Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC por Área de Concentração "ESTUDOS LINGUÍSTICOS"
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Tese Desconhecido Aprendizagem autônoma de línguas adicionais e formação docente em um centro de autoacesso no ensino superior(Universidade Federal do Pará, 2021-03-19) RABELO, Jhonatan Allan de Andrade; MAGNO E SILVA, Walkyria Alydia Grahl Passos; http://lattes.cnpq.br/6129530461830312Centros de Autoacesso podem ser entendidos como ambientes de fomento à autonomia e costumam dispor de amplo acervo de materiais para a aprendizagem autodirigida (GARDNER; MILLER, 1999; COTTERAL; REINDERS, 2000; DOFS, HOBBS, 2011). Na Universidade Federal do Pará, esse espaço é a Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA³), que desde 2004 oferece diferentes formas de apoio aos graduandos da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM). Os efeitos positivos que a BA³ exerceu sobre a aprendizagem de línguas desses graduandos podem ser encontrados em publicações da área (MAGNO E SILVA, 2017; RABELO; MORHY, 2019 entre outros). Todavia, observa-se uma lacuna no que tange o potencial que os centros de autoacesso pode ter para a formação docente. A literatura em Linguística Aplicada evidencia que a autonomia, apesar de estudada há mais de cinco décadas, ainda é pouco presente nos currículos de Letras das universidades brasileiras. Formar professores capazes de fomentá-la entre seus alunos demanda experiências práticas fundamentadas em uma base teórica sólida, especialmente quando se considera o caráter complexo e dinâmico do processo de autonomização (PAIVA, 2006; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008). Por essa razão, justifica-se a ampliação do debate sobre a formação docente com foco na autonomia e as contribuições que podem emergir da existência de centros de autoacesso nas universidades. Esta tese tem por objetivo geral compreender o papel dos centros de autoacesso na formação de professores. Os objetivos específicos incluem identificar como o trabalho na BA³ trouxe benefícios para dez graduandos de Letras que atuavam como bolsistas ou voluntários nesse espaço. Ademais, verificou-se como a percepção desses participantes sobre ensino e aprendizagem foi ressignificada a partir das experiências lá vivenciadas. Por fim, avaliou-se a competência desses bolsistas e voluntários em desenvolver atividades de fomento à autonomia, bem como os papeis que o pesquisador exerceu como mediador nesse processo. O referencial teórico incluiu algumas das diferentes temáticas que compõem o rol de saberes de uma formação docente com foco na autonomia e motivação (USHIODA, 2008; DÖRNYEI; USHIODA, 2011), crenças (BARCELOS, 2006), estratégias de aprendizagem (OXFORD, 1990; SANTOS, 2011), avaliação (ALVES, 2005; CUNHA, 2006), entre outros. No que tange metodologia, optou-se pela pesquisa de cunho etnográfico, conduzida no grupo de estudo em autonomia e autoacesso, formado pelo pesquisador e pelos participantes. Os instrumentos de constituição dos dados foram diários de observação, gravações das reuniões e entrevistas. Os resultados demonstraram que os centros de autoacesso são espaços com grande potencial para a formação docente, pois são livres de restrições e oportunizam a vivência dos graduandos em ambientes autonomizadores, tanto como aprendentes quanto como professores em formação. Nesse processo, o coordenador pode atuar como um conselheiro para o trabalho docente, construindo pontes entre teoria e prática e estimulando a exercício profissional precoce por meio da criação de uma atmosfera de experimentação e colaboração mútua.Tese Desconhecido Apropriação teórica e formação de professores na graduação em Letras: o processo enunciativo em análise(Universidade Federal do Pará, 2017-11-08) PEREIRA, Eunice Braga; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039Na pesquisa, investigamos a apropriação teórica entendida como parte fundamental do processo de formação de professores. Buscamos responder à seguinte questão: que tipo de relação os graduandos, considerados professores em formação, estabelecem, em seus discursos, com os diferentes quadros teóricos a eles apresentados ao longo do curso de Letras? A hipótese inicial é de que, enquanto não houver apropriação teórica de fato, a teoria não terá papel constitutivo nem nas práticas discursivas dos alunos, nem em sua formação para o futuro trabalho docente. Sendo assim, nosso objetivo geral é compreender como os graduandos em Letras se apropriam e mobilizam os construtos teóricos ensinados no curso, os quais serão ou deveriam ser utilizados em sua futura atuação profissional como docentes. O corpus utilizado é constituído por dois tipos de produções acadêmicas realizadas pelos graduandos: 1) interações didáticas online realizadas numa rede social quando ressignificada como plataforma de ensino; dados estes resultantes de um projeto de ensino executado na graduação em Letras-Português da Universidade Federal do Pará durante dois anos; 2) produções escritas mais típicas do ambiente acadêmico, tais como relatórios de estágio, ensaios e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) também realizados na Universidade Federal do Pará. Como aporte teórico, trabalhamos com a Teoria Polifônica de Ducrot (1987) e com a Teoria dos Blocos Semânticos (TBS) do mesmo autor; acionamos também o quadro de Authier-Revuz (1990, 1998, 2004) sobre as heterogeneidades discursivas; recorremos ainda a alguns traços da análise enunciativa de Foucault (1999, 2014), particularmente aos conceitos de ritual e disciplina. Os resultados da pesquisa mostram que os professores em formação tendem a arrolar a teoria em suas produções acadêmicas de modo bastante superficial e ritualístico, ou seja, a apropriação ainda não está plenamente solidificada; por consequência, a teoria assume um papel mais pró-forma do que constitutivo.Tese Acesso aberto (Open Access) Aspectos morfossintáticos em mebengôkre: transitividade e marcação de argumentos(Universidade Federal do Pará, 2021-08-20) GOMES, Edson de Freitas; GALUCIO, Ana Vilacy Moreira; http://lattes.cnpq.br/3697197245602067; https://orcid.org/0000-0003-0168-1904O sujeito marcado canonicamente em Mẽbêngôkre já vem sendo descrito na literatura sobre a língua há alguns anos, no entanto, a descrição do sujeito marcado não-canonicamente ainda é um campo que precisa ser mais explorado e que mostra ser muito produtivo. A temática do sujeito que recebe marcação diferente do padrão canônico é bastante atual e relevante, pois, pode trazer informações novas para o conhecimento da morfossintaxe da língua e contribuir para o maior conhecimento de fenômenos ainda carentes de descrição. O estudo do sujeito não canônico pretende possibilitar a discussão sobre a realização do sujeito Mẽbêngôkre, mas sem perder de vista que ainda falta muito a ser feito para que esta hipótese seja confirmada definitivamente. Partindo desse cenário, esta tese tem o objetivo principal de descrever as formas como o sujeito é marcado em Mẽbêngôkre, com foco nas estratégias principais utilizadas para a marcação de sujeitos canônicos e não-canônicos, em especial o sujeito dativo, marcado pela posposição mã, e o sujeito locativo, marcado pelas posposições kãm, jã e bê. O padrão não-canônico de sujeitos em Mẽbêngôkre será tratado com base nos testes referentes às propriedades de codificação e comportamentais do sujeito propostos por Keenan (1976); Sigurðsson (2004); Eythórsson; Barddal (2005); Barddal; Eythórsson (2009 e 2016), entre outros autores. A análise apresentada baseia-se em dados oriundos de pesquisa de campo, obtidos por meio de gravação com consultores indígenas de aldeias Mẽbêngôkre, localizadas na reserva Gorotire, município de São Félix do Xingu, Sul do estado do Pará. A metodologia é baseada na aplicação de testes sobre as propriedades de codificação como a marcação de caso nominal, a indexação de argumentos no verbo e a ordem dos constituintes na sentença e das propriedades comportamentais como controle do reflexivo, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas, e mudança de referência. Os dados mostram que, além do sujeito marcado canonicamente, existe também o sujeito que é marcado formalmente por morfemas que são posposições e os testes morfossintáticos realizados mostram que estes sujeitos são aprovados na maioria dos testes propostos, no caso do sujeito dativo, e em alguns, no caso do sujeito locativo. Um argumento que corrobora a análise dos prefixos indexados em posposições como sujeito é o fato de estes prefixos serem duplicados pelo pronome nominativo, tal qual ocorre com o sujeito marcado canonicamente.Tese Acesso aberto (Open Access) Atitudes e estigma: investigações sobre o status do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara(Universidade Federal do Pará, 2021-08-25) FRANCÊS JUNIOR, Celso; AGUILERA, Vanderci de Andrade; http://lattes.cnpq.br/8323910235303866; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577A presente tese, intitulada: Atitude e estigma: investigações sobre o status do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara objetivou: i) examinar o papel das variáveis sociais sexo, escolaridade e faixa etária na formação das atitudes linguísticas diante de uma variedade desprestigiada e que sofre preconceito; ii) investigar os componentes cognitivo e afetivo, dentro de cada variável social, como elementos modificadores de atitudes, variações e mudanças linguísticas; e, iii) estudar, paralelamente, a recorrência das vogais médias posteriores em sílaba tônica na variedade do português falado na mesorregião do Marajó, como variante avaliada abaixo do nível da consciência do falante. Como complemento à pesquisa de atitude, realizou-se um estudo acústico vogal média posterior em sílaba tônica na variedade do português falado na mesorregião do Marajó, como possível variante alteada e avaliada de acordo com as atitudes linguísticas. Para tanto, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (CARDOSO, 2015; LABOV, 2008; AGUILERA, 2008; CALVET, 2002; MORENO FERNÁNDEZ, 1998; LÓPEZ MORALES, 1989) e da Psicologia Social (BEM, 1973; LAMBERT; LAMBERT, 1972; ROKEACH, 1968; LICKERT, 1932; THURSTONE, 1929). O universo desta pesquisa foi a mesorregião do Marajó, maior arquipélago de ilhas fluviais do mundo, com 16 municípios legalmente reconhecidos, dos quais, as cidades de Breves, Curralinho e Portel foram selecionadas como localidades alvo, pois, compreendem zonas de contato interdialetal. A metodologia deste trabalho contemplou procedimentos utilizados para a coleta, tratamento e análise de dados acústicos e de atitude linguística, a saber: i) instrumentos para a coleta de dados acústicos de produção de fala, a partir do protocolo de entrevista (Questionário Fonético-Fonológico); e, para a coleta de dados e medição de atitude linguística (técnica dos falsos pares), a partir do questionário de atitude; ii) perfil dos participantes da pesquisa, que somam 72 indivíduos estratificados socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; iii) variáveis controladas na descrição acústica (segmentais, prosódicas e sociais); e variáveis controladas na análise de atitude linguística (sexo, faixa etária e escolaridade); iv) tratamentos dos dados. No procedimento de análise, foram realizadas: i) uma caracterização acústica da vogal alvo, a partir dos parâmetros de F1 e F2; e, iii) uma análise das avaliações linguísticas do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara. Os dados acústicos demonstraram ser categórica a ausência do alteamento na variável alvo, pois, na constituição de um espaço acústico que pudesse mostrar o comportamento efetivo do que se imaginava ser uma vogal alta posterior, as ocorrências do segmento [u] apresentaram sua distribuição na mesma região da média posterior [o], com valor médio de F1 em 471 Hz e de F2, 956 Hz. Isso nos leva a afirmar que se trata do mesmo segmento vocálico, a partir dos dados acústicos. O resultado das avaliações subjetivas revelou que falantes nativos dos municípios marajoaras, alvo da pesquisa, manifestaram atitudes positivas quando foram colocados em posição de juízes para julgarem possíveis variedades recorrentes na região marajoara. Essa valoração positiva revela que, embora os participantes não realizassem o alteamento da vogal posterior na tônica, eles avaliaram como uma variante de prestígio. A aceitação e prestígio dado à variante, produto de atitude positiva, estão somados ao sentimento solidário, motivado por emoções, saberes e reações positivas adquiridas no uso de sua variedade ou na de outros sujeitos.Tese Acesso aberto (Open Access) Atlas geossociolinguístico quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA)(Universidade Federal do Pará, 2017-03-07) DIAS, Marcelo Pires; OLIVEIRA, Marilucia Barros de; http://lattes.cnpq.br/9728768970430501Esta pesquisa tem como objetivo apresentar o Atlas Geossociolinguístico Quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA). O AGQUINPA é um atlas semântico-lexical que descreve e mapeia a variedade linguística do português afro-brasileiro falado nas comunidades remanescentes de quilombos da Mesorregião Nordeste do Pará por meio do inventário lexical. O atlas apresenta um levantamento histórico e geossociolinguístico das comunidades pesquisadas, cartas linguísticas semântico-lexicais pluridimensionais, além de um banco de dados geossociolinguístico. A Mesorregião Nordeste do Pará foi selecionada como locus da pesquisa, em virtude da alta densidade de comunidades quilombolas reconhecidas e tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Instituto de Terras do Pará (ITERPA) e Fundação Palmares (FCP), e representam 270 das 523 presentes no Estado do Pará. Essas comunidades foram ocupadas por negros escravizados fugidos, em regiões de difícil acesso, com o intuito de evitar a recaptura e, em outros casos, foram antigas propriedades doadas ou cedidas após a desorganização do sistema escravagista na Amazônia, no final do século XIX. As comunidades quilombolas que fazem parte do AGQUINPA estão localizadas nas áreas rurais dos municípios do Nordeste do Estado do Pará (Brasil) e são as seguintes: a) Comunidade do Cacau (Colares/PA); b) Comunidade América (Bragança/PA); c) Comunidade do Rio Acaraqui/Campompema (Abaetetuba/PA); d) Comunidade Taperinha (São Domingos do Capim/PA); e) Comunidade Laranjituba (Moju/PA) e f) Comunidade África (Moju/PA). Essas comunidades têm como principais atividades econômicas o extrativismo e a agricultura de subsistência, além de apresentarem baixa mobilidade social e a maioria dos moradores se autodeclara descendente de negros escravizados. Para a elaboração do atlas, utilizamos o instrumental metodológico da Geografia Linguística e da Geolinguística Pluridimensional, considerando as dimensões diatópica, diassexual (homens e mulheres) e diageracional (Geração I: 18 a 30 anos; Geração II: 50 a 65 anos). A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2014 e 2016, por meio da aplicação do Questionário Semânticolexical do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), incluindo-se nele 31 questões de origem etimológica Bantu, para mensurar a difusão (ou não) do léxico de origem africana. Os dados coletados foram transcritos grafematicamente no software de anotação linguística ELAN e, posteriormente, trasladados para o Banco de Dados do AGQUINPA. As cartas foram confeccionadas através da utilização da ferramenta de georreferenciamento e edição de dados georreferenciados Quantum GIS (QGIS), além da ferramenta ColorBrewer para a colorimetria das cartas. O AGQUINPA possui 153 cartas semântico-lexicais, elaboradas a partir da aplicação do Questionário Semântico-lexical (QSL), das quais descreveremos 136, que apresentaram variação não categórica.Tese Acesso aberto (Open Access) Avaliação formativa como estratégia de desenvolvimento profissional de professores de português língua estrangeira(Universidade Federal do Pará, 2022-01-01) SILVA, Fernanda Sousa e; CUNHA, Myriam Crestian Chaves da; http://lattes.cnpq.br/0057919162522146; https://orcid.org/0000-0002-9635-5054Esta pesquisa tem como objeto a formação inicial de professores de Português Língua Estrangeira (PLE). Tendo em vista o paradigma contemporâneo de formação docente, que prima pelo desenvolvimento da reflexividade como meio de preparar profissionais capazes de lidar com os desafios de situações de ensino-aprendizagem cada vez mais complexas, buscou-se, com este estudo, contribuir para a formação inicial do professor de PLE com base na avaliação formativa enquanto estratégia de desenvolvimento profissional. Diante disso, construiu-se uma articulação teórica entre o desenvolvimento profissional do professor de PLE e a avaliação formativa, adotada como princípio organizador de um dispositivo de intervenção e formação elaborado com base na perspectiva francófona de avaliação formativa – enquanto dispositivo de ensino-aprendizagem (ALLAL, 2007; MOTTIER LOPEZ, 2015) e estratégia de desenvolvimento profissional (JORRO, 2007) – bem como nos trabalhos de Pastré (2002, 2005, 2007, 2011a, 2011b), nos estudos sobre gestos profissionais (BUCHETON et al., 2008) e sobre gestos didáticos (AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008; SCHNEUWLY, 2009). Assim, foi desenvolvido um estudo de caso interventivo (FALTIS, 1997) junto a um professor-estagiário iniciante no curso de PLE da Universidade Federal do Pará dirigido a estudantes estrangeiros pré-selecionados do Programa de Estudantes-Convênio Graduação (PEC-G) que se preparam Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras). Ao longo de cinco meses, buscou-se favorecer o despertar da reflexividade do participante da pesquisa por meio de atividades que envolviam a elaboração de diários reflexivos, entrevistas de autoconfrontação (CLOT; FAÏTA, 2000) e reuniões de formação centradas na análise de sua prática com intuito de favorecer a construção de um agir didático (SILVA, 2013) mais formativo. O impacto desse dispositivo de intervenção e formação na atuação profissional do professor-estagiário se fez sentir pela emergência de gestos específicos e, consequentemente, pelo incremento do seu repertório didático em direção a um agir didático mais voltado para o propiciamento de fontes potenciais de regulação da aprendizagem de aprendentes de PLE. Ademais, também houve aprofundamento dos seus processos reflexivos rumo a análises mais minuciosas, pautadas em operações de conceitualização da ação passada, tendo em vista a regulação do agir futuro, análises estas que foram favorecidas pelo contínuo processo de “reflexão-sobre-a-ação” (SCHÖN, 1983). Desse modo, esta investigação concluiu que a avaliação formativa, como dispositivo de formação, pode atuar efetivamente como motor do desenvolvimento da reflexividade docente e consequentemente, contribui positivamente para o desenvolvimento profissional do professor de PLE.Tese Acesso aberto (Open Access) Caracterização acústica das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ do português falado na Cidade de Cametá/PA(Universidade Federal do Pará, 2021-02-19) SOUSA, Josivane do Carmo Campos; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577A presente Tese de Doutoramento em Linguística tem como objetivo geral fornecer uma descrição acústica das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português falado na área urbana da Cidade de Cametá/PA. Como objetivos específicos, buscou-se: a) verificar as possíveis influências de fatores sociais como sexo, faixa etária e escolaridade sobre a variação das vogais médias pretônicas; b) verificar se o fenômeno da harmonia vocálica favorece o processo de variação das vogais alvo na variedade de Cametá/PA; c) fornecer o espaço acústico das vogais alvo em análise, conforme os parâmetros de F1 (altura da língua), F2 (anterioridade/posterioridade); d) investigar o papel de F0 (frequência fundamental), F3 (arredondamento dos lábios) e Duração na caracterização acústica das vogais médias pretônicas na variedade estudada. Para tanto, os procedimentos metodológicos adotados foram os estabelecidos por Cruz (2011) na caracterização acústica do sistema vocálico pretônico do português falado na Amazônia Paraense: a) corpus padronizado - sendo 45 vocábulos selecionados com base no contexto de alta variabilidade em estudos sociolinguísticos anteriores; b) amostra estratificada socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; c) coleta de dados por meio do protocolo de leitura de texto em voz alta (Y); d) segmentação dos dados no Praat; e) aplicação do script Praat Analyser Tier para obtenção das medidas acústicas tomadas da parte central das vogais alvo; f) organização dos valores dos parâmetros físicos no Excel; g) tratamento estatístico por meio do programa R. Os resultados apresentados são do tratamento dos 789 dados oriundos do protocolo de coleta de dados por meio da leitura de texto (Y), contemplando os 18 (dezoito) sinais sonoros referentes à amostra. A análise sociolinguística mostrou a predominância das variantes médias, tanto da anterior (75%) quanto da posterior (60%). Depois, as variantes baixas: 15% para a anterior, e 27% para a posterior; e por último, as variantes altas: 10% da anterior, e 13% da posterior. Quanto aos fatores sociais analisados, a escolaridade se mostrou o fator mais interferente na variação das vogais em estudo, pois constatou-se que quanto maior o nível de escolaridade, maior a probabilidade de realização das variantes médias, e menor a probabilidade de variantes altas, confirmando, portanto, que o processo de escolarização no município de Cametá tende ao apagamento das marcas dialetais. A análise acústica, por sua vez, a partir da análise conjunta de F1 e F2, confirma ser o sistema vocálico pretônico cametaense mais compacto e com maior tendência à centralização, como já atestado por Lages (2017) e Verçosa (2018). A harmonia vocálica foi confirmada pelos testes de significância como processo fonológico favorecedor da variação vocálica. No que diz respeito a F0 e F3, estes se confirmam como parâmetros de identidade entre as variantes, justamente por apresentarem frequências muito próximas, permitindo então que se considerem realizações de um mesmo fonema no nível subjacente. A duração, por sua vez, foi considerada mais que um parâmetro distintivo de vogais, pois também pode ser tomada como um parâmetro de identidade entre as variantes das vogais em contexto pretônico.Tese Acesso aberto (Open Access) Contribuições do paradigma da complexidade no desenvolvimento de estratégias motivacionais empregadas no aconselhamento linguageiro(Universidade Federal do Pará, 2019-02-27) MATOS, Maria Clara Vianna Sá e; SILVA, Walkyria Alydia Grahl Passos Magno e; http://lattes.cnpq.br/6129530461830312Estudos recentes percebem a motivação voltada à aprendizagem de língua adicional enquanto um sistema complexo. Com isso, são valorizadas as interligações entre seus diversos compo-nentes que configuram conglomerados de fatores, influenciam-se mutuamente e ressaltam a noção de que nada é percebido isoladamente. Assim, são alvos dos estudos da motivação as relações tecidas entre agentes, elementos e fenômenos, bem como padrões de comportamento e transformações. Nesta perspectiva, buscamos avançar na compreensão do processo motivaci-onal no aconselhamento linguageiro. Nossos objetivos específicos foram mapear a motivação em ação em uma trajetória de aconselhamento no processo de aprendizagem de inglês como língua adicional, examinando a influência de fatores contextuais na flutuação do processo mo-tivacional; verificar estratégias motivacionais que foram implementadas alinhadas a essas per-cepções; bem como compreender padrões de comportamento e transformações interligadas a sua prática. Como principais referenciais teóricos buscamos Borgatti (2008), Mariotti (2010), Osorio (2013), Capra e Luisi (2015), que esclarecem os princípios de sistemas complexos; Lar-sen-Freeman e Cameron (2008), que contribuem para o entendimento do paradigma da com-plexidade na área de Linguística Aplicada; Dörnyei e Ushioda (2011), que abordam a motiva-ção como um fenômeno dinâmico e complexo; Mozzon-Mcpherson (2001; 2017), Carson e Mynard (2012), além de Kato e Mynard (2016) que discorrem sobre a atividade de aconselha-mento linguageiro como uma modalidade de apoio a alunos fomentada pelo diálogo, reflexão e ação de modo que a aprendizagem da língua adicional se torne mais eficiente e autônoma. Para realizar este estudo, adotamos o viés de uma pesquisa qualitativa longitudinal de cunho empírico, descritivo e interpretativo. Como método de pesquisa qualitativa, escolhemos uma articulação entre a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011) e o estudo de caso (YIN, 2016). Os resultados indicam que lidar com a motivação sob princípios de sistemas complexos envolve explorar relações interpessoais e experiências que favoreçam a aprendizagem no aconselha-mento, lidando com seus aspectos dinâmicos, padronizados e interligados ao aconselhamento. Além disso, na nossa pesquisa, as estratégias motivacionais que implementamos foram cocons-truídas contribuindo para o desenvolvimento de redes de apoio para proteger a motivação de aconselhados. As transformações observadas abarcaram o desenrolar do aconselhamento, bem como outras atividades vivenciadas pela conselheira e a aconselhada.Tese Acesso aberto (Open Access) Correndo terra... Furando mundos... : as culturas na escrita de graduandos do PARFOR-Letras no Marajó(Universidade Federal do Pará, 2019-08-30) SILVA, Herodoto Ezequiel Fonseca da; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039Esta tese objetiva investigar o modo como as culturas acadêmica, escolar e local se materializam em discurso na escrita sobre as práticas de ensino de Língua Portuguesa de graduandos do PARFOR-Letras, no Marajó. Os dados analisados são enunciados selecionados de diários de campo, atividades de ensino e de relatórios de estágio. Procurou-se, com isso, discutir como a escrita indicia os movimentos discursivos por meio dos quais se percebe o processo de formação do professor de Língua Portuguesa. Na primeira parte da tese, além do capítulo introdutório, discutem-se pesquisas já desenvolvidas acerca da formação do professor de Língua Portuguesa no contexto do PARFOR. Na segunda parte da tese, desenvolvemos o quadro teórico-metodológico da pesquisa. Nessa parte, aborda-se a natureza da pesquisa, a apresentação do local e dos sujeitos da pesquisa, o processo de coleta dos materiais, a constituição do corpus e o protocolo de análise dos dados. Discutem-se alguns conceitos de “cultura” e a noção de “hibridação cultural”. Para embasamento teórico, abordam-se as noções de “enunciado” e de “relações dialógicas” a partir dos estudos de Foucault (2016), de Bakhtin/Volochínov (2009) e de Bakhtin (2011; 2013). Em seguida, discorre-se sobre o conceito de “interdiscurso”, pelas propostas teóricas de Pêcheux (1995), Courtine (1981) e Maingueneau (1997; 2005). Também, apresentam-se alguns mecanismos que funcionam como “formas mostradas da heterogeneidade constitutiva”, que ajudam a dar conta da materialidade linguística dos dados, pelos estudos de Ducrot (1987) e de Authier-Revuz (1990; 2004). A terceira parte da tese é dedicada à apresentação das análises e resultados. As análises procuraram, primeiramente, caracterizar os elementos que inscrevem as referidas culturas no discurso e, em seguida, analisar os movimentos enunciativos por meio dos quais essas culturas se articulam nos escritos dos graduandos. Constatou-se o predomínio de três tipos de relações dialógicas entre as culturas acadêmica, escolar e local: relações de justaposição de elementos das culturas, relações baseadas na construção de simulacros das culturas e relações polêmicas entre as culturas. As culturas acadêmica e escolar apresentam-se em constante embate, em conflito de forças, surgindo, assim, relações polêmicas entre elas. Os elementos da cultura local são, na maioria dos casos, agenciados pelos sujeitos como objetos dos processos de tradução, de silenciamento e de interdição.Tese Acesso aberto (Open Access) Crenças e atitudes linguísticas de paraenses e cearenses na Região Nordeste do Pará: um estudo sobre o abaixamento das vogais médias pretônicas(Universidade Federal do Pará, 2020-02-21) FERREIRA, Jany Éric Queirós; FERREIRA, Jany Éric Queirós; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577; AGUILERA, Vanderci; http://lattes.cnpq.br/8323910235303866A presente Tese objetivou investigar as crenças e atitudes linguísticas de falantes residentes na Região Nordeste do Estado do Pará (localidades de Santa Maria do Pará, São Miguel do Guamá, Aurora do Pará, Mãe do Rio, Ipixuna do Pará) no que se refere à variação das médias pretônicas, à luz dos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional, da Sociolinguística e o Estudo de Crenças Linguísticas (LAMBERT e LAMBERT, 1972; RADTKE e THUN, 1996; LABOV, 2008; BOTASSINI, 2013; FREITAG e SANTOS, 2016). Justifica-se pela contribuição que trará aos estudos linguísticos da Região Norte, onde há escassez de pesquisas dessa natureza. Espera-se contribuir para a compreensão da variação e mudança linguísticas e, consequentemente, auxiliar no combate ao preconceito linguístico (SILVA e AGUILERA, 2014). Para sua execução, as vogais médias pretônicas foram analisadasa partir da fala de migrantes cearenses e de nativos em cinco pontos de inquéritos, tendo como base da amostra a dimensão diatópica (oito informantes de cada localidade), subdividida em topostática (seis nativos de cada localidade) e topodinâmica (dois migrantes cearenses em cada localidade). A amostra foi estratificada de acordo com as dimensões diassexual (4 do sexo feminino e 4 do sexo masculino) e diageracional (18 a 25 anos e 50 a 65 anos). Os dados foram coletados por entrevistas: as ocorrências da vogais-objeto foram coletadas por meio de leitura, resposta ao questionário e narrativas; os dados de crenças e atitudes foram coletados por meio do questionário quantitativo, com uso da técnica matched guise test, e um questionário qualitativo, bem como do teste de autoavaliação. Todo material coletado foi organizado para transcrição no Praat. Foram constituídos três corpora: um de ocorrências das médias, com controle do abaixamento e não abaixamento; outro das respostas do questionário quantitativo de atitudes e outro para análise qualitativa. Os corpora de dados quantitativos foram codificados em Excel para tratamento estatístico no Goldvarb X. O corpus de dados qualitativos foi categorizado para posterior análises Os resultados apontaram que a realização de [e] e [o] predomina na fala de nativos e migrantes das localidades, seguindo a tendência de outras regiões do Pará (RAZKY, LIMA e OLIVEIRA, 2012; CRUZ, 2012). Para o abaixamento de /e/ e /o/, as vogais abertas, tanto em posição tônica como em posição contígua, e o grau de nasalidade da vogal da sílaba tônica favoreceram o fenômeno, evidenciando a harmonia vocálica como grande impulsionador desse fenômeno. O grau de formalidade não se mostrou significativo à aplicação do abaixamento. Dos fatores sociais, a procedência do informante, um único grupo considerado significante, apresentou favorecimento do fenômeno na fala de migrantes. Sexo e faixa etária não se mostraram significantes probalisticamente, mas em termos percentuais, houve maior ocorrência de abaixamento na fala de mulheres e de jovens. As atitudes subjetivas revelaram que os dialetos cearense, belenense e local gozam de certo prestígio, pois foram avaliados positivamente, com percentuais acima de 70%. Diatopicamente, os resultados divergem apresentando avaliações positivas ora ao dialeto local, ora ao belenense, ora ao cearense. Os migrantes atribuíram mais avaliações positivas aos dialetos que os nativos. Do ponto de vista diassexual, homens preferiram os dialetos locais e cearense, e mulheres, os dialetos locais e belenense. Em relação à diageracional, jovens os dialetos belenenses e local, enquanto adultos preferiam os dialetos local e cearense. A maioria dos informantes não percebeu a diferença entre vogais abertas e fechadas em duas sequências de palavras, entretanto, preferiram e afirmaram falar as sequências de palavras com vogais fechadas. Os dialetos local e belenenses possuem maior estatus social. Os nativos foram mais leais ao seu dialeto do que os migrantes.Tese Acesso aberto (Open Access) Da promoção da cartografia das línguas indígenas na universidade á construção de diretrizes para uma política linguística institucional multilíngue(Universidade Federal do Pará, 2025-02-22) LEITE, Marília Fernanda Pereira; CRAVO, Marilucia de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/9728768970430501; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577O processo histórico de construção das políticas de ingresso e permanência dos estudantes indígenas na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) demonstra o exercício de diálogo existente entre a instituição, os estudantes indígenas e o movimento indígena da região. Em 2023 a Ufopa era a única universidade federal do Estado do Pará que não possuía uma resolução ou documento normativo de Política Linguística, o que nos levou a delinear como objeto de estudo as Políticas Linguísticas Institucionais na perspectiva das línguas indígenas. Nosso objetivo foi contribuir com a redução de pesquisas e dados institucionais quanto à realidade linguística dos estudantes indígenas da instituição. Por essa razão, a presente pesquisa inserese em uma área emergente das Políticas Linguísticas (Calvet, 2007) denominada Política e Planejamento Linguístico para a Ciência e a Educação Superior - PPLICES (Oliveira et al., 2017; Jesus, 2020). Realiza-se aqui um estudo de caso com abordagem etnográfica (Larchert, 2017; André, 2013; Mattos, 2011), a base teórica envolve, principalmente, os estudos sobre Políticas linguísticas educacionais (Maher, 2010; Guimarães, 2020); Direitos linguísticos (Abreu, 2020; Oliveira, 2003; Morello, 2012); Ensino superior indígena (Baniwa, 2019; Vaz Filho, 2010); Interculturalidade (Ponso, 2018; Walsh, 2009; Candau, 2009) e Línguas indígenas brasileiras (D’Angelis, 2012; Meirelles, 2020; Rodrigues, 1994; Rubim, 2016). Os procedimentos metodológicos se deram em quatro etapas: 1ª etapa) mapeamento dos povos e línguas indígenas presentes na Ufopa; 2ª etapa) elaboração do material educativo do curso “A cartografia das línguas indígenas da Ufopa” e dos questionários voltados para a comunidade acadêmica não indígena; 3º etapa) realização do curso e análise dos questionários quanto aos significados atribuídos às línguas e povos indígenas da instituição; 4ª etapa) elaboração de diretrizes quanto às línguas indígenas na política linguística institucional. Na primeira etapa mapearam-se 21 (vinte e um) povos indígenas e 11 (onze) línguas indígenas no corpo discente da instituição. No total, 182 participantes não indígenas responderam os questionários: 158 estudantes (87%), 18 professores (10%) e 6 técnicas (3%). Os resultados do tratamento estatístico apontaram que a comunidade acadêmica desconhece a diversidade étnica e linguística da instituição. Dos estudantes que participaram do estudo: 32% afirmaram não fazer atividades acadêmicas com indígenas e 51% apontaram a necessidade de atividades de acolhimento para melhorar a interação entre indígenas e não indígenas. Dos professores participantes: 78% apontaram que estavam atendendo indígenas com dificuldade em língua portuguesa no semestre e 67% avaliaram como regular a capacidade de apresentação em trabalhos expositivos. Das servidoras técnicas participantes: 50% afirmaram enfrentar dificuldades em se comunicar com estudantes indígenas; todas foram categóricas ao apontar não terem tido treinamento para atender o público indígena e ser a língua o maior desafio da interação com os estudantes indígenas. Nossas análises apontaram que o planejamento do processo de internacionalização da Ufopa, bem como o planejamento linguístico institucional, se promoverem as línguas locais no ambiente acadêmico poderão impactar positivamente no percurso acadêmico dos estudantes indígenas. Para a execução da presente proposta de tese, obtivemos apoio financeiro do Comitê Gestor de Programas Institucionais da Ufopa via Edital Nº 001/2023 do Programa Integrado de Pesquisa, Ensino e Extensão (PEEx/Ufopa).Tese Acesso aberto (Open Access) A didática do plurilinguismo e o repertório linguístico discente no ensino-aprendizagem do Português língua estrangeira: um encontro entre proficiência e formação para diversidade(Universidade Federal do Pará, 2018-10-30) CUNHA FILHO, Francisco Arimir Alves; CUNHA, José Carlos Chaves da; http://lattes.cnpq.br/3117544056791050Este trabalho tem como objetivo principal verificar em que medida uma didática plurilíngue favorece a aprendizagem do português língua estrangeira em turmas heterogêneas do ponto de vista linguístico-cultural. Nossos dados foram gerados a partir do registro de várias situações de ensino e de entrevistas com os discentes que avaliaram o trabalho realizado no início e no final do curso. Escolhemos seguir o modelo qualitativo para o tratamento de descrição e análise dos dados (CROKER, 2009; OLIVEIRA, 2015; DÖRNYEI, 2007). Além disso, utilizamos a abordagem multimétodos para estabelecermos um diálogo entre nossas ações de ensino e as considerações dos alunos (CRESWELL; CLARK, 2011; OLIVEIRA, 2015; SPRATT; WALKER; ROBISON, 2004) combinanando a pesquisa-ação com a pesquisa etnográfica (THIOLLENT, 2000; MONTAGNE-MACAIRE, 2007; DÖRNYEI, 2007; JOHNSON, 1995). No tocante ao referencial teórico, embasamo-nos no conceito de competência pluricultural e plurilíngue, com ênfase nos aspectos linguístico, psicolinguístico e sociolinguístico dessa competência (PY, 1991; DABÈNE, 1994; DEPREZ, 1994; MOORE, 1995; CASTELLOTTI; MOORE, 1997; COSTE; MOORE; ZARATE, 1997, 2009; CONSELHO DA EUROPA, 2001). Nessa perspectiva, destacamos a noção de repertório linguístico do indivíduo plurilíngue. Recorremos também às diretrizes didático-metodológicas da abordagem acional e de práticas plurais – reunidas no que chamamos de didática do plurilinguismo – para guiar nossas atividades junto aos discentes (PICCARDO, 2014; CONSELHO DA EUROPA, 2001; BOURGUIGNON, 2012; PUREN, 2002; BLANCHET, 2014; CASTELLOTTI, 2010; CANDELIER, 2008; MEISSNER, 2002b). Estes, provenientes de países africanos e do Caribe, são sujeitos plurilíngues, usuários de duas ou mais línguas. Levamos em conta esses saberes prévios para facilitar e potencializar a aprendizagem deles. Implementamos ações suscetíveis de estabelecer um ambiente propício às práticas plurilíngues. Ao longo do curso, constatamos um posicionamento cada vez mais aberto do grupo no que diz respeito à didática do plurilinguismo: as alternâncias de línguas, anteriormente reservadas, começaram, aos poucos, a ser compartilhadas conosco; aos poucos também, eles passaram a olhar todas as suas línguas com o devido apreço, entenderam que elas não são entraves à aprendizagem, mas parceiras desse processo. Esses e outros resultados obtidos com esta pesquisa-ação nos levaram a considerar viável e importante a inserção do capital linguístico dos alunos no transcurso de sua aprendizagem do português, tanto para aprender com mais eficácia essa língua, como para ajudá-los a serem pessoas que respeitam todas as línguas e culturas.Tese Acesso aberto (Open Access) Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de grande Sertão Veredas nas traduções para o espanhol(Universidade Federal do Pará, 2018-06-12) CARVALHO, Leomir Silva de; HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/0928175455054278Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de Grande sertão: veredas nas traduções para o espanhol é uma pesquisa que tem por escopo analisar comparativamente, sob o enfoque do conceito de emancipação estética, neologismos de Grande sertão: veredas (1956) em suas traduções para o espanhol, ambas intituladas Gran sertón: veredas nas edições espanhola (2000) e argentina (2009). Fundamenta-se no conceito de emancipação estética segundo a Estética da Recepção de linha jaussiana e, no campo de Estudos da Tradução, no pensamento de Haroldo de Campos (1929-2003) e de Antoine Berman (1942-1991). O entendimento de neologismo dialoga estreitamente com os Estudos Literários, enfatizando seu potencial criativo para a obra de partida e a possibilidade de abertura e tensão para as obras de chegada, de acordo com os procedimentos adotados por cada tradutor. Elaborou-se um corpus de investigação que utiliza o glossário anexo produzido com neologismos selecionados de estudos críticos, do vocabulário de Castro (1982), bem como da correspondência trocada entre Guimarães Rosa e Ángel Crespo, o tradutor espanhol, priorizando nesta última como recorte o interesse pela linguagem. A metodologia de trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliográfico no qual se investiga o potencial emancipatório do diálogo entre obra e leitor, no âmbito estético-receptivo. Posteriormente, traçam-se paralelos entre tradução e crítica e entre tradução e criação literária segundo o pensamento de Campos (2006). Ademais, expõe-se a ideia de autonomia, no campo da ética tradutória de Berman (2002) e, por meio de sua analítica, baseia-se a posterior análise do corpus selecionado dentro do âmbito dos Estudos da Tradução. Segue-se a isso, o estudo de textos do próprio Guimarães Rosa relatando seu interesse pela linguagem e pelo uso de neologismos, ao lado de textos de leitores críticos como Proença (1959), Daniel (1968), Castro (1982), Martins (2001), Martins (1946), Xisto (1970) e Campos (1970), que se preocuparam com tais questões acerca do romance. Procede-se, então, à análise das traduções expondo as leituras críticas de Bedate (2009), Vargas Llosa (2007), Maura (2012), Cámara (2012) e García (2014) e também dos tradutores, para, em seguida, examinar os neologismos de Grande sertão: veredas, que compõem o glossário, verificando as diferentes soluções dadas por cada tradutor de acordo com tipologias estabelecidas por meio do exame do modo como Guimarães Rosa aborda o neologismo em seu romance. As tipologias determinadas para o atual estudo foram as seguintes: utilização de onomatopeias, utilização de outras línguas, utilização de tupinismos, utilização de expressões populares e criação de palavras de sentido provável ou oculto. Finalmente, com o diálogo entre as leituras críticas e a análise do glossário, investiga-se a presença do caráter emancipador nas obras de chegada.Tese Acesso aberto (Open Access) Dos campos do Marajó aos campos do discurso: sentidos sobre o trabalho do vaqueiro na tradição e na contemporaneidade(Universidade Federal do Pará, 2021-02-21) POMBO, Délcia Pereira; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140Esta tese aciona as rédeas de um percurso de estudo traçado com o objetivo de investigar os discursos sobre o trabalho do vaqueiro marajoara na tensão entre os sentidos tradicionais e contemporâneos acerca da profissão. Para apreender os efeitos de sentidos das experiências discursivas no contexto do trabalho, tem-se a questão norteadora: Como compreender a tensão inerente aos discursos que implicam a figura do vaqueiro, ainda arraigado às tradições, e do contemporâneo, mais distanciado delas? Nesse propósito, o percurso teórico-analítico se entrelaça ao arcabouço teórico-metodológicos da Análise do Discurso (AD), com base nos postulados de Dominique Maingueneau, focando nos conceitos de dêixis, prática discursiva, cenas da enunciação, simulacro e polêmica, para se pensar em atividades produtivas no universo laboral, em uma construção que é mediada discursivamente. Acrescentam-se a estes aportes, os princípios da Ergologia, com base nos postulados de Yves Schwartz, para pensar a relação entre linguagem e trabalho, na referência feita aos prescritos do trabalho e a atuação do vaqueiro na labuta diária. As narrativas de vida, com base nos postulados de Daniel Bertaux, inserem-se para se pensar no acesso aos discursos sobre o trabalho do vaqueiro, no contar das experiências da lida em um espaço no qual o enunciado adquire sentido. A investigação se deu por meio de entrevistas narrativas, com posterior transcrição, que se constituiu como ponto de articulação entre os fenômenos da linguagem e o trabalho do vaqueiro e como a identidade profissional é construída numa prática discursiva. A opção pela temática justifica-se pela relevância dos estudos acerca da vaqueirice marajoara e contribuir com a discussão em torno de um sujeito discursivo pensado a partir de um lugar. Nesse rumo, o lócus da investigação concentra-se em dez fazendas situadas nos campos no Marajó, município de Soure, com foco na articulação de dois corpora analíticos: as narrativas de vida de 16 vaqueiros marajoaras, distribuídos em 4 categorias de profissionais, sejam eles diaristas, efetivos, feitores e aposentados; e a Lei no 12870/2013, que regulamenta a profissão do vaqueiro. Aprofunda-se, assim, o reconhecimento de um funcionamento interdiscursivo entre os sentidos produzidos no campo jurídico e os sentidos produzidos no campo do trabalho. Nos fundamentos sobre os quais as análises se constituem, as vozes que narram fazem a tessitura de uma rede de relações discursivas implicadas no dizer de si e do trabalho com registro de marcas significativas na produção de sentidos na atividade da vaqueirice historicamente marcada nesta região dos campos do Marajó.Tese Acesso aberto (Open Access) Emergência da identidade profissional na formação inicial de professores de inglês: um estudo sob o viés da teoria da complexidade(Universidade Federal do Pará, 2020-09-30) GAIGNOUX, Kelly Cristina Marques; SILVA, Walkyria Alydia Grahl Passos Magno e; http://lattes.cnpq.br/6129530461830312O processo de tornar-se professor de uma língua adicional revela diferentes faces. No mundo contemporâneo é um desafio formar profissionais reflexivos e críticos que possam se questionar como indivíduos sociais e profissionais, sempre problematizando a realidade para assumir posicionamentos políticos, culturais e econômicos nos contextos em que atuam. Assim, esta pesquisa propõe como objetivo geral compreender o desenvolvimento da identidade profissional de alunos da Licenciatura de Letras-Língua Inglesa, do Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará, durante os quatro últimos semestres do curso, na perspectiva da Teoria da Complexidade. Para subsidiar nossa discussão acerca das noções de sujeito e identidade, buscamos apoio nos estudos de Bakhtin (2006 [1929]), Bauman (2005), Block (2007), Giddens (2002), Hall (2006), Moita Lopes (2002) e Resende (2009). No campo da identidade profissional, recorremos, principalmente, aos escritos de Tardif (2014 [2002]), Pimenta (2010) e Pimenta e Lima (2012). Para discutir os paradigmas na formação de professores e concepções de estágio ancoramos nossa discussão em Ghedin (2006), Libâneo (2006), Pimenta (2006) e Pimenta e Lima (2006). No âmbito da formação de professores de inglês, as pesquisas de Burns (2017), Freeman (2002), Freeman, Orzulack e Morrissey (2009), Graves (2009), Gimenez e Furtoso (2008), Johnson (2009a; 2009b), Paiva (2003), Richards (2002), entre outros, orientaram a discussão em torno das concepções de ensino, da base de conhecimento na educação do professor de segunda língua e do currículo do curso de Letras. Estudos de Almeida Filho (2005 [1993]), Bandeira (2015), Basso (2001), Bricks (2019), Coelho (2019), Lima (2013), Sant’ana (2007; 2017), Santana (2005), Santana e Ortiz Alvarez (2015), e Souza e Souza (2013; 2015), referentes às competências, também ancoraram nossas reflexões. No que concerne às crenças, nos orientamos por Barcelos (2006a; 2007; 2011; 2015). Entendendo a formação inicial de professores como um sistema adaptativo complexo, apoiamos nossa discussão na Teoria Geral de Sistemas de Bertalanffy (2009 [1968]), em Larsen-Freeman e Cameron (2008) sobre Sistemas Adaptativos Complexos (SACs), e em Borges (2016), cujo modelo caótico de desenvolvimento reflexivo da profissionalidade de professores de línguas adicionais orientou nossa análise na compreensão da reconfiguração dos dois últimos estágios. Empregamos uma abordagem qualitativa de perspectiva etnográfica, tendo como foco as experiências dos participantes. Adotamos o estudo de caso e a pesquisa documental como procedimentos metodológicos. Os dados foram constituídos a partir de narrativas, relatórios de estágio, planos de aula e diários áudio gravados dos nove participantes da pesquisa. Os resultados mostraram que, na dinâmica do sistema aprendizagem-ensino (SAE), as crenças emergem como os elementos que mais influenciam em sua trajetória. Na interação com outros sistemas como estágio, escola e ensino, ocorre uma ampliação das crenças no sistema aprendizagem-ensino. São evidenciados diferentes atratores no sistema ensino, principalmente, na construção da metodologia empregada pelos participantes. Além disso, no sistema identidade profissional notamos atratores referentes à construção dos saberes docentes e competências. Os dados revelaram ainda que o modelo tradicional de estágio supervisionado, sustentado pelo projeto pedagógico do curso, não é o ideal para o desenvolvimento de uma identidade profissional que visa a reflexão crítica. Porém, a interação do sistema aprendizagem-ensino com outros sistemas favoreceu a ação dos participantes e fez emergir possibilidades de novas trajetórias e novas condições iniciais.Tese Acesso aberto (Open Access) Ensino e aprendizagem de línguas adicionais na complexidade: a emergência do método por projetos(Universidade Federal do Pará, 2024-08-22) CARNEIRO, Tiago da Fonseca; MAGNO E SILVA, Walkyria Alydia Grahl Passos; http://lattes.cnpq.br/6129530461830312; https://orcid.org/0000-0001-8572-147XA aprendizagem baseada em projetos (ABP) tem recebido cada vez mais atenção na discussão internacional e nacional, uma vez que visa aproximar os estudantes de questões cotidianas e de alta relevância em sua comunidade, bem como de competências e habilidades para a vida no século XXI, de forma que a aprendizagem de conteúdos escolares ocorra a partir da reflexão sobre esses problemas e desafios comunitários (Bender, 2014). A ABP atende, portanto, às demandas previstas na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) pois torna a aprendizagem significativa no lugar e tempo em que ocorre. Entretanto, no contexto do ensino e aprendizagem de línguas adicionais (EALA), a inexistência de um método por projetos (MpProj) fundamentado em discussões próprias da Linguística Aplicada (LA) impõe desafios ao professor quanto à sua implementação, sobretudo ao considerar a sala de aula como um sistema adaptativo complexo (SAC). Em vista disso, o objetivo geral deste trabalho é propor o MpProj à luz da complexidade. Especificamente, os seguintes objetivos foram satisfeitos: 1) situar o MpProj na LA fazendo referência à abordagem do qual deriva, nomeadamente, a Abordagem Múltiplas Inteligências; 2) descrever como o desenho do MpProj opera como condição inicial para a ABP; e 3) indicar como a visão da sala de aula como um holograma pode apoiar o professor no uso do MpProj enquanto método complexo. No tocante à metodologia, realizamos uma pesquisa-ação com alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Belém fazendo uso dos seguintes instrumentos de pesquisa: grupo focal, protocolo de observação e protocolo de avaliação. Os resultados indicam que a proposta do MpProj e a sugestão de procedimentos subjacentes mitigou a dificuldade de incorporar elementos da ABP ao EALA, em especial devido à emergência do eixo gerencial. Além disso, ratificou-se que o MpProj deva operar como condição inicial, de forma que seu desenho esteja aberto às contingências e que a visão da sala de aula como um holograma favorece a adaptação retroativa do desenho do método. De forma prospectiva, esperamos que o MpProj possa favorecer a implementação de um currículo bilingue na referida escola, uma vez que pode ser utilizado como método de outra abordagem, a “Aprendizagem integrada de conteúdo e língua” (Content and Language Integrated Learnig – CLIL).Tese Acesso aberto (Open Access) A Escrita do professor de inglês em formação: indícios de conhecimentos a respeito da aula e da escrita acadêmica(Universidade Federal do Pará, 2020-02-11) MORHY, Sádie Saady; FAIRCHILD, Thomas Massao; http://lattes.cnpq.br/1771292039081039A compreensão da relação do docente com os conhecimentos próprios ao ensino implica em como este se constitui a partir do “dialogismo” próprio à linguagem, do que Foucault (1972) chama de “arquivo”, ou “heterogeneidade discursiva” (mostrada e constitutiva) segundo Authier-Revuz (2004). A escrita dialógica, manifestada em relatórios de estágio, possui um movimento duplo, uma vez que possibilita ao aluno estagiário refletir e expor seus conhecimentos acerca da profissão. O caráter acadêmico dessa escrita se constitui em um documento que funciona como culminância de todo um estudo desenvolvido durante a graduação, o qual se entende responsável pela construção de aprendizagem para uma prática profissional docente do aluno de Letras Inglês, ao término de seu curso universitário. Esse documento funciona como indicador que reflete sua formação como docente. Nesta tese, nos interessamos pela investigação da formação do professor de inglês em duas dimensões: a dos conhecimentos didáticos que fundamentam o ensino da língua e a do domínio dos processos de produção do texto acadêmico. Nosso objetivo geral foi discutir de que forma a relação do professor em formação com os conhecimentos que embasam seu trabalho se materializou na sua escrita sobre as práticas de ensino. Mais especificamente, buscamos saber como esses estagiários produzem um texto acadêmico, observando sua forma de descrição das aulas observadas, o modo como revelam seus conhecimentos didáticos, os mecanismos que utilizam para construção e produção dos relatórios, bem como a maneira que produzem suas reflexões. Adotamos uma perspectiva discursiva, voltada para a análise do discurso de linha francesa, pautada em Foucault (1972), principalmente em questões que envolvem o enunciado. Para isso, analisamos trechos de relatórios de alunos de Estágio Supervisionado do Curso de Letras Inglês da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Pará. Os resultados mostram indícios de que a escrita dos alunos revela posições pré-concebidas, marcadas por crenças acerca da profissão, indicando a dificuldade dos estagiários em questões relacionadas à linguagem padrão, à escrita acadêmica e aos conhecimentos adquiridos, o que implica na inabilidade, como sujeitos do discurso, em posicionar-se claramente em sua área de formação por meio da escrita. Constatamos indícios de um sujeito que ocupa três posições no discurso: uma paradoxal, pelo modo que relata suas experiências de ensino, revelando uma imagem incompatível com o lugar institucional mais experiente da língua; uma a-científica, fazendo emergir uma enunciação pouco marcada pelos discursos científicos da área de ensino, e outra excludente, demonstrando não se ver “autorizado” a fazer citações de outros autores.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo de fraseologia do futebol brasileiro das séries B, C e D em jornais digitais populares: construção de um dicionário eletrônico(Universidade Federal do Pará, 2017-03-27) SALVADOR, Carlene Ferreira Nunes; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Esta pesquisa, de base fraseológica e de cunho quali-quantitativo, apresenta um apanhado de unidades lexicais fixas, as quais se configuram como sequências portadoras das vivências de uma ou mais gerações e funcionam como instrumentos de conduta aptos para serem aplicados no cotidiano. O que caracteriza o fraseologismo é a convencionalidade do agrupamento e a sua memorização como um bloco coeso, sua sequência é recuperada da memória como um todo e reconhecida como uma unidade informacional. Neste sentido, o presente trabalho de doutoramento, tem por objetivo produzir um dicionário fraseológico do futebol, em versão impressa e eletrônica, a partir de um corpus coletado de textos oriundos de jornais populares brasileiros que circulam em formato impresso e digital, em cinco capitais brasileiras: Belém, Goiânia, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro. Os textos dos jornais que serviram de base para a análise fraseológica são referentes ao recorte temporal de 2008 a 2015, período que compreende um pós-Copa e a realização de duas Copas do Mundo da FIFA, o que leva a crer que há uma propensão natural à produção dessas estruturas, e que leva a verificar o grau de cristalização dessas unidades fraseológicas, tendo a coleta iniciada em 2014 e finalizada em 2016. A Linguística de Corpus forma parte dos procedimentos metodológicos e da abordagem empírica empregada para a compilação e a extração dos dados de acordo com Berber Sardinha (2004) e Tagnin (2005). A fundamentação teórica adotada está circunscrita à taxonomia proposta por M. Gross (1982), G. Gross (1996) e Mejri (1997, 1998, 2002, 2012), Xatara (1994,1998), Ortiz-Alvarez (2000, 2012) e Oto-Vale (2002) para a identificação dos critérios e a análise dos fraseologismos. O software Lexique Pro foi utilizado como ferramenta de organização do dicionário eletrônico. Para uma abordagem específica sobre a fraseologia, foram utilizados os preceitos desenvolvidos por Mejri (1998, 2012), no qual o autor explicita que subjacentes aos comportamentos sintáticos das sequências fixas, estão mecanismos semânticos profundos. Considerados sob esse viés, os estudos na área da Fraseologia não só permitem refletir sobre questões no campo da linguagem, como também contribuem para compreender determinada comunidade por meio do registro e análise das expressões que compõem seu acervo linguístico. Após a compilação dos dados e aplicação dos testes fraseológicos, foram encontrados 1.318 fraseologismos, os quais revelam presença expressiva de fraseologismos nos textos investigados; alguns exemplos bastante emblemáticos podem ser notados: pisar na bola, no sentido de cometer um erro, gol de bicicleta, uma alusão ao gol que é feito com as pernas lançadas ao alto, movimento que imita o pedalar de uma bicicleta e lá onde a coruja dorme, uma referência ao canto esquerdo superior do goleiro. O corpus evidencia, assim, marcas incontestes dessa fraseologia no léxico, razão pela qual se faz necessário investigar essas marcas.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo do léxico da língua Apurinã uma proposta de macro e microestrura para o dicionário Apurinã(Universidade Federal do Pará, 2020-02-28) PADOVANI, Bruna Fernanda Soares de Lima; FACUNDES, Sidney da Silva; http://lattes.cnpq.br/9502308340482231; https://orcid.org/0000-0002-7460-8620Esta tese tem por objetivo descrever e analisar o léxico da língua Apurinã (Aruák), como subsídio para a elaboração de um dicionário geral bilíngue bidirecional Apurinã- Português/Português-Apurinã. Apurinã é uma etnia indígena e uma língua minoritária falada, principalmente, em comunidades espalhadas às margens de vários afluentes do rio Purus, no Sul do Estado do Amazonas. Este trabalho procurou articular objetivos acadêmicos e sociais, em que, de um lado, temos a descrição e a análise do sistema lexical da língua Apurinã e, do outro, a documentação abrangente dessa língua com o intuito de assegurar o seu registro escrito, auxiliando o povo Apurinã nas iniciativas de ensino-aprendizagem e alfabetização da sua língua nativa. Cabe ressaltar que, no caso de Apurinã e de outras línguas indígenas brasileiras, a importância deste último aspecto se avoluma, uma vez que as línguas indígenas se encontram em risco de extinção. Para tanto, esta tese foi organizada em dois volumes. O primeiro volume é composto por quatro partes que, por sua vez, são constituídas por sete capítulos. O segundo volume apresenta o dicionário Apurinã, produto desta tese. Na primeira parte do primeiro volume, intitulada Considerações Iniciais, apresentamos no primeiro capítulo algumas características gerais da língua, cultura, e território Apurinã, bem como o contexto da pesquisa; no segundo capítulo apresentamos os aportes teóricos necessários para a construção desse trabalho; no terceiro capítulo discutimos acerca da construção e organização do corpus utilizado nessa pesquisa. Na segunda parte, denominada Estrutura do Léxico do Apurinã, apresentamos no quarto capítulo uma visão geral dos aspectos fonético-fonológico do Apurinã, onde mostramos o quadro de vogais e consoantes da língua, pontuando as variações que ocorrem em alguns segmentos, discutimos ainda sobre as distintas propostas da ortografia da língua; no quinto capítulo focamos nas categorias lexicais abertas da língua Apurinã, iniciando pela descrição dos nomes, suas subcategorias, discutindo sobre os processos de inovação lexical, variação linguística e o fenômeno do duplo vocabulário; em seguida, tratamos dos verbos e suas subcategorias. No sexto capítulo, tratamos das categorias lexicais fechadas, são elas: pronomes, demonstrativos, palavras interrogativas, partículas e morfemas flutuantes, procuramos descrever suas principais características e funções, bem como a forma como elas foram registradas no material lexicográfico. Na terceira parte, Dicionário Apurinã, constituída apenas pelo sétimo capítulo, debatemos sobre o modo como o dicionário foi organizado e as decisões tomadas em relação à proposta de macro e microestrutura. A quarta parte desta tese, Considerações Finais, é composta pelas conclusões, onde fazemos um apanhado geral do trabalho e dos possíveis desdobramentos que podem ser explorados a partir do dicionário, como, por exemplo, uma versão eletrônica do dicionário, dicionários pedagógicos, glossários de campos específicos da cultura Apurinã e cartilhas temáticas; os apêndices que são formados por pequenos textos coletados exclusivamente para esta pesquisa e os questionários. Finalmente, no segundo volume apresenta-se a proposta do dicionário geral para língua Apurinã.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo geossociolinguístico do léxico do Portuguê falado em áreas indígenas de língua Tupi-guarani nos estados do Pará e do Maranhão Tomo I(Universidade Federal do Pará, 2018-08-27) COSTA, Eliane Oliveira da; MEJRI, Salah; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Por muito tempo a Dialetologia caracterizou-se por sustentar a preocupação exclusivamente com o aspecto diatópico da variação linguística. No entanto, a configuração atual das sociedades modernas fez com que ela aceitasse a importância dos fatores sociolinguísticos e das relações de contato linguístico para a compreensão dos fenômenos linguísticos, passando, a partir desse momento, a considerar outras dimensões em que uma língua natural pode diversificar-se. A presente tese insere-se nessa perspectiva geossociolinguística e/ou pluridimensional e procurou investigar a variação lexical do português falado em áreas indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão à luz da Dialetologia Pluridimensional e Relacional proposta por Radtke e Thun (1999), Thun (1998, 2000, 2010, 2017), que conjuga a dimensão horizontal (diatópica) à dimensão vertical (diastrática) e dos estudos de Cardoso (2010), Cardoso e Mota (2016) Razky (1998, 2010), Elizaincín (2010), Calvet (2002), Romaine (1996), Chambers e Trudgill (1998), Trudgill (1999) e Berruto (2010). Foram investigadas quatro terras indígenas, a saber: Trocará (etnia Asuriní do Tocantins/PA), Nova Jacundá (etnia Guaraní Mbyá/PA), Sororó (etnia Suruí Aikewára/PA) e Cana Brava (etnia Guajajára/MA), que representam a dimensão diatópica deste estudo. Em cada uma dessas comunidades indígenas buscou-se entrevistar dez colaboradores, considerando-se as dimensões diageracional (5 a 10 anos – Faixa etária C, 18 a 37 anos – Faixa etária A, 47 a 75 anos – Faixa etária B), diagenérica (masculino e feminino) e diastrática (não escolarizados ou escolarizados até a 8ª série (9º ano) e escolarizados a partir do 1º ano do ensino médio). Além das dimensões supracitadas, foi considerada a dimensão dialingual (referente ao contato entre duas ou mais línguas numa comunidade linguística), que é amplamente contemplada pelas seguintes relações de contato linguístico: português/Asuriní do Tocantins, português/Guaraní Mbyá, português/Suruí Aikewára e português/Guajajára. A coleta de dados foi realizada in loco por meio da aplicação do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Além disso, observou-se a situação de bilinguismo nas comunidades investigadas, com o auxílio do Questionário Sociolinguístico (QS). Os resultados, de modo geral, mostram que o léxico do português falado nas terras indígenas analisadas reflete um contínuo, tanto na área indígena considerada quanto em relação a áreas não indígenas onde as comunidades étnicas estão localizadas. Quando ao bilinguismo, a dimensão diageracional (faixa etária B) é decisiva para a manutenção das línguas indígenas nas comunidades linguísticas investigadas.
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