Dissertações em Sociologia e Antropologia (Mestrado) - PPGSA/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6623
O Mestrado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) é vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Dissertações em Sociologia e Antropologia (Mestrado) - PPGSA/IFCH por Agência de fomento "CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior"
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Castanhal: a “cidade modelo”, os caminhos e descaminhos do projeto de desenvolvimento(Universidade Federal do Pará, 2023-12-20) CRUZ, Laiane Helena Silva da; MOURA, Edila Arnaud Ferreira; http://lattes.cnpq.br/2154370107837866; https://orcid.org/0000-0003-0093-8464Seguindo o padrão nacional-desenvolvimentista, o governo brasileiro na segunda metade do século passado implementou uma série de políticas públicas que almejavam o crescimento econômico, principalmente, por meio da industrialização. Com a instauração da ditadura militar na década de 1960, o governo, visando integrar a Amazônia ao restante do país, passou a adotar diversas políticas públicas como a construção de rodovias e ampla política de incentivos fiscais. A região, vista como um “espaço vazio” pelo Estado, se tornou o destino de milhares de migrantes em busca de um lote de terra. Esta dissertação tem como objetivo analisar a atuação do Estado no município de Castanhal (PA), dentro de um cenário político caracterizado pela ideologia do desenvolvimento. O município de Castanhal, localizado no estado do Pará, é analisado em três períodos: sua criação associada à construção da Estrada de Ferro de Bragança, reforma urbana e criação do Assentamento Cupiúba. Este estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica sobre a história de Castanhal e da Região Bragantina e com base em indicadores sociodemográficos, econômicos e agropecuários coletados nos bancos de dados SIDRA e Atlas Brasil. Os resultados encontrados indicam que Castanhal, devido a um conjunto de investimentos que a cidade recebeu ao longo dos períodos analisados, atualmente se destaca positivamente entre os municípios que foram cortados pela Estrada de Ferro de Bragança. Por outro lado, no que diz respeito à reprodução social dos produtores rurais do assentamento há uma série de desafios a serem superados. O desamparo pelo Estado a que estão sujeitos e a criação do Assentamento Cupiúba como uma medida paliativa em resposta à ocupação dos trabalhadores revela como a agricultura familiar tem sido desvalorizada pelo poder público.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Cidadãos do céu, e quilombolas na terra: um estudo sobre articulações entre crenças pentecostais e aspectos da territorialização de um quilombo amazônico.(Universidade Federal do Pará, 2021-03-19) SOUZA, Alef Monteiro de; MORAES JÚNIOR, Manoel Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/2429279552706202; https://orcid.org/0000-0001-6986-7671Este texto é uma etnografia que sintetiza parte dos resultados de uma pesquisa de campo realizada na comunidade quilombola São Pedro, em Castanhal, Pará, nos meses de março de 2020 a fevereiro de 2021. O objetivo é descrever conexões existentes entre crenças pentecostais e três aspectos da territorialização do Quilombo São Pedro, a saber: ocupação, identificação com o território e uso do território. Para tanto, foram realizadas pesquisa censitária, observação participante e realização de entrevistas. Os dados gerados em campo foram analisados sob uma perspectiva epistemológica descolonial. Os resultados da investigação apontam que Assembleia de Deus naturalizou o racismo e os problemas sociais da comunidade (expressões do genocídio do negro brasileiro e da necropolítica do Estado) os interpretando como sinais necessários da volta de Jesus. Um elemento fundamental da resposta imaginária da igreja à situação escatológica que supõe existir é a identidade de “cidadãos do céu” que, na prática, consiste em viver de acordo com os princípios do pentecostalismo assembleiano, uma religião sincrética, mas, ao mesmo tempo, afeita ao espírito do capitalismo e ao racismo à brasileira e suas “máscaras brancas”. Por ora, a AD em São Pedro contribui com a situação de autofagia cultural e política que ao mesmo tempo enfraquece as fronteiras étnicas da comunidade e reforça a necropolítica que a vitima.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Curt Nimuendajú e as narrativas míticas tembé: Revisitando uma produção etnográfica(Universidade Federal do Pará, 2022-07-04) SANTOS, Glaucia Silva dos; MORAES JÚNIOR, Manoel Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/2429279552706202; https://orcid.org/0000-0001-6986-7671Revisitar uma etnografia de Curt Nimuendajú, que integra um repertório de narrativas míticas do grupo indígena Tembé Tenetehara, constitui a base de investigação desta dissertação. O etnógrafo Curt Nimuendajú, alemão que migrou para o Brasil em 1903 e se tornou, ao longo de quarenta anos, um exímio conhecedor de grupos indígenas, publicou em 1915 na Zeitschrift für Ethnologie o texto Sagen der Tembé-Indianer (Pará und Maranhão) no qual reuni dez narrativas míticas dos Tembé Tenetehara. Desse modo, a presente dissertação propôs saber sobre o contexto e as orientações metodológicas que permitiram a produção de tal etnografia naquele início do século XX. Assim, a pesquisa seguiu uma perspectiva biográfica de Curt Nimuendajú, que ajudou visualizar o percurso de sua formação inicial no campo de estudo sobre populações indígenas, permitindo saber o contexto do encontro etnográfico com os Tembé Tenetehara em dois momentos, sendo o primeiro nas mediações das políticas indigenistas do SPILTN, na região do Rio Gurupi, e o segundo nas dependências da missão religiosa dos capuchinhos lombardos no município paraense de Igarapé-Açú. Em ambos os contextos a agenda etnográfica de Nimuendajú se concentrou no conhecimento da língua e da cosmologia Tembé, empreendimentos de pesquisa que estavam alinhados com as orientações da etnologia alemã, em voga na época, pela via da etnografia de salvamento, que ele conheceu a partir dos trabalhos dos americanistas alemães que se encontram referendados em suas etnografias.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A dendeicultura em Igarapé-Açu/Pará: um olhar sobre as relações de trabalho que tipificam o trabalhador rural na Agroindustrial Palmasa(Universidade Federal do Pará, 2024-02-29) CARDOSO, Marlon Kauã Silva; RIBEIRO, Tânia Guimarães; http://lattes.cnpq.br/1193175057010343; https://orcid.org/0000-0003-1683-3659O objetivo desta pesquisa foi analisar as relações de trabalho que tipificam os trabalhadores rurais na agroindústria do dendê em Igarapé-Açu, notadamente analisando a Agroindustrial Palmasa. A agroindústria do dendê, em nível macropolítico, foi territorializada no nordeste paraense através das ações estatais desenvolvimentistas nos governos civis-militares nos anos 1960, planejadas pela Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), e, tem novo impulso com o neodesenvolvimentismo dos anos 2000, associada ao desenvolvimento sustentável, através do Programa Nacional de Produção do Biodiesel (PNPB) e do Programa Sustentável de Óleo da Palma (PSOP). Estes desembocaram em projetos de integração, para a obtenção do Selo do Combustível Social (SCS), entre produtores do dendê e agricultores familiares em municípios do nordeste paraense. Através de metodologia de natureza qualitativa, aliando dados de entrevistas, bibliográfico e quantitativos verificamos que as políticas públicas mais recentes não abrangeram as atividades econômicas da Agroindustrial Palmasa, em Igarapé- Açu. Na região predominam contratos, mas apenas de compra e venda, relação associativa, entre médios/grandes produtores rurais de dendê e a própria empresa. Dessa forma, as relações diretas entre classes gravitam entre médios/grandes fazendeiros e boias-frias responsáveis pelo trabalho nas lavouras.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A doença do petróleo: extração petroleira na comunidade achuar nuevo Jerusalén no rio corrientes na Amazõnia Peruana(Universidade Federal do Pará, 2017-05-11) PALACIOS, Cynthia Cárdenas; LÓPEZ-GARCÉS, Claudia Leonor; http://lattes.cnpq.br/5655397771707702; https://orcid.org/0000-0001-9550-0152No norte da Amazônia peruana, perto da fronteira com o Equador, os Achuar do rio Corrientes convivem há mais de quarenta anos com a extração de petróleo em seu território, como consequência das políticas de concessão e exploração de hidrocarbonetos promovida pelos diferentes governos em toda a Amazônia. Esta é uma pesquisa sobre as percepções, ações e dinâmicas dos Achuar da comunidade Nuevo Jerusalén, cujo território está sobreposto pelo Lote 192. A partir das experiências particulares das lideranças e alguns comunheiros, principalmente dos jovens e das crianças, trata as percepções e as relações que os Achuar têm com seu território. A abordagem privilegia o ponto de vista dos próprios Achuar. Em que pese o argumento sobre as mudanças produzidas em seu território, como consequência da contaminação ambiental e social, produto das más práticas desenvolvidas pelas empresas petroleiras e da pouca regulamentação estatal ambiental, a relação deste povo como seu território é muito forte e está permeada por sua epistemologia, assim como pela extração de petróleo. Abordo a maneira como os Achuar aprendem a se relacionar com seu território, um território que é habitado por outros seres da floresta, além dos humanos. E que, ao mesmo tempo, já não pode lhes fornecer tudo de que precisam para garantir seu bem viver.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Em todo tempo mulher foi tapete”: a escrevivência de um corpo rebarbado sobre as relações assimétricas de gênero na Assembleia de Deus em Boa Esperança - PA(Universidade Federal do Pará, 2023-12-19) COSTA, Thaís de Oliveira; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Este texto sintetiza parte dos resultados da pesquisa que desenvolvo desde 2018 e centra-se nas discussões referentes à liderança de mulheres na igreja evangélica Assembleia de Deus. A instituição, fundada em 1911, em Belém do Pará, com o passar dos anos difundiu-se para outros estados fora da Amazônia Paraense e atualmente está presente em todos os estados brasileiros. Partindo de um viés colonialista, a igreja construiu sua hierarquia na sacralização da desigualdade de gênero, reservando às mulheres, principalmente negras, papéis subservientes e não permitindo que estas ascendessem na hierarquia eclesiástica. Esse fator endossa a postura androcêntrica da igreja que, em seus 110 anos de fundação, nunca consagrou mulheres aos cargos de liderança eclesiástica, mesmo tendo uma mulher como pioneira na fundação na igreja e um público de maioria feminina negra. Buscando desenvolver uma escrevivência, como propõe dona Conceição Evaristo, delimitei como “campo de pesquisa etnográfica” a comunidade cristã da qual sou “membra desviada”, cuja sede fica em Boa Esperança, na zona rural do município de Santarém, no Oeste do Pará. Mais especificamente, o trabalho se desenvolveu por meio do diálogo entre a pesquisadora rebarbada e as integrantes do Círculo de Oração. Em suma, esse texto é sobre como operam as estruturas de opressão que atuam sobre os corpos das mulheres e de suas subjetividades dentro da igreja.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Espaços da morte na vida vivida e suas sociabilidades no cemitério Santa Izabel em Belém-Pa: etnografia urbana e das emoções numa cidade cemiterial.(Universidade Federal do Pará, 2023-02-27) RODRIGUES, Elisa Gonçalves; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; lattes.cnpq.br/1972975269922101A morte permeia diversos campos da experiência humana em termos físicos e imaginários, portanto, individuais, coletivos e sociais. Tal construção circunda os sujeitos, suas relações e marcadores sociais, bem como a posição social em que determinados indivíduos ocupam, neste caso, dispostos no que chamo de cidade cemiterial. Sendo assim, esta dissertação tem o intuito de identificar como as emoções e vivências, vividas e relatadas, em sua maioria, pelos trabalhadores e transeuntes desta cidade cemiterial, dão corpo, impactam e influenciam o seu cotidiano, trabalhando com e para a morte. Por meio das perspectivas produzidas junto aos trabalhadores, transeuntes e usuários do campo santo, por meio de uma etnografia no contexto cemiterial urbano, ancorada nas três dimensões antropológicas que me interessam mais diretamente - das Emoções, Urbana e da Morte -, percorri as ruas das cidades dos vivos e dos mortos, considerando sua mais ampla sensorialidade (evocada pelo sensível, o imaginário e os ritos), sob escuta e observação participante na rotina das datas coletivas de forte reverberação simbólica do/no Cemitério Santa Izabel. Por intermédio das andanças pelas ruas cemiteriais, percebi que os que circulam dentro da necrópole experienciam a morte numa experiência conjunta à vida em perspectiva de interação com a morte. Nos sepultamentos, nas datas simbólico-coletivas e em demais momentos referidos nesta pesquisa, notei a ambiência do lugar que a cidade dos mortos ocupa na cidade dos vivos, e vice-versa. Diante disso, a pesquisa em questão, por meio da etnografia voltada ao sensível no contexto cemiterial, da antropoesia e da etnografia de rua, abre espaço para as reflexões que consideram o olhar dos sujeitos que manejam a morte e a compreendem como um lugar em sua vida, seja no trabalho ou fora dele, e dimensionam, portanto, as fronteiras que tocam o dia a dia da necrópole, que os alcançam para além das delimitações da cidade cemiterial amazônica.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Essa casa não é do INCRA, essa casa é minha”: efeitos funcionais e simbólicos do crédito habitacional em uma Resex marinha da Amazônia.(Universidade Federal do Pará, 2023-02-01) ALVES, Débora Melo; RIBEIRO, Tânia Guimarães; http://lattes.cnpq.br/1193175057010343; https://orcid.org/0000-0003-1683-3659O objetivo desta dissertação é analisar a implementação do Crédito Habitacional do II Programa Nacional da Reforma Agrária (II PNRA) na Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu (REMCT), que possibilitou a construção de habitações para uma parcela da população. A REMCT está localizada no município de Bragança, e é um território onde residem pescadores e capturadores de caranguejo. Esta análise busca identificar como a dinâmica local afeta e modifica as proposições funcionais da habitação que também é constituída por sua dimensão simbólica, a qual está inscrita na história de vida dos atores e no modo de viver em uma Resex; e, se a política de habitação em questão possibilitou ganhos na qualidade de vida dos contemplados por ela. A metodologia utilizada é predominantemente qualitativa, baseada na revisão bibliográfica, na análise de entrevistas feitas com as moradoras da REMCT, lideranças e técnicos, e de atas e documentos oficiais. Dados quantitativos levantados em bases oficiais são usados de forma complementar, com vistas a enfatizar as principais questões destacadas nas entrevistas. No que se refere ao campo teórico, parto da perspectiva da sociologia que possibilita analisar as relações entre Estado e sociedade, destacando a importância dos atores, processos e estruturas, com destaque à dimensão social (CORTÊS e LIMA, 2012), e por essa abordagem permitir apurar a compreensão do papel dos grupos sociais, cujas interações possuem poderes para influenciar as estratégias, os projetos e os resultados das políticas públicas (LASCOUMES e LE GALÈS, 2012). Os resultados vêm mostrando que a política do Crédito Habitacional do II PNRA tem potencial para reduzir desigualdades, isto porque a construção de habitações destinadas a populações empobrecidas, propicia um teto para morar e traz consigo estruturas funcionais como quartos, sala, cozinha, banheiro e água encanada, capazes de proporcionar mais qualidade de vida. Por outro lado, a política pública em questão não considerou aspectos regionais nem ambientais, e por tratar-se de um tipo de Unidade de Conservação a implementação da política deveria dialogar com a questão da sustentabilidade do território, considerando também a participação das populações locais na construção e implementação da política habitacional.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A festa de São Pedro na Vila de Joanes, Ilha de Marajó, Amazônia(Universidade Federal do Pará, 2015-08-26) RAVAGNANI, Luis Ricardo; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da; http://lattes.cnpq.br/1972975269922101A Vila de Joanes é uma vila de pescadores situada no município de Salvaterra, na Ilha de Marajó (PA). Historicamente, foi uma aldeia indígena e depois um assentamento religioso e militar, ganhando importância e destaque na economia local como um Pesqueiro Real. A vila possui o sítio histórico PA-JO-46, que é constituído pelas ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de poços que remetem ao período colonial marcando as transformações no tempo. Os pescadores se destacam como um “grupo de ofício” reconhecido e valorizado na vila, pela economia que se movimenta através deles e pela cultura que compartilham. No presente trabalho o olhar esteve voltado para a “Festa de São Pedro” ou “festa dos pescadores”, por constituir meio de representação e sociabilidade do grupo de pescadores. Através do método etnográfico procurei descrever os diferentes rituais que compõe a festa e compreender as relações de sociabilidade que se estabelecem entre organizadores e participantes. Acredito que a festa constitui experiência importante na vida das pessoas e de grupos sociais e que através dela seja possível compreender as diversas dimensões da sociedade como: política, religião, parentesco, trabalho, lazer e economia, como “fato social total” (MAUSS, 1974).Dissertação Acesso aberto (Open Access) O “interior” e as águas: entre paisagens, mobilidades e tecnologias de uma vida ribeirinha em São Sebastião da Boa Vista no Marajó-PA(Universidade Federal do Pará, 2024-08-20) LIMA, Joicieli Pereira de; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Esta pesquisa surge a partir de um confronto interno com a minha própria identidade, e assim questiono em saber se as pessoas que moram em São Sebastião da Boa Vista no Marajó se identificavam ou não como ribeirinhas. Entretanto, ao chegar ao campo percebo que as pessoas durante o seu cotidiano não estão acionando ribeirinho como identidade, a não ser em determinados momentos esporádicos, e o que aparece com constância é a categoria “interior”, esta por sua vez vai ser acionada i) ora como algo negativo e pejorativo, tendo em vista todo o processo histórico e social que a palavra “interior” carrega consigo, ii) ou a partir do confronto com o “outro”, essa categoria vai ser de valorização e de reafirmação. Através da observação participante, da utilização do diário de campo e de conversas informais foi possível observar a prática da vida cotidiana das pessoas e notar que elas estavam se deslocando seja pelo rio, pelo seco, pela lama, mas que dentro desse deslocamento a noção de tempo e espaço para se referir ao que é perto e ao que é longe estava sendo mediada pela relação das pessoas com as diferentes paisagens, principalmente pela presença ou ausência da água, compreendendo como parte da sua realidade e do seu modo de vida, agindo de acordo com essa vinculação ao seu próprio cotidiano. Diante disso, procuro compreender o que significa ser do “interior” para as pessoas, e a partir disso percebo que o Estado reduz o que é ser ribeirinho a um modo de vida ligado apenas ao rio, mas que ao ver através da prática da vida cotidiana das pessoas não apenas o rio importa, mas todas as águas e suas variações é que vão constituir a produção da percepção de pertencimento e seus modos de vida.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A internet como espaço de atuação política para mulheres capoeiristas em tempos de isolamento(Universidade Federal do Pará, 2023-12-22) PENA, Luana de Nazaré Pinto; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Os espaços em rede configuraram novas dinâmicas de sociabilidade, possibilitando o entrelaçamento de diferentes contextos histórico-sociais, uma multiplicidade de grupos, organizações e sujeitos com diferentes perfis de atuação e mobilização social e política, que atingiram novos patamares a partir dos contextos impulsionados pela pandemia da COVID- 19, no ano de 2020. Foi neste cenário que a capoerista paraense Sabrina Silva utilizou as lives no Facebook para difundir o movimento feminino da capoeira no Pará. Diante do exposto, o presente estudo objetivou analisar como a internet se tornou um lócus de atuação política das mulheres capoeiristas durante a pandemia no ano de 2020, a partir do estudo de caso das Lives de Sabrina Silva. Para realizar as análises, adotamos a etnografia digital como método, ela é uma adaptação da análise etnográfica para o estudo de culturas on-line, visando explorar e expandir as possibilidades por meio do constante uso das redes digitais. Em relação ao arcabouço teórico, selecionamos, entre outros, autores que trabalham questões relacionadas à capoeira, como Nestor Capoeira (1999), Letícia Reis (2000) e Luiz Augusto Leal (2005); autores que discutem as relações de movimentos sociais na atualidade, como Manuel Castells (2014) e Maria da Gloria Gohn (2011); autores que debatem questões de gênero, raça e classe, por exemplo, Anne McClintock (1995) e Kimberlé Crenshaw (2002); e teóricos que discutem a etnografia do digital, a saber, Beatriz Lins, Carolina Parreiras e Eliane Freitas (2020). Com isso, verificamos que as mídias sociais foram apropriadas por mulheres durante um período em que encontros físicos estavam suspensos, a fim de difundir uma luta tão importante para a construção da cultura brasileira, assim, evidenciando as relações de poder presentes na capoeira e suas possibilidades de expandirem as discussões sobre o tema e darem mais visibilidade a ele.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O lago virou canal: desigualdade ambiental nas entrelinhas do saneamento básico em uma baixada de Belém(Universidade Federal do Pará, 2024-07-05) PESSOA, Cláudia de Fátima Ferreira; RIBEIRO, Tânia Guimarães; http://lattes.cnpq.br/1193175057010343; https://orcid.org/0000-0003-1683-3659O trabalho analisa a reprodução de desigualdades ambientais mediante os impactos da precariedade dos serviços de saneamento básico no perímetro do Lago Verde, afluente do Rio Tucunduba no bairro Terra Firme, situado em Belém – Pará. Essa relação se justifica pelo reconhecimento de que determinadas camadas da população, alocadas em áreas específicas como as baixadas de Belém não têm garantias de acesso equitativo aos recursos e políticas fundamentais à vida na cidade. A pesquisa contemplou um desenho metodológico do problema a partir de uma abordagem predominantemente qualitativa, com o emprego das técnicas da pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e aplicação de entrevistas com roteiros semiestruturados, coleta e análise de dados secundários, como dados estatísticos sobre saneamento levantados em plataformas de dados oficiais, instituições de pesquisa e órgãos municipais de Belém, bem como análises censitárias do bairro a partir de dados do banco de tabelas estatísticas do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) e levantamento documental em fontes jornalísticas. A análise teórica fundamenta-se na categoria da desigualdade ambiental (Acselrad, Mello e Bezerra, 2009) articulada à temática do saneamento básico enquanto uma política pública de promoção do bem estar (Rezende, Heller, 2008; Souza et al, 2015). A categoria da desigualdade ambiental representa uma síntese entre desigualdade social e ambiental, indo além das diferenças de renda e classe ao ampliar a visão sociológica sobre o meio ambiente. As perspectivas elaboradas a respeito do saneamento influenciam nos modos de apropriação da cidade, orientando práticas, temporalidades e impactam as esferas subjetivas dos indivíduos em dois momentos distintos. O primeiro é a ausência e/ou precariedade dos serviços. Isso se observa na segurança financeira das moradoras entrevistas que fica comprometida com obras e ajustes nas casas após alagamentos, na ruptura com atividades e hábitos que mantinham em seus cotidianos por conta de intervenções de obras públicas, e a aflição e preocupação no gerenciamento do lar, que representam seus sonhos e conquistas, simbolizados na casa própria. Um segundo momento é da espacialização do Estado nos locais de baixadas, onde foram acionados aspectos de participação política pelo Movimento socioambiental Tucunduba Pro Lago Verde. Uma crítica social legítima se fez acerca da maneira pela qual se implementam as ações interventoras. As preocupações e aflições que perfazem o cotidiano dos moradores da comunidade do Lago Verde, alteram a sua relação com o bairro, bem como a forma de ser e estar na cidade. É mobilizado um processo social de fazer o saneamento que atesta e se coloca contra a sustentação e reprodução de desigualdades sociais e ambientais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Motivação para o engajamento sindical : estudo de uma organização de agricultores familiares no nordeste paraense(Universidade Federal do Pará, 2020-06-30) SANTOS, Raynice Souza dos; SCHMITZ, Heribert; http://lattes.cnpq.br/2294519993210835A presente pesquisa trata das motivações para o engajamento no Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), do Município de Concórdia do Pará. A ação coletiva representa uma das formas mais importantes de fazer prevalecer reivindicações sociais e políticas e é realizada frequentemente por meio de organizações. As organizações sociais tornam-se, portanto, instrumentos privilegiados de contestação e confronto político e, especialmente, os sindicatos têm desempenhado historicamente um papel central na defesa dos interesses dos trabalhadores. O sindicalismo rural, entretanto, está atualmente numa situação mais delicada, em virtude de uma série de transformações que põem em xeque a sua atratividade, dificultando o engajamento e a permanência dos sócios. Por isso, entender o porquê de se tornar membro de um sindicato, é uma questão de relevância não só acadêmica, mas também prática. Para realizar tal análise foi utilizado uma abordagem qualitativa, com a coleta de dados ocorrendo em duas comunidades (Galho e Igarapé João), e um assentamento (Nova Inácia), bem como na sede do sindicato. A pesquisa foi dividida em duas etapas, com cinco incursões ao campo. Foram coletados dados secundários (junto a Secretaria de Agricultura de Concórdia e a sede do STTR), consultada a literatura sobre a temática pesquisada e realizadas 23 entrevistas (com 18 agricultores familiares e cinco dirigentes sindicais). Os resultados da pesquisa apontaram que o STTR de Concórdia possui uma parcela significativa de agricultores filiados que, em sua a maioria, aprova a atual diretoria do sindicato. Não obstante, constatei que a maior parte dos sócios não está em dia com a contribuição sindical, com alguns alegando que deixaram de contribuir após a aprovação da Medida Provisória MP 871/2019 que acabou com a necessidade de emitir declarações do sindicato para que os trabalhadores rurais possam solicitar a aposentadoria. Esse serviço foi um dos principais motivos para a filiação ao STTR e a sua anulação enfraqueceu a organização. Esse fato aponta para a necessidade dos sindicatos se reinventarem e estabelecerem parcerias com outras organizações, como as associações de agricultores.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O movimento social contra o aterro sanitário em Marituba (PA): um estudo sobre o fórum permanente ‘fora lixão’(Universidade Federal do Pará, 2023-11-07) MORAES, Fabrício Tavares de; PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz; http://lattes.cnpq.br/9872938064820413Este estudo faz uma análise do movimento social denominado Fórum Permanente ‘Fora Lixão’ em suas práticas de atuação no município de Marituba (PA) sob a concepção da Teoria do Confronto Político (TPP). A pesquisa recorreu a uma abordagem qualitativa e ao método de estudo de caso, seguindo os procedimentos de entrevistas, documentos jornalísticos, judiciais, administrativos e pesquisa bibliográfica. Os resultados demonstraram uma organização interna do movimento composta de associações de comunidade, partidos políticos, movimentos sociais e segmentos da igreja católica, assim como formas de participação popular que oscilaram entre o confronto e a colaboração com o Estado. A pesquisa nos informa sobre como a sociedade civil organizada e instituições públicas construíram arranjos, parcerias e formas de participação política, para o caso da rejeição do aterro sanitário de Marituba, conhecido popularmente como “lixão de Marituba”. A pesquisa também informa sobre o fortalecimento da mobilização popular, no sentido de se conquistar uma democracia participativa popular, para um tratamento dos resíduos sólidos na Região Metropolitana de Belém, de acordo com parâmetros técnicos mais evoluídos e condizentes com as diretrizes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos e as leis que a amparam.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Mudanças e continuidades no Salgado Paraense: dinâmica das relações sociais em torno do universo da pesca artesanal em Marudá/PA(Universidade Federal do Pará, 2024-10-31) COSTA, Layse Rosa Miranda da; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366; FURTADO, Lourdes de Fátima Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/1828475659148260; https://orcid.org/0000-0002-5243-4607A área de pesquisa desta dissertação é Marudá, situada no município de Marapanim/PA, localizada na microrregião do Salgado Paraense e inserida na Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo, criada em 2014. É importante destacar que estudar o universo da pesca artesanal é complexo, pois envolve diversas variáveis marcadas por indicadores sociais, como questões ambientais, clima, gênero, educação, saúde pública, entre outros. No entanto, diante das variáveis apresentadas pelo campo de pesquisa em que atuo, este trabalho tem como objetivo evidenciar, por meio de minha observação participante e etnografia, realizada entre os anos de 2018 e 2024, as dinâmicas percebidas nas relações sociais em torno do universo da pesca em Marudá. Durante o trabalho de campo, muitos desdobramentos emergiram das evidências observadas, abrindo caminhos para projetos e pesquisas futuras. Nesse contexto, tradição e modernidade se entrelaçam constantemente no modo de vida haliêutico dos habitantes da região, provocando tanto mudanças quanto continuidades, especificamente no que a atividade pesqueira representa para eles. Assim, outro objetivo é destacar, a partir da minha pesquisa etnográfica, o que a pesca artesanal representa atualmente para os filhos e filhas de Marudá, considerando que essa relação não é a mesma que ocorria nas décadas passadas do século XX, uma vez que mudanças e continuidades ocorrem de forma constante, onde a atividade pesqueira era mais intensa. Outros aspectos abordados incluem também questões relacionadas ao turismo, categoria que vem dinamizando o modo de vida dos moradores. Desde a construção das primeiras estradas e rodovias que ligavam e ainda ligam Marudá/PA aos grandes e médios centros urbanos e comerciais do Estado do Pará, como os municípios de Belém e Castanhal, a região recebe muitos turistas, principalmente em períodos de férias e feriados, causando assim alguns impactos. Atualmente, outros meios de comunicação, vem dinamizando as relações sociais em torno do universo da pesca artesanal na localidade, como o acesso à internet, visto que o meio digital passou a integrar nas vivencias cotidianas, facilitando as comunicações e mobilizações de categoria social, tanto internas quanto externas, ou seja, para além das demarcações territoriais que consiste ao distrito de Marudá e Marapanim. Dessa maneira, os conceitos de mudanças e continuidades tornaram-se, metaforicamente, os remos que me guiaram e continuam a guiar nas marés desta dissertação. É importante destacar que a pesquisa foi conduzida em um contexto pandêmico, o que trouxe inúmeras dificuldades para a realização do trabalho de campo, além das demandas impostas pelas sequelas da Covid-19.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Nas veredas da sobrevivência: mulheres no setor informal na feira do Ver-o-Peso em Belém, do Pará(Universidade Federal do Pará, 2021-03-17) SILVA, Mayara de Oliveira; DANTAS, Luísa Maria Silva; http://lattes.cnpq.br/1573989294603242A presente dissertação tem como objetivo apresentar, a partir de uma etnografia, trajetórias e narrativas de mulheres que encontraram na feira do Ver-o-Peso, em Belém do Pará, oportunidades de geração de renda e que sem permissão pela Prefeitura Municipal de Belém para a utilização do espaço na feira, sobrevivem através dos seus trabalhos informais, autônomos e ambulantes. A pesquisa de campo foi dividida em três momentos: a) chegada ao campo b) imersão ao campo c) conhecendo mulheres que trabalham na feira. E foi realizada entre os meses de abril de 2018 e fevereiro de 2020. Foram levantados dados bibliográficos para suporte teórico da antropologia e sociologia, assim como, alguns dados quantitativos do universo da pesquisa. Foram entrevistadas 66 mulheres, na faixa etária entre 17 a 69 anos. A pesquisa qualitativa mostrou-se essencial para o conhecimento de trajetórias de vida de mulheres pertencentes ao setor informal; também, através da observação participante, dos seus trabalhos na feira, atividades laborais imprescindíveis para a subsistência diária. Observou-se que a feira representa um espaço acolhedor, que absorve grande parcela da população desempregada na cidade e ao mesmo tempo representa um desafio para o controle do poder público e lócus de práticas de criminalidade. O trabalho informal é abundante e marca característica da feira do Ver-o-Peso, sobretudo representado pela figura feminina no espaço.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O rio que embaçou no horizonte: narrativas e percepções sobre os impactos urbanos da construção e operação do terminal da Cargill em Santarém - PA(Universidade Federal do Pará, 2025-02-27) PIMENTA, Karina Cunha; SILVA, Carlos Freire da; http://lattes.cnpq.br/7489756177996098; https://orcid.org/0000-0002-0202-8678Este trabalho investiga os impactos urbanos da instalação e operação do terminal da Cargill em Santarém (PA), focando nas transformações socioambientais resultantes dessa intervenção e na experiência vivida pelos moradores da cidade. A pesquisa surgiu a partir de uma abordagem etnográfica iniciada em 2017, com o objetivo de compreender as mudanças nas paisagens urbanas, a partir das narrativas de moradores que, antes da instalação do terminal, viviam na antiga praia da Vera Paz e foram deslocados para o atual bairro do Laguinho. A partir dessa perspectiva, busca-se refletir sobre os efeitos da extinção desse espaço de lazer e sociabilidade, ampliando a análise para as dinâmicas econômicas do agronegócio, a expansão da monocultura da soja e os impactos decorrentes de grandes projetos de infraestrutura. Com base em uma metodologia qualitativa, a pesquisa utiliza narrativas orais, relatos de vida, entrevistas, poemas, canções e análise de documentos para explorar como as transformações causadas pelo terminal da Cargill moldaram novas formas de sociabilidade e resistência. A dissertação questiona como os processos de exploração econômica alteram a dinâmica urbana e ambiental, abordando não só as consequências econômicas, mas também os impactos sobre o sensível e as subjetividades dos moradores. A pesquisa também destaca a reconfiguração do sensível, simbolizada pela extinção da antiga praia da Vera Paz, e como isso representa um cerceamento do direito à cidade, revelando um processo de aceleração das violências socioambientais, invisibilizadas pela mídia, e propõe um olhar interdisciplinar sobre as questões urbanas na Amazônia, integrando dimensões emocionais e culturais frequentemente negligenciadas, visando abrir caminho para investigações mais profundas sobre as paisagens amazônicas e as novas formas de luta e pertencimento que emergem desses conflitos socioambientais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Trajetórias docentes e formação continuada em relações etnicorracias na Amazônia paraense(Universidade Federal do Pará, 2021-04-30) FIGUEIREDO, Evillys Martins de; CONRADO, Mônica Prates; http://lattes.cnpq.br/6141735247260273O âmbito educacional brasileiro, nos anos 2000, foi marcado pelo avanço de políticas públicas para a população afro-brasileira. Dentre elas, está a lei 10.639/03 que tornou obrigatório o en-sino de história e cultura africana e afro-brasileira no ensino básico; a partir dela, documentos oficiais do Conselho Nacional de Educação (CNE) ressaltaram a necessidade da formação con-tinuada de professores como um dos principais meios de se efetivar o que demanda a referida lei. Nessa perspectiva, o presente trabalho utilizou a metodologia de trajetórias sociais baseadas em biografias (BOURDIEU, 2006; COSTA, 2015; LEVI, 2006; SCHWARCZ, 2013) junto à técnica de entrevista não diretiva (MICHELAT, 1987) com o objetivo de compreender como docentes da educação básica, que cursaram uma especialização em relações etnicorraciais, fo-ram afetados por tal formação continuada e como a percebem enquanto parte de suas vivências objetivadas em trajetórias sociais na Amazônia paraense. A pesquisa contou com três interlo-cutores identificados pelos codinomes Ayòbámi Adébáyò, Onyebuchi Emecheta e Édouard Glissant, os quais são egressos da “Especialização UNIAFRO: Política de Promoção da Igual-dade Racial na Escola; III Curso de Especialização Saberes Africanos e Afro-brasileiros na Amazônia; Implementação da Lei 10.639/03”, promovido pelo Grupo de Estudos Afroamazô-nico (GEAM/UFPA) sob financiamento do Ministério da Educação. Para compreender as tra-jetórias desses docentes, analiso seus relatos biográficos a partir dos conceitos de raça, racismo, gênero, morenidade e preconceito contra a origem geográfica e de lugar, pois os relatos de suas vivências, durante e depois da especialização, foram em torno do conflito no aprendizado sobre as particularidades das relações etnicorraciais, em especial na região amazônica, visto que é um lugar marcado por uma produção de conhecimento exógena e homogeneizadora que a fixou na imagem de “floresta” e “vazio demográfico”, invisibilizando suas populações, sobretudo negros e negras, diante do eixo nacional. Assim, foi possível entender que durante a formação conti-nuada, com as disciplinas e debates, os docentes interlocutores conseguiram acumular novos conhecimentos que pudessem levar para suas salas de aula; durante e após o curso, percebem que os sujeitos na escola ainda enxergam o racismo como comportamento individual isolado, ideia na qual buscaram intervir no sentido de se apropriar do conhecimento da especialização para repensar em conjunto as estruturas de opressão presentes no cotidiano e na escola. Esse aprendizado sobre relações etnicorraciais também afetou suas vidas pessoais, mudando ou man-tendo seus entendimentos sobre suas trajetórias sociais no âmbito do reconhecimento das opres-sões e resistências que vivenciaram. Também foi possível compreender que a transposição dos conhecimentos desses docentes interlocutores para a sala de aula foi um processo trabalhoso, mas no qual, segundo eles, conseguiram certo êxito em chamar a atenção dos seus estudantes durante as discussões e atividades em torno da temática relações etnicorraciais, algo que, mesmo em pequena escala, teve efeito na mentalidade dos alunos.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Tratamento diferenciado: sobre reconhecimento e consideração em torno do sistema biomédico no Alto Trombetas(Universidade Federal do Pará, 2021-01-25) FIDELIS, Juliana Cardoso; CARVALHO, Luciana Gonçalves de; http://lattes.cnpq.br/9870905738650852; https://orcid.org/0000-0001-7916-9092Esta pesquisa apresenta aspectos das reivindicações sobre os serviços de saúde, originalmente reservados a funcionários da Mineração Rio do Norte, e as estratégias de acesso a serviços biomédicos, tal qual elas vêm sendo tomadas por oito comunidades remanescentes de quilombos em Trombetas (Oriximiná/PA). Trata-se da demanda por reconhecimento e consideração enquanto sujeitos morais e de direitos forjada pelos quilombolas residentes no Território Alto Trombetas II, os quais, organizados, negociam junto a MRN acesso à medicina convencional/hegemônica. Nesse contexto, considerando a insuficiência de serviços públicos prestados em diversos segmentos no território, bem como as transformações do ―modelo de saúde tradicional‖ operante com base em conhecimentos repassados ao longo de gerações e ainda acionados nas comunidades, pretende-se apresentar reflexões acerca das condições de acesso aos serviços biomédicos, de como elas são experimentadas pelas populações e tratadas nos debates/discursos relacionados à empresa mineradora. Dessa maneira, partimos da hipótese de que a liberação e as condições de acesso a esses serviços se constitui como uma questão moral de consideração, pautada no desenvolvimento de uma noção de ―tratamento diferenciado‖, que os considere e que os possibilite perceber estima social, como sujeitos morais e de direitos. A pesquisa se desenvolve por meio de trabalho etnográfico, baseado metodologicamente na abordagem multisituada, pela qual seguimos as relações fundamentais com base nos discursos emergentes que compõem campos de negociação e entendimentos sobre reconhecimento.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Vai rolar essa diamba?”: uma etnografia de usos medicinais, religiosos e recreativos da maconha em um bairro periférico de Belém/PA(Universidade Federal do Pará, 2023-05-26) PASSOS, Bruno Ferreira dos; DANTAS, Luísa Maria Silva; http://lattes.cnpq.br/1573989294603242Este trabalho tem por objetivo identificar e compreender diferentes usos da maconha por moradores de um bairro da periferia de Belém/PA. A presença da maconha pôde ser percebida em contextos recreativos, medicinais e religiosos. Pessoas que vivem o mesmo território experimentam de forma distinta a repressão policial, a segregação espacial, a proibição moral, e o alto custo do medicamento derivado da maconha, em um cenário no qual o uso recreativo sofre forte repressão, enquanto o uso medicinal tem seu acesso discreto e seletivamente flexibilizado. Realizei esta etnografia em diferentes lugares dentro do bairro: o condomínio - espaço de lazer bem urbanizado e com paisagem bem diferente do restante do bairro; a margem - espaço que se divide entre uma feira durante o dia e sede de festas de aparelhagem durante a noite; e nos arredores das ruas e praças -. As primeiras entradas em campo se deram por minhas experiências pessoais, as quais se somaram ao que foi vivido junto aos interlocutores na produção dos dados etnográficos. Para proteger todos os envolvidos na pesquisa, lugares e pessoas tiveram seus nomes ocultados ou ficcionados. Os dois primeiros capítulos desta monografia apresentam o problema de pesquisa, apresentam detalhes metodológicos e teóricos ao redor dos diversos usos da maconha, além de apresentar um breve panorama do tema no campo das ciências sociais. A partir dai os resultados do trabalho etnográfico são apresentados em três capítulos. No terceiro capitulo abordaremos os usos recreativos, discutindo diferenças na repressão policial sobre usuários a partir de critérios raciais, e como o estereótipo do maconheiro vem historicamente recaindo sobre negros e pobres, fundamentando políticas de segregação espacial até os dias de hoje. Em seguida, no quarto capítulo apresentaremos os usos religiosos em um terreiro de candomblé do bairro, no qual a maconha aparece como mais um elemento ritual, ainda que invisibilizado. O quinto e último capítulo reflete sobre dificuldades desiguais que mulheres do bairro enfrentam na busca por tratamentos de saúde com maconha medicinal, devido a uma moralidade hegemônica, e o racismo vivenciado em tentativas de acesso aos serviços de saúde.
