Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC por Afiliação "IFPA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará"
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Tese Acesso aberto (Open Access) Antropofagia haroldiana: a reescrita como projeto literário(Universidade Federal do Pará, 2018-08-31) SAUMA, Thaís do Socorro Pereira Pompeu; LEAL, Izabela Guimarães Guerra; http://lattes.cnpq.br/2507019514021007A tese tem como objetivo principal demonstrar a atitude antropofágica, no sentido oswaldiano, presente na escrita de Haroldo Maranhão (1927-2004). A pesquisa de natureza bibliográfica baseou-se em vários textos críticos sobre a antropofagia, a escrita e reescrita literária, a fortuna crítica sobre o escritor paraense, além de sua obra que foi lida inteiramente. O gesto antropofágico é estudado em três romances do escritor: O Tetraneto del-Rei (1982), Cabelos no coração (1990) e Memorial do fim (1991), os quais denominamos de tríade antropofágica para os referenciar de forma mais didática. Inicialmente foi realizada uma reflexão sobre a antropofagia desde o seu começo e de todos os seus desdobramentos no campo das artes e da cultura nacional, tendo o Manifesto Antropófago (1928) de autoria de Oswald de Andrade como principal base teórica. Em seguida estudou-se a antropofagia como forma de pensamento que percorre a escrita haroldiana, e que pode ser encontrada em outras obras para além do recorte proposto. A antropofagia, na obra de Haroldo Maranhão, tem várias motivações de natureza crítica, como a trapaça e a reescrita da história, o avivamento de personalidades influentes, porém apagadas pelo discurso dominante, e também como forma de legitimação de sua escrita a partir da incorporação de escritores canônicos. O esforço por encontrar a presença de outros textos inseridos nas obras em análise nos possibilitou considerar Haroldo Maranhão como um escritor antropófago, pelos vários procedimentos de reescrita frequentes em seus romances, que coincidem com as bases do movimento antropofágico oswaldiano, tais como: a subversão discursiva, a apropriação, a reescrita, a desconstrução e a ironia como ferramentas de traição ao texto anterior, e a inversão da história dos vencedores. A pesquisa permitiu concluir que a escrita canibalesca de Haroldo Maranhão propõe novos sentidos ao processo de colonização brasileira, acrescenta informações sobre a vida e a obra de personalidades históricas apagadas pelo discurso da tradição e apropria-se do cânone literário como forma de penetração e legitimação para fins de consagração do texto. A explicação da atitude antropofágica em Haroldo Maranhão nunca se afastará da concepção de que o escritor antropofágico se constrói a partir de seu posicionamento como leitor crítico da tradição, ou seja, a atitude antropofágica é oriunda do intenso hábito de leitura, que se articula posteriormente como reescrita capaz de promover o “apagamento das fontes” a partir da apropriação de outras vozes para que ocorra a penetração no discurso dominante.Tese Acesso aberto (Open Access) Correndo terra... Furando mundos... : as culturas na escrita de graduandos do PARFOR-Letras no Marajó(Universidade Federal do Pará, 2019-08-30) SILVA, Herodoto Ezequiel Fonseca da; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039Esta tese objetiva investigar o modo como as culturas acadêmica, escolar e local se materializam em discurso na escrita sobre as práticas de ensino de Língua Portuguesa de graduandos do PARFOR-Letras, no Marajó. Os dados analisados são enunciados selecionados de diários de campo, atividades de ensino e de relatórios de estágio. Procurou-se, com isso, discutir como a escrita indicia os movimentos discursivos por meio dos quais se percebe o processo de formação do professor de Língua Portuguesa. Na primeira parte da tese, além do capítulo introdutório, discutem-se pesquisas já desenvolvidas acerca da formação do professor de Língua Portuguesa no contexto do PARFOR. Na segunda parte da tese, desenvolvemos o quadro teórico-metodológico da pesquisa. Nessa parte, aborda-se a natureza da pesquisa, a apresentação do local e dos sujeitos da pesquisa, o processo de coleta dos materiais, a constituição do corpus e o protocolo de análise dos dados. Discutem-se alguns conceitos de “cultura” e a noção de “hibridação cultural”. Para embasamento teórico, abordam-se as noções de “enunciado” e de “relações dialógicas” a partir dos estudos de Foucault (2016), de Bakhtin/Volochínov (2009) e de Bakhtin (2011; 2013). Em seguida, discorre-se sobre o conceito de “interdiscurso”, pelas propostas teóricas de Pêcheux (1995), Courtine (1981) e Maingueneau (1997; 2005). Também, apresentam-se alguns mecanismos que funcionam como “formas mostradas da heterogeneidade constitutiva”, que ajudam a dar conta da materialidade linguística dos dados, pelos estudos de Ducrot (1987) e de Authier-Revuz (1990; 2004). A terceira parte da tese é dedicada à apresentação das análises e resultados. As análises procuraram, primeiramente, caracterizar os elementos que inscrevem as referidas culturas no discurso e, em seguida, analisar os movimentos enunciativos por meio dos quais essas culturas se articulam nos escritos dos graduandos. Constatou-se o predomínio de três tipos de relações dialógicas entre as culturas acadêmica, escolar e local: relações de justaposição de elementos das culturas, relações baseadas na construção de simulacros das culturas e relações polêmicas entre as culturas. As culturas acadêmica e escolar apresentam-se em constante embate, em conflito de forças, surgindo, assim, relações polêmicas entre elas. Os elementos da cultura local são, na maioria dos casos, agenciados pelos sujeitos como objetos dos processos de tradução, de silenciamento e de interdição.Tese Acesso aberto (Open Access) Das tramas do mito aos (des)caminhos da história: a travessia do herói nas literaturas cervantiana e rosiana(Universidade Federal do Pará, 2018-08-22) COLLINGE, Márcia Denise da Rocha; JACKSON, Kenneth David; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278A presente tese consiste numa investigação comparada cujo foco é a constituição dos heróis no Quixote (1605/1615), de Miguel de Cervantes (1547-1616), e no Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967), no intuito de revelar o protagonista Riobaldo como figura análoga ao Cavaleiro da Triste Figura, ao circunvalar a tradição do heroísmo mítico. Do umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões, ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e Gustav Jung (1875-1961). Do diálogo proposto entre esses e outros intérpretes, deslindo as diversas faces do herói, em uma investigação histórico-artística, desde o mito em suas categorias clássicas, tais como o herói épico e o trágico, até seus desdobramentos medievais, barrocos e românticos. Na exegese das obras, apresento a metamorfose do mito literário Dom Quixote, cuja jornada imprime marca indelével ao mosaico heroico universal — qual imagem eterna. O aprofundamento deste estudo revela como o engenhoso cavaleiro assinala-se na memória da literatura brasileira, pelo empoderamento dos temas cervantinos, sobretudo na obra de Guimarães Rosa, o qual entrevê no gênio cervantino dimensões para um novo sistema de criação de heróis — entressachados, cheios de lúcidos intervalos no enganoso sertão mineiro. Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9) o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo manchego e o chefe Quixote jagunço.
