesorregião Nordeste do Pará por meio do inventário lexical. O atlas apresenta um levantamento histórico e geossociolinguístico das comunidades pesquisadas, cartas linguísticas semântico-lexicais pluridimensionais, além de um banco de dados geossociolinguístico. A Mesorregião Nordeste do Pará foi selecionada como locus da pesquisa, em virtude da alta densidade de comunidades quilombolas reconhecidas e tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Instituto de Terras do Pará (ITERPA) e Fundação Palmares (FCP), e representam 270 das 523 presentes no Estado do Pará. Essas comunidades foram ocupadas por negros escravizados fugidos, em regiões de difícil acesso, com o intuito de evitar a recaptura e, em outros casos, foram antigas propriedades doadas ou cedidas após a desorganização do sistema escravagista na Amazônia, no final do século XIX. As comunidades quilombolas que fazem parte do AGQUINPA estão localizadas nas áreas rurais dos municípios do Nordeste do Estado do Pará (Brasil) e são as seguintes: a) Comunidade do Cacau (Colares/PA); b) Comunidade América (Bragança/PA); c) Comunidade do Rio Acaraqui/Campompema (Abaetetuba/PA); d) Comunidade Taperinha (São Domingos do Capim/PA); e) Comunidade Laranjituba (Moju/PA) e f) Comunidade África (Moju/PA). Essas comunidades têm como principais atividades econômicas o extrativismo e a agricultura de subsistência, além de apresentarem baixa mobilidade social e a maioria dos moradores se autodeclara descendente de negros escravizados. Para a elaboração do atlas, utilizamos o instrumental metodológico da Geografia Linguística e da Geolinguística Pluridimensional, considerando as dimensões diatópica, diassexual (homens e mulheres) e diageracional (Geração I: 18 a 30 anos; Geração II: 50 a 65 anos). A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2014 e 2016, por meio da aplicação do Questionário Semânticolexical do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), incluindo-se nele 31 questões de origem etimológica Bantu, para mensurar a difusão (ou não) do léxico de origem africana. Os dados coletados foram transcritos grafematicamente no software de anotação linguística ELAN e, posteriormente, trasladados para o Banco de Dados do AGQUINPA. As cartas foram confeccionadas através da utilização da ferramenta de georreferenciamento e edição de dados georreferenciados Quantum GIS (QGIS), além da ferramenta ColorBrewer para a colorimetria das cartas. O AGQUINPA possui 153 cartas semântico-lexicais, elaboradas a partir da aplicação do Questionário Semântico-lexical (QSL), das quais descreveremos 136, que apresentaram variação não categórica.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo de fraseologia do futebol brasileiro das séries B, C e D em jornais digitais populares: construção de um dicionário eletrônico(Universidade Federal do Pará, 2017-03-27) SALVADOR, Carlene Ferreira Nunes; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Esta pesquisa, de base fraseológica e de cunho quali-quantitativo, apresenta um apanhado de unidades lexicais fixas, as quais se configuram como sequências portadoras das vivências de uma ou mais gerações e funcionam como instrumentos de conduta aptos para serem aplicados no cotidiano. O que caracteriza o fraseologismo é a convencionalidade do agrupamento e a sua memorização como um bloco coeso, sua sequência é recuperada da memória como um todo e reconhecida como uma unidade informacional. Neste sentido, o presente trabalho de doutoramento, tem por objetivo produzir um dicionário fraseológico do futebol, em versão impressa e eletrônica, a partir de um corpus coletado de textos oriundos de jornais populares brasileiros que circulam em formato impresso e digital, em cinco capitais brasileiras: Belém, Goiânia, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro. Os textos dos jornais que serviram de base para a análise fraseológica são referentes ao recorte temporal de 2008 a 2015, período que compreende um pós-Copa e a realização de duas Copas do Mundo da FIFA, o que leva a crer que há uma propensão natural à produção dessas estruturas, e que leva a verificar o grau de cristalização dessas unidades fraseológicas, tendo a coleta iniciada em 2014 e finalizada em 2016. A Linguística de Corpus forma parte dos procedimentos metodológicos e da abordagem empírica empregada para a compilação e a extração dos dados de acordo com Berber Sardinha (2004) e Tagnin (2005). A fundamentação teórica adotada está circunscrita à taxonomia proposta por M. Gross (1982), G. Gross (1996) e Mejri (1997, 1998, 2002, 2012), Xatara (1994,1998), Ortiz-Alvarez (2000, 2012) e Oto-Vale (2002) para a identificação dos critérios e a análise dos fraseologismos. O software Lexique Pro foi utilizado como ferramenta de organização do dicionário eletrônico. Para uma abordagem específica sobre a fraseologia, foram utilizados os preceitos desenvolvidos por Mejri (1998, 2012), no qual o autor explicita que subjacentes aos comportamentos sintáticos das sequências fixas, estão mecanismos semânticos profundos. Considerados sob esse viés, os estudos na área da Fraseologia não só permitem refletir sobre questões no campo da linguagem, como também contribuem para compreender determinada comunidade por meio do registro e análise das expressões que compõem seu acervo linguístico. Após a compilação dos dados e aplicação dos testes fraseológicos, foram encontrados 1.318 fraseologismos, os quais revelam presença expressiva de fraseologismos nos textos investigados; alguns exemplos bastante emblemáticos podem ser notados: pisar na bola, no sentido de cometer um erro, gol de bicicleta, uma alusão ao gol que é feito com as pernas lançadas ao alto, movimento que imita o pedalar de uma bicicleta e lá onde a coruja dorme, uma referência ao canto esquerdo superior do goleiro. O corpus evidencia, assim, marcas incontestes dessa fraseologia no léxico, razão pela qual se faz necessário investigar essas marcas.Tese Acesso aberto (Open Access) No escuro coração do século XX: uma proposta dialética entre Eric Hobsbawm e Guimarães Rosa(Universidade Federal do Pará, 2017-10-31) TEIXEIRA, Everton Luís Farias; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Nesta Tese é proposto um estudo comparativo entre as obras de João Guimarães Rosa (1908-1967) — com destaque para o romance Grande sertão: veredas (1956) e os “cronicontos” alemães de Ave, palavra (1970) — e a historiografia de Eric Hobsbawm (1917-2012), enfeixada em Bandidos (1969) e Era dos Extremos (1994). O fio aparente que liga as produções destes dois observadores históricos do século XX é a preocupação de ambos com o homem comum em detrimento aos fatos históricos e aos espaços geográficos demarcados. O presente exame espera demonstrar como a história ocidental no século XX infiltra-se na particular inscrita desse autor brasileiro, seja pelo cosmopolitismo do terror forjado em ―O mau humor de Wotan‖, seja pelo remoto sertão caracterizado como o próprio mundo pela fala do protagonista Riobaldo. Acerca desta obra, afirma-se que esta topografia, diferente da tradição regionalista, se erige tal qual uma metonímia de todos os lugares, portanto, distante de um saudosismo sertanejo. Alguns exemplos dessa ressonância histórica abundam nesse romance, como os grandes fenômenos vivenciados no século passado: a emancipação feminina e a crítica aos modelos liberais, os quais geraram os bandidos sociais em algumas regiões do globo, e com estes um acontecimento específico na passagem do século XIX para o XX: a eclosão dos primeiros Estados-paralelos de procedência rural originada pelas catástrofes ocorridas na Europa, as quais levaram as personagens das narrativas ―A velha‖ e ―A senhora dos segredos‖ a acreditarem na ilusão de liberdade em território brasileiro. Assim, os temas da ―nova mulher‖ e dos movimentos de resistência social nas periféricas zonas do capitalismo são de grande relevância tanto para a obra rosiana, quanto para o trabalho deste intelectual britânico, pois, em ambos, a documentação histórica se constitui em algo circunstancial em que as dimensões míticas dialogam com as composições ideológicas. Tendo a ambiguidade como a tônica das relações humanas e de poder do século XX e da ficção rosiana, o jagunço ficcional ora se assemelha ao paladino robinwoodiano, arquétipo ideal do bom bandido, quanto ao criminoso comum, figura proscrita pelas leis do Estado e pela aceitação do público geral. Este trabalho analisa — com o auxílio da Estética da Recepção e das contribuições críticas de Antonio Candido (1918-2017) — o percurso traçado pelas sociedades ocidentais no breve século XX no intuito de encontrar outras formas de subexistir em meio à desintegração dos valores desenhados pelo iluminismo setecentista. Integrando essas construções estético-científicas, é possível estabelecer uma interpretação mais completa de uma das muitas faces da realidade contemporânea, época em que o globo, perplexo, observou ruir impérios e a civilidade diante da barbárie praticada em regiões, como o sertão (real ou metafórico), esquecidas pelo capitalismo e pelo desgastado poder público. Nesta dialética, por um lado, amplia-se o estudo do tema do banditismo social hobsbawmiano, acrescentando-se à sua tipologia a figura do jagunço, por outro, denota-se em Guimarães Rosa uma atitude excepcional diante da violência e da barbárie observada em um período de exceção como o nosso em que todas as escritas se configuram em cantos de sobrevivência ou réquiens da liberdade.Tese Acesso aberto (Open Access) Apropriação teórica e formação de professores na graduação em Letras: o processo enunciativo em análise(Universidade Federal do Pará, 2017-11-08) PEREIRA, Eunice Braga; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039Na pesquisa, investigamos a apropriação teórica entendida como parte fundamental do processo de formação de professores. Buscamos responder à seguinte questão: que tipo de relação os graduandos, considerados professores em formação, estabelecem, em seus discursos, com os diferentes quadros teóricos a eles apresentados ao longo do curso de Letras? A hipótese inicial é de que, enquanto não houver apropriação teórica de fato, a teoria não terá papel constitutivo nem nas práticas discursivas dos alunos, nem em sua formação para o futuro trabalho docente. Sendo assim, nosso objetivo geral é compreender como os graduandos em Letras se apropriam e mobilizam os construtos teóricos ensinados no curso, os quais serão ou deveriam ser utilizados em sua futura atuação profissional como docentes. O corpus utilizado é constituído por dois tipos de produções acadêmicas realizadas pelos graduandos: 1) interações didáticas online realizadas numa rede social quando ressignificada como plataforma de ensino; dados estes resultantes de um projeto de ensino executado na graduação em Letras-Português da Universidade Federal do Pará durante dois anos; 2) produções escritas mais típicas do ambiente acadêmico, tais como relatórios de estágio, ensaios e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) também realizados na Universidade Federal do Pará. Como aporte teórico, trabalhamos com a Teoria Polifônica de Ducrot (1987) e com a Teoria dos Blocos Semânticos (TBS) do mesmo autor; acionamos também o quadro de Authier-Revuz (1990, 1998, 2004) sobre as heterogeneidades discursivas; recorremos ainda a alguns traços da análise enunciativa de Foucault (1999, 2014), particularmente aos conceitos de ritual e disciplina. Os resultados da pesquisa mostram que os professores em formação tendem a arrolar a teoria em suas produções acadêmicas de modo bastante superficial e ritualístico, ou seja, a apropriação ainda não está plenamente solidificada; por consequência, a teoria assume um papel mais pró-forma do que constitutivo.Tese Acesso aberto (Open Access) Práticas de ensino de professores de português-língua estrangeira: os impactos da heterogeneidade(Universidade Federal do Pará, 2017-12-19) SANTOS, Janderson Martins dos; PAREJO, Isabel García; CUNHA, José Carlos Chaves da; http://lattes.cnpq.br/3117544056791050Com o presente trabalho, procuramos contribuir com os estudos que versam sobre o ensino/aprendizagem de línguas/culturas estrangeiras em salas de aula marcadas pela heterogeneidade linguístico-cultural dos aprendentes. Nessa perspectiva, realizamos uma investigação com vistas a aferir os impactos da pluralidade linguístico-cultural dos aprendentes sobre o agir docente nas aulas de PLE. Particularmente, pesquisamos como a presença e a interação de diferentes culturas, nas turmas de PLE/PEC-G da UFPA, influenciam a planificação, as decisões didático-metodológicas e o agir dos professores nessas turmas. Nossa investigação se assentou, principalmente, nas teorias concernentes ao agir docente (CICUREL, 2007; 2011; 2013) e ao repertório didático (CAUSA, 2012; CICUREL, 2011) e, também, nos aportes teóricos da ergonomia de linha francesa referentes, de modo particular, às dimensões da análise do trabalho, quais sejam: o trabalho prescrito, o trabalho real e o trabalho representado (DANIELLOU; LAVILLE; TEIGER, 1983; AMIGUES, 2004; LOUSADA, 2004). Recorremos, ademais, aos estudos voltados para a interculturalidade e para a abordagem intercultural na sala de língua estrangeira (ABDALLAH-PRETCEILLE, 2001; LEIVA, 2010; BESALÚ, 2002; 2004; WALSH, 2005; CONSELHO DA EUROPA, 2001; TATO, 2014). Utilizamos, como dados de análise, observações de aula (registradas em áudio e em fichas de observação) e, ainda, entrevistas com os docentes. Os principais sujeitos de nossa pesquisa são os professores que atuaram no curso preparatório para o exame Celpe-Bras Ŕ entre os anos de 2013, 2014 e 2015 Ŕ destinado aos alunos do Programa Estudantes Convênio-Graduação (PEC-G) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Nossa pesquisa mostrou que o agir docente é impactado de diferentes modos pelas diversas culturas educativas presentes na sala de aula e que isso está associado à natureza do repertório didático de cada professor. Ela evidenciou também que, em turmas plurilíngues e pluriculturais de PLE, práticas assentadas numa abordagem mais acional e intercultural são mais eficazes para atenuar conflitos culturais recorrentes quando se trabalha com esse tipo de público.Tese Acesso aberto (Open Access) O prazer estético diante das atrocidades narradas por Erich Remarque e Guimarães Rosa(Universidade Federal do Pará, 2018-02-28) SILVA, Leonardo Castro da; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A presente tese elege como corpora o romance Nada de novo no front (1929) de Erich Maria Remarque (1898-1970) e as crônicas “O mau humor de Wotan”, “A velha” e “A senhora dos segredos” presentes em Ave, palavra (1970) de Guimarães Rosa (1908-1967). Pensando-se no romance alemão, cuja temática gira em torno da Primeira Guerra Mundial e nos textos rosianos moldados pelo contexto da Segunda Guerra Mundial, propõe-se aplicar os teóricos Márcio Seligmann-Silva (1964) em O local da diferença (2005), Zygmunt Bauman (1925) em Modernidade e Holocausto (1998) e Hannah Arendt em (1906-1975) Eichmann em Jerusalém (1963) e Origens do Totalitarismo (1951) para se discutir o corpora em diferentes perspectivas sobre a guerra, visando a compreender como os textos literários podem contribuir ou até causar tensões para a teoria. A perspectiva central do trabalho será o manejo do corpora sob a teoria da Estética da Recepção de Hans Robert Jauss (1921-1997) e da Hermenêutica definida por Benedito Nunes (1929-2011) em Hermenêutica e poesia (1999) bem como o diálogo do teórico alemão com seu mestre Hans Georg Gadamer (1900-2002) e Martin Heidegger (1889-1976), pensando na historicidade transcendental e na temporalidade do ser. Na ótica das teorias acerca da guerra o texto do teórico brasileiro assumirá dois momentos dentro do trabalho, sendo o primeiro de aplicação dos fundamentos psicanalíticos do trauma, choque, neurose de guerra, entre outros, enquanto que o segundo será de questionamento de O local da diferença sobre sua proposta da sobreposição do ético sobre o estético. Em relação ao sociólogo polonês além do manejo das obras literárias sob sua concepção, abordar-se-á como, por meio da estética de Nada de novo no front, já é possível se apontar elementos capazes de fazer com que o homem já se possa perguntar pela lição razão versus emoção que, para Bauman, é somente perceptível no Holocausto, porém, ao se aproximar Remarque e Guimarães, observar-se-á que, por meio de elementos estéticos, obviamente diferentes da sociologia, se pode inverter tal noção, ou seja, fica mais notória a relação razão versus emoção no romance alemão do que nas crônicas rosianas. Tratando da pensadora alemã examinar-se-á como a obra Nada de novo no front oferece imagens analisáveis pela teoria de Arendt, assim como também mostra personagens complexos que se deixam banalizar pelo mal, depois pensar e julgar por si mesmos, questionando o poder do Estado e, por último, se tornarem novamente indiferentes com o outro. Examinando-se o corpora segundo a concepção jaussiana e a Hermenêutica, levando-se em consideração as premissas teóricas acerca da guerra mostrar-se-á como o leitor atual pode ter uma experiência estética de prazer diante do terror infligido ao homem no século XX e como o contexto do Holocausto pode ser interpretado como uma violência mais branda do que se mostra na mídia e nas teorias acerca da guerra, já que o receptor terá um primeiro contato com a Primeira Guerra Mundial mediante o romance remarqueano.Tese Acesso aberto (Open Access) Movimento Xingu vivo para sempre: da fundação à consolidação do discurso de recusa radical ao complexo hidrelétrico de Belo Monte(Universidade Federal do Pará, 2018-03-27) GALVÃO, Alessandro Nobre; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140Este trabalho examina a conjuntura sócio-histórica que propiciou a emergência e a consolidação de um discurso novo na ordem dos discursos sobre a gestão dos recursos naturais na Amazônia brasileira – o discurso de recusa radical ao Complexo Hidrelétrico de Belo Monte (CHBM). Esta conjuntura remonta-se a um conflito iniciado no final dos anos 70 quando o governo brasileiro propõe inventário da bacia hidrográfica do Xingu para avaliar seu potencial hidrelétrico, chegando aos anos 2000 com as mudanças na política econômica do país a partir do fortalecimento do modelo neoliberal e a abertura do governo brasileiro a empresas privadas para a exploração das riquezas naturais. Identificamos o nascimento da resistência de grupos indígenas com destaque para o povo Kayapó, fortalecendo-se mais tarde com a aliança selada entre este e outros segmentos impactados pelo empreendimento Belo Monte, por ocasião do Encontro Xingu Vivo para Sempre ocorrido em 2008. Analisamos, portanto, os fatos históricos que culminaram na emergência e circulação desse discurso, bem como seu fundamento ideológico, as possíveis transformações por ele sofridas ao longo do tempo e os processos discursivos que dele derivam. Fizemos um mergulho descritivo na formação social indígena, buscando compará-la à formação social capitalista o que nos permitiu vislumbrar, baseados nos estudos peucheutianos, que a resistência de que nos ocupamos nasce em um não-lugar sob a égide de outros rituais de interpelação, introduzindo-se no seio das práticas e rituais possíveis na formação social capitalista. Nosso percurso analítico nos mostrou que discurso de recusa radical ao CHBM sofre transformações a partir do advento daquela aliança imaginária que de um ponto de vista discursivo, selou uma aliança não entre sujeitos empíricos, mas entre distintas posições de sujeito e permitiu a invasão de saberes outros para o interior da FD que determina esse discurso. O corpus discursivo desta pesquisa é constituído por materialidades discursivas de natureza semiótica diferenciada e adotamos como procedimento de construção desse corpus a noção de recorte proposta por Orlandi (1984), bem como a de sequência discursiva proposta por Courtine (2014) e os procedimentos da análise seguiram a abordagem triangular proposta por Lagazzi (2005).Tese Acesso aberto (Open Access) Entre críticas e aplausos: os caminhos da consagração dos contos machadianos(Universidade Federal do Pará, 2018-04-06) CASTRO, Valdiney Valente Lobato de; SALES, Germana Maria Araújo; http://lattes.cnpq.br/8723885160615840O jornal foi o principal suporte por onde a literatura foi veiculada na segunda metade do século XIX, atingindo, como uma locomotiva, leitores diversificados nos mais diferentes espaços. Grande parte desses sujeitos era bastante instruída e acompanhava avidamente a circulação das produções literárias figuradas nos folhetins. Entre essas composições, o conto machadiano, apesar de ser apreciado pela crítica especializada como uma forma eclipsada pelo sucesso de outros gêneros, percorreu as páginas desses periódicos por cerca de quase meio século e ajudou a consagrar o nome de Machado de Assis muito antes da edição de seu primeiro romance. Em 1869, já com mais de trinta contos escritos, o autor começou a recolher essas narrativas breves em coletâneas e a publicá-las, alcançando significativa quantidade no número de tiragem e com venda aos editores a valores expressivos, o que resultou em sete antologias: Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia Noite (1873), Papéis Avulsos (1882), Histórias sem Data (1884), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1899) e Relíquias da Casa Velha (1906). Quando essas seleções ganharam as ruas, notas de divulgação, opiniões de leitores, anúncios de venda e críticas foram lançados nas folhas públicas do Rio de Janeiro, o que revela a grande atenção da recepção. Analisar esses escritos é o principal objetivo deste estudo, bem como cotejá-los com o julgamento construído por décadas sobre os contos, que hoje resulta em uma fortuna crítica estimável, mas que muitas vezes tem menosprezado as fontes primárias, como os contratos, os manuscritos, as cartas e os próprios periódicos onde originalmente esses contos foram editados. Considerar esses acervos para a organização das coletâneas também é objetivo desta tese, uma vez que Machado, ao selecioná-las, preocupava-se com a representação que queria construir para os leitores, como bem revelam seus prefácios e as cartas aos seus editores. A leitura dos escritos exibidos nas gazetas brasileiras pelo lançamento dos volumes de contos pode tanto ajudar a desenhar a compreensão que Machado tinha sobre seus leitores quanto a conceber os critérios de julgamento da recepção dos leitores coetânea às publicações do autorTese Acesso aberto (Open Access) A figuração da mulher em Dalcídio Jurandir: entre o desamparo, a opressão e a transgressão(Universidade Federal do Pará, 2018-05-24) SANTOS, Alinnie Oliveira Andrade; FURTADO, Marli Tereza; http://lattes.cnpq.br/2382303554607592Dalcídio Jurandir (1909-1979), escritor brasileiro, publicou onze romances, dez dos quais compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte: Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947), Três Casas e um Rio (1958), Belém do Grão Pará (1960), Passagem dos Inocentes (1963), Primeira Manhã (1967), Ponte do Galo (1971), Os Habitantes (1976), Chão dos Lobos (1976) e Ribanceira (1978), que tematizam sobre o homem e os costumes da região amazônica. Apesar de nessas obras homens ocuparem a posição de protagonistas, impressiona o grande número de personagens femininas que colaboram para o desenvolvimento das narrativas, contribuindo de forma marcante para a construção dos enredos e dos dramas presentes na obra. Esta tese, portanto, objetiva analisar as personagens femininas do referido Ciclo, agrupando-as conforme a situação social em que se encontram. Sendo assim, criamos as seguintes categorias de análise: desamparo, opressão e transgressão, as quais não são excludentes entre si, mas defendemos neste trabalho que as personagens transitam entre essas três categorias. Para tanto, fizemos uso dos trabalhos de BRAIT (2006), ROSENFELD (2011), CANDIDO (2011), WOOD (2011), REIS (2015) para refletir sobre a personagem de ficção; CASTELO BRANCO e BRANDÃO (1989), BRANDÃO (2006), ZOLIN (2009) e ZINANI (2013), para pensar a relação entre mulher e literatura e os estudos de RAGO (2011), SAFFIOTI (2013), ALAMBERT (2004), LENIN (1979), BEAUVOIR (2009), os quais nos possibilitaram compreender as questões relativas à mulher, bem como sobre as relações de gênero. Das dezesseis personagens analisadas, seis, predominantemente, estão na categoria do desamparo, das quais se destacam: Orminda, D. Inácia e Lucíola; três na opressão, tendo como destaque Felícia e sete na transgressão, das quais se destacam: Alaíde, D. Amélia e Isaura. Investigar, pois, a personagem feminina dos romances produzidos por Dalcídio Jurandir, os quais possuem como forte aspecto a denúncia social, nos ajuda a desvelar a sociedade brasileira do início do século passado, assim também como essa sociedade foi retratada pela literatura brasileira.Tese Acesso aberto (Open Access) Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de grande Sertão Veredas nas traduções para o espanhol(Universidade Federal do Pará, 2018-06-12) CARVALHO, Leomir Silva de; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de Grande sertão: veredas nas traduções para o espanhol é uma pesquisa que tem por escopo analisar comparativamente, sob o enfoque do conceito de emancipação estética, neologismos de Grande sertão: veredas (1956) em suas traduções para o espanhol, ambas intituladas Gran sertón: veredas nas edições espanhola (2000) e argentina (2009). Fundamenta-se no conceito de emancipação estética segundo a Estética da Recepção de linha jaussiana e, no campo de Estudos da Tradução, no pensamento de Haroldo de Campos (1929-2003) e de Antoine Berman (1942-1991). O entendimento de neologismo dialoga estreitamente com os Estudos Literários, enfatizando seu potencial criativo para a obra de partida e a possibilidade de abertura e tensão para as obras de chegada, de acordo com os procedimentos adotados por cada tradutor. Elaborou-se um corpus de investigação que utiliza o glossário anexo produzido com neologismos selecionados de estudos críticos, do vocabulário de Castro (1982), bem como da correspondência trocada entre Guimarães Rosa e Ángel Crespo, o tradutor espanhol, priorizando nesta última como recorte o interesse pela linguagem. A metodologia de trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliográfico no qual se investiga o potencial emancipatório do diálogo entre obra e leitor, no âmbito estético-receptivo. Posteriormente, traçam-se paralelos entre tradução e crítica e entre tradução e criação literária segundo o pensamento de Campos (2006). Ademais, expõe-se a ideia de autonomia, no campo da ética tradutória de Berman (2002) e, por meio de sua analítica, baseia-se a posterior análise do corpus selecionado dentro do âmbito dos Estudos da Tradução. Segue-se a isso, o estudo de textos do próprio Guimarães Rosa relatando seu interesse pela linguagem e pelo uso de neologismos, ao lado de textos de leitores críticos como Proença (1959), Daniel (1968), Castro (1982), Martins (2001), Martins (1946), Xisto (1970) e Campos (1970), que se preocuparam com tais questões acerca do romance. Procede-se, então, à análise das traduções expondo as leituras críticas de Bedate (2009), Vargas Llosa (2007), Maura (2012), Cámara (2012) e García (2014) e também dos tradutores, para, em seguida, examinar os neologismos de Grande sertão: veredas, que compõem o glossário, verificando as diferentes soluções dadas por cada tradutor de acordo com tipologias estabelecidas por meio do exame do modo como Guimarães Rosa aborda o neologismo em seu romance. As tipologias determinadas para o atual estudo foram as seguintes: utilização de onomatopeias, utilização de outras línguas, utilização de tupinismos, utilização de expressões populares e criação de palavras de sentido provável ou oculto. Finalmente, com o diálogo entre as leituras críticas e a análise do glossário, investiga-se a presença do caráter emancipador nas obras de chegada.Tese Acesso aberto (Open Access) Das tramas do mito aos (des)caminhos da história: a travessia do herói nas literaturas cervantiana e rosiana(Universidade Federal do Pará, 2018-08-22) COLLINGE, Márcia Denise da Rocha; JACKSON, Kenneth David; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A presente tese consiste numa investigação comparada cujo foco é a constituição dos heróis no Quixote (1605/1615), de Miguel de Cervantes (1547-1616), e no Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967), no intuito de revelar o protagonista Riobaldo como figura análoga ao Cavaleiro da Triste Figura, ao circunvalar a tradição do heroísmo mítico. Do umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões, ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e Gustav Jung (1875-1961). Do diálogo proposto entre esses e outros intérpretes, deslindo as diversas faces do herói, em uma investigação histórico-artística, desde o mito em suas categorias clássicas, tais como o herói épico e o trágico, até seus desdobramentos medievais, barrocos e românticos. Na exegese das obras, apresento a metamorfose do mito literário Dom Quixote, cuja jornada imprime marca indelével ao mosaico heroico universal — qual imagem eterna. O aprofundamento deste estudo revela como o engenhoso cavaleiro assinala-se na memória da literatura brasileira, pelo empoderamento dos temas cervantinos, sobretudo na obra de Guimarães Rosa, o qual entrevê no gênio cervantino dimensões para um novo sistema de criação de heróis — entressachados, cheios de lúcidos intervalos no enganoso sertão mineiro. Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9) o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo manchego e o chefe Quixote jagunço.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo geossociolinguístico do léxico do Portuguê falado em áreas indígenas de língua Tupi-guarani nos estados do Pará e do Maranhão Tomo I(Universidade Federal do Pará, 2018-08-27) COSTA, Eliane Oliveira da; MEJRI, Salah; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Por muito tempo a Dialetologia caracterizou-se por sustentar a preocupação exclusivamente com o aspecto diatópico da variação linguística. No entanto, a configuração atual das sociedades modernas fez com que ela aceitasse a importância dos fatores sociolinguísticos e das relações de contato linguístico para a compreensão dos fenômenos linguísticos, passando, a partir desse momento, a considerar outras dimensões em que uma língua natural pode diversificar-se. A presente tese insere-se nessa perspectiva geossociolinguística e/ou pluridimensional e procurou investigar a variação lexical do português falado em áreas indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão à luz da Dialetologia Pluridimensional e Relacional proposta por Radtke e Thun (1999), Thun (1998, 2000, 2010, 2017), que conjuga a dimensão horizontal (diatópica) à dimensão vertical (diastrática) e dos estudos de Cardoso (2010), Cardoso e Mota (2016) Razky (1998, 2010), Elizaincín (2010), Calvet (2002), Romaine (1996), Chambers e Trudgill (1998), Trudgill (1999) e Berruto (2010). Foram investigadas quatro terras indígenas, a saber: Trocará (etnia Asuriní do Tocantins/PA), Nova Jacundá (etnia Guaraní Mbyá/PA), Sororó (etnia Suruí Aikewára/PA) e Cana Brava (etnia Guajajára/MA), que representam a dimensão diatópica deste estudo. Em cada uma dessas comunidades indígenas buscou-se entrevistar dez colaboradores, considerando-se as dimensões diageracional (5 a 10 anos – Faixa etária C, 18 a 37 anos – Faixa etária A, 47 a 75 anos – Faixa etária B), diagenérica (masculino e feminino) e diastrática (não escolarizados ou escolarizados até a 8ª série (9º ano) e escolarizados a partir do 1º ano do ensino médio). Além das dimensões supracitadas, foi considerada a dimensão dialingual (referente ao contato entre duas ou mais línguas numa comunidade linguística), que é amplamente contemplada pelas seguintes relações de contato linguístico: português/Asuriní do Tocantins, português/Guaraní Mbyá, português/Suruí Aikewára e português/Guajajára. A coleta de dados foi realizada in loco por meio da aplicação do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Além disso, observou-se a situação de bilinguismo nas comunidades investigadas, com o auxílio do Questionário Sociolinguístico (QS). Os resultados, de modo geral, mostram que o léxico do português falado nas terras indígenas analisadas reflete um contínuo, tanto na área indígena considerada quanto em relação a áreas não indígenas onde as comunidades étnicas estão localizadas. Quando ao bilinguismo, a dimensão diageracional (faixa etária B) é decisiva para a manutenção das línguas indígenas nas comunidades linguísticas investigadas.Tese Acesso aberto (Open Access) Antropofagia haroldiana: a reescrita como projeto literário(Universidade Federal do Pará, 2018-08-31) SAUMA, Thaís do Socorro Pereira Pompeu; LEAL, Izabela Guimarães Guerra; http://lattes.cnpq.br/2507019514021007A tese tem como objetivo principal demonstrar a atitude antropofágica, no sentido oswaldiano, presente na escrita de Haroldo Maranhão (1927-2004). A pesquisa de natureza bibliográfica baseou-se em vários textos críticos sobre a antropofagia, a escrita e reescrita literária, a fortuna crítica sobre o escritor paraense, além de sua obra que foi lida inteiramente. O gesto antropofágico é estudado em três romances do escritor: O Tetraneto del-Rei (1982), Cabelos no coração (1990) e Memorial do fim (1991), os quais denominamos de tríade antropofágica para os referenciar de forma mais didática. Inicialmente foi realizada uma reflexão sobre a antropofagia desde o seu começo e de todos os seus desdobramentos no campo das artes e da cultura nacional, tendo o Manifesto Antropófago (1928) de autoria de Oswald de Andrade como principal base teórica. Em seguida estudou-se a antropofagia como forma de pensamento que percorre a escrita haroldiana, e que pode ser encontrada em outras obras para além do recorte proposto. A antropofagia, na obra de Haroldo Maranhão, tem várias motivações de natureza crítica, como a trapaça e a reescrita da história, o avivamento de personalidades influentes, porém apagadas pelo discurso dominante, e também como forma de legitimação de sua escrita a partir da incorporação de escritores canônicos. O esforço por encontrar a presença de outros textos inseridos nas obras em análise nos possibilitou considerar Haroldo Maranhão como um escritor antropófago, pelos vários procedimentos de reescrita frequentes em seus romances, que coincidem com as bases do movimento antropofágico oswaldiano, tais como: a subversão discursiva, a apropriação, a reescrita, a desconstrução e a ironia como ferramentas de traição ao texto anterior, e a inversão da história dos vencedores. A pesquisa permitiu concluir que a escrita canibalesca de Haroldo Maranhão propõe novos sentidos ao processo de colonização brasileira, acrescenta informações sobre a vida e a obra de personalidades históricas apagadas pelo discurso da tradição e apropria-se do cânone literário como forma de penetração e legitimação para fins de consagração do texto. A explicação da atitude antropofágica em Haroldo Maranhão nunca se afastará da concepção de que o escritor antropofágico se constrói a partir de seu posicionamento como leitor crítico da tradição, ou seja, a atitude antropofágica é oriunda do intenso hábito de leitura, que se articula posteriormente como reescrita capaz de promover o “apagamento das fontes” a partir da apropriação de outras vozes para que ocorra a penetração no discurso dominante.Tese Acesso aberto (Open Access) Desamparo e insulamento nas obras literárias a "Ilha da Ira", de João de Jesus Paes Loureiro e "Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum(Universidade Federal do Pará, 2018-09-12) FERREIRA, Lourdes Nazaré Sousa; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria Pereira; http://lattes.cnpq.br/3707451019100958A presente tese buscou analisar duas obras literárias contemporâneas, o romance Órfãos do Eldorado de Milton Hatoum (2008), e a peça de teatro A Ilha da Ira, de João de Jesus Paes Loureiro, presente no livro “Obras reunidas: teatros e ensaios” (1976). As vozes discursivas que ecoam das personagens nas narrativas foram importantes para responder a argumentação a qual é pautada essa tese: o conceito de desamparo tal como é entendido ao longo de séculos revela-se insuficiente para dar conta das experiências angustiadas e traumatizadas erigidas no texto literário. E como para representar aspectos psíquicos sempre se faz necessário construir sentidos, este estudo teve como fundamento a observação de todos os procedimentos teóricos expressivos para a composição textual. Tornando-se fundamental esclarecer, em vista da proposição que foi exposta e avaliada neste trabalho, os termos insulamento e desamparo. Por isso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma leitura comparativa das duas obras, verificando por meio dos discursos das personagens como o desamparo se revela em uma produção literária a partir do século XX. Por esse viés, a reflexão desenvolvida se debruçou sobre visões empreendidas por meio de um estudo teórico-investigativo embasado principalmente num arcabouço teórico transdisciplinar com a psicanálise freudiana, para que fosse ampliado o olhar sobre o desamparo ao emergir do espaço literário. Essas discussões encontraram seu principal suporte teórico nos livros Inibições, Sintomas e Angústia, de Sigmund Freud (1996), Birman (1999), Camon (1990), Maffesoli (1987), Michaud (2001), dentre outros teóricos cuja contribuição foi de cabal relevância como forma de apresentar as argumentações, os seus contextos e as relações que possuem com o cerne da pesquisa. A pesquisa permitiu identificar nas obras do corpus, a existência, como um arsenal metafórico de sensações e afetos que se manifestam com imensa força representativa de comportamentos e conflitos universalizantes, como a solidão, a angústia, a violência, o abandono, a falta. Por isso, o desamparo será entendido, neste estudo, que ao erigir das produções literárias contemporâneas se apresentará como um agregador de afetos e sentidos sendo pertinente tomá-lo como paradigma ou ferramenta analítica para a compreensão de outros textos ficcionais semelhantes.
