Teses em Sociologia e Antropologia (Doutorado) - PPGSA/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/8829
O Doutorado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) é vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Navegar
Navegando Teses em Sociologia e Antropologia (Doutorado) - PPGSA/IFCH por Linha de Pesquisa "AS AÇÕES PÚBLICAS E COLETIVAS, TERRITÓRIO E AMBIENTE"
Agora exibindo 1 - 9 de 9
- Resultados por página
- Opções de Ordenação
Tese Acesso aberto (Open Access) Arena pública, dominação e resistência em um território amazônico: o fórum de desenvolvimento sustentável das ilhas de Belém-PA (2006-2020)(Universidade Federal do Pará, 2020-11-24) LOPES, João Luiz da Silva; TEISSERENC, Maria José da Silva Aquino; http://lattes.cnpq.br/1799861202638255Neste estudo discute-se a maneira como as comunidades ribeirinhas insulares dos municípios de Belém e Acará, estado do Pará-Brasil, se mobilizaram e participaram da Arena Pública/Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Ilhas, para reivindicar seus direitos concernentes a saúde, educação, saneamento, abastecimento de água, segurança pública, energia elétrica/solar, geração de renda e superação de sua invisibilidade. Para analisar essa problemática, adotou-se como quadro de análise a abordagem sociológica da ação coletiva de Daniel Cefaï, Veiga e Mota (2011), que privilegia as situações locais que estão na origem da constituição de arenas públicas. O estudo demandou uma abordagem qualitativa descritiva em que a coleta de informações/dados foi realizada através de conversa informal; observação participante em eventos como: reuniões, entregas de cestas básicas, brinquedos e material escolar, visitas e mutirões; pesquisa em documentos (projeto, planos, relatórios e atas de reuniões); e entrevistas abertas com atores das comunidades ribeirinhas insulares, do poder público, de instituições religiosas, ONGs e de pesquisa e extensão. Os resultados indicam que em um contexto territorial historicamente marcado por relações sociopolíticas clientelistas, é razoável considerar essa experiência de participação e mobilização como um evento importante, que se constitui como educação política, com aprendizagens significativas em direção à inclusão desse segmento subalternizado no processo de tomada de decisões referentes às políticas públicas de seu interesse. Essa mobilização se beneficiou do apoio essencial de técnicos de órgãos públicos, experts de universidades e políticos do campo progressista para encorajar a denúncia de injustiças herdadas da colonização, mantidas e atualizadas pelo sistema de dominação, com efeitos perversos impregnados no conjunto das relações com os atores do sistema de poder local – a que se chama de colonialidade. A mobilização enfrentou resistência de certa concepção que concebe as comunidades ribeirinhas insulares como atrasadas e fadadas ao desaparecimento. As estratégias dos ribeirinhos insulares contribuíram para uma politização dos desafios locais, mas foram limitadas por vários elementos, como a ausência de um aparato jurídico inovador, a desconsideração sobre a desigualdade das condições de participação, o uso de metodologias pouco adequadas, a falta de valorização do trabalho dos tradutores/mediadores, o não reconhecimento da diversidade de ontologias do sujeito, a incompreensão das diferentes cosmologias e epistemologias, fatores que funcionaram como obstáculos para que a mobilização colocasse em questão o sistema de dominação tradicional no qual se assenta o poder local.Tese Acesso aberto (Open Access) Pueblo Pijao y recuperación de Ima reetnización, sabidurías propias y defensa territorial en el Resguardo Indígena San Antonio de Calarma (Tolima, Colombia)(Universidade Federal do Pará, 2023-12-20) ORTIZ GORDILLO, Andrés Felipe; CASTRO, Edna María Ramos de; http://lattes.cnpq.br/4702941668727146Nesta pesquisa é realizada a sistematização crítica do processo de recuperação territorial que vem sendo implementado, desde meados da década de 1970, na Reserva Indígena San Antonio de Calarma Pueblo Pijao (Tolima, Colômbia). Este processo tem sido chamado de “a recuperação de Ima” (a Mãe Terra Pijao), e inclui duas dimensões estruturantes da luta territorial indígena no município de San Antonio de Calarma: a recuperação da “propriedade” de territórios considerados “ancestrais” –o que tem ocorrido por meios institucionais e por meios de facto através da ocupação territorial–, e da cura ou recuperação do equilíbrio do «mundo seco» (Ima, o território) para «retornar à origem». Através de um trabalho de pesquisa militante, que se situa no campo metodológico das etnografias colaborativas e que retoma princípios epistemológicos da pesquisa-ação participante, constatou-se que a recuperação de Ima, além de ser um processo de defesa territorial, investiga pelo próprio modo Pijao de ser, de sentir, de sentipensar o território, sendo também um processo onto-epistêmico, que tem levado à recuperação de sabedorias próprias denominadas “Concepções-vida”, um complexo sistema relacional de conhecimento territorial que propõe alternativas às crises impostas pelo capitalismo. Paralelamente, o processo de recuperação de Ima contribuiu para a re-existência do povo Pijao no sudoeste do departamento de Tolima, ao problematizar as estratégias de “desindianização” que fazendeiros e empresários agroindustriais têm utilizado, desde meados do século XIX, para “camponesar” a força de trabalho indígena e inserir a região no circuito produtivo do café, que sustentou a economia colombiana no século XX. Neste sentido, o processo de recuperação de Ima é uma expressão da reindianização-reetnização vivida pelo povo Pijao do Tolima, que encontrou nas lutas territoriais o médio para des-cobrir as suas próprias sabedorias, as suas formas diferenciais de organização e mobilização, com o último objetivo de «recuperar o equilíbrio do mundo seco e retornar à origem».Tese Acesso aberto (Open Access) Recomposição socioterritorial em contexto de mineração: Utopia e distopia do PAE Juruti Velho – Pará, Baixo Amazonas(Universidade Federal do Pará, 2019-12-16) MIRANDA, Tania Nazarena de Oliveira; TEISSERENC, Maria José da Silva Aquino; http://lattes.cnpq.br/1799861202638255Este trabalho, a partir de uma perspectiva da sociologia da ação pública, interpela as complexas relações que se produziram entre comunidades e a mineradora Alcoa, a partir de 2009, na localidade de Juruti Velho, distrito do município de Juruti, Baixo Amazonas, no oeste do Pará. A pesquisa privilegiou observações sobre o Projeto Agroextrativista Juruti Velho, como iniciativa inscrita nos desdobramentos em termos de recomposição socioterritorial produzida com o concurso do empreendimento de exploração de alumínio, inaugurando com isso, e ao mesmo tempo, uma arena de conflitos envolvendo comunidades tradicionais, agentes públicos, corporações, Igreja católica e movimentos sociais, atores de diferentes formações e relevância. Nesse processo, experiências de intensos conflitos resultantes de divergências internas nas comunidades, de alguma forma relacionados à presença das atividades e dos interesses da mineração naquele território. Os dados levantados resultaram de um percurso metodológico próximo da pesquisa-ação junto a comunidades ribeirinhas envolvidas. Entrevistas, observações diretas em reuniões da associação à qual estão filiadas atualmente 53 comunidades locais, e também registros fotográficos constituem as técnicas, por meio das quais foi construída a base dos dados e informações, nos quais se identificou como emblemático dos conflitos a ruptura de laços de vizinhança anteriormente testemunhados pela prática dos puxiruns (trabalho em prol do bem comum). Prática importante numa recomposição social do território, através de ações locais com as quais a comunhão de utopias constituiu elemento aglutinador. Assim sendo, em Juruti Velho se dará intenso processo de articulação e mobilização popular visando reconhecimento enquanto comunidade tradicional e, através desse reconhecimento, a titulação de suas terras. Como resultado desse processo, hoje, a gestão dos royalties, pagos como contrapartida ao direito de lavra da bauxita, é realizada pelas comunidades com a finalidade de promover o desenvolvimento do território. É através dessa gestão, aqui interpretada como territorial, e de sua dinâmica em termos de utopias e distopias, envolvendo os representantes das comunidades implicadas no Projeto Agroextrativista de Juruti Velho, assim como no processo de ressignificação do puxirum, que se buscou compreender as contraditórias relações existentes entre as comunidades e a mineradora, e nelas o que se projeta como futuro em relação ao território, objeto no qual, e em torno do qual, atores se mobilizam para alcançar um objetivo, neste caso, o controle de sua gestão, de acordo com as exigências do desenvolvimento sustentável. Compreende-se que o emprego dos royalties no PAE Juruti Velho, sob a gestão da Associação das Comunidades Ribeirinhas de Juruti Velho (Acorjuve), ao mesmo tempo em que significou conquistas (abastecimento de água potável, casas populares, rabetas, etc), integrou uma recomposição territorial, trazendo desafios enfrentados com a ressignificação de práticas sociais tradicionais como o puxirum, possibilitando, com isso, novas perspectivas de futuro do território.Tese Acesso aberto (Open Access) Regularização fundiária na estrada nova de Belém: o que está em jogo no Programa Chão Legal?(Universidade Federal do Pará, 2017-04-24) ALVES, Edivania Santos; PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz; http://lattes.cnpq.br/9872938064820413A tese investiga o programa municipal de regularização fundiária Chão Legal, executado pela Prefeitura Municipal de Belém, na sub-bacia 1 da Estrada Nova. Seu objetivo localiza-se na verificação, análise e interpretação dos desdobramentos sociais verificáveis durante a execução do programa de regularização fundiária. A metodologia sociológica aplicada utilizou os diversos dados coletados e analisados tendo como premissa responder: o que está em jogo no programa Chão Legal na Estrada Nova de Belém? Defendo a tese que a execução e gestão dos projetos de saneamento e urbanização são expressões da racionalidade classista e racista, segundo a lógica do mercado. Nesta lógica, os moradores não são vistos como prioridade dos referidos programas, ou seja, a sua permanência no lugar não é considerada um fundamento da política urbana. Os moradores são tratados regularmente como entraves a uma reurbanização seletiva, que se pretende para a área. A requalificação social e urbanística dessas áreas significa a remoção dos moradores originais, pobres e racialmente inferiorizados. A moradia popular não está contemplada no processo de saneamento e urbanização, como algo inerente ao projeto, as soluções adotadas são precárias e provisórias. O projeto não considera como prioridade a manutenção das pessoas nos seus lugares. Portanto, ao contrário da retórica produzida pelo Estado de que o saneamento, a urbanização e a regulação do solo urbano melhorarão a vida dos moradores, o que ocorre de fato, é uma guerra contra os pobres. Sabe-se em Belém, que ―baixada saneada não é para os pobres‖. Mas é importante indagar: quem são os pobres senão aquelas populações que foram historicamente racializadas e inferiorizadas? A essas populações, é dado o direito de sonhar com um lugar ―legal‖, com segurança da posse e sem alagamentos? O racismo das elites dominantes em relação às populações das bacias hidrográficas de Belém associa três elementos atribuindo-lhes sentidos correlatos e imbricados: social, racial e lugar de moradia, com base na hierarquia de superioridade e inferioridade. Em outras palavras: ser pobre, preto e morar nos bairros que compõem a bacia da Estrada Nova carrega significados pejorativos e preconceituosos, que resultam na produção de uma imagem superposta de estigmas onde o sentido de humanidade a essas pessoas é negado. Tal negação legitima a barbárie que atinge essa ―gente desprezada‖. Essa dinâmica converte a Estrada Nova em um ―vasto território de reserva‖ a ser apropriado pelo mercado legal de terras. Na medida em que as áreas são consolidadas como de interesse do capital imobiliário, há forte pressão do mercado sobre os moradores, o que pode resultar na expulsão forçada ou assentida, a exemplo do que têm ocorrido em outras cidades do país e mesmo na cidade de Belém, em projetos semelhantes. Finalmente, o desejo e compreensão de o presente trabalho não se limite ao ambiente acadêmico resultou na produção da cartilha que através de sínteses e repertórios pretende contribuir com os populares nos embates em curso e os que estão por vir, fornecendo indicações do que está em jogo.Tese Acesso aberto (Open Access) Tecnologia social para qualidade de vida em territórios de conservação: reservas de desenvolvimento sustentável Mamirauá e Amanã Amazonas(Universidade Federal do Pará, 2016-12-12) NASCIMENTO, Ana Claudeise Silva do; MOURA, Edila Arnaud Ferreira; http://lattes.cnpq.br/2154370107837866; https://orcid.org/0000-0003-0093-8464; TEISSERENC, Maria José da Silva Aquino; http://lattes.cnpq.br/1799861202638255O conceito de Tecnologia Social (TS) tem sido utilizado, dentro e fora da academia, para demarcar um campo de atuação crítica ao posicionamento comum do determinismo tecnológico e da neutralidade cientifica. A relação entre ciência, tecnologia e sociedade tem resultado em uma reflexão política que visa potencializar as transformações locais, a cidadania e a inclusão social, articulando saberes e práticas para promover a emancipação social. É nesse contexto que foi delineado o problema abordado por este trabalho, tendo como aporte teórico estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade. O problema da pesquisa foi delimitado em um quadro analítico que envolveu o nexus “unidade de conservação-tecnologia social-qualidade de vida”, a partir da experiência desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá-IDSM, enquanto protagonista social ativo no enfrentamento técnico-científico de problemáticas como a falta de abastecimento de água e energia elétrica em comunidades rurais da várzea amazônica. Como objetivo principal, a tese analisa a diversidade dos efeitos e as mudanças provocadas em duas comunidades ribeirinhas localizadas nas RDSs Mamirauá e Amanã, região do Médio Solimões, a partir do acesso a outras formas de conhecimento e tecnologias desenvolvidas ou reaplicadas pelo IDSM, com a perspectiva técnico-científica de promover a qualidade de vida da população local como elemento constitutivo do universo da conservação ambiental de uso sustentável. As TS analisadas foram o bombeamento de água do rio e a iluminação domiciliar, ambas com uso de energia solar fotovoltaica. Para isto, foram consideradas a natureza da gestão social da nova tecnologia proposta pela comunidade - coletiva ou individual -, as formas de apropriação dos equipamentos utilizados e os desafios e conflitos que interferiram na introdução e uso destes sistemas. A abordagem metodológica foi construída combinando-se procedimentos de pesquisa quantitativos e qualitativos, entre os quais, a revisão bibliográfica, a observação participante, a etnografia e as entrevistas semiestruturadas. Foram analisados os bancos de dados dos levantamentos demográficos e socioeconômicos das RDSs Mamirauá e Amanã, nos anos de 2001, 2002, 2006 e 2011, com o intuito de identificar mudanças na vida das famílias ao longo desses anos; e através das pesquisas qualitativas foi possível identificar a percepção das próprias famílias participantes sobre essas mudanças.Os resultados das análises indicaram que, para além do sucesso técnico, é necessário ainda um conjunto de ações de organização social em torno do uso destas tecnologias. Nesse sentido, o grau de envolvimento das famílias no processo de implementação das TS - nas etapas de instalação e manutenção dos equipamentos; na criação de mecanismos que viabilizam a sustentabilidade dos sistemas; na elaboração de um regulamento interno e na instituição de um fundo de manutenção para reposição de peças e equipamentos danificados; em capacitação continuada para garantir o conhecimento técnico local, e no acompanhamento das falhas e interrupções dos serviços –, além do nível de satisfação dos usuários, permite compreender de forma mais ampla o conceito de tecnologia social. Tais mecanismos são necessários, uma vez que as tecnologias sociais incorporam no seu significado formas inovadoras de organização e participação da população para o uso dos recursos disponíveis.Tese Acesso aberto (Open Access) “Toda planta tem Alguém com ela” – sobre mulheres, plantas e imagens nos quintais de mangueiras(Universidade Federal do Pará, 2020-04-24) PEIXOTO, Lanna Beatriz Lima; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101Neste trabalho apresento um estudo sobre a relação de mulheres e quintais, com ênfase no cultivo de plantas. A pesquisa foi desenvolvida na Comunidade Quilombola de Mangueiras, município de Salvaterra, Arquipélago do Marajó, região Norte do Brasil. A partir da vivência junto a quatro mulheres e suas narrativas, objetivo compreender como se dá a habitação do espaço, como constroem suas paisagens. Entendo os quintais como um microcosmos, estudar as relações nele/com ele estabelecidas envolve questões relacionadas a vários aspectos da vida social como família, política, cura e xamanismo, e deixa transparecer formas e perspectivas de ver e viver o mundo marajoara. Em Mangueiras, como na maioria das comunidades quilombolas de Salvaterra que lutam até hoje pelo reconhecimento de suas terras, as mulheres tiveram papel decisivo no processo político e identitário. Papel de protagonistas elas também têm em outros âmbitos, entre eles está o cuidado com quintais e hortas domésticas, implicando a esfera de interações entre não-humanos e humanos; às preocupações com seus filhos, às sutis relações com o sagrado e o si-mesmo. São conhecimentos repassados através de uma trama de transmissão e troca, muitas vezes herdadas das relações de mães, filhas e avós. Neste caso também estão em jogo segredos, táticas de resistência de uma cultura, das mulheres de um povo. São conhecimentos e práticas que resistem e se reinventam frente os processos de dominação desde o período colonial aos mais recentes processos de colonialismo interno e externo. Quintais e mulheres cultivam-se mutuamente ao longo do tempo em direção ao cuidar de si e dos seus, reflexo do modelo patriarcal dominante. Mas que apresenta uma faceta política fundamental, que mantêm até hoje vivas, pulsantes, essas culturas.Tese Acesso aberto (Open Access) Os trabalhadores da Ciência: a crise da ação coletiva dos docentes da UFPA(Universidade Federal do Pará, 2022-05-05) FARIAS, Silvio Kanner Pereira; SCHMITZ, Heribert; http://lattes.cnpq.br/2294519993210835Este estudo se inscreve nas temáticas da ação coletiva e da organização sindical dos trabalhadores. Trata-se de uma pesquisa sobre o sindicalismo docente dos professores da UFPA. Aporta contribuições da sociologia das organizações e dos movimentos sociais às teorias da sociologia do trabalho que se referem à crise do sindicalismo. Discute a condição crítica do sindicalismo docente no quadro da degradação da educação superior e das condições de trabalho específicas desta categoria. Por meio de entrevistas e pesquisa documental verificou-se a ocorrência de três crise simultâneas no sindicalismo docente da UFPA, participação, filiação e repertório, estas três crises combinadas configurando um quadro de crise da ação coletiva. As respostas teóricas da sociologia do trabalho para a condição crítica do sindicalismo no Brasil, apesar de relevantes em termos macro, não possibilitam uma explicação do fenômeno identificado no caso em estudo, por não problematizar o aspecto organizacional e a forma especifica de trabalho e seu controle. Conclui que se constituiu nos últimos anos um modo especifico de controle do trabalho intelectual no âmbito das universidades que se denomina produtivismo acadêmico. Como outros, esse modo de controle também afeta a capacidade de ação coletiva, por meio da compressão do tempo e da subjetivação das injunções da produção cientifica. Seu locus de reprodução é a pós-graduação. Verifica-se um elevado crescimento da pós-graduação na UFPA nas últimas duas décadas. O produtivismo acadêmico introduz uma forma sui generis de alienação do trabalho docente. Sugere que a natureza da crise de ação coletiva, não obstante os aspectos contextuais marcados pela degradação das condições de trabalho e por mecanismos externos de regulação, pode ser encontrada na pragmática sindical, marcada pelo acento institucionalista e pela ausência de espaços de interação direta como forma de ação organizacional entendida como a construção e reconstrução sistemática das condições para a mobilização a partir da estruturação de uma rede de significados compartilhados.Tese Acesso aberto (Open Access) Turismo comunitário como sistema de dádivas na Amazônia: uma aliança entre reciprocidade e autonomia na gestão local do turismo em Anã e Coroca, Santarém, PA.(Universidade Federal do Pará, 2021-06-23) ASSIS, Giselle Castro de; PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz; http://lattes.cnpq.br/9872938064820413Essa investigação analisou como se estruturam as relações sociais tecidas entre os agentes sociais endógenos das comunidades Anã e Coroca (Santarém/Pa), e as relações que eles estabelecem com agentes exógenos para a oferta do turismo, com a finalidade de identificar a função da autonomia comunitária em iniciativas turísticas protagonizadas por populações locais. A pesquisa de campo foi orientada pelos pressupostos da etnografia antropológica, em três períodos diferentes de imersão nos microcosmos das comunidades, e no macrocosmo formado por Santarém e Alter do Chão. O caminho metodológico de análise dos dados foi construído a partir da concepção de Lanna (2000) sobre a etnografia da troca. O campo mostro qe o turismo institui relações de troca de dádivas ambivalentes (econômicas/simbólicas) entre os agentes sociais internos e desses com agentes externos às comunidades. Esse intercâmbio relacional de dádivas cria uma estrutura de rede social interdependente, sem a qual a experiência de turismo não acontece na comunidade. Ao promover a conexão do microcosmo com o macrocosmo, o turismo gera alianças e sociabilidades de forma sistêmica e complexa, pois existe entre esses ambientes uma dependência recíproca. Portanto, em ambientes sociais que promovam a troca de bens e de sua espiritualidade de forma ambivalente, o turismo pode ser compreendido como uma dádiva e, a dinâmica relacional que ele produz, como um sistema de dádivas. A compreensão da dinâmica dessas relações sociais me permiti inferir qe o trismo comnitrio prod m fato social total na concepo de Mauss (2017). A observação detalhada das iniciativas turísticas de Anã e Coroca revelou que, embora ambas sejam chamadas por turismo de base comunitária (TBC), a base comunitária ou endógena, está ativa, no momento, somente em Coroca. Isso porque, essa comunidade opera suas ações coletivas por meio da reciprocidade. Como a estrutura social que sustenta a autonomia de uma comunidade de processos de dependência, tutela e dominação de agentes externos, a reciprocidade é a responsável por promover a autogestão dos interesses coletivos, como o turismo. Ao identificar a aliança entre reciprocidade e autonomia no microcosmo de Coroca, e sua ausência no microcosmo de Anã, compreendi a função da autonomia, e sua relevância como característica balizadora para reconhecer iniciativas de turismo comunitário, pois não há como referir o protagonismo de uma população local na gestão do turismo se ela não é livre para RESUMO escolher; se não é plenamente capaz de tomar decisões em todos os processos que envolvem a operação turística, os quais ocorrem tanto no seu ambiente endógeno (o comunitário), quanto no exógeno (mercado de viagens). Acredito que a autogestão do turismo comunitário é um caminho possível, desde que as populações locais tenham acesso ao conhecimento e formação técnica para autogerir-se de forma integrada entre suas demandas comunitárias, e as expectativas do mercado de viagens.Tese Acesso aberto (Open Access) URBI ET ORBI Localização e globalização da canção popular paraense(Universidade Federal do Pará, 2021-11-26) MOREIRA, Nélio Ribeiro; COSTA, Antonio Maurício Dias da; http://lattes.cnpq.br/2563255308649361; https://orcid.org/0000-0002-0223-9264A tese procura abordar, por meio de uma perspectiva teórica da cultura como invenção, do processo social como convenção (WAGNER, 2012) e da agência dos objetos artísticos (GELL, 1996), como se caracteriza uma cultura musical em seu processo, um mundo artístico (BECKER, 2010), por meio de sociações de diversas colorações (SIMMEL, 2006) consolidando um grupo sonoro (BLACKING, 2010) que atua em um contexto de interação mundial por meio dos processos globalizadores (HANNERZ, 1996; CANCLINI, 2008; APPADURAI, 1994). Procuro mostrar que o mundo da canção popular paraense contemporâneo é uma formação social caracterizada como um conjunto social marcado por certa estabilidade nas suas ações e perspectivas socioculturais e por formas de interação diversas que são praticadas entre uma diversidade de membros, intra e intergrupal, que formam redes de sociação e atuam em diversas dimensões, como em cenas locais e translocais, sendo esta última tomada a partir das 1) conexões entre artistas locais com outros artistas já estabelecidos no cenário nacional brasileiro, e 2) das experiências de atores em contextos transnacionais. A forma de obtenção de dados se valeu da proposta de etnografia multissituada (MARCUS, 1995), elemento fundamental para compor o quadro de elementos a ser analisado, haja vista o contexto marcado por certa dispersão de tais dados. Isso feito por meio do “seguir” os eventos, atores e os dados, em lugares físicos ou virtuais. O trabalho está dividido em duas partes. A primeira, intitulada Cultura Musical como Invenção, está dividida em quatro capítulos “Trajetória e campo”, “Invenção da cultura no mundo da canção popular paraense – I” “Invenção da cultura no mundo da canção popular paraense – II” e “Recriações na cultura musical paraense contemporânea: o caso do carimbó”. A segunda parte, chamada de Processo Musical como Convenção, é composta por cinco capítulos: “A cena local: os lugares da canção como espaço praticado para projetos”, “A cena translocal: projetos e práticas, redes e conexões”, “A cultura musical paraense em processos globais: fluxos, fronteiras e hibridações”, “Festival de Música Popular: a(tua)ção ritual no processo musical” e “A cena local em ambientações digitais: o Jambu Live como festivalização virtual”.
