Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC por Linha de Pesquisa "LITERATURA, MEMÓRIAS E IDENTIDADES"
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Tese Acesso aberto (Open Access) Bruno de Menezes, Dalcídio Jurandir e De Campos Ribeiro e as territorializações afro-amazônicas urbanas (da belle époque à década de trinta)(Universidade Federal do Pará, 2019-11-22) SANTOS, Josiclei de Souza; FURTADO, Marli Tereza; http://lattes.cnpq.br/2382303554607592O presente trabalho faz uma leitura das territorializações afro-amazônicas profanas e sagradas na cidade Belém na passagem do século XIX para o XX, e nas primeiras décadas deste, a partir das obras Batuque (1939), de Bruno de Menezes, Gostosa Belém de Outrora (1965), de José de Campos Ribeiro, e Belém do Grão Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, observando como os referidos autores, a partir de vivências e pesquisas, conseguiram criar obras que reinseriram na narrativa da cidade os grupos minoritários afro-amazônicos que haviam sido ocultados pela narrativa dos grupos majoritários do período da belle époque amazônica, que se deu durante o ciclo econômico gomífero, tendo tais comunidades sido ocultadas da narrativa de conformação da cidade. Houve no referido ciclo um agenciamento enunciativo de essencialidade euro-indígena, alimentado por meio de uma produção artística comprometida com o aparelho de Estado. Interessa para este trabalho o que as referidas obras possuem de Literatura Menor, trabalhando com os signos das territorializações afro-amazônicas na cidade de Belém, rasurando as genealogias de origem geradoras de racismos e hierarquias, que diminuíram a participação afrodescendente na história da Amazônia. Como ferramentas para a leitura das obras estudadas serão utilizados os Estudos Comparativos, bem como os Estudos Culturais, numa perspectiva transdisciplinar. Para o estudo do conceito de territorialização utilizou-se Deleuze e Guattari (2012). Para o conceito de literatura menor também utilizou-se o estudo dos mesmos (2014). Para o estudo da narrativa de nação foram utilizados os estudos de Homi Bhabha (2013). Para se estudar o espaço urbano foram utilizados os estudos de Ricoeur (2007), Costa (2013) e Foucault (1987). Para o estudos do Modernismo no Pará foram utilizados Leal (2011), Figueiredo (1996) e (2001), e Furtado (2002). Para os estudos afro-amazônicos foram utilizadas as pesquisas de Salles (2005), (2004) e (2003).Tese Acesso aberto (Open Access) Desamparo e insulamento nas obras literárias a "Ilha da Ira", de João de Jesus Paes Loureiro e "Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum(Universidade Federal do Pará, 2018-09-12) FERREIRA, Lourdes Nazaré Sousa; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria Pereira; http://lattes.cnpq.br/3707451019100958A presente tese buscou analisar duas obras literárias contemporâneas, o romance Órfãos do Eldorado de Milton Hatoum (2008), e a peça de teatro A Ilha da Ira, de João de Jesus Paes Loureiro, presente no livro “Obras reunidas: teatros e ensaios” (1976). As vozes discursivas que ecoam das personagens nas narrativas foram importantes para responder a argumentação a qual é pautada essa tese: o conceito de desamparo tal como é entendido ao longo de séculos revela-se insuficiente para dar conta das experiências angustiadas e traumatizadas erigidas no texto literário. E como para representar aspectos psíquicos sempre se faz necessário construir sentidos, este estudo teve como fundamento a observação de todos os procedimentos teóricos expressivos para a composição textual. Tornando-se fundamental esclarecer, em vista da proposição que foi exposta e avaliada neste trabalho, os termos insulamento e desamparo. Por isso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma leitura comparativa das duas obras, verificando por meio dos discursos das personagens como o desamparo se revela em uma produção literária a partir do século XX. Por esse viés, a reflexão desenvolvida se debruçou sobre visões empreendidas por meio de um estudo teórico-investigativo embasado principalmente num arcabouço teórico transdisciplinar com a psicanálise freudiana, para que fosse ampliado o olhar sobre o desamparo ao emergir do espaço literário. Essas discussões encontraram seu principal suporte teórico nos livros Inibições, Sintomas e Angústia, de Sigmund Freud (1996), Birman (1999), Camon (1990), Maffesoli (1987), Michaud (2001), dentre outros teóricos cuja contribuição foi de cabal relevância como forma de apresentar as argumentações, os seus contextos e as relações que possuem com o cerne da pesquisa. A pesquisa permitiu identificar nas obras do corpus, a existência, como um arsenal metafórico de sensações e afetos que se manifestam com imensa força representativa de comportamentos e conflitos universalizantes, como a solidão, a angústia, a violência, o abandono, a falta. Por isso, o desamparo será entendido, neste estudo, que ao erigir das produções literárias contemporâneas se apresentará como um agregador de afetos e sentidos sendo pertinente tomá-lo como paradigma ou ferramenta analítica para a compreensão de outros textos ficcionais semelhantes.Tese Acesso aberto (Open Access) O discurso do Infilmável: formas de pensar a adaptação entre literatura e cinema(Universidade Federal do Pará, 2023-09-11) LOUREIRO JUNIOR, João Pereira; SARMENTO-PANTOJA, Carlos Augusto Nascimento; http://lattes.cnpq.br/3263239932031945; https://orcid.org/0000-0003-0552-4295A presente tese reflete sobre o discurso do infilmável a partir da representação da impossibilidade no processo tradutório entre a literatura e o cinema, utilizada como potencial justificativa para evidenciar um suposto impedimento estético na relação interartística entre o literário e o fílmico. Para discutir sobre as formas de pensar a adaptação a partir dessa perspectiva, partimos do pressuposto de que o infilmável revela a conflitiva relação entre o que se propõe a ser feito (a partir de mecanismos e recursos construídos na confecção do roteiro) e o que se materializou como produto adaptado. Isso se dá através de um intenso processo de busca pelo filme e de encontrar soluções para assumir a particularidade da obra cinematográfica, que no filmável, se encontra enquanto infilmável, pois toda tradução cinematográfica é uma possibilidade, um desejo de transformar a criação estética em uma linguagem em todo seu potencial imagético. Para analisar a constituição dos discursos do infilmável, recorremos a diversos marcos teóricos no campo da adaptação que nos ajudaram na pesquisa. Para discutir construções relacionais em torno do jogo literatura, cinema e tradução, recorremos a autores como Borges (2007), Benjamin (2008), Llosa (2004), Cândido (1972), Adorno (1970), Bernardet (1985). Quando discutimos o infilmável, partindo de uma perspectiva conceitual, etimológica, semântica, linguística e histórica, até alcançar os lugares de fala que alimentam o termo, utilizamos autores como Stam (2008), Avellar (2007), Bazin (1991). Para fundamentar nossas leituras sobre tradução, adaptação e outros conceitos correlatos, propomos um diálogo com Figueiredo (2010), Sanchez Noriega (2001), Plaza (2003), Seger (2007), Hutcheon (2013). No sentido de potencializar nossa discussão, analisamos algumas adaptações de filmes/séries de TV, baseados em Dom Quixote de Miguel de Cervantes, usamos como aporte teórico estudiosos como León (2015); Hidalgo e Arruda (2020), Morell (2022) Silva (2016), Johnson (2003). Como apontamento conclusivo para a delimitação discursiva que nos propomos investigar, esta tese demarca sua posição no campo da tradução/adaptação entre cinema e literatura, evidenciando a fragilidade de um discurso em torno do infilmável que se potencializa no espaço do senso comum, pela imposição discursiva de uma impossibilidade descontruída, tão logo se vê confrontada pela potência da tradução entre as fronteiras que abarcam o literário e o fílmico e seu eterno devir.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Eles muitos cavalos e pssica: a literatura brasileira contemporânea imersa no caleidoscópio citadino(Universidade Federal do Pará, 2025-02-11) COELHO, Luana da Silva; PEREIRA, Helena Bonito Couto; http://lattes.cnpq.br/9240687015870539Partindo do pressuposto da complexidade que é a vida nos centros urbanos, causadora de impactos sociais e psicológicos nos indivíduos que constituem essa realidade, o presente trabalho busca analisar de que forma esse espaço está sendo representado na literatura contemporânea brasileira, tendo como foco os romances Eles eram muitos cavalos (2001), do mineiro Luiz Ruffato e Pssica (2015), do paraense Edyr Augusto. Com auxílio do método da pesquisa bibliográfica e da literatura comparada, objetiva-se, portanto, a análise da cidade enquanto espaçopersonagem nos romances supracitados guiando-se pelas marcas da fragmentação romanesca, discutidas por autores como Sá (2007), Hossne (2007), Ricciardi (2007) e Macedo (2007); as formas de realismo contemporâneo, baseadas principalmente em Schøllhammer (2009; 2012; 2013), as influências das técnicas da montagem cinematográfica, elaboradas por Eisenstein (1990), Leone & Mourão (1993), Stam (2000) e Carone (1973) e traços do romance policial, teorizado por Reimão (1983) e Massi (2011). À vista disso, sendo a cidade uma temática que perpassa a história da literatura brasileira, infere-se que é notável sua recorrente presença na escrita contemporânea, posto que é o locus que reúne um conjunto de mazelas sociais. Essa temática fisgou os escritores do contexto hodierno, sendo tratada de diferentes modos e representada através das técnicas de escrita que permeiam a simultaneidade dos fatos transcorrentes das grandes metrópoles e influenciada pelo cronotopo em que cada autor e obra estão inseridos – de São Paulo, como no romance de Ruffato, a Belém e região amazônica, como no caso de Edyr.Tese Acesso aberto (Open Access) Entidades e identidades no diálogo entre seres fantásticos das narrativas orais tradicionais da Amazônia e dos RPGS(Universidade Federal do Pará, 2021-05-04) MUINHOS, Breno Pauxis; SIMÕES, Maria do Perpétuo Socorro Galvão; http://lattes.cnpq.br/0672011058049782; https://orcid.org/0000-0002-1365-6258A Amazônia, além de uma região geográfica, é um espaço de civilizações tradicionais e suas culturas. Diversas sociedades floresceram e se desenvolveram nesse espaço, e vieram a entrar em contato com outras, advindas de outras partes do mundo e, neste local, criaram outra variedade de pensamentos que são concretizados em narrativas que se mantêm até hoje. Na Literatura, o espaço amazõnico se tornou um cenário para as mais diversas manifestações da arte literária, e na História se constitui em um arcabouço rico de fenômenos da humanidade. Os jogos de interpretação de papéis, os RPGs, fazem parte de um gênero surgido no final da década de sessenta nos EUA, que apresenta em seu vasto material, reflexos de diversos momentos históricos e literários. Suas contribuições são perceptíveis em vários impressos voltados para praticantes desta atividade narrativa e outras mídias. A presente tese tem o objetivo de traçar os diálogos que os textos de impressos de RPG possuem com algumas narrativas orais coletadas pelo projeto IFNOPAP, que visa a expor o imaginário resistente na identidade local acerca daquilo que compreendem como realidade mitológica. O foco do trabalho está nos textos que relatam criaturas fantásticas presentes nos testemunhos de diversos sujeitos que foram interrogados pelos pesquisadores. Os relatos são colocados em comparação com os textos advindos de livros de jogos narrativos, algo que objetiva apresentar como as narrativas populares tradicionais ainda resistem ao tempo e são absorvidas por um gênero próprio da modernidade. Para uma percepção completa, irá ser traçado um recorte do percurso dos estudos das narrativas orais no Brasil e em outras partes do mundo, pertinentes aos objetivos da tese. Além, de se apresentar o contexto de como os jogos de interpretação de papéis surgiram; também será apresentado como as narrativas presentes nas obras podem ser percebidas como textos literários, cabíveis de interpretação e análise próprias da Teoria Literária. A partir destas premissas, se confirmará que as entidades ficcionais estarão ao lado da construção de identidade destes povos, a partir do material dos autores que contribuíram com o Projeto IFNOPAP. Por fim, em anexo, a tese apresentará uma proposta que exemplifica como as narrativas orais tradicionais podem ser adaptadas para uso como cenários de RPGs, que irão dispor de características próprias para serem utilizados como uma forma de resistência e expressão amazônica.Tese Acesso aberto (Open Access) Escrituras indígenas de autoria de mulheres Potiguara (Brasil) e Mapuche (Chile)(Universidade Federal do Pará, 2022-02-11) ALENCAR, Larissa Fontinele de; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria Pereira; http://lattes.cnpq.br/3707451019100958; https://orcid.org/0000-0003-1575-5679Nesta tese proponho um estudo no âmbito da literatura de resistência sobre as escrituras de autoria de mulheres dos povos originários Potiguara (Brasil) e Mapuche (Chile). Para tanto, esta pesquisa está configurada como uma grande tessitura, formada por fios e linhas teóricometodológicas em que as epistemologias de base se apoiam, inicialmente, no exercício de escovar a esteira da história a contrapelo para, assim, trançar, fio por fio, a trama literária (re)feita por mulheres indígenas. A priori, entendo que as literaturas de autoria indígena são literaturas de resistência, e que o corpo-território literário indígena, em meio e em conexão com a natureza, faz-se nas palavras em riste, bem como mantém-se firme em seus propósitos e ideologias próprias, mesmo com todas as imposições e subjugações engendradas pelo discurso hegemônico perpetuado pelo colonizador. É necessário frisar, também, que a literatura de resistência é um campo da teoria literária que estuda as literaturas que emergem em contextos de autoritarismo, estados de exceção, situações de barbárie, assim como em situações de traumas ou, ainda, que tematizam tais condições sócio-históricas e psicológicas. Sendo assim, esta subárea da literatura, configura-se como potencializadora da existência através da resistência, formando, desse modo, uma fratura poética de “rexistência”. Nesse sentido, considero que as escrituras de mulheres Potiguara e Mapuche são desenvolvidas por meio de palavras que transcendem a resistência sob a ótica tanto de gênero quanto de identidade étnica. Esta perspectiva é marcante no corpus literário desta pesquisa, e faz que o escopo da tese se dê pela expressão do corpo fraturado da mulher indígena, o qual, por isso mesmo, em resistência, tensiona, através da sua produção literária, a memória, a ancestralidade, as questões de gênero, a identidade étnica e as relações subjetivas e coletivas com o trauma colonial. Nessa perspectiva, o corpora literário desta investigação é composto por escrituras das autoras do povo Potiguara: Eliane Potiguara, Graça Graúna e Sulami Katy; do povo Mapuche foram selecionadas escrituras compostas pelas autoras: Graciela Huinao, Faumelisa Manquepillán e Daniela Catrileo. Ressalto, contudo, que, no decorrer da tese, também são feitas referências a uma significativa produção escrita de outras escritoras, inclusive, pertencentes a outros grupos étnicos. Assim sendo, esta pesquisa, de teor bibliográfico-qualitativo, foi desenvolvida a partir de uma abordagem analítico-descritiva e a partir das leituras interpretativas das escrituras literárias em questão. Para tanto, ao realizar a análise do corpora literário, busquei engendrar recortes que alinhavam a compressão dos aspectos poéticos das obras das escritoras indígenas na perspectiva de uma escrevivência ancestral, na construção de poéticas das identidades de gênero e identidades étnicas, além de uma perspectiva do olhar indígena sobre os traumas coloniais provocados pelo estado genocidário. E, por fim, lançando um olhar mais integral sobre esta pesquisa, considero que uma das contribuições mais significativas desta tese está na junção da literatura de resistência com as literaturas indígenas, posto que se agrega a esse campo uma narrativa outra, de fonte decolonial, que atravessa corpos e textos que foram, durante muito tempo, excluídos dos estudos literários.Tese Acesso aberto (Open Access) O exílio no testemunho da segunda geração: elementos para um paradigma narrativo(Universidade Federal do Pará, 2021-02-26) LOBATO, Ladyana dos Santos; SARMENTO-PANTOJA, Tânia Maria Pereira; http://lattes.cnpq.br/3707451019100958; https://orcid.org/0000-0003-1575-5679Analisamos, nesta pesquisa, o testemunho de filhos de perseguidos, desaparecidos e mortos políticos da Ditadura Militar de 1964, que se reporta à experiência da infância no exílio e à forma como essa experiência se encontra apresentada na produção literária e cinematográfica. Para isso, selecionamos dois corpora de pesquisa. O primeiro é constituído de narrativas testemunhais publicadas, em 2014, na obra Infância Roubada, dentre as quais selecionamos as narrativas intituladas: “O exílio do meu pai foi a nossa despedida”, de Suely Coqueiro; “Por que você é tão tristinha?”, de Marta Nehring; e “Adotados pela Revolução Cubana”, de Virgílio Gomes da Silva Filho. O segundo corpora é constituído pela novela intitulada Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, publicada em 1988, pela Série Vaga-Lume; o romance intitulado A Resistência, publicado em 2015, pelo escritor brasileiro Julián Fuks, filho de pais exilados da ditadura na Argentina; e o filme intitulado Diário de uma busca, lançado em 2010, por Flávia Castro, filha de perseguidos políticos da Ditadura no Brasil. A tese dialoga com conceitos do campo dos estudos migratórios (CAVALCANTI, 2017; OIM, 2009, SAYAD, 1998), dentre os quais destacamos o conceito de exílio (AGAMBEN, 1996; SAID, 2003; VIÑAR e VIÑAR, 1992; ROLLEMBERG, 1999, 2007). A tese dialoga, também, com os estudos sobre narrativas do exílio (ADORNO, 1999; CORTÁZAR, 2001; VIDAL, 2004; FIGUEIREDO, 2017), estado de exceção (AGAMBEN, 2004); testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2003, 2005, 2013; VILELA, 2000; SALGUEIRO, 2012); literatura e testemunho (DE MARCO, 2004; LUQUE, 2003); memória (SARLO, 2007; BASILE, 2019; FANDIÑO, 2016); sobrevivência (PELBART, 2008, 2013) e utopia (SZACHI, 1972). O estudo possui como abordagem teórica central os estudos sobre exílio, testemunho e memória da segunda geração. Porém, verificamos que as narrativas testemunhais são atravessadas, tal como pelo conceito de utopia, pois há, nesses textos, um desejo pessoal dos filhos de compreensão de suas próprias identidades, que aponta para o paradigma de um presente ad infinitum da experiência traumatizada do evento histórico. Diante dessa realidade, surge uma alternativa, qual seja, o desejo da realização de um projeto coletivo que prima por outra forma de relação entre a população e o Estado. Seria essa a utopia por uma forma de vida não marcada pela violência de estado? A utopia da integridade do sujeito? Essa proposta utópica é, ao mesmo tempo, paradoxal, devido à sua impossibilidade, tendo em vista que, uma vez violada a integridade física, psicológica ou moral, jamais essa pode ser recuperada. Para responder a essa problemática, propomos um instrumento de análise comum para narrativas testemunhais que reportam experiências da infância no exílio. Neste processo, consideramos a presença de 4 (quatro) categorias de análise. São elas: 1) A Motivação (para a viagem); 2) A Viagem; 3) A Estada; 4) O Retorno. Na análise das narrativas dos corpora de pesquisa, a partir das quatro categorias propostas, verificamos que a experiência de exílio da segunda geração está atrelada a um conjunto de elementos que apontam para a forma como o estado ditatorial constituiu-se como agente promotor de violação de direitos fundamentais de crianças e que, por isso, a utopia é, na mesma medida, um projeto irrealizável. Assim, este estudo é de fundamental importância para apresentarmos a nossa contribuição teórica para os estudos do exílio, assim como propor um instrumento de análise que poderá ser utilizado por outros pesquisadores em corpora de pesquisas semelhantes.Tese Acesso aberto (Open Access) A expressão do poder na produção literária de Bruno de Menezes(Universidade Federal do Pará, 2020-09-21) PEREIRA, Edvaldo Santos; SIMÕES, Maria do Perpétuo Socorro Galvão; http://lattes.cnpq.br/0672011058049782Sob a perspectiva de que na composição de narrativas literárias é frequente o desenvolvimento da ação a partir das relações de poder, foi formulada a hipótese de que as relações dessa natureza se destacam como componentes estéticos da ação nessas obras. Nesse sentido, toma-se como suporte teórico desta pesquisa o pensamento de Michel Foucault acerca do poder, sobretudo abordado no livro Microfísica do Poder; além disso, considera-se a concepção de Karl Marx quanto ao poder manifestado nas relações de trabalho, no processo de produção da sociedade. Nesse sentido, estabelece-se uma relação com o estudo das estruturas que compõem o ambiente social, por uma microfísica do poder que tem como princípio a formação molecular da sociedade, mas também as questões voltadas à luta pela igualdade social no campo do trabalho. Essas concepções se firmam no poder que se manifesta nos mais variados níveis e diferentes pontos da rede social. Nessas circunstâncias, a abrangência da obra literária se estende com a reprodução dessas relações na ação narrativa, mediante a apropriação desse recurso na composição de seus personagens. Para a sustentação desta tese, tomou-se como objeto literário a produção do escritor paraense Bruno de Menezes, sobretudo em treze poemas selecionados, na novela Maria Dagmar e no romance Candunga, narrativa acerca do drama de retirantes do Nordeste brasileiro, que se instalaram na região bragantina, em áreas próximas à estrada de ferro Belém-Bragança. Dividido em quatro seções, apresenta-se, na primeira, a manifestação do poder que vai da realidade à ficção; na segunda, as formas de manifestação do poder como prática dos diversos níveis da sociedade, transpostas para a obra literária; na terceira, aspectos biográficos do autor, com ênfase em sua trajetória de vida, enquanto sujeito atento aos problemas sociais, engajado em movimentos sindicalistas e cooperativistas, que trouxe essa vivência para sua obra; por fim, a quarta será voltada à produção literária do autor, com foco nas relações de poder manifestadas em sua obra poética e em sua narrativa de ficção.Tese Acesso aberto (Open Access) Max Martins: diálogo entre o verbal e o visual plástico na cena literária em Belém(Universidade Federal do Pará, 2020-06-15) SANTOS, Ilton Ribeiro dos; CASTILO, Luís Heleno Montoril del; http://lattes.cnpq.br/6393961522804578Este estudo sobre a hibridização do verbal – a temporalidade - na literatura com o visual plástico – a espacialidade - é uma reflexão contextualizada sobre as expressivas mudanças pelas quais a linguagem literária passou a partir da modernidade. Para isso, fez-se um recorte histórico, pós-mallarmeano, especificamente depois de 1950, momento em que se apresentaram novas maneiras de se produzir e perceber a linguagem literária, e também um recorte local, refletindo sobre como alguns poetas da cidade de Belém passaram a relacionar-se com essa nova literatura, com destaque para a obra de Max Martins. Esse poeta desenvolveu um projeto bioliterário e, desse modo, contribuiu para a revolução da linguagem poética na segunda metade do século XX. Refere-se, portanto, a obras de caráter complexo, ressonância de um fenômeno poético que reverberou da crise da linguagem na virada do século XX. Para tal reflexão, as esteiras teóricas são a literatura comparada e a semiótica [as interfaces do plástico estético verbalizado – a iconicidade – com verbal literário visualizado]. Esse novo tempo literário é provocador de novos tecidos verbais poéticos, como, também, exige-se uma nova dinâmica para leitura – crítica –, abrindo, assim, novas condições de se habitar no poético – arte literária.Tese Acesso aberto (Open Access) A mesticagem na literatura latino-americana contemporânea: uma leitura da trilogia de Ospina(Universidade Federal do Pará, 2024-08-30) BARRETO, Francelina Ribeiro; ALMEIDA, Carlos Henrique Lopes de; http://lattes.cnpq.br/9511564560016368; https://orcid.org/0000-0002-2037-905XO presente trabalho tem como propósito refletir sobre as diferentes dimensões que o fato histórico assume no âmbito da ficção na literatura moçambicana, portuguesa e brasileira. O corpus de análise é composto por O alegre canto da perdiz (2018), de Paulina Chiziane, Balada da praia dos cães (2009), de José Cardoso Pires e Galvez, imperador do Acre (2022), de Márcio Souza (2022). Isso porque nessas narrativas, percebe-se um acontecimento histórico constitutivo do fazer literário: a colonização em Moçambique, a ditadura salazarista em Portugal e a anexação do Acre ao Brasil, momentos históricos representativos na construção dessas nações. Ademais, demonstrar-se-á como essas construções literárias de diferentes sociedades, nesse caso, africana, portuguesa e brasileira, realizam, por intermédio da literatura, textos originais representantes de posicionamentos ideológicos. Nesse sentido, este estudo propõe analisar as relações paradoxais entre literatura e história, de forma a demonstrar como elas interferem nas obras mencionadas. Assim, na possibilidade de estudos comparados com outras áreas do conhecimento, o que ora se propõe é uma análise comparativa de textos em língua portuguesa, cuja latência nota-se o conspecto da história, seja ela oficial ou não. Tratase, portanto, de uma investigação de caráter bibliográfico, com ênfase na discussão das relações entre literatura e realidade. Por este caminho, analisaremos os romances de Paulina Chiziane, de José Cardoso Pires e de Márcio Souza, que refletem o próprio processo de elaboração artística e, ao mesmo tempo, utilizam a história para contestar a sua veracidade. Dessa forma, nota-se que nas obras examinadas, a metaficção historiográfica se apresenta enquanto estratégia de reflexão da história, bem como de ressignificação e interpretação de fatos. Logo, observarse-á a metaficção historiográfica à luz dos estudos de Linda Hutcheon (1991) e de estudiosos como Zênia de Faria (2012) e Maria Tereza de Freitas (1986); a meta-história em Hayden White (1995) e o romance histórico a partir de Lukács (1983). Ademais, como a memória se apresenta como artifício nas obras analisadas, essa categoria será tratada por meio de Aleida Assmann (2011) e Halbwachs (2013).Tese Acesso aberto (Open Access) A metaficção historiográfica em Paulina Chiziane, José Cardoso Pires e Márcio Souza: reflexões a transfiguração em literaturas de Língua Portuguesa(Universidade Federal do Pará, 2024-08-28) MINEIRO, Maria Aparecida; ALMEIDA, Carlos Henrique Lopes de; http://lattes.cnpq.br/9511564560016368; https://orcid.org/0000-0002-2037-905XO presente trabalho tem como propósito refletir sobre as diferentes dimensões que o fato histórico assume no âmbito da ficção na literatura moçambicana, portuguesa e brasileira. O corpus de análise é composto por O alegre canto da perdiz (2018), de Paulina Chiziane, Balada da praia dos cães (2009), de José Cardoso Pires e Galvez, imperador do Acre (2022), de Márcio Souza (2022). Isso porque nessas narrativas, percebe-se um acontecimento histórico constitutivo do fazer literário: a colonização em Moçambique, a ditadura salazarista em Portugal e a anexação do Acre ao Brasil, momentos históricos representativos na construção dessas nações. Ademais, demonstrar-se-á como essas construções literárias de diferentes sociedades, nesse caso, africana, portuguesa e brasileira, realizam, por intermédio da literatura, textos originais representantes de posicionamentos ideológicos. Nesse sentido, este estudo propõe analisar as relações paradoxais entre literatura e história, de forma a demonstrar como elas interferem nas obras mencionadas. Assim, na possibilidade de estudos comparados com outras áreas do conhecimento, o que ora se propõe é uma análise comparativa de textos em língua portuguesa, cuja latência nota-se o conspecto da história, seja ela oficial ou não. Tratase, portanto, de uma investigação de caráter bibliográfico, com ênfase na discussão das relações entre literatura e realidade. Por este caminho, analisaremos os romances de Paulina Chiziane, de José Cardoso Pires e de Márcio Souza, que refletem o próprio processo de elaboração artística e, ao mesmo tempo, utilizam a história para contestar a sua veracidade. Dessa forma, nota-se que nas obras examinadas, a metaficção historiográfica se apresenta enquanto estratégia de reflexão da história, bem como de ressignificação e interpretação de fatos. Logo, observarse-á a metaficção historiográfica à luz dos estudos de Linda Hutcheon (1991) e de estudiosos como Zênia de Faria (2012) e Maria Tereza de Freitas (1986); a meta-história em Hayden White (1995) e o romance histórico a partir de Lukács (1983). Ademais, como a memória se apresenta como artifício nas obras analisadas, essa categoria será tratada por meio de Aleida Assmann (2011) e Halbwachs (2013).Tese Acesso aberto (Open Access) Necronarrativas em três romances contemporâneos brasileiros(Universidade Federal do Pará, 2021-07-30) AUTIELLO, Sheila Lopes Maués; RUSSO, Vincenzo; http://lattes.cnpq.br/4108882812232683; CASTILO, Luís Heleno Montoril del; http://lattes.cnpq.br/3519128535996125; https://orcid.org/0000-0002-2507-5346A presente tese trata da ocorrência de necronarrativas na Literatura Brasileira Contemporânea a partir dos romances Pssica (2015), de Edyr Augusto; Enterre seus mortos (2018), de Ana Paula Maia e A Morte e o Meteoro (2019), de Joca Reiners Terron. O objetivo é analisar, a partir de uma abordagem analítico-comparatista, de que modo as narrativas ficcionalizam os processos necropolíticos da sociedade brasileira, nos últimos cinco anos. A pesquisa propõe análise dos romances a partir de três eixos críticos: o primeiro, corresponde aos corpos dispensáveis, que terá como base os conceitos de vida nua, de Giorgio Agamben (2002) e de vida precária, de Judith Butler (2019); o segundo, respeita à presença predatória dos negócios ‘gore’, que se fundamenta nos estudos sobre o capitalismo ‘gore’, de Sayak Valencia (2010) e, por fim, o terceiro, que relaciona-se à recorrência da imagem do morto-vivo ou zumbi, tendo como chave de leitura os estudos de Deleuze e Guattari (2010) e de Leo Barros (2020). O estudo concentra-se na análise temática das obras, apesar de fazer breves incursões por outros elementos narrativos. Conclui-se que os romances estudados fazem parte de uma força estruturante de composição romanesca, que representa esteticamente os processos necropolíticos brasileiros, a qual denominei: necronarrativa. Portanto, entende-se que as obras analisadas, fazem parte de um trecho do romance brasileiro que está preocupado em problematizar esteticamente a vida a partir da necropolítica (MBEMBE, 2018). A caracterização das necronarrativas se dá, sobretudo, pelas representações da precarização dos corpos contemporâneos; da emergência de mercados criminosos que florescem nos grupos submetidos a condições mortíferas e da iniciação a processos simbólicos de zumbificação social. Trata-se, todavia, de um estudo que identifica uma tendência e não uma generalização.Tese Acesso aberto (Open Access) A presença da mulher na música do Pará: o texto na canção de autoria feminina, da Belle Époque até a primeira metade do século XX(Universidade Federal do Pará, 2020-08-25) SOUZA, Dione Colares de; FURTADO, Marli Tereza; http://lattes.cnpq.br/2382303554607592; https://orcid.org/0000-0001-7597-7834Objetiva-se constatar a presença feminina na produção artística e musical em Belém do Pará, da Belle Époque até a primeira metade do século XX, a partir do texto na canção de autoria de compositoras que nasceram ou viveram no Pará. Trata-se de pesquisa interdisciplinar para se compreender a produção musical de autoria feminina, a partir de uma perspectiva historiográfica, sociológica e de gênero que propiciará também desvelar os processos de inserção da mulher no âmbito das práticas culturais desse período, além de se depreender a relação entre o texto e a linguagem musical. Portanto, são elucidadas as seguintes questões: Quais são as canções de autoria feminina no período investigado? Houve crítica, recepção e circulação da canção de autoria feminina no período da Belle Époque no Pará até a metade do século XX? Qual a relação dessas representações artísticas musicais com o pensamento social, a realidade cultural e o ideário estético da época? Em meio à experiência cultural da Belle Époque, a canção de autoria feminina dispõe de particularidades amazônicas em seus estratos literários e musicais ou projetam uma relação de poder ou discurso socioideológico padrão da época? O conjunto documental foi coletado a partir de investigação de fontes documentais primárias e fontes orais. Desta feita, tal conjunto de informações assume caráter científico para análise do texto na canção de autoria feminina, cujos fatos históricos e sociais serão alinhados aos componentes estéticos descritos nas obras analisadas. Além disso, delimitou-se o campo teórico com base na revisão da literatura na área de estudos literários, buscando-se fundamentos nas orientações de Candido (1973, 1996, 2010, 2012), bem como em Oliveira (2002), Murray Schaffer (2001), na área interdisciplinar, Vieira (2001, 2009, 2012, 2013), Salles (1980, 2007, 2012, 2016), Bourdieu (1974, 2007, 2017), e Citron (2000), no campo da história social, estudos culturais e de gênero. Apontam-se como resultados: a presença feminina na cena artística e musical paraense da Belle Époque até a primeira metade do século XX, embora suas composições permanecessem sem visibilidade; as mulheres não apenas atuaram na docência e performance musicais como compunham textos e canções; as temáticas predominantes nas canções são Sacras, Sentimentais, Festivas e Regionais e, relacionam-se com as práticas sociais das mulheres pesquisadas; o piano marca esse período como elemento simbólico de europeização de costumes e ideológico enquanto dote feminino e meio de distinção social; o obscurecimento da história e das obras das compositoras pesquisadas deve-se a questões de gênero e práticas sociais e culturais da época.Tese Acesso aberto (Open Access) Representações das identidades homoafetivas na prosa contemporânea brasileira: leituras da escrita de si(Universidade Federal do Pará, 2019-03-12) OLIVEIRA, Rubenil da Silva; SIMÕES, Maria do Perpétuo Socorro Galvão; http://lattes.cnpq.br/0672011058049782; https://orcid.org/0000-0002-1365-6258A tese, cujo título é “REPRESENTAÇÕES DAS IDENTIDADES HOMOAFETIVAS NA PROSA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: leituras da escrita de si” tem como objetivo geral analisar as identidades homoafetivas na prosa contemporânea brasileira, a partir da leitura de Stella Manhattan, de Silviano Santiago (2017); Confissões ao mar, de Kadu Lago (2010); O terceiro travesseiro, de Nelson Luiz de Carvalho (2007); O diário de Marjorie: memórias de uma travesti, de Marcos Soares (2014); Olho de Boto, de Salomão Larêdo (2015) e o conto “Cachorro Doido”, de Haroldo Maranhão (1986), à luz da abordagem dos estudos culturais na literatura, da literatura de autoria de minorias sexuais e da escrita de si. Como abordagem da pesquisa foi usada a qualitativa, uma vez que se dispensa a quantificação de dados e a pretensão é analisar como são feitas as representações das identidades homoafetivas sob o viés das teorias e críticas da literatura apontadas anteriormente. Para as análises e elaboração dos capítulos teóricos foi necessário um aprofundamento de leituras acerca da literatura e suas teorias críticas em Cevasco (2003, 2005), Bhabha (2013), Compagnon (2010), Candido (1981, 2000 e 2007), Dalcastagnè (2012), Derrida (2014), D’Onofrio (2004), Eagleton (2011) e outros; da homoafetividade – Okita (2015), Figari (2007), Fry e Macrae (1983), Fry (1982), Trevisan (2002), Gomes Filho (2016) Mott (2003), Oliveira (2016, 2018); da memória e identidade – Le Goff (2016), Halbwachs (2013), Ricoeur (2007), Yates (2016), Hall (2014), Woodward (2014); da cultura e tradição oral – Zumthor (1997, 2001 e 2018), Câmara Cascudo (2008), Simões (2006), Mindlin (2006) e Paes Loureiro (2006); do poder e sexualidade – Foucault (2014, 2015, 2016 e 2017), Agamben (2005), além de outros. A pesquisa incluiu o tipo bibliográfico a fim de solidificar o conhecimento necessário para suportar a análise. Ao comparar o que está posto nas teorias com as leituras literárias conclui-se que as diferenças entre a escrita de si e do outro, as quais estão amalgamadas nas experiências dos sujeitos. Portanto, pode ser afirmado que há correspondência entre o viver e o não viver a homoafetividade, visto que no viver sugere-se maior proximidade entre o real a narrativa literária, enquanto o apenas ouvir sobre torna o narrador mais distante do fato, sobretudo, porque a literatura homoafetiva é uma atitude de resistência.
