Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6713
O Doutorado Acadêmico iniciou-se em 2012 e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Navegando Teses em Letras (Doutorado) - PPGL/ILC por Linha de Pesquisa "ANÁLISE, DESCRIÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DAS LÍNGUAS NATURAIS"
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Tese Acesso aberto (Open Access) Aspectos morfossintáticos em mebengôkre: transitividade e marcação de argumentos(Universidade Federal do Pará, 2021-08-20) GOMES, Edson de Freitas; GALUCIO, Ana Vilacy Moreira; http://lattes.cnpq.br/3697197245602067; https://orcid.org/0000-0003-0168-1904O sujeito marcado canonicamente em Mẽbêngôkre já vem sendo descrito na literatura sobre a língua há alguns anos, no entanto, a descrição do sujeito marcado não-canonicamente ainda é um campo que precisa ser mais explorado e que mostra ser muito produtivo. A temática do sujeito que recebe marcação diferente do padrão canônico é bastante atual e relevante, pois, pode trazer informações novas para o conhecimento da morfossintaxe da língua e contribuir para o maior conhecimento de fenômenos ainda carentes de descrição. O estudo do sujeito não canônico pretende possibilitar a discussão sobre a realização do sujeito Mẽbêngôkre, mas sem perder de vista que ainda falta muito a ser feito para que esta hipótese seja confirmada definitivamente. Partindo desse cenário, esta tese tem o objetivo principal de descrever as formas como o sujeito é marcado em Mẽbêngôkre, com foco nas estratégias principais utilizadas para a marcação de sujeitos canônicos e não-canônicos, em especial o sujeito dativo, marcado pela posposição mã, e o sujeito locativo, marcado pelas posposições kãm, jã e bê. O padrão não-canônico de sujeitos em Mẽbêngôkre será tratado com base nos testes referentes às propriedades de codificação e comportamentais do sujeito propostos por Keenan (1976); Sigurðsson (2004); Eythórsson; Barddal (2005); Barddal; Eythórsson (2009 e 2016), entre outros autores. A análise apresentada baseia-se em dados oriundos de pesquisa de campo, obtidos por meio de gravação com consultores indígenas de aldeias Mẽbêngôkre, localizadas na reserva Gorotire, município de São Félix do Xingu, Sul do estado do Pará. A metodologia é baseada na aplicação de testes sobre as propriedades de codificação como a marcação de caso nominal, a indexação de argumentos no verbo e a ordem dos constituintes na sentença e das propriedades comportamentais como controle do reflexivo, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas, e mudança de referência. Os dados mostram que, além do sujeito marcado canonicamente, existe também o sujeito que é marcado formalmente por morfemas que são posposições e os testes morfossintáticos realizados mostram que estes sujeitos são aprovados na maioria dos testes propostos, no caso do sujeito dativo, e em alguns, no caso do sujeito locativo. Um argumento que corrobora a análise dos prefixos indexados em posposições como sujeito é o fato de estes prefixos serem duplicados pelo pronome nominativo, tal qual ocorre com o sujeito marcado canonicamente.Tese Acesso aberto (Open Access) Atitudes e estigma: investigações sobre o status do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara(Universidade Federal do Pará, 2021-08-25) FRANCÊS JUNIOR, Celso; AGUILERA, Vanderci de Andrade; http://lattes.cnpq.br/8323910235303866; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577A presente tese, intitulada: Atitude e estigma: investigações sobre o status do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara objetivou: i) examinar o papel das variáveis sociais sexo, escolaridade e faixa etária na formação das atitudes linguísticas diante de uma variedade desprestigiada e que sofre preconceito; ii) investigar os componentes cognitivo e afetivo, dentro de cada variável social, como elementos modificadores de atitudes, variações e mudanças linguísticas; e, iii) estudar, paralelamente, a recorrência das vogais médias posteriores em sílaba tônica na variedade do português falado na mesorregião do Marajó, como variante avaliada abaixo do nível da consciência do falante. Como complemento à pesquisa de atitude, realizou-se um estudo acústico vogal média posterior em sílaba tônica na variedade do português falado na mesorregião do Marajó, como possível variante alteada e avaliada de acordo com as atitudes linguísticas. Para tanto, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (CARDOSO, 2015; LABOV, 2008; AGUILERA, 2008; CALVET, 2002; MORENO FERNÁNDEZ, 1998; LÓPEZ MORALES, 1989) e da Psicologia Social (BEM, 1973; LAMBERT; LAMBERT, 1972; ROKEACH, 1968; LICKERT, 1932; THURSTONE, 1929). O universo desta pesquisa foi a mesorregião do Marajó, maior arquipélago de ilhas fluviais do mundo, com 16 municípios legalmente reconhecidos, dos quais, as cidades de Breves, Curralinho e Portel foram selecionadas como localidades alvo, pois, compreendem zonas de contato interdialetal. A metodologia deste trabalho contemplou procedimentos utilizados para a coleta, tratamento e análise de dados acústicos e de atitude linguística, a saber: i) instrumentos para a coleta de dados acústicos de produção de fala, a partir do protocolo de entrevista (Questionário Fonético-Fonológico); e, para a coleta de dados e medição de atitude linguística (técnica dos falsos pares), a partir do questionário de atitude; ii) perfil dos participantes da pesquisa, que somam 72 indivíduos estratificados socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; iii) variáveis controladas na descrição acústica (segmentais, prosódicas e sociais); e variáveis controladas na análise de atitude linguística (sexo, faixa etária e escolaridade); iv) tratamentos dos dados. No procedimento de análise, foram realizadas: i) uma caracterização acústica da vogal alvo, a partir dos parâmetros de F1 e F2; e, iii) uma análise das avaliações linguísticas do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara. Os dados acústicos demonstraram ser categórica a ausência do alteamento na variável alvo, pois, na constituição de um espaço acústico que pudesse mostrar o comportamento efetivo do que se imaginava ser uma vogal alta posterior, as ocorrências do segmento [u] apresentaram sua distribuição na mesma região da média posterior [o], com valor médio de F1 em 471 Hz e de F2, 956 Hz. Isso nos leva a afirmar que se trata do mesmo segmento vocálico, a partir dos dados acústicos. O resultado das avaliações subjetivas revelou que falantes nativos dos municípios marajoaras, alvo da pesquisa, manifestaram atitudes positivas quando foram colocados em posição de juízes para julgarem possíveis variedades recorrentes na região marajoara. Essa valoração positiva revela que, embora os participantes não realizassem o alteamento da vogal posterior na tônica, eles avaliaram como uma variante de prestígio. A aceitação e prestígio dado à variante, produto de atitude positiva, estão somados ao sentimento solidário, motivado por emoções, saberes e reações positivas adquiridas no uso de sua variedade ou na de outros sujeitos.Tese Acesso aberto (Open Access) Atlas geossociolinguístico quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA)(Universidade Federal do Pará, 2017-03-07) DIAS, Marcelo Pires; OLIVEIRA, Marilucia Barros de; http://lattes.cnpq.br/9728768970430501Esta pesquisa tem como objetivo apresentar o Atlas Geossociolinguístico Quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA). O AGQUINPA é um atlas semântico-lexical que descreve e mapeia a variedade linguística do português afro-brasileiro falado nas comunidades remanescentes de quilombos da Mesorregião Nordeste do Pará por meio do inventário lexical. O atlas apresenta um levantamento histórico e geossociolinguístico das comunidades pesquisadas, cartas linguísticas semântico-lexicais pluridimensionais, além de um banco de dados geossociolinguístico. A Mesorregião Nordeste do Pará foi selecionada como locus da pesquisa, em virtude da alta densidade de comunidades quilombolas reconhecidas e tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Instituto de Terras do Pará (ITERPA) e Fundação Palmares (FCP), e representam 270 das 523 presentes no Estado do Pará. Essas comunidades foram ocupadas por negros escravizados fugidos, em regiões de difícil acesso, com o intuito de evitar a recaptura e, em outros casos, foram antigas propriedades doadas ou cedidas após a desorganização do sistema escravagista na Amazônia, no final do século XIX. As comunidades quilombolas que fazem parte do AGQUINPA estão localizadas nas áreas rurais dos municípios do Nordeste do Estado do Pará (Brasil) e são as seguintes: a) Comunidade do Cacau (Colares/PA); b) Comunidade América (Bragança/PA); c) Comunidade do Rio Acaraqui/Campompema (Abaetetuba/PA); d) Comunidade Taperinha (São Domingos do Capim/PA); e) Comunidade Laranjituba (Moju/PA) e f) Comunidade África (Moju/PA). Essas comunidades têm como principais atividades econômicas o extrativismo e a agricultura de subsistência, além de apresentarem baixa mobilidade social e a maioria dos moradores se autodeclara descendente de negros escravizados. Para a elaboração do atlas, utilizamos o instrumental metodológico da Geografia Linguística e da Geolinguística Pluridimensional, considerando as dimensões diatópica, diassexual (homens e mulheres) e diageracional (Geração I: 18 a 30 anos; Geração II: 50 a 65 anos). A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2014 e 2016, por meio da aplicação do Questionário Semânticolexical do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), incluindo-se nele 31 questões de origem etimológica Bantu, para mensurar a difusão (ou não) do léxico de origem africana. Os dados coletados foram transcritos grafematicamente no software de anotação linguística ELAN e, posteriormente, trasladados para o Banco de Dados do AGQUINPA. As cartas foram confeccionadas através da utilização da ferramenta de georreferenciamento e edição de dados georreferenciados Quantum GIS (QGIS), além da ferramenta ColorBrewer para a colorimetria das cartas. O AGQUINPA possui 153 cartas semântico-lexicais, elaboradas a partir da aplicação do Questionário Semântico-lexical (QSL), das quais descreveremos 136, que apresentaram variação não categórica.Tese Acesso aberto (Open Access) Caracterização acústica das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ do português falado na Cidade de Cametá/PA(Universidade Federal do Pará, 2021-02-19) SOUSA, Josivane do Carmo Campos; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577A presente Tese de Doutoramento em Linguística tem como objetivo geral fornecer uma descrição acústica das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português falado na área urbana da Cidade de Cametá/PA. Como objetivos específicos, buscou-se: a) verificar as possíveis influências de fatores sociais como sexo, faixa etária e escolaridade sobre a variação das vogais médias pretônicas; b) verificar se o fenômeno da harmonia vocálica favorece o processo de variação das vogais alvo na variedade de Cametá/PA; c) fornecer o espaço acústico das vogais alvo em análise, conforme os parâmetros de F1 (altura da língua), F2 (anterioridade/posterioridade); d) investigar o papel de F0 (frequência fundamental), F3 (arredondamento dos lábios) e Duração na caracterização acústica das vogais médias pretônicas na variedade estudada. Para tanto, os procedimentos metodológicos adotados foram os estabelecidos por Cruz (2011) na caracterização acústica do sistema vocálico pretônico do português falado na Amazônia Paraense: a) corpus padronizado - sendo 45 vocábulos selecionados com base no contexto de alta variabilidade em estudos sociolinguísticos anteriores; b) amostra estratificada socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; c) coleta de dados por meio do protocolo de leitura de texto em voz alta (Y); d) segmentação dos dados no Praat; e) aplicação do script Praat Analyser Tier para obtenção das medidas acústicas tomadas da parte central das vogais alvo; f) organização dos valores dos parâmetros físicos no Excel; g) tratamento estatístico por meio do programa R. Os resultados apresentados são do tratamento dos 789 dados oriundos do protocolo de coleta de dados por meio da leitura de texto (Y), contemplando os 18 (dezoito) sinais sonoros referentes à amostra. A análise sociolinguística mostrou a predominância das variantes médias, tanto da anterior (75%) quanto da posterior (60%). Depois, as variantes baixas: 15% para a anterior, e 27% para a posterior; e por último, as variantes altas: 10% da anterior, e 13% da posterior. Quanto aos fatores sociais analisados, a escolaridade se mostrou o fator mais interferente na variação das vogais em estudo, pois constatou-se que quanto maior o nível de escolaridade, maior a probabilidade de realização das variantes médias, e menor a probabilidade de variantes altas, confirmando, portanto, que o processo de escolarização no município de Cametá tende ao apagamento das marcas dialetais. A análise acústica, por sua vez, a partir da análise conjunta de F1 e F2, confirma ser o sistema vocálico pretônico cametaense mais compacto e com maior tendência à centralização, como já atestado por Lages (2017) e Verçosa (2018). A harmonia vocálica foi confirmada pelos testes de significância como processo fonológico favorecedor da variação vocálica. No que diz respeito a F0 e F3, estes se confirmam como parâmetros de identidade entre as variantes, justamente por apresentarem frequências muito próximas, permitindo então que se considerem realizações de um mesmo fonema no nível subjacente. A duração, por sua vez, foi considerada mais que um parâmetro distintivo de vogais, pois também pode ser tomada como um parâmetro de identidade entre as variantes das vogais em contexto pretônico.Tese Acesso aberto (Open Access) Crenças e atitudes linguísticas de paraenses e cearenses na Região Nordeste do Pará: um estudo sobre o abaixamento das vogais médias pretônicas(Universidade Federal do Pará, 2020-02-21) FERREIRA, Jany Éric Queirós; FERREIRA, Jany Éric Queirós; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577; AGUILERA, Vanderci; http://lattes.cnpq.br/8323910235303866A presente Tese objetivou investigar as crenças e atitudes linguísticas de falantes residentes na Região Nordeste do Estado do Pará (localidades de Santa Maria do Pará, São Miguel do Guamá, Aurora do Pará, Mãe do Rio, Ipixuna do Pará) no que se refere à variação das médias pretônicas, à luz dos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional, da Sociolinguística e o Estudo de Crenças Linguísticas (LAMBERT e LAMBERT, 1972; RADTKE e THUN, 1996; LABOV, 2008; BOTASSINI, 2013; FREITAG e SANTOS, 2016). Justifica-se pela contribuição que trará aos estudos linguísticos da Região Norte, onde há escassez de pesquisas dessa natureza. Espera-se contribuir para a compreensão da variação e mudança linguísticas e, consequentemente, auxiliar no combate ao preconceito linguístico (SILVA e AGUILERA, 2014). Para sua execução, as vogais médias pretônicas foram analisadasa partir da fala de migrantes cearenses e de nativos em cinco pontos de inquéritos, tendo como base da amostra a dimensão diatópica (oito informantes de cada localidade), subdividida em topostática (seis nativos de cada localidade) e topodinâmica (dois migrantes cearenses em cada localidade). A amostra foi estratificada de acordo com as dimensões diassexual (4 do sexo feminino e 4 do sexo masculino) e diageracional (18 a 25 anos e 50 a 65 anos). Os dados foram coletados por entrevistas: as ocorrências da vogais-objeto foram coletadas por meio de leitura, resposta ao questionário e narrativas; os dados de crenças e atitudes foram coletados por meio do questionário quantitativo, com uso da técnica matched guise test, e um questionário qualitativo, bem como do teste de autoavaliação. Todo material coletado foi organizado para transcrição no Praat. Foram constituídos três corpora: um de ocorrências das médias, com controle do abaixamento e não abaixamento; outro das respostas do questionário quantitativo de atitudes e outro para análise qualitativa. Os corpora de dados quantitativos foram codificados em Excel para tratamento estatístico no Goldvarb X. O corpus de dados qualitativos foi categorizado para posterior análises Os resultados apontaram que a realização de [e] e [o] predomina na fala de nativos e migrantes das localidades, seguindo a tendência de outras regiões do Pará (RAZKY, LIMA e OLIVEIRA, 2012; CRUZ, 2012). Para o abaixamento de /e/ e /o/, as vogais abertas, tanto em posição tônica como em posição contígua, e o grau de nasalidade da vogal da sílaba tônica favoreceram o fenômeno, evidenciando a harmonia vocálica como grande impulsionador desse fenômeno. O grau de formalidade não se mostrou significativo à aplicação do abaixamento. Dos fatores sociais, a procedência do informante, um único grupo considerado significante, apresentou favorecimento do fenômeno na fala de migrantes. Sexo e faixa etária não se mostraram significantes probalisticamente, mas em termos percentuais, houve maior ocorrência de abaixamento na fala de mulheres e de jovens. As atitudes subjetivas revelaram que os dialetos cearense, belenense e local gozam de certo prestígio, pois foram avaliados positivamente, com percentuais acima de 70%. Diatopicamente, os resultados divergem apresentando avaliações positivas ora ao dialeto local, ora ao belenense, ora ao cearense. Os migrantes atribuíram mais avaliações positivas aos dialetos que os nativos. Do ponto de vista diassexual, homens preferiram os dialetos locais e cearense, e mulheres, os dialetos locais e belenense. Em relação à diageracional, jovens os dialetos belenenses e local, enquanto adultos preferiam os dialetos local e cearense. A maioria dos informantes não percebeu a diferença entre vogais abertas e fechadas em duas sequências de palavras, entretanto, preferiram e afirmaram falar as sequências de palavras com vogais fechadas. Os dialetos local e belenenses possuem maior estatus social. Os nativos foram mais leais ao seu dialeto do que os migrantes.Tese Acesso aberto (Open Access) Da promoção da cartografia das línguas indígenas na universidade á construção de diretrizes para uma política linguística institucional multilíngue(Universidade Federal do Pará, 2025-02-22) LEITE, Marília Fernanda Pereira; CRAVO, Marilucia de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/9728768970430501; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577O processo histórico de construção das políticas de ingresso e permanência dos estudantes indígenas na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) demonstra o exercício de diálogo existente entre a instituição, os estudantes indígenas e o movimento indígena da região. Em 2023 a Ufopa era a única universidade federal do Estado do Pará que não possuía uma resolução ou documento normativo de Política Linguística, o que nos levou a delinear como objeto de estudo as Políticas Linguísticas Institucionais na perspectiva das línguas indígenas. Nosso objetivo foi contribuir com a redução de pesquisas e dados institucionais quanto à realidade linguística dos estudantes indígenas da instituição. Por essa razão, a presente pesquisa inserese em uma área emergente das Políticas Linguísticas (Calvet, 2007) denominada Política e Planejamento Linguístico para a Ciência e a Educação Superior - PPLICES (Oliveira et al., 2017; Jesus, 2020). Realiza-se aqui um estudo de caso com abordagem etnográfica (Larchert, 2017; André, 2013; Mattos, 2011), a base teórica envolve, principalmente, os estudos sobre Políticas linguísticas educacionais (Maher, 2010; Guimarães, 2020); Direitos linguísticos (Abreu, 2020; Oliveira, 2003; Morello, 2012); Ensino superior indígena (Baniwa, 2019; Vaz Filho, 2010); Interculturalidade (Ponso, 2018; Walsh, 2009; Candau, 2009) e Línguas indígenas brasileiras (D’Angelis, 2012; Meirelles, 2020; Rodrigues, 1994; Rubim, 2016). Os procedimentos metodológicos se deram em quatro etapas: 1ª etapa) mapeamento dos povos e línguas indígenas presentes na Ufopa; 2ª etapa) elaboração do material educativo do curso “A cartografia das línguas indígenas da Ufopa” e dos questionários voltados para a comunidade acadêmica não indígena; 3º etapa) realização do curso e análise dos questionários quanto aos significados atribuídos às línguas e povos indígenas da instituição; 4ª etapa) elaboração de diretrizes quanto às línguas indígenas na política linguística institucional. Na primeira etapa mapearam-se 21 (vinte e um) povos indígenas e 11 (onze) línguas indígenas no corpo discente da instituição. No total, 182 participantes não indígenas responderam os questionários: 158 estudantes (87%), 18 professores (10%) e 6 técnicas (3%). Os resultados do tratamento estatístico apontaram que a comunidade acadêmica desconhece a diversidade étnica e linguística da instituição. Dos estudantes que participaram do estudo: 32% afirmaram não fazer atividades acadêmicas com indígenas e 51% apontaram a necessidade de atividades de acolhimento para melhorar a interação entre indígenas e não indígenas. Dos professores participantes: 78% apontaram que estavam atendendo indígenas com dificuldade em língua portuguesa no semestre e 67% avaliaram como regular a capacidade de apresentação em trabalhos expositivos. Das servidoras técnicas participantes: 50% afirmaram enfrentar dificuldades em se comunicar com estudantes indígenas; todas foram categóricas ao apontar não terem tido treinamento para atender o público indígena e ser a língua o maior desafio da interação com os estudantes indígenas. Nossas análises apontaram que o planejamento do processo de internacionalização da Ufopa, bem como o planejamento linguístico institucional, se promoverem as línguas locais no ambiente acadêmico poderão impactar positivamente no percurso acadêmico dos estudantes indígenas. Para a execução da presente proposta de tese, obtivemos apoio financeiro do Comitê Gestor de Programas Institucionais da Ufopa via Edital Nº 001/2023 do Programa Integrado de Pesquisa, Ensino e Extensão (PEEx/Ufopa).Tese Acesso aberto (Open Access) Dos campos do Marajó aos campos do discurso: sentidos sobre o trabalho do vaqueiro na tradição e na contemporaneidade(Universidade Federal do Pará, 2021-02-21) POMBO, Délcia Pereira; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140Esta tese aciona as rédeas de um percurso de estudo traçado com o objetivo de investigar os discursos sobre o trabalho do vaqueiro marajoara na tensão entre os sentidos tradicionais e contemporâneos acerca da profissão. Para apreender os efeitos de sentidos das experiências discursivas no contexto do trabalho, tem-se a questão norteadora: Como compreender a tensão inerente aos discursos que implicam a figura do vaqueiro, ainda arraigado às tradições, e do contemporâneo, mais distanciado delas? Nesse propósito, o percurso teórico-analítico se entrelaça ao arcabouço teórico-metodológicos da Análise do Discurso (AD), com base nos postulados de Dominique Maingueneau, focando nos conceitos de dêixis, prática discursiva, cenas da enunciação, simulacro e polêmica, para se pensar em atividades produtivas no universo laboral, em uma construção que é mediada discursivamente. Acrescentam-se a estes aportes, os princípios da Ergologia, com base nos postulados de Yves Schwartz, para pensar a relação entre linguagem e trabalho, na referência feita aos prescritos do trabalho e a atuação do vaqueiro na labuta diária. As narrativas de vida, com base nos postulados de Daniel Bertaux, inserem-se para se pensar no acesso aos discursos sobre o trabalho do vaqueiro, no contar das experiências da lida em um espaço no qual o enunciado adquire sentido. A investigação se deu por meio de entrevistas narrativas, com posterior transcrição, que se constituiu como ponto de articulação entre os fenômenos da linguagem e o trabalho do vaqueiro e como a identidade profissional é construída numa prática discursiva. A opção pela temática justifica-se pela relevância dos estudos acerca da vaqueirice marajoara e contribuir com a discussão em torno de um sujeito discursivo pensado a partir de um lugar. Nesse rumo, o lócus da investigação concentra-se em dez fazendas situadas nos campos no Marajó, município de Soure, com foco na articulação de dois corpora analíticos: as narrativas de vida de 16 vaqueiros marajoaras, distribuídos em 4 categorias de profissionais, sejam eles diaristas, efetivos, feitores e aposentados; e a Lei no 12870/2013, que regulamenta a profissão do vaqueiro. Aprofunda-se, assim, o reconhecimento de um funcionamento interdiscursivo entre os sentidos produzidos no campo jurídico e os sentidos produzidos no campo do trabalho. Nos fundamentos sobre os quais as análises se constituem, as vozes que narram fazem a tessitura de uma rede de relações discursivas implicadas no dizer de si e do trabalho com registro de marcas significativas na produção de sentidos na atividade da vaqueirice historicamente marcada nesta região dos campos do Marajó.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo de fraseologia do futebol brasileiro das séries B, C e D em jornais digitais populares: construção de um dicionário eletrônico(Universidade Federal do Pará, 2017-03-27) SALVADOR, Carlene Ferreira Nunes; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Esta pesquisa, de base fraseológica e de cunho quali-quantitativo, apresenta um apanhado de unidades lexicais fixas, as quais se configuram como sequências portadoras das vivências de uma ou mais gerações e funcionam como instrumentos de conduta aptos para serem aplicados no cotidiano. O que caracteriza o fraseologismo é a convencionalidade do agrupamento e a sua memorização como um bloco coeso, sua sequência é recuperada da memória como um todo e reconhecida como uma unidade informacional. Neste sentido, o presente trabalho de doutoramento, tem por objetivo produzir um dicionário fraseológico do futebol, em versão impressa e eletrônica, a partir de um corpus coletado de textos oriundos de jornais populares brasileiros que circulam em formato impresso e digital, em cinco capitais brasileiras: Belém, Goiânia, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro. Os textos dos jornais que serviram de base para a análise fraseológica são referentes ao recorte temporal de 2008 a 2015, período que compreende um pós-Copa e a realização de duas Copas do Mundo da FIFA, o que leva a crer que há uma propensão natural à produção dessas estruturas, e que leva a verificar o grau de cristalização dessas unidades fraseológicas, tendo a coleta iniciada em 2014 e finalizada em 2016. A Linguística de Corpus forma parte dos procedimentos metodológicos e da abordagem empírica empregada para a compilação e a extração dos dados de acordo com Berber Sardinha (2004) e Tagnin (2005). A fundamentação teórica adotada está circunscrita à taxonomia proposta por M. Gross (1982), G. Gross (1996) e Mejri (1997, 1998, 2002, 2012), Xatara (1994,1998), Ortiz-Alvarez (2000, 2012) e Oto-Vale (2002) para a identificação dos critérios e a análise dos fraseologismos. O software Lexique Pro foi utilizado como ferramenta de organização do dicionário eletrônico. Para uma abordagem específica sobre a fraseologia, foram utilizados os preceitos desenvolvidos por Mejri (1998, 2012), no qual o autor explicita que subjacentes aos comportamentos sintáticos das sequências fixas, estão mecanismos semânticos profundos. Considerados sob esse viés, os estudos na área da Fraseologia não só permitem refletir sobre questões no campo da linguagem, como também contribuem para compreender determinada comunidade por meio do registro e análise das expressões que compõem seu acervo linguístico. Após a compilação dos dados e aplicação dos testes fraseológicos, foram encontrados 1.318 fraseologismos, os quais revelam presença expressiva de fraseologismos nos textos investigados; alguns exemplos bastante emblemáticos podem ser notados: pisar na bola, no sentido de cometer um erro, gol de bicicleta, uma alusão ao gol que é feito com as pernas lançadas ao alto, movimento que imita o pedalar de uma bicicleta e lá onde a coruja dorme, uma referência ao canto esquerdo superior do goleiro. O corpus evidencia, assim, marcas incontestes dessa fraseologia no léxico, razão pela qual se faz necessário investigar essas marcas.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo do léxico da língua Apurinã uma proposta de macro e microestrura para o dicionário Apurinã(Universidade Federal do Pará, 2020-02-28) PADOVANI, Bruna Fernanda Soares de Lima; FACUNDES, Sidney da Silva; http://lattes.cnpq.br/9502308340482231; https://orcid.org/0000-0002-7460-8620Esta tese tem por objetivo descrever e analisar o léxico da língua Apurinã (Aruák), como subsídio para a elaboração de um dicionário geral bilíngue bidirecional Apurinã- Português/Português-Apurinã. Apurinã é uma etnia indígena e uma língua minoritária falada, principalmente, em comunidades espalhadas às margens de vários afluentes do rio Purus, no Sul do Estado do Amazonas. Este trabalho procurou articular objetivos acadêmicos e sociais, em que, de um lado, temos a descrição e a análise do sistema lexical da língua Apurinã e, do outro, a documentação abrangente dessa língua com o intuito de assegurar o seu registro escrito, auxiliando o povo Apurinã nas iniciativas de ensino-aprendizagem e alfabetização da sua língua nativa. Cabe ressaltar que, no caso de Apurinã e de outras línguas indígenas brasileiras, a importância deste último aspecto se avoluma, uma vez que as línguas indígenas se encontram em risco de extinção. Para tanto, esta tese foi organizada em dois volumes. O primeiro volume é composto por quatro partes que, por sua vez, são constituídas por sete capítulos. O segundo volume apresenta o dicionário Apurinã, produto desta tese. Na primeira parte do primeiro volume, intitulada Considerações Iniciais, apresentamos no primeiro capítulo algumas características gerais da língua, cultura, e território Apurinã, bem como o contexto da pesquisa; no segundo capítulo apresentamos os aportes teóricos necessários para a construção desse trabalho; no terceiro capítulo discutimos acerca da construção e organização do corpus utilizado nessa pesquisa. Na segunda parte, denominada Estrutura do Léxico do Apurinã, apresentamos no quarto capítulo uma visão geral dos aspectos fonético-fonológico do Apurinã, onde mostramos o quadro de vogais e consoantes da língua, pontuando as variações que ocorrem em alguns segmentos, discutimos ainda sobre as distintas propostas da ortografia da língua; no quinto capítulo focamos nas categorias lexicais abertas da língua Apurinã, iniciando pela descrição dos nomes, suas subcategorias, discutindo sobre os processos de inovação lexical, variação linguística e o fenômeno do duplo vocabulário; em seguida, tratamos dos verbos e suas subcategorias. No sexto capítulo, tratamos das categorias lexicais fechadas, são elas: pronomes, demonstrativos, palavras interrogativas, partículas e morfemas flutuantes, procuramos descrever suas principais características e funções, bem como a forma como elas foram registradas no material lexicográfico. Na terceira parte, Dicionário Apurinã, constituída apenas pelo sétimo capítulo, debatemos sobre o modo como o dicionário foi organizado e as decisões tomadas em relação à proposta de macro e microestrutura. A quarta parte desta tese, Considerações Finais, é composta pelas conclusões, onde fazemos um apanhado geral do trabalho e dos possíveis desdobramentos que podem ser explorados a partir do dicionário, como, por exemplo, uma versão eletrônica do dicionário, dicionários pedagógicos, glossários de campos específicos da cultura Apurinã e cartilhas temáticas; os apêndices que são formados por pequenos textos coletados exclusivamente para esta pesquisa e os questionários. Finalmente, no segundo volume apresenta-se a proposta do dicionário geral para língua Apurinã.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo geossociolinguístico do léxico do Portuguê falado em áreas indígenas de língua Tupi-guarani nos estados do Pará e do Maranhão Tomo I(Universidade Federal do Pará, 2018-08-27) COSTA, Eliane Oliveira da; MEJRI, Salah; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006Por muito tempo a Dialetologia caracterizou-se por sustentar a preocupação exclusivamente com o aspecto diatópico da variação linguística. No entanto, a configuração atual das sociedades modernas fez com que ela aceitasse a importância dos fatores sociolinguísticos e das relações de contato linguístico para a compreensão dos fenômenos linguísticos, passando, a partir desse momento, a considerar outras dimensões em que uma língua natural pode diversificar-se. A presente tese insere-se nessa perspectiva geossociolinguística e/ou pluridimensional e procurou investigar a variação lexical do português falado em áreas indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão à luz da Dialetologia Pluridimensional e Relacional proposta por Radtke e Thun (1999), Thun (1998, 2000, 2010, 2017), que conjuga a dimensão horizontal (diatópica) à dimensão vertical (diastrática) e dos estudos de Cardoso (2010), Cardoso e Mota (2016) Razky (1998, 2010), Elizaincín (2010), Calvet (2002), Romaine (1996), Chambers e Trudgill (1998), Trudgill (1999) e Berruto (2010). Foram investigadas quatro terras indígenas, a saber: Trocará (etnia Asuriní do Tocantins/PA), Nova Jacundá (etnia Guaraní Mbyá/PA), Sororó (etnia Suruí Aikewára/PA) e Cana Brava (etnia Guajajára/MA), que representam a dimensão diatópica deste estudo. Em cada uma dessas comunidades indígenas buscou-se entrevistar dez colaboradores, considerando-se as dimensões diageracional (5 a 10 anos – Faixa etária C, 18 a 37 anos – Faixa etária A, 47 a 75 anos – Faixa etária B), diagenérica (masculino e feminino) e diastrática (não escolarizados ou escolarizados até a 8ª série (9º ano) e escolarizados a partir do 1º ano do ensino médio). Além das dimensões supracitadas, foi considerada a dimensão dialingual (referente ao contato entre duas ou mais línguas numa comunidade linguística), que é amplamente contemplada pelas seguintes relações de contato linguístico: português/Asuriní do Tocantins, português/Guaraní Mbyá, português/Suruí Aikewára e português/Guajajára. A coleta de dados foi realizada in loco por meio da aplicação do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Além disso, observou-se a situação de bilinguismo nas comunidades investigadas, com o auxílio do Questionário Sociolinguístico (QS). Os resultados, de modo geral, mostram que o léxico do português falado nas terras indígenas analisadas reflete um contínuo, tanto na área indígena considerada quanto em relação a áreas não indígenas onde as comunidades étnicas estão localizadas. Quando ao bilinguismo, a dimensão diageracional (faixa etária B) é decisiva para a manutenção das línguas indígenas nas comunidades linguísticas investigadas.Tese Acesso aberto (Open Access) Estudo geossociolinguístico do léxico do Português falado pelos Baré, Tukano e Baniwa em São Gabriel da Cachoeira(AM): Tomo I(Universidade Federal do Pará, 2019-08-16) FELIX, Maria Ivanete de Santana; SOLANO, Eliete de Jesus Bararuá; http://lattes.cnpq.br/0729560354405732; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006; https://orcid.org/0000-0001-9250-8917O reconhecimento das diferenças ou das igualdades que a língua de uma comunidade reflete é uma forma de responder aos fatores extralinguísticos inerentes aos falantes, indo além do aspecto espacial, essa é uma concepção atual considerada pela Dialetologia Pluridimensional Relacional; e, a presente tese de doutorado, inserida nesta perspectiva, apresenta como objetivo geral investigar a variação lexical do Português falado pelos índios Baré, Tukano e Baniwa, na Sede do Município São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas (AM), registrando-a em cartas linguísticas com enfoque na identificação das dimensões diatópica, diageracional, diassexual e diastrática. As principais referências teórico-metodológicas que servem como base para o presente estudo são: Thun (1998, 2000); Razky (1996, 2013) e Cardoso (1999), no que diz respeito aos trabalhos dialetológicos e geossociolinguísticos propriamente ditos, e Rodrigues (1963, 1985, 1986); Rodrigues e Cabral (2002); Felix (2002), no que diz respeito às línguas indígenas. O método geolinguístico priorizou o locus da pesquisa para a aplicação, principalmente, de questionários: o primeiro, Questionário Sociolinguístico (QS) do projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (ASLIB); o segundo, o Questionário metalinguísticos/epilinguísticos; e o terceiro, o Questionário Semântico-Lexical do projeto Atlas Linguístico do Brasil (QSL-ALiB-2001). Foram selecionados três pontos de inquérito, sendo entrevistados oito colaboradores de cada língua das duas faixas etárias, de diferentes sexos e de diferentes graus de escolaridade, totalizando 24 consultantes. Por meio dos dados coletados e tratados, foram selecionados 40 itens lexicais referentes a treze campos semânticos. Considerando-se a análise das quatro dimensões, constatou-se que neste espaço geográfico há uma forte pluralidade lexical para designar um mesmo item lexical, no entanto, não há uma delimitação geográfica restrita à realização das variantes lexicais encontradas entre os pontos de inquérito. Sobre a comparação com os dados dos Atlas: Atlas Linguístico do Amazonas (ALAM), Atlas Linguístico do Sul Amazonense (ALSAM) e Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), a maioria dos dados comparados evidenciam maior aproximação em relação as variantes registradas no ALSAM que, influenciadas por fatores sócio-históricos, apontam para traços lexicais específicos de uma micro área, diferindo-se do Português falado em outras áreas da região amazônica e do Português padrão. Esta pesquisa proporcionará contribuições tanto para os estudos da Geossociolinguística de Razky e da Dialetologia Pluridimensional de Thun, quanto para os Atlas amazônicos ALAM e ALSAM, bem como para o ASLIB e o GeoLinTerm, projetos aos quais este trabalho está vinculado.Tese Acesso aberto (Open Access) A formação para o trabalho docente na fronteira entre a academia, a mídia e o mercado(Universidade Federal do Pará, 2019-10-21) LOPES, Maria do Socorro Morato; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140Investigar a constituição discursiva do trabalho do profissional docente em revistas especializadas que têm o professor como público-alvo é o objetivo principal desse trabalho de pesquisa, partindo-se da hipótese que essas publicações se propõem a ser instância de formação para esse profissional. Nesse sentido, discussões interdisciplinares foram necessárias para compreender como os discursos sobre o trabalho do professor e sobre sua formação contribuem para a constituição e legitimação de imagens dos profissionais docentes e de sua profissão. Para realizar essa investigação, foram discutidos conceitos que vêm de diversas áreas do conhecimento e que serviram de base para o desenvolvimento da pesquisa: de maneira central, o conceito de prática discursiva, com base nos postulados teóricos de Foucault (1987) e Maingueneau (1997, 2008a), e o conceito de trabalho, com base nos estudos de Certeau (1982, 1998) direcionaram a pesquisa. Com a finalidade de empreender o estudo, os discursos que circulam nas revistas especializadas servirampara compor o corpus da pesquisa, por se mostrar pertinente para discutir a constituição do trabalho docente, jáque essas publicações têm um espaço legitimado na mídia e no mercado, o que demonstra sua inserção social e sua legitimação como produto de consumo para os professores. No escopo da pesquisa, compreende-se que as revistas são mídiuns (MAINGUENEAU, 2013) pelos quais efeitos de sentidos são mobilizados e (re)produzidos. Os gêneros escolhidos para o trabalho de análise foram os editoriais, as capas das revistas e os artigos assinados por professores ou entrevistas com professores, para uma compreensão das relações que se estabelecem para que a prática discursiva de fronteira seja colocada em funcionamento. Com o objetivo de enriquecer as discussões, as noções de cena de enunciação (MAINGUENEAU, 2005) e de dêixis discursiva (MAINGUENEAU, 1997) foram discutidas no capítulo de análise.A análise da prática discursiva mobilizada nas revistas permite compreender como essas publicações colocam em funcionamento discursos de uma fronteira híbrida, na qual convergem discursos da academia, da mídia e do mercado. Considera-se, assim, que esses periódicos colocam em funcionamento uma prática discursiva, que mobiliza sujeitos e identidades, ao mesmo tempo em que a legitimação dos lugares daqueles que escrevem na cena midiática, sejam jornalistas, editores, professores, se realiza pelos efeitos de sentido que os textos veiculados produzem. As discussões empreendidas permitiram compreender como os discursos sobre o trabalho do professor e sobre sua formação aparecem nessas publicações especializadas e (re)produzem imagens que formam profissionais e verdades sobre a profissão.Tese Acesso aberto (Open Access) O governo da língua na cabanagem: (des)encontros coloniais na Amazônia(Universidade Federal do Pará, 2021-05-12) LAVAREDA, Welton Diego Carmim; NEVES, Ivânia dos Santos; http://lattes.cnpq.br/2648132192179863A presente tese de doutoramento tem o objetivo geral de analisar como as diferentes estratégias de governamentalidade estabelecidas pelo dispositivo colonial, durante o período da Cabanagem, favoreceram a instauração de um patrimônio linguístico europeu na Amazônia mergulhado em uma série de conflitos, sobretudo, linguísticos. A partir de séries arquivistas catalogadas no Arquivo Público do Pará, nos Arquivos Públicos dos Municípios de Cametá-PA e de Vigia de Nazaré-PA, no Foreing Office (de Londres) e na obra “Motins Políticos ou história dos principais acontecimentos políticos na Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835” (1970), esta pesquisa também propõe, especificamente, mapear as movências históricas e as práticas linguísticas vivenciadas à época da colonização (as quais serviram de base para as análises) e identificar quais tensões discursivas são legitimadas, pelo dispositivo colonial, para a manutenção de um governo da língua favorecedor de um movimento de gerenciamento linguístico europeu na Província Cabana completamente em chamas (1835-1840). Para o referencial teórico-metodológico, optamos por diálogos interdisciplinares que pudessem remeter à experiência histórica, adotando como base analítica principal a perspectiva arqueogenealógica dos estudos discursivos de Michel Foucault (1964; 2009; 2008, 2010a; 2010b; 2010c; 2011; 2016a; 2016b). Com o intuito de compreendermos o processo de lusitanização e as emergências históricas das políticas linguísticas relacionadas ao Período Colonial, recorremos à Rosa Virgínia Mattos e Silva (2004), Cristine Severo (2013; 2014; 2016) & Sinfree Makoni (2015) e a Bessa Freire (2011). Ao mobilizarmos a dimensão de necropolítica linguística e o conceito de língua na modernidade recente, seguimos como norteadores os estudos e a operacionalização conceitual que vem sendo desenvolvida pelo GEDAI-CNPq (LAVAREDA & NEVES, 2018; 2019; 2020; OLIVEIRA, 2018; NEVES-CORRÊA, 2018; LISBÔA, 2019). Ao assumirmos como referência a definição de colonialidade do poder advinda dos estudos decoloniais, impulsionada por Aníbal Quijano (1999; 2005), e adotarmos a constituição do idioma pelo viés modernidade e colonialidade como projetos mutuamente constitutivos (MIGNOLO, 2020; MARTÍN-BARBERO, 2009; 2014; WALSH, 2019), movimentamos as discussões sobre o dispositivo colonial propostas por Ivânia Neves (2009; 2015; 2020), a fim de pensar as tecnologias de poder ainda bastante atuantes nos processos de produção das subjetividades das sociedades amazônicas e dos discursos que circulam sobre elas. As pesquisas sobre o movimento cabano de Magda Ricci (2001; 2016) e os estudos sobre o negro nas lutas sociais e na composição étnica do Pará e sobre a Cabanagem, estes realizados por Vicente Salles (1992; 2005; 2015), do mesmo modo, compõem a arquitetura teórica global dos debates propostos. Ratifica-se, por fim, que a “invenção” de um governo da língua portuguesa no cenário cabano intensificou a transposição de gêneros discursivos variados para as condições de emergência dos povos ditos colonizados na Amazônia brasileira e, em um mesmo gesto, potencializou o surgimento de metacategorias que foram tomadas como discursos de verdade até a história do presente.Tese Acesso aberto (Open Access) A heterogeneidade linguístico-cultural em turmas de português língua estrangeira: o impacto na produção escrita(Universidade Federal do Pará, 2019-08-28) SALES, Hellen Margareth Pompeu de; CUNHA, José Carlos Chaves da; http://lattes.cnpq.br/3117544056791050Neste estudo, discutimos e analisamos textos escritos de estudantes oriundos de diversos países, participantes do Programa de Estudante Convênio Graduação (PEC G)1, do curso de Português para Estrangeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que se submeteram ao exame que possibilita a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe Bras), nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018. O objetivo é averiguar o impacto da heterogeneidade linguístico cultural do aluno e da turma no ensino aprendizagem da Produção Escrita (PE) em Português Língua Estrangeira (PLE). Trata se, sobretudo, de uma pesquisa ação apoiada no procedimento de biografia linguageira. A nossa base teórica está assentada em estudos sobre Plurilinguismo, Pluriculturalismo, Interculturalidade (ABDALLAH PRETCEILLE, 2003/2010; BLANCHET, 1998/2014; CONSELHO DA EUROPA, 2001/2010; COSTE, 2001; 2010...), Competências (CONSELHO DA EUROPA, 2001/2010; HYMES, 1984...), entre outros, associados ao Interacionismo Sociodiscursivo ISD (BRONCKART, 2003/2017; DOLZ, 2004/ 2016; SCHNEUWLY, 2004/2014; BULEA, 2010/2012...). Para constituir nossos dados realizamos oficinas de Produção Escrita (direcionadas ao público alvo) que nos renderam diversos textos escritos pelos aprendentes. São textos que chamamos de ―reais‖ (relato de experiência/biografia linguageira, borrões/rascunhos) ou de ―simulados‖2 (tarefas de produção escrita de gêneros textuais diversos). Todo esse material nos permitiu não apenas identificar a influência de línguas culturas nos textos escritos em português pelos aprendentes, como também verificar atitudes, comportamentos... que ora ajudavam, ora prejudicavam o processo de Produção escrita em Português. A análise de nossos dados: 1) indica que vários textos escritos pelos aprendentes apresentam ―desvios‖ que estudos, apenas sobre textualidade, não dão conta de explicar satisfatoriamente, pois têm relação com a história de aprendizagem, com a atitude que o aluno assumiu ao aprender português etc. Trata se de fenômenos que, muitas vezes, não são percebidos pelo professor (nem pelo aluno) em sala de aula, mas que impactam o processo de ensino aprendizagem; 2) confirma a necessidade de se aprofundar o estudo do impacto da heterogeneidade linguístico cultural dos alunos e da turma oriundo de suas culturas educativas, de suas trajetórias de aprendizagem de línguas culturas... para se entender melhor suas dificuldades de produção escrita em PLE e poder assim otimizar o processo de ensino aprendizagem.Tese Acesso aberto (Open Access) Investigando desvozeamento vocálico no português brasileiro (PB) : análise acústica e perceptual das vogais altas pretônicas(Universidade Federal do Pará, 2019-06-26) FAGUNDES, Giselda da Rocha; MEIRELES, Alexsandro Rodrigues; http://lattes.cnpq.br/9913871449747690; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577O desvozeamento, segundo Gordon (1998), ocorre em praticamente todas as línguas do mundo por ele estudadas, incluindo o Português Brasileiro, sendo as vogais altas mais suscetíveis à ocorrência do fenômeno que Gordon também associa ao ambiente adjacente surdo e a atonicidade. Segundo Meneses (2012, 2016) o desvozeamento está relacionado à redução da magnitude do gesto vocálico, provocada pelo curto tempo de articulação, permitindo que haja sobreposição dos gestos consonantais sobre os vocálicos. Assim sendo, esta Tese de doutoramento investiga o fenômeno do desvozeamento das vogais altas pretônicas no português brasileiro (PB), tanto do ponto de vista acústico como do perceptual, por meio da aplicação da teoria da Fonologia Gestual, levando em consideração os contextos fonéticos que mais favorecem esse fenômeno. Para a análise acústica foram coletadas um total de 1.440 frases veículo. Já para a percepção foram coletados 8.208 dados referentes à identificação e gradiência que, entre outras conclusões, convergem com os resultados de Meneses (2012, 2016) e de Hasegawa (1999), ou seja, que as vogais desvozeadas ocorrem sem prejuízo da percepção dessas mesmas vogais, que, assim como o desvozeamento, varia de indivíduo para indivíduo; e Gordon (1998), pois os fatores articulatórios e aerodinâmicos, que induzem o desvozeamento, estão em conflito com os fatores perceptivos, que advogam contra o desvozeamento, uma vez que, perceptualmente, não há uma distinção clara entre vogal vozeada e desvozeada, mas uma gradiência entre os extremos.Tese Acesso aberto (Open Access) Língua como linha de força do dispositivo colonial: os gavião entre a aldeia e a universidade(Universidade Federal do Pará, 2019-05-09) LISBÔA, Flávia Marinho; NEVES, Ivânia dos Santos; http://lattes.cnpq.br/2648132192179863O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o papel da língua nas práticas sociodiscursivas da universidade, como instituição de materialização das normatividades hegemônicas do dispositivo colonial, para a permanência de alunos indígenas Gavião dos grupos Parkatejê, Akrãtikatejê e Kyikatjê na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Formulou-se uma ferramenta teóricometodológica a partir dos Estudos Pós-Coloniais (especialmente Walter Mignolo, Aníbal Quijano, Catherine Walsh e Àngel Rama) e da análise do discurso arquegenealógica de Michel Foucault, fundamentalmente na noção de “dispositivo”, também com a colaboração da leitura de Neves (2009, 2015) sobre o dispositivo foucaultiano, que resultou na proposta de “dispositivo colonial”. As quatro linhas (Visibilidade, Enunciação, Subjetividade e Força) desenhadas por Deleuze (2006) para o dispositivo de Foucault é outra influência estrutural na tese, das quais tomou-se duas (Subjetividade e Força) para apresentar as oscilações do funcionamento do dispositivo colonial na universidade ao longo da história e a partir da entrada de indígenas em função das ações afirmativas nos últimos dez anos. Dentro dessas linhas, observou-se que o perfil hegemônico da universidade é tensionado com a presença indígena e a língua se apresenta como a linha de força, costurando as práticas discursivas que garantem as normatividades do dispositivo colonial nesse contexto.Tese Acesso aberto (Open Access) Livro didático e práticas em sala de aula para alfabetização em Parkatêjê(Universidade Federal do Pará, 2021-08-17) QUARESMA, Francinete de Jesus Pantoja; FERREIRA, Marília de Nazaré de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/4291543797221091; https://orcid.org/0000-0001-9995-1938As populações indígenas do Brasil estão fortemente ameaçadas de extinção. Consequentemente, suas línguas e culturas também correm perigo de desaparecer. Ao longo dos mais de 500 anos do contato, ocasionado pela chegada dos portugueses, o número de povos e de línguas indígenas reduziu (SEKI, 2000). O contato com a cultura não indígena tem levado essas comunidades à extinção ou ao monolinguísmo em Língua Portuguesa. Assim, são necessárias ações urgentes em prol da preservação dos indígenas e da revitalização de suas línguas. No cenário atual, a educação escolar indígena, por meio do ensino formal das línguas tradicionais dessas comunidades, tem sido compreendida pelos próprios nativos como estratégia para preservação e fortalecimento dessas línguas. Mas para que a escola cumpra tal propósito, as metodologias praticadas em sala de aula para ensino-aprendizagem das línguas indígenas e os livros didáticos que apoiam o processo educacional devem ser coerentes com a realidade e a especificidade do povo atendido por eles. Partindo desse pressuposto, este estudo visou contribuir para o processo de ensino-aprendizagem formal da Língua Parkatêjê, uma língua do Complexo Dialetal Timbira, falada pela Comunidade Indígena Parkatêjê, localizada no sudeste paraense. No contexto atual, devido ao intenso contato com a sociedade circundante, o Parkatêjê tornou-se a língua de herança da geração indígena infantil, monolíngue em Português, mas com grande potencial de aprendizagem daquela língua, capaz de reverter o quadro de obsolescência linguística. Nesse sentido, esta pesquisa realizada junto aos Parkatêjê, é fruto da necessidade de investimentos em estudo que favoreçam o fortalecimento de línguas ameaçadas. Por meio dessa, buscou-se investigar um aporte teórico-metodológico de ensino-aprendizagem eficiente para o ensino da Língua Parkatêjê em nível de alfabetização que subsidie a produção de livro didático indígena, práticas de sala de aula e currículo escolar nessa língua. O hibridismo teórico-metodológico inspirado nos conceitos de Gêneros Textuais, da Abordagem Comunicativa e da Psicogênese da Língua Escrita foi apontado como uma alternativa para embasar atividades escolares que promovam, paralelamente, o desenvolvimento de competências e habilidades orais e escritas em crianças matriculadas no 1º ano/9 do Ensino Fundamental da Escola Indígena Estadual de Educação Infantil, Fundamental e Médio Pẽptykre Parkatêjê. Como característica da pesquisa-ação, os resultados desta investigação culminaram em uma proposta de matriz de referência curricular para o ensino da Língua Parkatêjê em nível de alfabetização de crianças Parkatêjê; uma proposta de concepção de livro didático indígena para o ensino dessa língua no nível mencionado, com atividades a serem elaboradas em sequências didáticas voltadas para o 1º dos três anos/séries escolares que compreendem o Ciclo de Alfabetização; e uma proposta de livro didático indígena de leitura do alfabeto Parkatêjê ilustrado. De caráter bibliográfico, documental e de campo, esta pesquisa configurou-se como qualitativa e aplicou técnicas de coleta de dados coerentes à sua natureza, pautando-se nos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada, da Linguística Descritiva e da Educação.Tese Acesso aberto (Open Access) Microatlas linguístico (Português-Kheuól) da área indígena dos Karipuna do Amapá(Universidade Federal do Pará, 2020-02-19) SANCHES, Romário Duarte; THUN, Harald; http://lattes.cnpq.br/1908310939458842; RAZKY, Abdelhak; http://lattes.cnpq.br/8153913927369006; https://orcid.org/0000-0001-9250-8917O trabalho tem como objetivo principal a elaboração do microatlas linguístico (Portuguê-Skheuól) da área indígena pertencente aos Karipuna do Amapá, como forma de apresentar a configuração da variação lexical em área de fronteira e em comunidades tradicionais bilíngues. Na revisão da literatura, apresentam-se questões sócio-históricas e culturais sobre a etnia Karipuna do Amapá, e os postulados das áreas de Contato Linguístico e Dialetologia. A pesquisa adotou como principal pressuposto teórico-metodológico a Dialetologia Pluridimensional e Contatual (ALTENHOFEN; THUN, 2016), doravante Dialetologia Contatual. Como objeto de estudo tem-se a variedade do português falado no Oiapoque (AP) e o kheuól, variedade de base francesa falada pelos indígenas Karipuna do Amapá. As dimensões controladas neste trabalho são: diatópica, diassexual, diageracional e dialingual. Para cada uma, foram delimitados parâmetros que auxiliaram na descrição variacional e na elaboração de mapas linguísticos que compõem o microatlas. Deste modo, foram entrevistados 36 informantes procedentes das seguintes aldeias da etnia Karipuna, equivalentes aos pontos linguísticos: 01 - Manga, 02 - Santa Isabel, 03 - Espírito Santo, 04 - Açaizal, 05 - Curipi, 06 - Kariá, 07 - Ahumã, 08 - Ariramba e 10 - Kunanã. As localidades estão dispersas em três Terras Indígenas: Uaçá, Galibi e Juminã. A maior concentração dos Karipuna está localizada na Terra Indígena Uaçá. Para obtenção dos resultados, a priori, foram realizadas análises sobre o perfil social e sociolinguístico dos Karipuna e, em seguida, a análise das cartas lexicais confeccionadas para o segundo volume desta Tese. As cartas evidenciam a configuração da variação lexical do português e do kheuól, variedades de contato, por meio das quais é possível notar a interinfluência de ambas as variedades, com destaque para a sobreposição de variantes lexicais do português local sobre o léxico do kheuól. Os resultados confirmam a tese de que há forte presença do português falado no Amapá como variedade dominante nas sociedades indígenas da região do Oiapoque, sobretudo nas áreas que correspondem ao grupo dos Karipuna do Amapá.Tese Acesso aberto (Open Access) Movimento Xingu vivo para sempre: da fundação à consolidação do discurso de recusa radical ao complexo hidrelétrico de Belo Monte(Universidade Federal do Pará, 2018-03-27) GALVÃO, Alessandro Nobre; PESSOA, Fátima Cristina da Costa; http://lattes.cnpq.br/4011084861970140Este trabalho examina a conjuntura sócio-histórica que propiciou a emergência e a consolidação de um discurso novo na ordem dos discursos sobre a gestão dos recursos naturais na Amazônia brasileira – o discurso de recusa radical ao Complexo Hidrelétrico de Belo Monte (CHBM). Esta conjuntura remonta-se a um conflito iniciado no final dos anos 70 quando o governo brasileiro propõe inventário da bacia hidrográfica do Xingu para avaliar seu potencial hidrelétrico, chegando aos anos 2000 com as mudanças na política econômica do país a partir do fortalecimento do modelo neoliberal e a abertura do governo brasileiro a empresas privadas para a exploração das riquezas naturais. Identificamos o nascimento da resistência de grupos indígenas com destaque para o povo Kayapó, fortalecendo-se mais tarde com a aliança selada entre este e outros segmentos impactados pelo empreendimento Belo Monte, por ocasião do Encontro Xingu Vivo para Sempre ocorrido em 2008. Analisamos, portanto, os fatos históricos que culminaram na emergência e circulação desse discurso, bem como seu fundamento ideológico, as possíveis transformações por ele sofridas ao longo do tempo e os processos discursivos que dele derivam. Fizemos um mergulho descritivo na formação social indígena, buscando compará-la à formação social capitalista o que nos permitiu vislumbrar, baseados nos estudos peucheutianos, que a resistência de que nos ocupamos nasce em um não-lugar sob a égide de outros rituais de interpelação, introduzindo-se no seio das práticas e rituais possíveis na formação social capitalista. Nosso percurso analítico nos mostrou que discurso de recusa radical ao CHBM sofre transformações a partir do advento daquela aliança imaginária que de um ponto de vista discursivo, selou uma aliança não entre sujeitos empíricos, mas entre distintas posições de sujeito e permitiu a invasão de saberes outros para o interior da FD que determina esse discurso. O corpus discursivo desta pesquisa é constituído por materialidades discursivas de natureza semiótica diferenciada e adotamos como procedimento de construção desse corpus a noção de recorte proposta por Orlandi (1984), bem como a de sequência discursiva proposta por Courtine (2014) e os procedimentos da análise seguiram a abordagem triangular proposta por Lagazzi (2005).Tese Acesso aberto (Open Access) Movimentos oculares e prosódia de leitura oral: análise dos marcadores prosódicos gráficos na leitura de alunos do 5 º ano do Ensino Fundamental(Universidade Federal do Pará, 2021-02-25) VANSILER, Nair Daiane de Souza Sauaia; KLEIN, Angela Inês; http://lattes.cnpq.br/8845056127169633; https://orcid.org/0000-0001-6230-7938; CRUZ, Regina Célia Fernandes; http://lattes.cnpq.br/3307472469778577A presente Tese de Doutorado investiga o processamento dos Marcadores Prosódicos Gráficos - MPGs (PACHECO, 2003) em leitura em voz alta. Tem como objetivo examinar o processamento da leitura oral no Português Brasileiro (PB) levando em consideração os MPGs: Vírgula (VG), Ponto (PT) e Dois-pontos (DP) de acordo com o sistema entoacional do PB definido por Cagliari (1981), o qual apresenta padrões tonais delimitados por um Grupo Tonal (GT) constituído por uma Sílaba Tônica Saliente (TT), Componente Tônico (CT) e Componente Pretônico (CPT). A metodologia utilizada concilia análise acústica e cognitiva. Para a análise acústica, foi gravada a produção oral realizada durante a leitura de 58 estudantes do 5º ano da rede municipal da cidade de Ponta Grossa (PR), todos com intervalo de idade entre 9 e 12 anos, classificados em torno da variável Fluência Leitora, com o total de 29 alunos no Grupo Fluente (FL) e 32 no Grupo Pouco Fluente (PF). Ao todo, foram analisados 928 dados (58 alunos x 16 frases-alvo). Foram controlados os aspectos acústicos: Intensidade (em dB) e Frequência Fundamental (f0) (em Hz) do CPT e CT, Duração (em ms) da TT e Pausa (em ms). Para a análise cognitiva, empregou-se a Técnica do Rastreador Ocular para tomadas de medidas dos movimentos oculares dos 58 participantes. Os aspectos oculares foram: Tempo Total de Leitura (TTL), Número de Fixações (NF), Número de Sacadas (NS) e Média do Tempo de Fixações (MTF). Para a relação entre dados oculares e acústicos, aplicaram-se testes combinando os aspectos estatísticas e os estímulos: Teste 1 (a quantidade de fixações e duração da pausa interna), Teste 2 (a quantidade de revisitas e duração da pausa interna), Teste 3 (a quantidade de fixações e duração da pausa final) e Teste 4 (a quantidade de revisitas e duração da pausa final). Os dados foram compostos por três estímulos, correspondentes à leitura de três tipos de textos diferentes: Texto 1, complexo com os marcadores DP (2 frases-alvo), VG (3 frases-alvo) e PT (3 frases-alvo), Texto 2, simples com os marcadores VG (3 frases-alvo) e PT (1 frase-alvo) e texto 3, simples sem pontuação, contendo 4 frases-alvo: i) 3 frases-alvo com valor de VG e ii) 1 frase-alvo com valor de PT. O tratamento dos dados compreendeu as seguintes etapas: i) extração dos dados oculares no software BeGaze; ii) segmentação dos sinais de áudio no software Praat; iii) extração das médias dos parâmetros físicos dos segmentos; iv) tabulação dos dados de relação acústica e ocular; v) aplicação dos testes quantitativos. Na análise prosódica, os participantes apresentam em todos os marcadores avaliados, inconsistência em relação à redução ou manutenção do CT e CPT em f0 e Intensidade e não alongamento da TT. A partir da comparação das médias dos aspectos oculares entre os grupos PF e FL comprova-se que, quanto mais complexo o texto, maior a diferença entre os grupos de fluência. Os resultados da análise de correlação indicam que há correlação significativa entre os aspectos pausa interna e fixações no teste 1 (nos textos 1 e 2) e pausa interna e revisitas no teste 2 (nos textos 2 e 3), o que caracteriza dificuldade no processamento de leitura devido às pausas internas, revisitas e fixações no interior da sentença; e entre os aspectos Pausa Final e Fixações no teste 3 (no texto 1) e pausa final e revisitas no teste 4 (no texto 2), o que significa dizer que, quando a duração da quantidade de fixações e revisitas aumenta, há aumento na duração da pausa final, o que pode comprovar o efeito dwell-time (HIROTANI; FRAZIER; RAYNER, 2006; RAYNER, 1998), em que os leitores permanecem no final de uma cláusula até a resolução da cláusula presente. De maneira geral, os dados mostraram que há uma forte correlação entre fixação, revisita e duração da pausa no processamento dos sinais de pontuação durante a leitura oralizada.
